quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

O RESTO DA VIDA TRANSPORTADA EM UM CARRINHO DE MÃO!



Em meio às cenas de pessoas se mudando antes que a água invadissem suas casas, um velinho de 82 anos que empurrava o lhe  restara de sua vida dentro de um carro de mão, só uma trouxa de roupa, foi o que mais me chamou a atenção. Era o resultado da tragédia das chuvas que inundaram o Estado de Minas Gerais e atingiram a cidade de Campos, no litoral do Rio de Janeiro, vindas do Rio Muriaé.

Era só uma pessoa sem importância em meio dois caminhões que transportavam materiais de uma mercearia – frízer, geladeira e mercadorias. Eis que em meio a tudo isso, aparece apenas e não mais do que apenas um senhor de 82 anos que não teve importância  alguma para ser mostrada em meio à tragédia da água invadindo a cidade: ele só estava honestamente transportando seus 82 anos de vida e o resto de suas roupas honestas, dentro de um carrinho de mão!

O pobre, insignificante mas honesto cidadão em seu carrinho de mão, transportando suas míseras roupas enroladas em um lençol, contrastava em meio a tudo e aos dois caminhões que se empenhavam em salvar frízer, geladeira e mercadorias.  Empurrava seu carrinho de mão longe dos holofotes da televisão, que nem o notou e só o mostrou de relance, como se ele tivesse aparecido do nada como uma aparição fantasmagórica apenas.

Sem importância, seguiu seu caminho em meio à solidão que deixava para trás e a insegurança que se acometeria de seu lar logo depois que saísse do imóvel. Mas com passos firmes, empurrava seu carro de mão como se fosse – e talvez fosse - a coisa mais importante de sua vida!

Enfim, de tudo o que mais me chamou atenção em meio a todas as tragédias mostradas na televisão, no Jornal Nacional, o velhinho sem importância empurrando seu carro de mão, como se fosse o fim de sua própria vida, transportando suas últimas lembranças, mas que o fazia com o ar majestoso do alto dos seus 82 anos de vida bem vividos.

Pois é, meu cidadão anônimo não identificado para os holofotes das misérias mostradas porque só transportava o resto de sua vida, sem importância em meio aos mais de 10 mil desabrigados e 66 municípios em situação de emergência em Minas Gerais; em meio a tudo isso, esse cidadão da cidade de Campos, no litoral do RJ, foi o que mais me chamou a atenção, transportando seu carrinho de mão sem importância. Era só mais um velinho tentando sobreviver à enchente!

Parabéns, Sr. Osvaldo. O senhor pode ser pobre e deve ter orgulho de sê-lo, pois transportava seus 82 anos de vida e suas ultimas roupas e todas cabiam dentro de seu simples carrinho de mão, enrolados em um lençol.

Decerto havia pouca roupa na bagagem, mas muita dignidade desse rico e honesto cidadão, transportando sem importância para os holofotes das câmeras por uma rua qualquer também sem importância, as suas últimas esperanças em forma de roupas que lhe restavam.

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