terça-feira, 31 de janeiro de 2017

PORQUE TE AMO TANTO...


Tens que ser livre...
Não te mereço!
Visitava-me sempre!
Gostava de te ver, filmar e fotografar...
Agora, vivo... 
Mas, não te esqueço...!
E por te amar tanto
Deixo-te livre para voar..

(e para cantar!)

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

DA FAMA Á LAMA E VICE VERSA!


Enquanto Eike Funhrkem Batista da Silva, (Eike Batista), nascido em Governador Valadares, procurado foragido da Justiça e procurado pela Interpol,  retornou o Brasil e foi preso. Sereno e tranquilo, falando ao celular de vez em quando, talvez com seu advogado, ele elogiou a operação “Lava Jato”, disse que o Brasil está passado a limpo e que se ele fez alguma coisa errada, terá que paga, indo da fama à lama.

No final o juiz da vara de execuções penais do Amazonas, Luiz Carlos Valois, atendendo a decreto presidencial assinado por Michel Temer,  mandou soltar o ex-prefeito de Coari, Adail Pinheiro, que foi da lama à liberdade. Adail é nascido no município, foi preso por diversos crimes, entre eles alguns de pedofilia, mas ganhou a liberdade e seu advogado de defesa, fazendo o legítimo direito de “jus esperniendi”, garante que o ex-prefeito foi acusado injustamente e ganhou a fama de pedófilo sem sê-lo, mas apenas condenado por exploração sexual de menores. É uma sutil diferença técnica, mas faz toda a diferença dentro do direito penal.

Eike Batista foi da fama à lama com seus milhões de dólares contabilizados pela revista Forbes, em 2103. Manuel Adail Amaral Pinheiro, o Adail Pinheiro, fez o caminho inverso: foi da lama à liberdade, mas o ex-prefeito poderá voltar à prisão, porque ainda responde a 43 outros inquéritos no Tribunal de Justiça, entre eles alguns de pedofilia, investigados pela deputada federal Erika Kokai, formada em psicologia, que ouviu as vítimas de estupro no barco, em lanchas e os diálogos entre o ex-prefeito e seu então secretário de administração Adriano Salan. Ela promete não ficar quieta e o senador Magno Malta, presidente da Comissão Nacional que investigou pedofilia em todo o Brasil, também disse que não ficará.

Eike Batista e Adail Pinhiro passarão a ser dois arquivos vivos e, ao mesmo tempo, dois exemplos de que só poder, fama e  dinheiro  sem cultura,  são efêmeros. Andrade Netto, com quem trabalhei por mais de cinco anos em A NOTÍCIA, como repórter, dizia sempre:“a pessoa leva uma vida toda para construir uma reputação e em um segundo, pode ser destruída”.


A cultura transmitida será imortalizada. O corpo, a matéria e o próprio homem serão mortais, por mais que se tornem “imortais”. Só o que fizeram pelo bem da humanidade, ficará e será considerado imortal!

sábado, 28 de janeiro de 2017

FAZENDO A FESTA!



As águas
Refletem as semestrais  
Nuvens do inverno amazônico,
As flores amarelas
O verde das palmeiras
(no fundo azul da piscina!)
Moradores, assustados, olham para cima
Veem e ouvem o canto dos periquitos
Fazendo festa.
Comemorando seu novo espaço
(entre as palhas das palmeiras!)

(vejo tudo pela janela, sem esforço e sem binóculos)

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

VOYER PIRIQUITAL!


Tornei-me um voyer piriquital!

Mesmo sabendo que eles não estarão mais lá, subindo e descendo pela grade dos condicionadores de ar do apartamento, sempre que entro no banheiro pela manhã, abro o basculante na esperança de  vê-los de novo, um desfilando só para mim como se fosse  um rei e outro escalando a grade para alcançar as uvas que pedi a secretária Maria Joaquina Paes, as deixasse só para eles, com água ao lado. Infelizmente, sem meus óculos 8,5 graus que passei a usar desde 2006, se vejo algo que meu subconsciente  identifique como de cor verde, fecho o chuveiro, deixo o box, pego o olho auxiliar na bancada de granito e volto para ver  de novo. Mas ele não está mais lá. Foi só mais uma ilusão da mente ver verde em lugar do preto do fio de energia  pela ligação dos dois outros condicionadores do imóvel.  

Originalmente, o apartamento foi projetado para ter apenas dois bi Split e mandei instalar quatro independentes. O Kavawaki,  só era vendido em Porto Velho e custava mais de 50 mil reais. Do outro lado da linha, o vendedor que parecia ser o dono insistiu na venda, dizendo-me que era o mais moderno do mundo, que parcelaria a venda em três vezes no cartão de crédito, que seria entregue já instalado em Manaus, que não cobrariam pela instalação como se já não estivesse embutida no preço do negócio, que o controle avisaria quando seria preciso fazer a manutenção. . “Quero uma bicicleta para andar; não uma Ferrari para correr nas ruas esburacadas de Manaus”. O vendedor apenas riu e entendeu minha gozação.  Apesar das facilidades, não fechei negócio!

Já estava ficando mal acostumado por ter me tornado um voyer de um deles e, eu, brechando-o pela janela do banheiro. O avistava de manhã e de tarde, subindo e descendo só para comer uvas que a secretária Maria Joaquina Paes, colocava em um prato. Meu periquito parecia o rei do pedaço: usando o bico subia pela grade, entrava na vasilha, comia as uvas e espalhava restos em cima da máquina do aparelho. Depois fazia a cesta, parecendo dormir e depois voava para cantar com os outros de sua espécie  na árvore que avisto pela janela da cozinha. Eu e ele estávamos ficando mal acostumado. Depois do dia 31 de dezembro, quando os ajudei a se refugiarem dos fotos de artificio no apartamento com em que convidados, dois mais graves, os segurei na mão e os fotografei. Depois de beberem água da torneira e voaram. Estavam agitados pelos fogos. Dos cinco que ajudei, dois passaram a voltar. Um deles entrava no apartamento, descansava na fruteira, se escondia atrás de uma TV de 20 polegadas que mantendo na cozinha. Como eu, ele também estava ficando mal acostumado e já se sentia o dono do apartamento, que antes dele, quando existia uma floresta primária no terreno.

