O
Congresso Nacional deveria apresentar uma Lei válida para todo o Brasil,
determinando que as receitas médicas, de odontólogos ou pedidos de exames
fossem emitidos em computador e assinada pelos médicos com o carimbo, com o
timbre do consultório. Em caso de receitas controladas, hoje preenchidas em
papel carbonado, o mesmo procedimento deveria ser adotado. Sei que a lei nesse
sentido já existe, mas é como muitas outras leis inúteis, essa também nunca foi
cumprida porque nos hospitais públicos não existem nem computadores para os
médicos fazerem isso, infelizmente! O ex-governador de Brasília, José Roberto
Arruda (DEM) se antecipou a qualquer lei da Câmara ou do Conselho Federal de
Medicina e sancionou sua própria Lei Estadual em 15/10/2008 determinando que qualquer
receituário médico seja preenchido em computador. Mas será que os médicos –
porque todos os mais novos já nasceram na era da informática - mais antigos receberam pelo menos noções
básicas de como usar um computador para preencherem as receitas?
Em
Manaus, o Deputado Sinésio Campos, (PT), foi autor de um Projeto de Lei de
mesmo teor na Assembléia Legislativa, aprovado e sancionado pelo Governador
Omar Azize, determinando aos médicos e dentistas a prescrever suas receitas no
computador, pelas mesmas razões, e a grande dificuldade dos pacientes em
traduzir os “garranchos” escritos por
médicos e dentistas. Mas os médicos até hoje não receberam condições de
trabalho com computadores em seus consultórios nos hospitais públicos, no
Distrito Federal e no Amazonas.
Foram
medidas salutares pelos legisladores; mas, ações isoladas, não suficientes,
portanto, para que o Congresso Nacional ou o Conselho Federal de Medicina seguissem
o mesmo caminho. A lei criada em Brasília e no Amazonas, estabeleceram que
todas as receitas médicas e odontológicas, além dos pedidos de exames, fossem
redigidas em computadores. Mas por que isso não acontece? Talvez seja porque os
médicos mais antigos entendam que isso não se fará necessário ou porque simplesmente não saibam como
usar o computador ou não receberam qualquer treinamento para colocarem em
prática a nova legislação! Diante disso, balconistas de farmácias, têm que tentar
adivinhar os “garranchos” preenchidos nos receituários e, muitas vezes e
praticarem o “adivinhômetro” e normalmente o “empurrômetro” de forma errada, devido
à má qualidade das letras médicas. O “empurrômetro”,
“adivinhômetro” e “chutômetro” não ocorre por culpa dos balconistas, mas dos
médicos que prescrevem pessimamente as receitas, com letras indecifráveis até
para os mais experientes e acostumados balconistas de drogarias.
Hoje,
vivi na pele esse drama, quando o balconista ficou tentando adivinhar o nome de
um remédio escrito no receituário em letras “garranchais” e as foi colocando em
seu computador, uma a uma, tentando
encontrar algum remédio cadastrado no sistema com aquele nome. Um perigo,
portanto!
O
prontuário médico é considerado o principal documento constituinte de provas
judiciais, nos processos contra médicos. O acusador, geralmente o paciente, deverá
comprovar que o facultativo agiu com imprudência, negligência ou imperícia,
isto é, ele ou seu representante legal deve apresentar provas de que houve erro
de conduta pelo qual foi prejudicado, diz um documento do Conselho Federal de
Medicina. Mas por que não existe nada falando da qualidade das letras dos
médicos?
Nesse
ponto, vale insistir: o que tem valor decisivo é o prontuário, muitas vezes
também preenchido com letras “garranchais”, no qual se podem colher as provas
que negam ou confirmando a responsabilidade do médico sobre o fato, afirma o
mesmo documento. Mas não diz nada sobre a venda de medicamentos errados nos
balcões das drogarias, se o vendedor não conseguir decifrar os “garranchos”
escritos por alguns desses médicos. Remédio entendido ou interpretado
erroneamente é crime, e isso é culpa dos médicos também, não das farmácias!
Uma
Lei Federal para todo o Brasil poderia evitar os chamados “chutômetros”, e os “advinhômetros” praticado pelos vendedores
de balcões de drogarias, não por culpa destas, mais por culpa da péssima
caligrafia praticada por muitos médicos. Talvez, por isso, toda vez que alguém
tenta decifrar uma escrita em forma de “garrancho” diz logo: “Pô, tua letra parece de médico!”.
Por
que as leis federais e estaduais que já
existem continuam sendo descumpridas, como de resto muitas outras Leis no
Brasil, sobretudo a dos Direitos Sociais das Pessoas? É uma pena que esse
assunto não discutido por qualquer movimento social organizado!
No
Amazonas, o autor do projeto de Lei sancionado pelo governador, enviou ofícios
para os Conselhos Regionais de Medicina e Odontologia, informando-os sobre a
sanção do Governador do Estado para fazer aplicar a Lei, em um esforço louvável
do lider do Governo, mas parece que isso também de nada adiantou porque o
Estado, o maior empregador de médicos e outros profissionais da mesma área, não
estruturou os hospitais, disponibilizando computadores suficientes para os
médicos. Aliás, em alguns casos, nem possuem consultórios dignos para
desenvolverem seus trabalhos.
CRÔNICA FANTÁSTICA AMIGO.....<3
ResponderExcluirMAGAL ROCHA!!!!