Momentos de minha vida
recente ressurgiram junto com o trote compassado e leve de um cavalo que
transportava a criança em uma aula de eco-terapia, quando transpus o muro do
quartel do Batalhão da Cavalaria da Polícia Militar “Coronel Bentes”, em Manaus, quando fui solicitar doação de sangue
à voluntários do Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças – CEFAP. Relendo
placas na parede, revi nomes de pessoas com as quais convivi, como os então
tenentes Mael Rodrigues de Sá, Ferreira Lima, Edson, Costa, o “Costinha”,
o militar mais civil que conheci, Hilmar dos Santos Faria, Élson Mota, Assante,
Henriques, Bonates, Bentes, Benfica, Correi aspirantes Sirothoau, Paulo Roberto
Castelo Branco, Paulo Roberto, comandantes de OPMs,
O 1º Batalhão, ficava em Petrópolis; a Rádio
Patrulha, na Duque de Caxias; Polícia de Trânsito, dentro do prédio do CG na
Praça Heliodoro Balbi, depois ao lado da Rádio Patrulha; a Polícia de Guarda,
na Duque de Caxias, se unindo por trás à RP. Alguns faleceram e outros que seguiram
carreiras, chegaram ao posto máximo de tenentes-coronéis e foram nomeados
comandantes gerais da PM. Os vivos, mas não sei onde andam. Só tenho notícias
boas sobre eles! Mas fui esquecido por eles!
Os tenentes Mael e Ferreira
Lima, em momentos diferentes, comandaram
à temida PP-2, uma divisão de repressão da PM no fim da década de 70 e início
de 80, com todos seus membros andando disfarçados. Nesse período, todos os
comandantes da Corporação Polícia Militar eram sempre originários das fileiras
do Exército Brasileiro. Convivi com coronéis Mário Perelló Ossuoski, Wilson
Ribeiro Raizer, Henriques Lustosa e outros que vieram depois até ser nomeado o primeiro
coronel PM, Élcio Mota, quando deixei de ser credenciado e publicar em A
NOTÍCIA, informações oriundas da Polícia Militar.
No dia 30/06/79, recebi
diretamente das mãos do então chefe da 5ª Seção de Comunicação, em plena
ditadura militar, do tenente Alfredo Assante Dias, uma Credencial que ainda a
guardo comigo, no qual se lia no verso “SOLICITO AOS COMANDANTES DE OPM O APOIO
NECESSÁRIO PARA O QUE O MESMO POSSA EXERCER SUAS ATIVIDADES PROFISSIONAIS”. em plena continuidade da Ditadura Militar, que
me permitia livre acesso a todas as ações executadas pela PM. Naquela época,
acompanhei e escrevi sobre as execuções pela temida PPD-2, das quadrilhas do
Padeirinho, Alan, X-9, Abílio e outras consideradas perigosas na época de uma
Manaus ainda pacata de pouco mais de 700 mil habitantes e tranquila, com
lembranças vivas de um secretário de segurança que permitia que se dormisse de
janelas e portas abertas.
Quando o tenente Assante
assumiu a diretoria do Detran-Am, o tenente Correia fio levado com ele para ser
o examinador de direção e decidi tirar pela primeira vez a CNH, no dia
21/03/1979 e o tenente me conheceu, se espantou e me pergunto o que tinha ido
fazer ali. “Vim fazer prova de rua!”! Respondeu-me, brincando: “E tu
ainda faz exame de rua? Passe no dia tal no Detran-Am, para receber sua CNH”.
Isso se deu e eu estava habilitado. Era verdade, eu já tinha dirigido até para
o diretor do Detran-Am, inclusive subindo a ladeira da Rua Tapajós, onde eram
feitos os testes de rua para se receber a CNH, porque ele não dirigia carro!
Mas não sei quem inventou
que o “o para sempre” é como um relâmpago em nossas vidas porque nada
dura para sempre e o “para sempre” é mais uma utopia
linguística que nos faz acreditar que a vida será eterna, como a morte a será
por certo. Nas patas do cavalo que trotava em uma aula de eco-terapia, relembrei
nitidamente quando estacionava meu velho fusca amarelo ao lado e entrega no CG,
com um guarda sempre à porta para quem eu dava continência e ele batia as botas
em resposta ao meu cumprimento. Eu,
mesmo a despeito de usar um cabelo longo, barba comprida e uns óculos pequenos
e redondos, estilo John Lennon, que conferia a mim o aspecto meio desleixado e
alguns estudantes da época dizendo que eu era um “comunista” ou dedo
duro da ditadura ou agente da repressão em razão de meu aspecto ser
igual a todos os integrantes da temida PP-2, comandados pelo tenente Mael
Rodrigues de Sá e depois pelo tenente Ferreira Lima, fossem como eu era também.