Agora, sua ausência me faz falta e causa uma dor em mim de forma estranha, como descreveu Antoine de Saint Exupéry – “você é responsável pelo que cativa” -. Cativamo-nos: eu por vê-lo como se fosse um voyer periquital, sem saber que o observava, fotografava e o filmava de longe. Como não veio mais há duas semanas, suponho que também morrido atropelado com outros que dormem nas árvores e são derrubados pelos caminhos e carretas que trafegam em elevada velocidade na Avenida Efigênio Sales, sem qualquer respeito às placas pedindo que reduzam a velocidade e façam uso da faixa da direita  e depois retornem à faixa da esquerda como determina o Código Brasileiro de Trânsito.


Contudo, como só existem promessas e não ações efetivas, as placas  existentes só servem de enfeite e a matança continua todos os dias, não  mais como na primeira vez com mais de 200 periquitos estendidos no asfalto negro da rua e sendo esmagados pelas rodas apressadas dos veículos.  Era praticamente impossível se desviar de todos eles sem correr o risco de cometer acidente.  Depois dessa “mortandade periquital”, colocaram placas e ficou só nisso. As placas fazem efeito para quem tem consciência, responsabilidade ambiental e respeito a natureza. Ela está falando, gritando, se desesperando, mas poucos a escutam, principalmente os órgãos ambientais criados para protegê-la. Será que agora IPAAM, sabendo os periquitos morreram envenenados tomará alguma providência?  Acho que não, porque são apenas periquitos, sem importância alguma!

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

O BIG BOSTA BRASIL, DE NOVO! ("só pensam naquilo...")



Não nego. Cheguei a assistir ao primeiro programa BBB, exibido pela Rede Globo de Televisão  Há 16 anos. Era novidade. Deixei de assisti-lo depois que percebi  que, hoje, todos que entram na casa “mais imoral do Brasil” só pensam no que farão por baixo dos edredons das participantes e não principal objetivo que é vencer a disputa, ganhando no final o valor 1,5 milhões de reais. Para quê? Dinheiro é bom para viver, mas não é a mola mestra do mundo. Tudo o que é demais, também cansa e o BBB já cansou, embora tenha mudado o formato, a casa, as pessoas..,até o apresentador mudou!

O único dos participantes do BBB que seguiram carreira depois foi  Grazzy Massafera. Ela investiu na carreira e se tornou uma atriz da e na rede Globo. O Cleber Ban-Ban, vencedor de um dos BBBs da vida, depois de se apaixonar e chorar copiosamente por uma vassoura, chegou a fazer rápidas aparições no Programa “Os Trapalhões” da Rede Globo e desapareceu como surgiu, quase que do nada, usando a momentânea fama de vencedor da casa mais imoral do Brasil. Outros participantes, nem se houve mais falar. Como tem gosto para tudo, respeito os que gostam, ligam, eliminam ou mantem alguém na casa e aplaudo os que não gostam!

O apresentador da TV Globo, Abelardo Barbosa, “O Chacrinha”, já tinha previsto que em televisão, “nada se cria, tudo se copia”. Estava certíssimo. Bons programas devem ser copiados mesmo, mas raros são os programas genuinamente brasileiros, além das novelas, que sempre deram certos no exterior. Também é a única coisa que ainda presta, embora os enredos das novelas da Rede Globo girem sempre em torno de um mesmo batido tema: famílias que se odeiam e depois seus filhos se casam, repetindo a fórmula de Romeu e Julieta, Tristão e Isolda ou o Mito da Caverna de Platão. Exemplos de programas copiados não faltam na TV.

Contudo, não sei por que razão a TV Globo ainda insiste em apresentar um programa de tão baixo nível e qualidade em TV aberta.  O Big Bosta Brasil, com tanta baixaria, confusões e audiência, ainda  atazanará a vida do brasileiro que não tem opção de pagar uma cara TV por assinatura   para ter outra opção de escolhe.  A solução é simples: ou muda de canal e dá audiência a outra emissora, ou assiste o programa também copiado e de péssima qualidade.

Ah, bons tempos do Sitio do Pica-Pau Amarelo, de Monteiro Lobato, Balão Mágico e dos festivais da canção do Maracanãzinho que revelaram tantos bons cantores como o falecido Jesse, com seu “Porto Solidão” e tantos outros que seguiram carreira de sucesso...Saudosista, eu? Sim, mas pela qualidade e não por porcaria que dá audiência, dinheiro, mas nada transmite, além de baixarias por debaixo dos edredons.


Parece até a personagem de “Dona Bela”, de Chico Anísio: “eles só pensam, naquilo...”  É muita baixaria dentro de uma porcaria só!

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

PRAGA PIRIQUITAL!


O periquito, quase nas cores da bandeira do Brasil foi embora e me deixou com saudades e lembranças registradas em meu celular com fotos e filmagens dele subindo para comer as uvas que as deixava em um prato e descendo da área técnica usando o gradil branco que protege e esconde os condensadores que refrigeram os ambientes em que dormimos!

