Logo que comecei a escrever
no jornal A NOTÍCIA, aos 18 anos, em 1978, observava um homem
elegante, bigodinho fino, um pouco magro dentro de um terno tipo “risco de giz”, perguntando pelo
empresário Andrade Netto, que já
havia sido deputado federal pela oposição (MDB), homem esse que também militou
por 26 anos seguidos, até sua morte.
Depois vim, a saber, que
aquele homem simples, que dirigia seu próprio fusca, era o já famoso deputado
estadual pelo MDB e advogado Francisco Guedes de Queiroz e passei, a
saber, também que ele tinha vindo pedir o apoio de Andrade Netto para pronunciamento “bombástico” - como se dizia na época - contra alguma coisa que ele
havia descoberto, mas sempre de oposição. Às vezes era contra o ex-governador João Walter de Andrade, às vezes era em defesa do modelo Zona Franca
e contra o Governo Militar.
Trazia todo seu discurso
que faria no púlpito da Assembleia Legislativa do Amazonas e pedia a opinião
política de Andrade Netto e o apoio jornalístico de A NOTÍCIA, como se fosse preciso isso. Chico Queiroz, como era chamado pelos mais próximos, amava a
política e vivia para o povo do Cambixe,
de onde era originário por nascimento.
Páginas inteiras eram
publicadas com os discursos inflamados, e bem escritos de Chico Queiroz, que puxava bastante pelas letras R e
L quando praticava sua oratória,
atraindo multidões no plenário reservado para a população. Sempre antes de seus
pronunciamentos, o periódico anunciava que o deputado feria um pronunciamento
“bombástico” no outro dia. Era certeza: uma “bomba” política contra alguém
seria lançada e todos queriam saber contra quem seria o novo pronunciamento de “Chico Queiroz”.
Como o deputado também era
advogado muito respeitado por juízes e desembargadores e eu era repórter
credenciado no Tribunal de Justiça do Amazonas, sempre assistia aos debates no
Tribunal do Júri em que Francisco Guedes de Queiroz, sempre usando uma toga já desgastada pelo tempo, atuava como defensor de
pessoas mais humildes. Foi assim que passei a admirá-lo cada vez mais. A única crônica
que fiz entristecida sobre Chico Queiroz foi quando tive que citar seu falecimento
ainda novo, aos 57 anos, em 1987, em operação cardíaca em SP, na mesa de
cirurgia comandada pelo Dr. Zerbini, para onde foi depois de ter sofrido
problemas cardíacos em Manaus.
Mais tarde, me tornei
esposo de sua filha Yara Marília de Souza Queiroz, advogada como o pai, que
desejava conhecer quem havia publicado no Diário
do Amazonas, a crônica “ADEUS MEU
UIRAPURU”, que escrevi e publiquei porque não pude ir me despedir do grande
amigo, que eu tanto passei a respeitar e admirar. Ele se despediu de mim quando
seguia para o Aeroporto, entrou na redação do jornal DIÁRIO DO AMAZONAS onde eu era o Editor Geral, me abraçou forte e
me disse: “eu vou, mas não sei se
volto!”.
Será que ele sabia que iria
morrer? Talvez sim, porque voltou dentro de um caixão. Eu não cheguei a ver o
corpo daquele ícone político do Amazonas porque estava trabalhando. Mas os
jornais de Manaus, menos A NOTÍCIA que
não existia mais, noticiaram seu falecimento, uns com mais e outros com menos
destaque, inclusive A CRÍTICA, com
Queiroz teve uma discussão com seu proprietário, o jornalista Umberto Calderaro Filho e anos depois
fizeram as pazes. Andrade Netto
faleceu depois de Francisco Queiroz,
no Rio de Janeiro, onde decidiu residir depois que vendeu o jornal A NOTÍCIA para o empresário José Moura Teixeira Lopes.
Arnaldo100m CO - M Sc&rto." Parabéns caro jornalista por essa brilhante crônica! Muito boa mesmo! Desculpe eu não ter lido-a a mais tempo, tenho limitação visual, fora alguns compromissos, mas é um prazer me deleitar com trabalhos brilhantes assim! Abraços e até mais!
ResponderExcluir25/02/2014 09:18 - paulo rego
ResponderExcluirMeu caro Carlos. Temos aqui um bela página, que fará parte dos compêndios da nossa história. O país é grande, amigo, e está cheio de episódios semelhantes, mas que, em sua maioria, ficam ocultos pela poeira do tempo. Trazer à luz esse exemplos de hombridade, de patriotismo é dever nosso. Beleza de relato, amigo gde abç