Nessa época, publiquei a matéria
e guardei a fonte, informando apenas, em letras garrafais “JOSÉ LINDOSO, PRESO NO PALÁCIO
DO GOVERNO, ROUBANDO TOALHAS”. O jornal vendeu muito nesse dia, mas deu
problemas porque no dia seguinte o Secretário de Comunicação Social, poeta
Elcio Farias apareceu em A NOTÍCIA querendo saber qual era a
fonte da informação e por que já havíamos escrito a manchete associando ao nome
do governador do Estado. Em todas as Delegacias de Polícia da época, vi essa
matéria colada nas paredes. Daquele dia em diante, foram proibidos aos
jornalistas informações desse tipo.
Com muita saudade relembro
companheiros valorosos como Oscar Carneiro, com certa idade, de
quem eu adorava ouvir histórias da imprensa do passado, já com certa idade, e Francisco
Pacífico, por apelido de “Cachacinha”, que faleceu vítima de
cirrose hepática, ambos do Jornal do Comércio e já falecidos. O primeiro, ha
mais tempo na imprensa, me contava que havia dormido no “casarão da Rua Marechal
Deodoro”, em cima de rolos de jornais, só para pegar notícias policiais
fresquinhas com o Sr. Jióia e dar “furo de reportagem”, nos outros
jornais. As ocorrências eram todas registradas em um grande livro. O outro, o
Pacífico, só queria que chegasse o final de semana para “tomar uma”. O jornalista
Oscar Carneiro se dizia apaixonado pela secretária do tenente Alfredo Assante
Dias, e fazia muitas brincadeiras com ela! Tudo era mesmo brincadeira porque o
Oscar era uma pessoa muito séria!
Relembro com saudades
quando fui iniciado no dia 19/08/89,
elevado e o dia 31/05/90 e exaltado ao Grau 3 na Loja Maçônica Manaus 28
por convite do então companheiro de Rotary Clube do Distrito Industrial, George
Mendonça Marques, que reunia alguns empresários do DI. Lembro-me de ter sido
convidado pelo empresário Cristovão Marques Pinto, mas convivi ao lado de
companheiros como Otto Fleck, Sérgio Witte Gueiller, diretores da Gradiente, Francisco
de Freitas Rola, que fazia questão de se apresentar como “Rola” e todos riam o
economista José Fernando Pereira da Silva, o “Zica”, com quem brincava
sempre que “amor de Zica, onde bate fica”, Nizardo Rebouças Chagas no fim
da década de 70...além de outros que não recordo mais porque os anos e as onze
cirurgias no cérebro não permitem uma memória tão prodigiosa como já o fora no
passado!
Hoje não frequento mais
nada...mas lembro com saudades! Depois, no Lions Clube de Manaus Centro, com o
empresário José dos Santos Azevedo; Uirapuru, com Rosedilson Lopes de Assis...
E tudo isso recordei na
ponta de meus dedos quando parei para olhar um menino sendo conduzido por três
terapeutas em uma aula de “eco-terapia”, em volta do quartel.
Ele mudando a bola de uma mão a outra, se equilibrando no dorso do cavalo, ao
lado de três instrutores e minha vida passada recente se descortinando nos
passos daquele cavalo que trotava lento, como se estivesse quase parado, como
está parada a ajuda à Cavalaria Coronel Bentes para construir baias cobertas
que permitirá o aumento do número de alunos, independentemente do tempo sempre
inconstantes que ocorre em Manaus.
Um interessante conto que nos prende a boa leitura. Parabéns e um forte abraço.
ResponderExcluirQuantas recordações,quantas memórias enriquecedoras no seu trajeto de vida!Uma vida vivida e bem aproveitada aos mínimos pormenores,como aliás continua sendo.Parabéns!Continue dando sempre o máximo e o melhor de si.Abraços de além-Mar
ResponderExcluirValeu, Carlão! Um abração do Pau de Barraca!
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