Mesmo sem fazer parte da facção criminosa “OS PERIQUITOS SOBREVIVENTES DO NORTE”, ele morreu atropelado, como morrem os presos da denominada e existente FAMILIA DO NORTE- FDN.  Todos os dias, comparecia e vinha tomar  café com uvas que lhe dava sobre o condensador do ar condicionado. Mas deixou  de vir e me fazer deliciar com seu ritual de subir e descer se agarrando pelo bico nas grades, embora fosse livre e soubesse  voar.  Como tem quase uma semana que não repete seu ritual, acho que  também fora assassinado pelo pneu de carros apressados, só porque não fazia parte da  facção! O periquito era verde, amarelo e tinha uma estrela branca na testa, conhecido como “estrelinha”, diferente do chamado periquito “asa branca”, por ter a ponta das asas na cor branca.  Nele só faltavam às cores azul e branco para representar a destruída cor da bandeira do Brasil. Ele deve ter sido assassinado pela covardia dos homens!  

Diariamente, o filmava e fotografava subindo e descendo graciosamente pelo basculante entreaberto do banheiro da suíte do apartamento, como se fosse um voyer apaixonado por sua beleza. Deixou de vir e comentei com minha esposa Yara. Ele, de tanto vir fazer sua escalada e descansar em um canto depois de comer, já  estava me deixando mal acostumado, por me permitir vê-lo sem pudor...enquanto tomava banho às 9 da manhã! Pela Rede Amazônica de Televisão, retransmissora da Rede Globo em Manaus,  em meio a  reportagens  das chacinas nas Penitenciárias do Brasil pelo controle de pontos drogas, uso de redes sociais em celulares e tráfico de armas, tudo de forma livre como se fosse a casa deles e não uma prisão, também assisti cenas de periquitos esmagados pelos pneus dos carros que transitam em elevada velocidade pela Avenida Efigênio Sales,  mesmo com placas sinalizando e pedindo aos motoristas principalmente reduzam a velocidade e os carros grandes circulam pela direita no pequeno trecho de menos de 200 metros. Vi com sentimento de raiva o total desrespeito às placas e depois retornem à faixa da esquerda como determina o Código de Transito Brasileiro.  Os caminhões, carretas e outros veículos grandes transitam em elevada velocidade pela esquerda, os  derrubam das árvores em que dormem o sono dos justos e os esmagam com os seus apressados veículos em alta velocidade. O periquito que desfilava diariamente sua graciosidade majestosa para mim, deve ter se tornado também uma das vítimas da imprudência e ignorância e o seu sangue deve ter ficado jorrado no chão,  cobrindo de vermelho o asfalto negro do progresso!

Quais providências tomará o IPAAM, contra quem envenenou os periquitos?  O presidente do órgão ambiental do Estado confirmou na entrevista que os mais de 200 que morreram  envenenados. Talvez tenha sido por isso que quase todas as palmeiras que ornamentavam a entrada do Condomínio Efigênio Sales, cobertas por telas que foram retiradas depois da primeira morte absurda,  também estejam morrendo aos poucos, uma após outra, como se tivesse uma sido uma “praga piriquital”!

sábado, 21 de janeiro de 2017

PENAS SOCIAIS: PARA QUE SERVE A DROGA? (ao dr. Rogélio Casado)


A quem interessaria manter tantos dependentes químicos presos se não for para que o crime organizado,  facções criminosas que se formam, crescem e  mandam, desmandam e  dividem prisões, gerando brigas pelo controle de sua venda de drogas, com degolas dentro  cadeias, como se fosse um quarto poder, o Poder Penitenciário? Se o Governo Federal quisesse, enviaria uma Proposta de Emenda - PEC à Câmara,  sugerindo a aprovação de penas sociais para tratamento contra a dependência química de presos, fazendo inclui-la na falida e estuprada e violentada “Constituição Social”, promulgada pelo Dr. Ulisses Guimarães. Se aprovada uma PEC poderia ser uma inovação e o Brasil poderia ser um exemplo para o mundo, de como tratar o dependente químico e talvez,  reduzisse as  rebeliões no sistema prisional do Brasil e, ainda, poderia  fazer com que o Plano Nacional de Segurança Pública atingisse a meta de reduzir em 15% a população carcerária do país, até 2018!

A droga transforma a personalidade do detento, torna-o violento e fazendo-o  perder literalmente a cabeça,  espalhando sangue contaminado pelo chão. Hoje, o consumo de drogas no mundo é o flagelo do século. Contudo, as autoridades do Brasil, os  aplicadoras do Direito, parece  não querem saber  que o problema é gravíssimo e exige uma mudança nas Leis, a partir da Constituição. Lembro-me de ter conhecido e feito amizade duradoura com  o falecido médico Dr. Rogélio Casado, exercendo a função de diretor do hospital psiquiatra  da Penitenciária da Avenida 7 de Setembro, o chamado “casarão da 7”, hoje desativado. A equipe do Dr. Rogélio Casado, dentre outras coisas, também receitava remédios psicotrópicos para detentos que estivessem alteradas. Contudo, como o consumo de drogas aumentou muito, agora teria necessidade de um programa específico e uma mudança nas Leis para permitir a aplicação de pena social para tratamento contra a dependência de drogas. Por que não fazem? Talvez porque precisem das rebeliões para justificar os desvios de verbas públicas!

Depois das últimas rebeliões nas prisões do Brasil, todas  passaram a ser  atribuídas como se fosse  uma retaliação do que ocorreu no primeiro dia do ano de 2917 no Companj, em Manaus,  com  a “morte dos irmãos”,  como se referem os confinados. Em Minas Gerais, o novo governador decidiu trocar o diretor da penitenciária, os detentos não gostaram se rebelaram. Ou a “radio prisão” está muito sofisticada e quase instantânea ou a dos aparelhos de Estado estão muito defasados e não acompanham as os fatos com a mesma velocidade. Também poderia ser pela total inexistência de bloqueadores de celulares nas cadeias! Hoje, infelizmente, presos são flagrados usando celulares, armas e drogas e postam livremente fotos de festas em redes sociais. Nas redes sociais, esse abuso de detentos,  está sendo considerado como o quarto poder do Brasil, o Presidiário, que mandaria nos outros três da República,  o legislativo, executivo e no  judiciário.  
                                                                                                       
As tornozeleiras eletrônicas deveriam ser destinadas aos detentos que cumprem prisão no semiaberto e trabalhando em empresas, quando deveriam recebê-las ao sair e devolvê-las ao retornarem à prisão. Porém,    o Governo anuncia que fará a aquisição de tornozeleiras eletrônicas como se fosse,  uma solução definitiva a redução  da população carcerária do país. Em uns 20 anos, o Brasil talvez resolvesse alguns dos problemas de hoje no sistema prisional: o do consumo de drogas e as sangrentas rebeliões. No Rio Grande do Sul,  na cidade de Guajuvinas, em 2014,  a  “solução mágica” para reduzir a população carcerária do Brasil,  deixou a perna de um detento monitorado e foi parar no pescoço de um galo!


