Quando
estava em voga o protesto dos profissionais da comunicação social contra a
ditadura militar, jornalistas de Brasília criaram o bloco de carnaval “O
Pacotão”, que abria o desfile na capital da República, sempre fazendo críticas
irreverentes ao Governo Militar. Desfilou por alguns anos e depois, sumiu. Inspirados
nessa criação, os jornalistas de Manaus criaram também o bloco “Liberdade de
Expressão”, mas teve vida curta de um desfile, apenas!
No
dia da abertura do carnaval de rua, ainda na Avenida Djalma Batista, que era
coberta de cal branco pela Emantur – Empresa Amazonense de Turismo, responsável
pela festa, aonde todos os blocos e algumas poucas Escolas de Samba que
desfilavam tinham que comunicar sua inscrição, o que o bloco de jornalistas do
Amazonas “Liberdade de Expressão” não o fizera, razão porque todos os
profissionais de comunicação que compuseram e formavam o bloco foram barrados
pelos policiais da PM que estavam lá para garantir e controlar a segurança e o
acesso de todos.
Houve
muitas discussões entre os “jornalistas bêbados” e os policiais, mas o bloco,
por não ter inscrição prévia, não foi autorizado a descer. Como eu era
credenciado pelo Jornal A NOTÍCIA, junto a 5ª seção de Comunicação Social da
PM, fui chamado para dialogar, mas também nada consegui e os ânimos ficaram
mais exaltados entre os PMs e os profissionais de imprensa que haviam se concentrado
em um bar existente no fundo do quintal de um casa, no início da Avenida do
samba, que estava sendo preparada para o desfile.
Tentando
resolver o impasse gerado, procurei o presidente da Emantur, Humberto Amorim, e
o encontrei sentado em um canto da avenida, exausto, esperando a conclusão do
trabalho de pintura, usando tênis, calça jeans e camisa de meio, tipo “largadão,
como ele gostava de aparecer. Humberto havia substituído o aviador Ítalo Bianco
na presidência da Emantur.
Lembro
que naquela época, o chargista Miranda fez história na charge do Amazonas, mas
hoje anda maio esquecido! Insuperável e insubstituível em sua arte, Miranda
reproduzia críticas contra o Governo Militar, em suas charges ou qualquer outra
autoridade pública, inclusive à Polícia Militar do Amazonas. Miranda, o inimitável
desenhou um soldado escondido dentro de
um coreto que existia no cruzamento das Avenidas Boulevard Amazonas com a Rua
Constantino Nery, em frente ao Olímpico Clube. Do guarda, só aparecia os olhos
vendo pelo buraco que existia no coreto e um caderno de multa em uma mão!
Hilária essa charge! O chargista Miranda
formou uma legião de outros profissionais do desenho em Manaus, que também
imitavam seus traços, sempre bem humorados!
O
combinado era que depois do desfile, todos os profissionais da imprensa
retornariam e ocupariam seus lugares e transmitiriam todo o carnaval, muito
primário e amador na época, com destaque para algumas agremiações fortes como
Aparecida, Reino Unido, Balaku Blaku, Em Cima da Hora e a madrinha de todas
elas, a Escola de Samba Unidos da Selva, formada só por militares cariocas que
transferidos e passaram a servir no Primeiro Batalhão de Infantaria de Selva,
em Manaus. A “Unidos da Selva” foi provavelmente a primeira “Escola de Samba” a
desfilar em Manaus. Mas isso ficará para os pesquisadores especializados no
assunto!
Como
protesto, na hora do primeiro bloco de carnaval desfilar, todos os
profissionais da imprensa viraram de costas para a avenida do samba! Depois,
todos começaram a trabalhar, afinal, tinham que escrever matérias e publicar
fotos da cobertura do carnaval. Mas, o primeiro Bloco que desfilou ninguém viu!
Uma pena!
que interessante! Mas vocês tiveram sorte de não irem parar em uma prisão do DOPS! No Rio a PF não dava trela, não. Se parecia "subversivo" da "ordem e progresso" para eles, era cana na hora!
ResponderExcluirA Unidas da Selva era a melhor so tinhamos ela as outras todas eram proibidas.Nosso bloco numca existiu para eles.Ate hoje quando chego ai sinto na pele quando preciso dos orgaos publicos de qualquer documento.Para mim nao mudou nada,ainda sinto tudo isso na pele.Como sentir na escola,na saude e na educaçao.Pra mim nao mudou nada parece tudo igual.Quem pode, pode, quem quer faz como voces fizeram.
ResponderExcluirMaria Hirschi
Ch