sábado, 30 de novembro de 2013
quinta-feira, 28 de novembro de 2013
SAUDADES DE ONTEM
Crônica
extraída do livro de Carlos Costa “CRÔNICAS COMPROMETIDAS COM A TUA VIDA”,
de 1979/1ª Edição, Imprensa Oficial, Manaus-AM e, segunda edição em 1990,
Editora Nacional, Belém publicado no blog carloscostajornalismo.blogspot.com,
com mais outras 30 crônicas.
Porque
hoje é sábado, todos se reúnem na casa de alguém para, perguntando um a um e
interrogando os que passam, descobrir na casa de quem será a festa, logo mais à
noite. Hoje está definido, a festa não será na minha casa, mas na casa do João,
que namorou minha irmã mais não namora mais, mas que tem uma irmã bonita que eu
já namorei todos os meninos da rua. É fácil saber onde fica a casa do João.
Definido
o local, a notícia corre rápida e até de bairros distantes aparece gente. Da
sala principal da casa, foram afastados todos os móveis, que eram poucos, e
transportados alguns para o terraço e outros para o quarto. Estava pronto o
local da festa para receber os convidados.
O dono,
como é lógico, ficou à porta, recebendo os que eram convidados e os que se
convidaram porque conheciam alguém, que conhecia outro alguém, que era amigo de
um amigo do dono da casa. Ao final, todos entravam, brincavam, dançavam,
namoravam e terminavam se conhecendo mesmo.
Eu,
tímido, ficava só olhando e ouvindo as músicas de Pepino de Capri, Y Santo
California, Gilbert, Nazareth, Michael Jacksson, com seus 10 anos de menino
prodígio cantando “Beem”e tantos outros sucessos bons que hoje não se escuta
mais. A irmã do João, a única pessoa que interessava praticamente a todos os
que lá estavam, dançava com outro e eu não tinha coragem de me chegar.
E a festa
entrava noite à dentro, cada vez chegando mais gente. Em frente à casa, muitos
jovens olhavam para dentro para ver se havia muitas garotas. Festa sem garotas
não era festa. Também tentavam descobrir onde seria a festa da semana seguinte,
na casa de quem, e se haveria muitas meninas.
O João,
dono de tudo, deixou dar onze horas e parou o som da vitrola Nivico. Ninguém
entendeu nada. De repente, entrou na sua a sua mãe, dizendo que estava na hora.
Na hora de quê, de terminar a festa? Foi o que todos se perguntaram ao mesmo
tempo. Não, não era de terminar a festa, mas de cantar parabéns, afinal, havia
um aniversariante na festa e era o próprio João.
O
estranho é que ninguém sabia que ele estava aniversariando. Todos pensavam que
aquela era mais uma simples brincadeira de final de semana, como era comum
entre todos os jovens. Muitos esboçaram um sorriso e cantaram parabéns a você.
Outros se encostaram pelos cantos, confidenciando alguma coisa nos ouvidos das
garotas. Eu fiquei parado, esperando um tempo para me chegar à irmã do João.
Veio parabéns e todos cantaram, recomeçando a festa em seguida, que só terminou
depois das duas da manhã, um horário considerado já muito tarde para todos os
jovens daquela época.
Terminada
a festa, desci a rua acompanhado de um grupo de rapazes, ouvindo atentamente o
falatório das conquistas. O que menos falava, dizia que havia tocado nas mãos
de uma garota. Outros iam mais além e apostavam que tinham beijado fulana, irmã
de outra fulana, que namorava com fulano. Já outro havia descoberto que uma
garota não namorava mais com aquele rapaz e por aí afora.
Eu,
calado, só pensava mesmo no dia em que eu poderia me chegar à irmã do João, que
namorava minha irmã. Sabia que, em primeiro lugar, eu teria que aprender a dançar
coisa que eu considerava muito difícil. Mas, afora isso, a festa tinha sido
ótima, afinal, eu pude ver, mesmo de longe, a irmã do João!
TRÂNSITO: A ETERNA IRRESPONSABILIDADE E CONVIVÊNCIA
Para
os Agentes de Trânsito João Batista Filho, de BH e Ivan Guimarães, no AM.