Mesmo assim, essa seria a solução mágica para fazer baixar a população prisional do Brasil, hoje contaminada pelo uso e consumo de drogas, celulares, armas, corrupção....

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

HORA DA XEPA!



“Hora da xepa”, era como se dizia entre o tempo do barulho do sino tocado no mercado municipal Adolpho Lisboa, as pessoas carentes que entrando e recebendo dos feirantes ou comprando a preços baixos,  produtos que alimentariam instituições filantrópicas e ou a elas próprias! Nessa época início da década de 70, era só um menino usando calção de sacos de açúcar, com uma sandália havaiana nos pés, que vendia sacos para guardar grandes tambaquis, pescados nos rios do Amazonas. Os sacos eram de cimento virado do lado contrário e os vendia com alegria e em grande quantidade, porque tinham sido produzidos de madrugada pela minha mãe Josefa Costa. Os peixes sobre as bancas do mercado chegavam de madrugada em motores de pesca, como eram conhecidos todos os que tivessem grandes geladeiras, para armazená-los. Eles eram pescados principalmente no Rio Solimões.

O Rio Negro quase não tem peixe, carapanãs ou outros tipos de insetos; ao contrário do Solimões, que tem tudo e outros mistérios também. Em frente de Manaus, as duas águas barrentas e negras se encontram, brigam um pouco e formam o belíssimo “Encontro das Águas”.  Os dois juntos ou separados parecem mais um mar de água doce com mais de 5 kl de uma margem à outra, principalmente o Solimões, mais traiçoeiro e violento, que esconde nas profundezas de suas entranhas motores naufragados, corpos em decomposição, pertences de suas vítimas e ossos de cadáveres. Por que estou escrevendo sobre “Hora da Xepa” e divagando sobre os Rios? Ambos são de uma beleza impagável: um lindo por de sol, águas bravias em um e calmas no outro...Mas voltemos à crônica e à razão da “Hora da Xepa”.

Com a queda nos preços dos tomates na revenda, o que é ótimo para o consumidor e péssimo ao produtor rural, a cena de um trator esbagaçando-os  no campo foi revoltante. Não seria mais fácil doar a produção para instituições de caridade transformá-las em sopa que alimentariam milhões de brasileiros que ainda passam fome, ou vende-las a um preço menor, mesmo com prejuízos na lavoura, do que destruir tudo, como ocorria antes na “Hora da Xepa”, no mercado Adolpho Lisboa, em Manaus? O Brasil é o maior joga fora mais de 30 toneladas de produtos do campo. Ele desperdiça produtos do campo no transporte, no processo de embalagem e nas feiras! Era só um adolescente vendendo no mercado Adolpho Lisboa sacos produzidos de madrugada.   Na “hora da xepa”,  gostava de ouvir  os vendedores de peixe gritando “saqueiro”, o sino tocando, um burburinho de gente carente  se aglomerando na porta do mercado e entrando somente depois das 10 horas da manhã para receber doações ou comprar a um preço menor.

Todos sabiam que quando o sino parasse de tocar, fiscais da vigilância sanitária entrariam,  derramariam creolina nos os produtos  que estivessem sobre as bancas de carnes e peixes, principalmente, porque não tinham sido vendidos nem doados aos carentes  e inutilizavam tudo, por que não existia gelo.  Dentre as pessoas, se destacava um homem de paletó e gravata que se fazia acompanhar de duas outras pessoas. Era o desembargador do Tribunal de Justiça do Amazonas, André Vidal de Araújo, pessoa simples, conhecida cumprimentadíssima por pelos feirantes, criador de mais de escolas nos municípios onde atuou  e diversas instituições filantrópicas em Manaus,  inclusive a primeira Faculdade de Serviço de Manaus, a terceira mais antiga do Brasil, como registro no livro científico “O CAMINHO NÃO PERCORRIDO – A TRAJETÓRIA DOS ASSISTENTES SOCIAIS MASCULINOS EM MANAUS” (ED I. OFICIAL/2005 e  UFAM/2013)!

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

SANGUE CONTAMINADO


É contaminado por bactérias incuráveis como se fosse um câncer, como as que me acompanham no cérebro desde 2010, depois de seguidas cirurgias e internações, o sangue que está jorrando nas mortes, revoltas e fugas facilitadas  do falido e sepulto  sistema prisional do Brasil. Depois de muito sangue derramado, fala-se em separar presos bons e maus, como se não fossem todos quase iguais.  Nada se anuncia porem, sobre a criação de penas sociais de tratamento de dependentes químicos por três anos, no mínimo, dentro dos presídios. Essa é a causa principal e primeira em todas as revoltas: luta pelo controle de venda de drogas. Fica difícil e quase impossível entender e aceitar a simbiose pecaminosa e promíscua entre o Estado e as facções criminosas. Os resultados todos já conhecem: um mar de sangue contaminado jorrando de corpos decapitados de detentos escolhidos para morrer por facções criminosas, causando pavor e revolta entre as famílias dos internos para ressocialização!

