(um
city tour por Manaus)
Decidi sair de casa...Não
da forma que vocês possam estar pensando, pois fui apenas acompanhar minha
esposa Yara em um “city tour” até a Feira da Banana. Deixei o apartamento no
Mundi, alcançando a Avenida Efigênio Sales e logo depois, dobrando à direita na
Rua José de Arimatéia, hoje cercada de mato pelos dois lados, entramos pela Rua
Via Láctea e seguimos para o local das compras em uma feira pública, sem
estacionamento para carros de portadores de necessidades especiais, idosos ou
cadeirantes, como determinam as Resoluções 303/304 do Contran.
Devido as irregularidades
do asfalto em alguns trechos, aos pulos o carro desceu por toda a Rua Maceió,
até alcançar à Rua 7 de Setembro saindo quase em frente ao Palácio Rio Negro,
comprado de um alemão pelo governador do Amazonas, Pedro Bacellar, avô da mãe de minha esposa.
Uns 100 metros depois, o carro manobrou à direita e passou frente ao antigo
cine “Veneza” da família “Bernardino”, inaugurado com o filme “O Destino de
Poseidón”, tendo na platéia meu sogro Francisco Queiroz e sua esposa, Maria Luíza.
O cinema fora construído de frente para um Igarapé aterrado pelo Prosamim que
circundava toda a parte dos fundos do Palácio Rio Negro. O carro de minha
esposa finalmente ingressou na Rua Lourenço Braga atingindo seu objetivo: fazer
compras com preços mais baratos, na Feira da Banana!
Na Rua Lourenço Braga,
admirava as proas dos barcos regionais quase alcançando a parte superior da Rua,
por entre pequenos espaços deixados por caminhões e carretas que, mesmo
proibidos, teimam em estacionar na orla do Rio Negro, meio da rua, em filas
duplas e até triplas, atrapalhando a fluidez do tráfego (e nenhum agente no
local). Era uma perfeita, linda e bucólica visão de uma paisagem urbana, para
mm. A posição e altura das proas dos barcos
regionais podem estar sinalizando que Manaus, este ano, poderá ter uma nova
cheia igual ou superior às registradas nos anos 1953, 1969 e de 1999. À entrada
da Feira, fui saudado com frase “quem é vivo sempre aparece” pelo guardador de
carros Marcelo, porque tempos havia que não acompanhava minha esposa nesse tipo
de tarefa. Depois, Marcelo se virou para
estacionar o veículo em uma vaga. Será que os portadores de necessidades
especiais, idosos e cadeirantes eles não existem em Manaus ou de uma hora para
outra se tornaram invisíveis aos olhos dos administradores públicos da cidade?
Dentro da feira, com minhas
pernas cravadas de varizes devido à trombose, paralisia e derrame quase não suportavam
meu peso de 73 quilos distribuídos em esqueleto de 1,68 cm. Caminhando com
dificuldade, por entre bancas, cachos de bananas e carreteiros que ganham seu
dinheiro, mas também atrapalham quem já tem dificuldades para andar, me
espantei com os preços cobrados pelas frutas e verduras, produtos integrantes
da “cesta básica”, desonerados de impostos pelo Governo Federal, mas não
repassados aos clientes, com a desculpa de que “tudo sobe, por que não subiria também
aqui?”. Em todas as bancas, os preços
eram os mesmos, sempre altos e pareciam cumprir uma tabela única. No retorno
pela mesma rua, por culpa dos caminhões e carretas que continuavam estacionados
em filas duplas e triplas, quase não me foi permitido apreciar as proas dos
barcos multicoloridos! Uma pena! Será que Manaus virou uma cidade sem Lei e por
isso não pude vê-los como gostaria de ter feito? Todos os barcos multicoloridos
refletindo na água escura do Igarapé do 40, um ancorado um do lado do outro, em
perfeita harmonia (não como os caminhões e carretas que atrapalhavam o tráfego
na rua), cada um respeitando o seu espaço, de forma tranquila e intuitiva, sem
necessidade de alguém que os organize ou os puna! Essa não pude ter!
Devido ao mesmo fator de não
cumprimento do que determinam as Resoluções 303/304, não quis disputar vagas na
Feira do Peixe, por que não desejava disputar vagas com moto-taxista,
táxi-carga e táxis, que têm estacionamentos demarcados e exclusivos, retornei. Minha
esposa decidiu voltar pela longa extensão da Rua Lourenço Braga, que margeia parte
do Igarapé do 40, resultado de um aterro que era conhecido em propagandas
políticas como “Nova Veneza” e terminou sendo concluído anos depois pelo
governo Eduardo Braga! Quem as sabe, talvez pudesse ver, mesmo de longe, os
barcos multicoloridos ou quem sabe as carretas e os caminhões já tivessem
partido? Decepcionei-me de novo. Continuando pela Rua que poderia ter recebido
o nome de Rua Nilo Tavares Coutinho, uma justa homenagem a um grande empresário
da Construção Naval, um dos pioneiros nessa atividade, que começou como torneiro
mecânico em sua casa, mas depois adquiriu a “Ilha do Caxangá” e nela se
estabelecera por longos anos. Mas o nome
da rua foi dada em homenagem ao procurador geral do Estado mais jovem a assumir
o cargo no Governo Gilberto Mestrinho. Mas isso é história!
Da Rua Lourenço Braga,
entramos na Rua Duque de Caxias e, logo no início, observei mulheres com muitas
sacolas na mão esperando o portão da Penitenciária Raimundo Vidal Pessoa ser
aberto para visita às 08h30min da manhã. A fila de mulheres com bolsas, quase
chegava até as últimas três árvores de seringueiras que ainda resistem
bravamente à destruição e ao progresso. Estariam dentro das bolsas, apenas
mercadorias de primeira necessidade, presentes e pedidos feitos pelos
presidiários?
Se era somente isso que as
bolsas das mulheres transportam, como é
que na Penitenciária aparecem tantas drogas, celulares, carregadores e outras
coisas que são noticiados durante as rebeliões?
Mistérios a serem
desvendados, apenas mistérios!
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