Ao olhar as mensagens
em redes sociais no celular, deparei-me com uma recomendação aos brasileiros: “Cuidado. Está começando o recesso parlamentar
e os políticos estão voltando para seus Estados”, como se fosse alusão às
últimas denúncias de corrupção contidas nas delações premiadas de executivos da
Odebrecht, que fez acordo e decidiu devolver dinheiro nos Estados Unidos e
vários outros países em que executava obras conseguidas de forma não muito
recomendável. Um departamento de gerenciamento de propinas foi criado pela
construtora. No Brasil, constavam doações ilegais e legais para 11 partidos e
51 parlamentares, inclusive o atual presidente da República, Michel Temer,
quando era deputado federal por São Paulo. Mas nem sempre fora assim e no passado
e o Brasil sentia orgulho de seus representantes.
O empresário Cassiano Cirilo
Anunciação Filho, ex-diretor do “Diário
do Amazonas”, na casa de sua irmã Francisca Rocha Anunciação, no Condomínio
Dalva Toledo, em Manaus, onde o reencontrei depois de ter sido Editor Geral em
seu jornal, disse-me: “a classe política
é importante para manter a democracia” e acrescentou que o deputado cassado e
preso por corrupção, Eduardo Cunha, deveria ser homenageado com um busto em
cada capital porque teve coragem de
retirar o PT do poder. No passado, foi verdade. Na atualidade, talvez não seja
tanto! Onze partidos políticos e 51
políticos da linha de frente da base de sustentação do atual Governo Temer, inclusive
o próprio, estão citados em delação premiada de executivos da construtora
Odebrechet, homologada pelo ministro Teori Zavascki, só Para manter o esquema de corrupção, a
empresa criou um setor estratégico só
para tratar de esquemas de Caixa 2, no Brasil, Estados Unidos e nos outros
países em que atuava. Ainda seria atual essa necessidade, com a atual safra de
deputados federais e senadores que seriam os representantes da sociedade. Mas
de qual sociedade?
Excepcionais
representantes do povo militaram na política do Brasil. O que mais se destacou a nível nacional, foi o senador Rui Barbosa, o “Águia
de ”,considerado o “maior entre os maiores”, apesar de ter baixa estatura.
Ele foi autor de que se tornaram lei, como “devemos
tratar os ricos de forma igual e os pobres
de forma desigual, na medida em que se desigualam”, invertendo a antiga versão original do princípio
igualdade que existia. Deixou também discursos inesquecíveis como “Oração
aos Moços”, quando foi paraninfo dos formandos da turma da Faculdade de
Direito do Largo do São Francisco, em SP, em 1920. Na República, o Brasil contou, ainda, com
outras figuras políticas marcantes na sua história, como o Dr. Ulisses
Guimarães, Tancredo Neves, Paulo Brossard, Pedro Simon e Teotônio Vilela, o
menestrel das Alagoas, que viajou e fez discursos memoráveis pelo Brasil defendendo a emenda das “Diretas Já” apresentada na Câmara Federal pelo deputado Dante de
Oliveira que, mesmo votada e derrotada deu continuidade ao processo, “lento e gradual”, como se pronunciou o
então presidente da República, General João Batista de Oliveira Figueiredo, de
abertura política, terminando com a eleição de Tancredo Neves, no Colégio
Eleitoral. Faleceu antes de assumir a presidência da república, mas foi “o melhor presidente que o Brasil não teve”,
como escrevi na coluna que escrevia nessa época no “Diário do Amazonas”. Eunice Michilles, primeira senadora do Brasil,
Carlos Esteves, do município de Maués, Sadie Hauache, empresária de comunicação
no Estado, o jurista Arthur Virgílio Filho, Fábio Lucena, João Bosco, que marcaram a militância política no Senado
da República representando o Estado do Amazonas, além de tantos outros.
Na Assembleia
Legislativa do Amazonas, também militaram brilhantes advogados e parlamentares.
Dentre eles, se destacaram pela postura que mantiveram no exercício de seus
mandatos, Félix valos Coelho Junior, tendo
seu pai sido governador do então Território
Federal de Roraima, Arlindo Porto, o único parlamentar cassado pela Revolução no
Amazonas, João Valério, Francisco Guedes de Queiroz, que se tornou sinônimo de retidão
e honestidade, Damião Ribeiro, Beth Azize e Armando Freitas, o poeta de Maués, Homero
de Miranda Leão, José Maria Monteiro, Jose Belo Ferreira e tantos outros. Na
atualidade, se destacam na militância comprometida com os interesses da população,
o advogado Luiz Castro, José Ricardo, Luciana Campelo e Sinésio Campos, os mais
atuantes. A que ponto chegou à política do Brasil!
Nas redes sociais, leio
frases “se gradear vira prisão”, “se cobrir com lona vira circo” se
referindo à atual classe política. Ou foto mostrando as cúpulas do Senado e da Cama como
se fossem dois grandes vasos sanitários. Entre os dois prédios que abriram os
deputados federais e senadores, um imenso papel higiênico preso entre as duas
casas que deveriam merecer respeito e ter mais credibilidade como já tivera no
passado...Ou seria a revolta silenciosa contra a parte podre dos políticos, mas
que ainda não se manifestou nas urnas em
forma de voto consciente ou seria a mais pura realidade?
Verdade!
ResponderExcluirSão poucos os políticos que honram os seus mandatos!
Meu caro Carlos Costa; a deterioração da classe política cresce às vistas grossas e, por tudo isso, só temos a lamentar, como você muito bem deu destaque a políticos sérios e que, hoje, podemos contar nos dedos.
ResponderExcluirDilma de volta a presidência mais pelo dem
ExcluirSobre esse assunto faz poucos dias publiquei o conto "Era de Aquário" escrito nos anos 80 mas que não perdeu sua atualidade.Ele está postado em minha escrivaninha, no Recanto das Letras.
ResponderExcluirQuanto aos políticos antigos, eu citaria Eurípedes Cardoso de Menezes, Carlos Lacerda e Sandra Cavalcanti. O melhor presidente que já vi foi Itamar Franco. Abraços.
Caro Carlos, agradeço sua menção ao meu nome e o parabenizo pelo texto lúcido e atual. De fato, a situação política - e econômica do país, e do nosso estado também- é desalentadora. Mas a Esperança se renova com o combate ampliado à corrupção e o aumento da consciência crítica da população.
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