Foram registradas nos presídios superlotados do Brasil, em vários Estados,  facções criminosas dominando os presídios.  Em redes sociais, circularam números impressionantes de mortos: na penitenciária do Carandiru, em SP, 111  pela PM, conhecido como o “O Massacre do Carandiru”; no Companj em Manaus, mais 60 presos executados em brigas de facções, por outros presos; na Penitenciária Agrícola Monta Cristo, em Roraima, mais 33 presos decapitando presos por ordem e  em nome de fações e mais outras  25 mortes, na penitenciária construída no município de Nizia Floresta, no Rio Grande do Norte, em nome de interesses bestiais. Nizia Floresta (Brasileira Augusta),era o nome antigo de Piripiri.  Nizia Floresta é nome verdadeiro da escritora Dionísia Gonçalves Pinho, em homenagem ao sítio onde nasceu em 1810. A escritora, educadora e poetisa brasileira, faleceu na França em 1885. Dionísia é a mais notável mulher que a historia do Rio Grande do Norte registra. Se viva ainda fosse, será que teria gostado do que os detentos fizeram na penitenciária que fica dentro do município onde nasceu e hoje empresta seu pseudônimo? Em visita ao Rio Grande do Norte,  retornando de carro a uma visita à Paraíba, fiquei encantado com um restaurante construído em uma antiga e restaurada estação de trem  no município que não sabia quem lhe emprestava o nome. Decidi parar e almoçar com a família na companhia de Francisca da Silva e seu filho Lucas da Silva.  Nunca mais  esse cenário bucólico e maravilhoso, com dormentes do trem ainda preservados, me saiu da memória.

Voltando à matança de presos, razão dessa crônica, ninguém e todos  são culpados coletivamente pelas barbáries e selvagerias ocorridas no falido e superlotado sistema penitenciário do Brasil, hoje dominado por facções criminosas que  indicam  e corrompem  diretores, elegem políticos que os defendam, financiam campanhas para governadores, compram armas, mandam e desmandam em autoridades que deveriam ter o compromisso moral de não permitir a entrada de armas, facões, drogas e celulares dentro dos presídios. Essa conivência desastrosa e indevida ficou com a divulgação de conversas entre o então subsecretário de Justiça na época, PM Carlisson e o traficante conhecido e temido “Robertinho da Compensa”, exibidas no programa Fantástico, dando-lhe ordens e escolhendo os presos que deveriam ser assassinados. Mesmo que as novas penitenciárias passem a ter aparelhos de Raio X, detectores de metais e outras necessidades, o problema está no homem e não nos presídios ou falta deles: se forem corrompidos, adeus toda tecnologia e em vez mais  sangue que continuarão jorrando, agora contaminando pela incompetência, despreparo e falta de bons salários pagos aos agentes prisionais.  Será preciso uma mudança de atitude nos dirigentes penitenciários que teriam a obrigação de cumprir seu papel de coibir e não o de ficar aceitando ordens e negociando privilégios com facções criminosas!  Os homens corruptos são os principais culpados do sangue que jorra dos presos nos Estados!


sábado, 14 de janeiro de 2017

ESCRAVO DO CELULAR!


Quando o aparelho celular  me acorda às 6 horas da manhã, me avisando que tenho que tomar o primeiro remédio,  escuto cantos de periquitos, latidos de cachorros no Condomínio e a voz de minha esposa Yara Queiroz, pedindo para desligue logo o despertador. Ela quer dormir mais um pouco, principalmente nos finais de semana, ouvindo o canto periquitos na árvore e de dois que pousam e canta na grade da área técnica dos condicionadores de ar. Eles são chamados de “meus netos” pela Secretária Maria Joaquina, que lhes alimentam diariamente; chega perto e dá comida no prato e não voam.  Se e faço igual; voam!

Esse comportamento dos periquitos, lembra-me de muito do que outra secretária do passado, também chamada de Maria, que disse como se fosse fofoca que eu teria mais do que amor pela cachorra pastora alemã, “Madona”. Devido parmovirose que matou vários dos oito cachorros que criava, “Madona” passou a dormir no meu quarto e só foi para o quintal depois do sétimo mês, sob orientação e supervisão de meu irmão Mário Alberto Costa, que faleceu antes de se formar na primeira turma de Veterinária da Faculdade Nilton Lins. Quando chegava do trabalho, ela corria ao redor da casa, indo da janela da cozinha à janela do quarto e só parava quando ia falar com ela, perguntando se a dona Maria tinha lhe dado comida, banho e a tratado bem. A tudo balançava a cabeça como se tivesse dizendo que não e isso irritava demais a minha secretária da época. Devido a isso que fazia, inventou que eu tinha tido mais do que carinho pela “Madona”.  Yara Queiroz apenas riu e me contou tudo, embora a secretária tivesse pedido segredo para minha esposa. Rimos juntos depois e a brincadeira continuou até a Dona Maria ter deixado de trabalhar em minha casa.

Tomo café ouvindo mais canto de pássaros e c volto a tomar mais remédio para dormir até 9 horas da manhã e novamente sou acordado com o despertador do celular para mais um remédio. Começo o dia e termino às 22 horas, como se fosse um escravo do meu aparelho celular e dos cinco remédios que passei a tomar desde 2016, vivendo a hipocrisia de fingir que mato as bactérias hospitalares com remédios que não as matam;  elas me deixando viver mais um pouco. Para quem sabe usá-los em todos seus recursos, os celulares só faltam falar.  O resto quase tudo já fazem: recebem e transmitem e-mails, filmam, fotografam, se ligam a redes sociais,  conectado com o facebook, whatsapp, Skype, tuitter, e outras redes  ainda serão criadas. Se bem utilizadas e com responsabilidades, todas são úteis, importantes e livres. Contudo, quando uma coisa se torna viral em quaisquer das redes, a pessoa ganha fama instantânea. Dentro dela, porém,  continua uma pessoa  oca de conteúdo, pobre de conhecimentos críticos e despreparada para emitir opiniões próprias, parecendo mais um ventríloquo, acreditando e tendo como verdadeiras, qualquer notícia que lê nas redes sociais.. A verdade, porém, nunca será uma. Sempre será dividida três parciais: a minha, a sua e a da opinião pública. O que faz gerar a verdade, afinal? Nada!  Toda verdade será sempre parcial, passageira e nunca existirá uma única verdade absoluta e indestrutível, mesmo as científicas. Elas serão totalmente verdadeiras, até que nova pesquisa a desminta e crie uma nova verdade, que também poderá ser destruída. O conhecimento é infinito: um se complementa e se sobrepõe a outro!


