Como ocorre à população
brasileira, que está morrendo sufocada pelo “arrocho impostorial”,
mais de 6 mil vagões e locomotivas de trens que antes foram o meio de
transporte mais importante do Brasil, está morrendo vítima da “incompetência
gerencial” e de inanição da Justiça, que deveriam
zelar e cuidar desse patrimônio histórico tão importante para o país, tudo
porque existe um litígio judicial e a lentidão é tamanha que provavelmente dará
tempo para o tempo destruir o que ainda resta dos últimos suspiros das
locomotivas, ajudados pela ação dos vândalos e à falta de fiscalização do que
ainda resta dos vagões abandonados nas antigas estações de manobras dos trens.
O que orgulhou a Nação no passado, agora apodrece e vira sucata para ser
vendida como ferro velho.
Velhas estações de trem da
antiga malha ferroviária federal, hoje abandonadas, estão sendo destruídas pelo tempo
e pela ação de vândalos. É um pedaço da história que desaparecerá e nada restará
para mostrar por onde trafegavam as riquezas do Brasil Colonial porque agora os
locais se parecem mais como depósitos fantasmas, onde habitam ratos mortos de
fome igual ao Brasil, que está morto de fome de mais impostos extorquidos dos
contribuintes. Nesse particular, embora a Lei que determina que o preço do
imposto seja informado ao final da nota, já sancionada pela presidente Dilma
Rousseff, na prática, ainda não entrou em vigor na maioria das capitais
brasileiras.
No
Estado de Rio Grande do Norte, uma velha estação de trem que mais parecia “fantasma”,
no município de Nísia Floresta, ex-Papari, foi toda restaurada mantendo seu
aspecto histórico original e passou a servir de restaurante. Quando lá estive
pela segunda vez, em 2011, minha família parou para almoçar uma galinha à
cabidela - que tanto gosto – e um prato típico regional, à base de carne de sol.
Na primeira, em 1982, compareci como assessor de imprensa de duas entidades de
Manaus, a um encontro de empresários do comércio no Centro de Convenções de Natal,
construído para receber o evento e de lá enviar notícias para os jornais do
Amazonas e também almocei carne de sol de Caicó, considerada uma das melhores
de Natal!
Na Estação de Nísia
Floresta, observei tudo em volta com muita curiosidade e procurei saber quem havia
sido a pessoa que emprestara o nome àquele lugar restaurado e preservado. Descobri que Nísia Floresta fora uma importante
escritora e educadora que se tornou natalense, considerada pelos historiadores
como a primeira jornalista feminina do Brasil. Nascida em Papari, no Rio Grande
do Sul, em 1810, tornando-se conhecida pelo pseudônimo de Nísia Floresta
Brasileira Augusta, mas tendo como nome de batismo Dionísia. Mas isso é
história e eu quero escrever sobre vagões estações de trens abandonados.
Enquanto
me banqueteava, imaginava como deveria ter sido aquela estação de trem
restaurada transportando pessoas que seguiam rumo à capital do Estado do Rio
Grande do Norte, em busca de melhorias de vida! E, naquela oportunidade me questionei
por que o foi feito na Estação Nísia Floresta, também não serviria de exemplo
para outras estações igualmente abandonadas pelo resto do Brasil? Com as
estações restauradas e preservadas para a história e aos visitantes, mesmo com
trilhos enferrujados pela crueldade do tempo, o abandono e irresponsabilidade
dos administradores que deveriam preservar um patrimônio histórico, seria
excelente? Era para mim difícil visualizar a cena que imaginara, por não ver
qualquer vontade política e interesse nesse sentido!
Naquelas
férias, onde paramos para almoçar no retorno de um dos muitos passeios que a
família realizara vindos do sítio de Jucélia, numa cidade da Paraíba, no carro
da amiga da família, a Fiscal da Receita Federal, Francisca, a “France”, fiquei
admirando o abandono em que deveria ter ficado a Estação de Nísia Floresta e
deu para sentir como deveria ter sido agradável a vida na época dos trens
transportando as riquezas do Brasil nas “Maria’s Fumaça’s” que, por onde
passavam, deixavam o gostoso e sonoro apito e; das caldeiras, muita fumaça pelo caminho, pelas madeiras que
queimavam e produzir o vapor necessário a impulsioná-las. Senti repulsa só em
pensar que hoje toda a riqueza nacional é transportada agora por estradas
rodoviárias esburacadas, muitas iniciadas e nunca concluídas pela incompetência
pública, fazendo sofrer caminhões e motoristas por falta de sinalização,
acostamentos ou pela falta de postos de paradas para descanso. Não havia mais
vagões onde paramos, mas não foi difícil imaginar e concluir que os antes
excelentes vagões que rodavam puxados pelas pioneiras “Maria’s Fumaça’s”, ainda
podem ser recuperados nem que seja para fazer-nos lembrar de uma época boa da
história do Brasil, pelo menos. Mas, muitos se encontram hoje em completo e
total estado de abandono e sem qualquer serventia. Uma pena!
Hugo
Augusto Rodrigues, historiador, conta que a ação judicial foi movida pela
Prefeitura de Itaperó, que tenta obrigar a concessionária a retirar os vagões. Embora
condenada, a empresa América
Latina Logística recorreu e decidiu só retirar as sucatas com a
finalização do processo na Vara Federal de Piracicaba. Deu pena, pena mesmo ao ver
ex-maquinistas saudosista dizendo que o vagão da “Maria Fumaça” que transportou
o Imperador D. Pedro II em suas viagens, também está se estragando, embora
ainda possa ser restaurado porque a madeira resiste à destruição inevitável do
do tempo, do descaso e do abandono.
A
“Maria Fumaça” que transportou os sonhos do imperador de ver o Brasil se
desenvolvendo pelos trilhos, já está toda enferrujada, cheia de desenhos
horríveis de grafites em uma estação de uma cidade paulista. O que fora no
passado sinônimo de luxo e desenvolvimento, agora é a certeza de lixo, abandono
e descaso com o mais rico patrimônio da história do Brasil. Acordei para a dura
realidade do abandono das ferrovias do Brasil e a certeza que só andarei de
trem novamente se ainda for a tratamento de saúde e ficar hospedado na casa de
minha irmã, Mara Costa, em Jundiaí, só para poder pegar o trem e descer de novo
até a Estação da Luz e, depois, entrar no metrô paulista e seguir por baixo da
terra à consulta médica no médico no Hospital São Joaquim, da Beneficência
Portuguesa.
Mas graças a Deus, tenho fé
que isso nunca mais será repetido novamente!
Tão importantes e necessários e...votados ao abandono,votando também ao abandono todos os seus utentes...Abraços de além-Mar
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