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A
FOTO
O “retratista” estava para
chegar. Era raro um “retratista” ir ao Varre-Vento na década de 70.
- Vistam as melhores
roupas, para receber o “retratista”. Como as fotos eram somente em preto e
branco, minha mãe dizia que com roupas brancas sairíamos melhor.
- Coloquem um banco
comprido ao lado da casa que eu vou decorá-lo para o “retratista”. Na verdade,
o que minha mãe tentava esconder é que o banco era velho e feio. Por trás do banco, para encobrir a parede de
madeira, foi afixado também um pano branco. Pronto. Estava tudo preparado!
O motor parou. O
“retratista” desceu e foi logo cuidando do que ele tinha ido fazer. Retirou de
uma bolsa uma imensa máquina, um tripé na qual fixou a máquina tipo sanfona e
deixou tudo no ponto.
- Sentem todos aqui, da
forma que vocês nasceram.
Virou uma “escadinha”
porque éramos em número de dez, na época. Todos sentados ao lado da casa de
madeira, que mais tarde foi arrancada totalmente por um redemoinho, em um lugar
que ainda hoje me traz boas recordações – o Varre-Vento.
Sempre tentei compreender
porque chamavam o local de “Varre-Vento” se no local, nem ventilava muito,
exceto no dia do vendaval que destruiu muitas coisas. Na realidade, era até um pouco quente em dias normais. O local, no município de Itacoatiara, tinha
algumas pessoas felizes, inclusive a minha: meu pai, minha mãe e meus nove
irmãos perfilados um ao lado do outro.
- Todos prontos? – era o
“retratista” quem perguntava, mas minha mãe decidiu mudar as posições. Os mais
velhos ficaram atrás, os mais novos ficaram na frente e o “retratista”, então,
foi autorizado a “bater o retrato”.
- Daqui a um mês, quando
ficar pronto a foto e eu colocá-la em uma moldura, entregarei – prometeu o
“retratista”.
Depois da foto “tirada”, eu
e meus irmãos tiramos nossas melhores roupas, vestimos nossos calções e ficamos
comentando as coisas que considerávamos “estranho”.
- Você viu aquela lâmpada
que acendeu e apagou e saiu muita fumaça depois? – perguntou meu irmão.
A foto chegou como o
prometido. Estavam lá todas as dez almas gravadas na fotografia! E ficamos
todos felizes por vermos como éramos porque nem espelhos nós tínhamos em casa.
E nossas almas ficaram estampadas na foto, como diziam os índios do lugar!
MUITO BOM LEMBRAR SOBRE COISAS QUE MARCAM NOSSA VIDA... MUITO GOSTOSO LER SENTIR E VER COM OS OLHOS DA IMAGINAÇÃO ESSA CENA DE FAMÍLIA! E QUEM NÃO AS VIVEU? MUITO BOM!
ResponderExcluirSensacional essa foto-espelho. Esse retratista percorreu todo o Brasil, deve ter ficado rico rsrs. Toda família tem um look desses guardado como lembrança. rsrsrs
ResponderExcluirPra mim metratista nunca retrataram minhas fotos sao os verdadeiros retratistas.
ResponderExcluirHirschi
Ch