Voltemos à crônica e aos remédios que tomo e as broncas  de minha esposa se demoro a desligar o alarme do celular. Virei um escravo do aparelho. Tudo arquivo nele: horários e nomes dos remédios, médicos, data de marcação de consultas, agendas de compromisso. Enfim, me tornei um escravo de uma coisa nunca pensei que existiria. Na minha época, o que existiam eram Radio de Pilha, TV de válvulas que esquentava e quase ninguém imaginava que a tecnologia  produzida no Vale do Cilício se desenvolveria tão rapidamente ao ponto de,  no Brasil,  hoje ser um dos países com a maior quantidade de aparelhos celular nas mãos das pessoas, do que de polícia nas ruas para protege-las contra os roubos de seus aparelhos.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

NOTA DE FALECIMENTO!


Vítima do descaso, incompetência, corrupção e outras imbricações, faleceram há muito tempo o modelo do sistema penal do Brasil. Junto com ele, amanheceu morto no pátio da área técnica, um dos cinco periquitos ajudei a salvá-los da morte na passagem do dia 31 para o primeiro dia do ano de 2017, Dia da Confraternização Mundial, vitimas da ganância do homem, do progresso desumano e da insensibilidade coletiva.  O dia 1º de janeiro também foi recebido com tiros, rebeliões, mortes e fugas no falido e socialmente desigual Sistema Prisional, sem priorizar a causa do problema e, sim, apenas a consequência que acarreta o consumo de drogas. No Compaj de Manaus, José Carvalho da Silva, o governador do Estado, José Melo, exonerou o diretor. Ele foi denunciado por dois presos mortos na rebelião, por  facilitar e fazer vista grossa à entrada de armas, celulares e drogas no presídio.  Culpa de quem?

Culpa de todos coletivamente e de ninguém individualmente,  corrupção que se alastrou também dentro dos presídios, nos quais deveriam ficar  alguns políticos investigados pela Operação Lava Jato!  Porém, através de seus excelentes advogados, todos são transferidos e ficam em presídios federais, com mais conforto e regalias e quase sem rebeliões. Depois da morte do modelo do sistema prisional brasileiro, que só anuncia a construção de novos presídios e nada anuncia no sentido de construção de Centros de Reabilitação de Dependência Química Para Detentos, causa primária de todas as rebeliões, com a disputa das facções criminosas pelo controle de venda de armas e drogas dentro e fora dos presídios falidos, hoje verdadeiros depósitos de seres humanos que vivem à margem da Lei e não têm nada a perder, porque matar ou morrer já se tornou uma triste rotina. Todos os detentos deveriam ser condenados a no mínimo três anos de medida punitiva de desintoxicação contra dependência química.  “Limpas” do vício, como dizem todos os ex-dependentes químicos, cumpririam o resto de suas sentenças dentro do reformulado sistema prisional.  Por que não tentam essa solução com um custo mais barato, fácil e eficaz? Falta de interesse ou de visão do real problema, talvez! A quem interessa manter enjaulados tantos dependentes químicos juntos? Não sei, mas é o que ocorre hoje, vive entre corrupção da cabeça, tronco e membros dos decapitados em lutas de facções criminosas, que parece que não terá um fim. Culpa de quem? Também do Estado Nacional que demorou 17 anos para liberar recursos do Fundo Penitenciário para a construção de novos presídios, compra de equipamentos de raio X, bloqueadores de celulares e detectores de metais. A população não será reduzida se não começar pelo problema: uso e consumo de drogas dentro das cadeias, a corrupção que contaminou os presídios e a formação das facções criminosas que estão mais bem organizadas e tem mais poder de comando do que o próprio Estado. Tudo que leio e ouço falar pela TV e redes sociais,  é sobre a necessidade de novas prisões,  uso de tornozeleiras eletrônicas, melhorar o sistema penal do país...Nada fala sobre a origem do problema: o uso e consumo de drogas. Todas as medidas até agora anunciadas para minorar o problema da população carcerária no Brasil seriam boas e mais eficazes, se fosse tudo começasse pela causa e não pela consequência do problema que é, principalmente, o consumo de drogas no presídio, prática de corrupção de quem deveria ser ético, responsável e zeloso em seus deveres.


É melhor que aconteça o mesmo que aconteceu com o meu periquito: morrer tudo para nascer de novo!

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

VERBO AMAR! poema adaptado do (DES) Construção... lançado em 1978,


Eu amo
Tu Amas,
Eles amam.
Nós amamos,
Voes amais,
Eles amam!

II

Mas para quê conjugar,
Para que me julgar?

Se só (não) sei amar você!

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

"OS PÁSSAROS DE MANAUS PASSAM FOME!


“Você já notou que as aves que cruzam os céus de Manaus estão passando fome?”

Era o advogado Ivo Paes Barreto, ex-chefe de gabinete do reitor Octávio Hamilton Botelho Mourão, que no final da década de 70/80, foi o iniciador das obras do Campus Universitário da Ufam – Universidade Federal do Amazonas quem me fazia à pergunta. Talvez tenha exagerado em sua observação pertinente, apontando  a consequência e não a causa do problema: a fome dos pássaros é devido ao progresso. Respondi que “já tinha observado sim”! Continuamos conversando depois sobre outros assuntos correlatos. Ele sentado e eu em pé, com as pernas doendo e as compras  já feitas nas bancas da Feira da Banana, deixadas pelo chão.

