Não é o caminhoneiro, o motorista, muitas vezes estressado, quem
coloca a carga dentro de seu caminhão ou carreta. Diante dessa verdade, não
pode ser atribuída unicamente ao motorista o excesso de cargas, porque o Governo
Federal, o Denit e outros órgãos responsáveis ou irresponsáveis pela
fiscalização nas estradas sem balanças para medição de peso, com péssimos ou
nenhum pavimentos das estradas vicinais precárias e cheias de lamas, têm
responsabilidades diretas e indiretas no problema!
Não, ah, isso não! Todo excesso de cargas começa dentro das
empresas e estas também precisam se conscientizar sobre o prejuízo que causam as
suas frotas pela manutenção preventiva que têm que fazer. Reconheço que em alguns
casos de acidentes estão presentes a negligência ou a imprudência, fruto de
erros humanos em ultrapassagens feitas
em locais proibidos e mal sinalizados, mas querer atribuir aos profissionais do
volante a culpa pelos buracos nas estradas também, já é demais!
Tenho certeza que o motorista Clodoaldo que foi preso pela
polícia rodoviária federal com a carteira falsa, multado por furar um sinal
vermelho e transportando quinhentos quilos a mais de pedras em seu caminhão,
foi da empresa que o contratou para fazer o transporte, mas a culpa por ele
estar usando uma CNH falsa e o avanço ao sinal vermelho, foi totalmente culpa
dele. Mas, mesmo a CNH falsa poderia ter sido evitada pela empresa se ela
exigisse na contratação de seu funcionário, que fosse pedido mais informações
sobre o profissional ou se existisse alguma forma de se consultar a CNH do
profissional via internet, o que não existe, lamentavelmente.
Se todas as rodovias possuíssem balanças para medir o peso das
cargas na passagem do caminhão sem necessidade de pará-lo e se existisse uma barreira mais à frente para
pará-lo por estar transportando excesso de cargas, poderia ser a solução do
problema. Mas isso depende de investimentos do governo, tecnologia e logística,
o que o Brasil nunca tem. Todas as vezes que escuto falar nesse problema – e não
é de agora, sempre alguém apresenta uma idéia que parece ser a melhor, mas
nunca é colocada em prática.
Na verdade, o que falta para solucionar a maior parte dos
problemas dos buracos não é apenas tapá-los; mas investir em tecnologias para
que eles não voltem ou demorem um pouco mais de tempo para acontecer novamente,
seria melhor. Mas, hoje, não adianta o
Ministério dos Transportes fazer remendo em rodovias se não adquire balanças
para pesar o excesso de cargas dos caminhões, sem gerar longas filas em postos
de pesagens. Com isso, talvez os caminhoneiros deixassem de serem os vilões
responsáveis pelas buraqueiras e, quem sabe, passassem a serem vistos como seus
protetores e o Governo teria que encontrar um novo bode expiatório! Contudo, só
escuto promessas e soluções que nunca chegam a ser cumpridas de forma
definitiva e duradoura.
Não é de hoje que escuto falar em buracos, matos, falta de
placas de sinalização nas rodovias, além de outros problemas menores, que me fizeram
recordar de um episódio engraçado envolvendo um ex-prefeito falecido de Manaus,
João de Mendonça Furtado que, em plena reunião informal de seu secretariado que
analisava as críticas da imprensa na época, reclamou: “O problema dos buracos é que todos
estão de boca aberta para cima. Se estivessem emborcados, seriam chamados de
lombadas”. Todos riram inclusive eu, que o assessorava na área de comunicação
social, diante do seu acertado e irônico comentário, em uma época que nas ruas
da capital do Amazonas foram catalogados mais de quatorze mil buracos em
pesquisa realizada pela Prefeitura de Manaus. Os buracos, todos de boca para cima, como
ironizou o prefeito, causavam transtornos aos motoristas que trafegavam pelas
ruas de Manaus, na época ”tábuas de pirulitos”.
Eu trabalhava contratado pela CLT, na Assessoria de Comunicação do
prefeito João de Mendonça Furtado, indicado pelo ex-vice-governador do Amazonas
e ex-presidente do Banco do Estado do Amazonas, Manoel Henriques Ribeiro e fui
demitido 30 dias depois pelo prefeito nomeado Amazonino Mendes, que criou a
Secretaria Municipal de Comunicação Social e nomeou outro secretário.
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