Fossem apenas motociclistas
dirigindo bêbados e sem capacetes, com
pouca ou quase nenhuma fiscalização de trânsito, principalmente em municípios
nordestinos, nada escreveria sobre o assunto. Mas não é só isso. Por trás,
existem conivências de autoridades de trânsito, desculpas esfarrapadas de quem deveria fiscalizar essa “motonificina”
- elevado número de mortes envolvendo
motociclistas que não usam capacetes, transportando famílias inteiras em cima de seus veículos de
duas rodas, e, para piorar, descobriram e desbarataram uma quadrilha envolvendo
auto-escolas que falsificam CNH, com a participação de autoridades dos departamentos
estaduais de trânsito, para “motoristas” que tinham
obrigatoriedade de frequentar aulas e fazer provas obrigatórias exigidas pela
Lei 9.503, de 23 de setembro de 1977, que instituiu o CTB – Código de Trânsito
Brasileiro.
Mas o pior é que em meio
aos motociclistas irresponsáveis, há outros pertencentes a corporações
militares que não usam seus capacetes ou os usam nos cotovelos, numa autêntica
prática “cotovelar” irresponsável, além de policiais civis e militares
dirigindo bêbados e dando “carteiradas” nos agentes municipais
de trânsito, desrespeitando-os só porque estavam cumprindo o seu dever. Esquecem
esses “carteiradores” que no trânsito só existem dois seres, ou uma
autoridade legítima, os agentes de trânsito e o motorista, ou seja, os que
fiscalizam e os que são fiscalizados, que não passam de simples motoristas
atrás de um volante, mesmo que na vida civil seja alguma autoridade ou queiram
se arvorar de “artoridades”, amigos de autoridades, mas que sequer tem
importância no trânsito caótico e complicado das grandes cidades.
Por isso, não cabe qualquer
tipo de arrogância vinda de motoristas militares bêbados, sejam de que patentes
forem! A autoridade maior, no caso, é a do agente de trânsito no momento da
abordagem! E fim de papo!
Há, ainda, motoristas que
continuam dirigindo bêbados matando pessoas, entrando e saindo pela porta da
frente das Delegacias, embora a Lei de Trânsito já tenha sido modificada,
determinando “tolerância zero” para quem bebe e dirige, mas os delegados de
trânsito nem sempre pensam da mesma maneira que os Ministros do STF. Essa nova interpretação pelo STF não serviu
para inibir a prática de beber e dirigir e nem para punir os motoristas
irresponsáveis, principalmente porque os infratores têm sempre proteção de
pessoas importantes ou são autoridades ou, ainda, amigos de algumas autoridades
que deveriam se envergonhar de tê-los como amigos.
Depois da aprovação da Lei
da “tolerância
zero” aumentou o número de motoristas que dirigem embriagados,
drogados, arrebitados, entrando e saindo pela porta da frente das delegacias e
continuam como se não tivessem deixado uma família enlutada pelas suas
irresponsabilidades. Isso já passou a ser um escárnio à Justiça! O que mais tenho
visto são delegados, Detran’s, juízes, desembargadores, ministério publico e
outras autoridades totalmente omissas no trânsito para fazer cumprir a Lei da “tolerância
zero”. É uma autoridade passando a culpa e a irresponsabilidade para
outra autoridade. Um não faz nada. O outro também não faz.
Voltemos para o tema de
minha crônica inicial. É vergonhoso ver motociclistas dirigindo bêbados, sem o
uso de capacites, destruindo lares e matando pessoas, entrando e saindo pela
frente da porta das delegacias e ninguém faz nada e ainda dizendo que não estão
bêbados, mesmo não se agüentando em pé.
Cidades pequenas, mesmo sem
qualquer tipo de fiscalização ou pouca fiscalização de trânsito, não lhes são
dadas o direito de desconhecer o texto da Lei, como a nenhum outro cidadão lhes
é dado também. O que ocorre é que sem a municipalização do trânsito em cidades
pequenas, muitos prefeitos ainda não visualizaram essa importância, como também
não lhes é importante nomear comissões de fiscalizações de saúde, de erradicação
do trabalho do infantil, de combate e educação sobre droga, de trabalho emprego
e renda e outras, porque as Comissões, quando funcionam, não permitem que os
prefeitos embolsem dinheiro do erário público.
É assim que a “humanidade
caminha”! Lamentavelmente.
quarta-feira, 27 de novembro de 2013
PAIXÃO, AMOR E ÓDIO...
Sentimentos conflitantes e sempre
antagônicos, a paixão, o amor e o ódio são todos ligados por uma fina linha que
os separa, mas quando essa fina linha se quebra aparecem dores, sofrimentos,
angústias, desesperos, solidão, tristeza e uma pitada de ódio entre os
envolvidos. Os três sentimentos, por
incrível que possa parecer, têm origem em um só local: no coração das pessoas
embrutecidas pela necessidade da sobrevivência no mundo do “ter individual”, hoje
mais importante que o do “ser coletivo”. No mundo “ter
individual” passa-se a que acreditar não sobra tempo para se pensar no “ser
coletivo”. Mas é um engano!