Embora já os tivesse observado e passei a observar mais ainda pela janela da suíte,  pensando nos cinco periquitos verdes, amarelos todos com uma estrela branca na testa, que ajudei a salvá-los da morte certa, depois que caíram no meio do asfalto negro  cor da noite da Avenida Efigênio Sales, assustados e estressados com os barulhos dos foguetes que iluminaram o céu de Manaus na noite do dia 31 de dezembro, recebendo um novo ano com velhos problemas não resolvidos. Dos que caíram das árvores em que dormiam e não foram recolhidos para dar-lhes água, muitos foram cruelmente esmagados pelas rodas carros apressados, apesar das placas pedindo que reduzam a velocidade por ser área de periquitos.  Estava comentando esse fato, com o “Goiano”, dono da banca quando vi o Ivo sentado e foi até ele. Na banca,  compramos uvas para o café da manhã de todos todos os dias e para periquitos que passaram a fazer companhia pela manhã e a tarde.  Depois voando para a árvore. Um deles,  já escala com o bico o gradil da área técnica dos condicionadores de ar.
                                                                                                                    
O advogado fez curso de pós-graduação junto com minha esposa Yara Queiroz, na Unidade Manaus da Fundação Getúlio Vargas. Ele  estava sentado em uma cadeira enquanto um rapaz moreno, talvez angolano, lhe fazia as compras  e  colocava dentro em um carro de mão, muito e abundante na Feira da Banana, hoje com menos movimento de clientes, talvez também abatidos pela crise econômica.  Yara pagou pelas uvas e recebi outras como brinde para “os periquitos”, os cumprimentamos e deixamos o local.

Os pássaros de Manaus, principalmente as araras verdes, vermelhas e amarelas, ainda não passando fome literalmente. Mas também não possuem seus habitats naturais!  Hoje, voam sempre em dupla, por cima das onze torres do Condomínio Mundi, cantando tristes e “olhando para o chão”, como diz a letra da música “Apesar de Você”, de Chico Buarque de Holanda, não mais por se sentirem oprimidos pelo Regime Militar;  mas, sim, pelo progresso que lhes tirou os espaços naturais e, também,  para ver se ainda encontram um pedaço de floresta para comer, descansar e depois continuar o voo rumo ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia,  local em que dormem e depois voltam para continuar a pesquisa por espaços verdes ainda preservados, “para chamarem de seu” , como fora no passado.

Dr, Ivo Paes Barreto, alimento os dois periquitos em minha área de serviço enquanto os outros cantam na árvore que avisto pela janela da cozinha do primeiro andar do Mundi. Ah, como você me fez recordar tantas outras coisas de nossa convivência, quando trabalhava em A NOTÍCIA e você era o chefe de gabinete do Reitor e me recebia sempre com um cordial sorriso. Na saída, quase sempre encontrava com a professora doutora da Ufam, Arminda Botelho Mourão, filha do reitor e então representante dos professores da Universidade, sempre defendendo os interesses da classe, mesmo contrariando os interesses de seu pai.


Ah, que lembranças me causou nosso reencontro, Ivo Paes Barreto!

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

ODE A BEATRIZ LESSA,,,




Bheatriz Lessa, muitas coisas mudaram em nossas vidas desde 2010. Naquele ano,  a recebi pela primeira vez em um apartamento de 196 metros quadrados  para  entrevistar-me a pedida por sua professora de Historia Patty Ribeiro do Colégio da Polícia Militar, no qual você concluía o seu terceiro ano. Você estava muito nervosa e tímida quando a recebi, no “palacete aéreo”, como o chamou o poeta Jorge Tufic, entre um gole e outro de whisk e passando o lenço em seu vasto bigode, durante o aniversário da minha esposa!


Voltei a recebê-la em 2017, mas agora, para uma visita de saudades e recordações, em um apartamento de 96 metros quadrados entre cantos de pássaros.. Com a aposentadoria por invalidez em 2009 aos 49 anos e a queda no valor da renda de antes. Ao ouvir o canto dos pássaros, coisa que antes era só barulho de veículos na avenida Av. Efigênio Sales.  Sua mãe Marcia, disse-me “aqui você está bem melhor porque no outro não tinha todo esse verde e nem esse canto agradável de pássaro que vem de todos os lugares”.  Levantei e mostrei pela janela da cozinha, de onde vinha o canto de periquitos. Você fotografou um  deles que desde o dia 31 vem diariamente comer uvas na área técnica do apartamento no primeiro andar do Condomínio Mundi.

Exuperry estava certo quando escreveu: “você é responsável por aquilo que cativa”. Com uma rosa vermelha você me cativou porque me foi entregue  quando você e sua mãe foram me visitar no leito do hospital Nilton Lins, da Unimed, em 2011. O autor de “O PEQUENO PRÍNCIPE" estava certo. Matei a saudade. Descontraída e sorridente,  novamente compareceu acompanhada de sua mãe, Márcia. Agora, não estava nervosa, nem com um discurso de estudante ensaiado para perguntar-me nada, como da primeira vez a recebi.  Falou dos seus sonhos de adolescente.  Todos  foram realizados com renúncia, êxito e determinação. Ao contrario do passado, estava sorridente e feliz. 

Está cursando o sétimo período de Direito na Universidade Federal do Amazonas. Terminou seu curso de controladora de voo na Escola de Especialista da Aeronáutica, em Guaratinguetá, SP e já trabalha na profissão no CINDCTA- Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo - IV, no Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, em Manaus, na profissão que escolheu, Estou feliz, principalmente porque tenho certeza que em breve você  será também colega de profissão de minha esposa Yara Queiroz. Não pare de sonhar e realizar, Você também passou a ser uma grande inspiração para mim: sonhadora,  determinada e forte em suas decisões, como também fui no passado de jornaleiro à jornalista e assistente social!