As pessoas que pensam assim se
importam cada vez menos com o bem estar do outro, se embrutecem e passam a
acumular ódio e inveja dentro de seus corações. Mas, será que isso se faz
necessário: o individualismo, a inveja do outro e tanto ódio o coração das
pessoas, prejudicando-as? Não seria mais perfeito se a sociedade e a vida
fossem mais simples, menos complexa e cheia de disputas para ver quem chega à
frente ou quem chegará por último? Tudo simples, assim!
O individual está se impondo ao
coletivo dentro da sociedade que deveria ser plural, representando um grave
retrocesso social, moral e ético! Mas podemos recuperar esse processo,
adicionando uma pitada de carinho coletivo, um pouco de perfume de flores e acrescentando
uma pitada de racionalidade no pensar coletivo. Tudo é possível para se transformar
o mundo, como sempre diz e acredita o professor de história, jornalista e
escritor goiano de Uruana, Dhiogo José Caetano.
Mas, essa mudança deve e tem que começar dentro de cada ser individual,
como uma bola que gira em destino a um gol depois de chutada. Também como uma
bola, ela pode ir depressa ou lenta demais, ao ponto do goleiro agarrá-la
porque não se transforma nada se os valores sociais, éticos e morais também não
forem transformados. Depende de cada um!
Se todos olhassem mais para dentro de
si e deixassem de ficar procurando defeitos nos outros, que também lhes são
natos e inatos embora desconheçam e transportarem para dentro de seus corações
essas diferenças individuais; se cada um se assumisse como é: gordo, magro,
esquelético, se bebe, se não bebe ou outro tipo de bobagem superficial e desqualificada,
sem temer críticas da sociedade que impõe escravagista que impõe valores a
serem seguidos – mas esquece que o principal valor é o ético, moral e a crença
em qualquer coisa, Deus ou no que acredita de verdade os membros da sociedade –,
que findam se transformando em raiva, briga entre desafetos que se tornaram as
pessoas, o mundo já seria um pouco melhor, com mais amor entre todos. Mas nem
sempre as pessoas estão preparadas para aceitar e conviver bem com os diferentes
e buscam encontrar em um espelho imaginário de suas mentes, um bem ou modelo
ideal imposto pelos valores da sociedade que mudam a toda hora, só para fazer
comparações ridículas e inúteis do que poderia ter sido se tivesse seguido as
regras impostas.
Os três sentimentos – paixão, amor e
ódio – não se misturam, mas também não se separam. Andam sempre juntos e de uma
hora para outra, o que era paixão se transforma em ódio e o que era amor se
esvai em raiva mútua. Nessa hora, temos que parar e pensar, respirar fundo e
fazer uma prece pelo que acredita e continuar seu caminho como se nada tivesse
acontecido. Acredito em transformação na sociedade, a partir do momento que se
a conhece e os próprios membros da sociedade queiram e aceitam as mudanças
propostas. Como dizia K. Marx, “não basta ver e conhecer, tem que
transformar”, frase usada para diversas propagandas de inúmeros
produtos, como a que diz uma delas: “não basta ser pai, tem que participar”, etc.
Mas como disse a leitora carioca
Clarice Clarice, no Facebook, comentando a publicação de uma frase publicada do
livro “Mestre dos Magos” dizendo: “algumas
vezes, o melhor jeito de convencer alguém que está errado, é deixá-lo seguir
seu próprio caminho”. Nessa frase, deixei o comentário “errar
é humano, permanecer no erro é burrice e justificar o erro é tolice! É melhor
calar”!
Clarice
Clarice respondeu ao meu comentário, com dizendo: “explicar é permitido porque as
visões são diferentes; mas mudar a explicação; não, porque a verdade é uma só!”.
Como você Clarice,
eu acredito que a verdade seja uma só. Mas, infelizmente, na sociedade
individualista de hoje, quando várias mentiras repetidas seguidamente, se
transformam em verdades absolutas e incontestáveis até mesmo para quem mente
sem pensar que o amanhã vai revelar a verdadeira verdade, está muito difícil
mudar alguma coisa se os valores éticos, moral, social e político, com bons exemplos
para a sociedade segui-los, também não forem mudados!
É
uma pena!
Mas
não acredito em qualquer tipo de mudança na sociedade que não surja como
resultado de uma total e completa “implosão social”, de dentro para
fora!