Karl Max, ao explicar a teoria de transformação de uma sociedade, garantia que um “sonho que se sonha só é apenas um sonho, um sonho que se sonha junto é uma realidade”. E você agora, sonha junto com sua família, seu pai Oswaldo, sua mãe Márcia e sua irmã Bruna!


segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

O MODELO PRISIONAL DO BRASIL MORREU!



O modelo penal faleceu junto com as rebeliões nas prisões do Brasil, foi decapitado, está sendo velado e espera o momento certo para ser sepultado e renascer das cinzas como o pássaro mitológico grego Fénix,  talvez com penas sociais para tratamento contra as drogas dentro das cadeias, por pelo menos três anos. 

Se o novo modelo prisional do Brasil, comtemplar penas para tratamento, talvez seja possível que o Plano Nacional de Segurança Pública consiga cumprir sua ambiciosa meta de reduzir em 15% a população carcerária do país até 2018. Caso contrário, só vai conseguir colocar para fora do sistema, através de mutirões carcerários, os presos com menor potencial ofensivo. Com o tempo e o esquecimento das chacinas, o retorno da e a corrupção, tudo voltará a ser como está sendo: completo caos. Hoje, poucos são os detentos que não fazem uso de drogas nas prisões. Devido a isso,  o Brasil se dividiu ao meio: as facções que mandam e o Estado nacional que obedece sem reclamar nada, como se fosse algo normal!

Implantado pelo Decreto-Lei 2.848 de 7 de dezembro de 1940, com mudanças pontuais registradas em 1951/71 duas vezes em 73/76/77/78/79/86 e 92, com a Lei 8.176, o Código Penal do Brasil, nunca sofreu uma mudança radical em seu modelo. Instituída pela Lei 7.210/94, alterada depois pelas leis 6.049/2007 e 7.627/2011, a Lei de Execuções Penais nunca fez cumprir o princípio da execução da pena de ...”proporcionar  condições para a harmônica integração social do condenado e do internado”. Vários motivos, razões e causas se somam para não cumprimento do artigo 1º da Lei de Execuções Penais. Hoje, é tudo junto e misturado. Não existe espaço e nem vontade política do Estado Nacional em fazer a separação do preso provisório ao do condenado pela Justiça Eleitoral ou Militar, “quando recolhido a estabelecimento sujeito à jurisdição ordinária”. A justiça militar tem suas próprias normas, regras e presídios. A Justiça Eleitoral, não os possui, talvez porque quase sempre não existam presos por desvios administrativos eleitorais e os advogados conseguem transferi-los para as prisões militares.

Em meio a todo o caos, assisti a entrevista do condenado Luiz Fernando da Costa, o “Fernandinho Beira-Mar”, declarando ao jornalista Roberto Cabrini que existe muita corrupção dentro da PM e não há quem resista a uma oferta de 30 mil reais em dinheiro que ele oferecia aos PMs que o protegiam. Declarou também que se existisse no meio deles algum PM honesto, ele seria executado pelos outros companheiros de farda, com o tiro no meio da cabeça. Dentre as várias outras carreiras de Estado pessimamente remuneradas, a do policial militar ou civil é uma das mais arriscadas: ele troca tiros com bandidos. Contudo,  se mata um bandido. é punido severamente e se morre em troca de tiros, ganha  uma promoção e é enterrado com honras militares. Depois é esquecido.


Segundo denunciou uma esposa de um dos condenados mortos na rebelião do Companj, na Humanizzari, também existiria uma tabela de preços para a entrada de celulares às armas de grosso calibre. Sendo verdade ou não, a denúncia precisa se apurada porque a conivência entre corrupção de empresas privadas e Estado é extremamente danosa  à sociedade como um todo.

sábado, 7 de janeiro de 2017

O TEMPO DESAPARECE! (A CARLOS COSTA FILHO)


Envelheci 19 anos ao lado do meu filho, mas o tempo deixa de existir quando se vive nele e em função de um filho. Mas tudo ocorreu há  19 anos  e tudo parece que foi ontem.

Lembro-me do nosso filho nascendo todo roxo, enrolado no pescoço pelo cordão umbilical e sua mãe Yara Queiroz recuperando-se da anestesia, perguntando-me através de um se bilhete se era lindo e eu respondendo que sim, masque estava um pouco roxo e inchado. Você veio ao mundo pelas mãos do médico Gerson Mourão. Ficamos felizes, mais sua mãe do que eu, ao saber de seu sexo no exame de ultrassom. Desejava uma menina, mas a sua mãe queria um homem. A Yara já tinha uma filha mulher, a hoje psicóloga e cantora Bella Queiroz.

Depois, lembro-me de um enfermeiro dando-lhe mamadeira com o leite de peito.  Na saída do Hospital da Unimed, foi consagrado ao Divino Espírito Santo pela avó Maria Luiza de Souza Queiroz. Ah, que saudades do seu sorriso inocente nos acordando com palmas, sorrisos e música produzida por  brinquedos de cordas  colocados sobre o berço pela sua babá Miraceli Ferreira, que você as puxava com alegria. Ah, como queria que o tempo voltasse só vê-lo criança de novo, acompanhar melhor e mais presente todo seu desenvolvimento. O tempo passa rápido, mas as lembranças ficaram e as guardo em um computador danificado por onze cirurgias no cérebro desde 2006, vítima de empiema cerebral, de origem até hoje desconhecida. O tempo passou para você, Carlos Costa Filho! Contudo, tudo parece que ocorreu ontem e não há 19 anos! Incrível, como as recordações felizes não me abandonam.

É meu filho, queria que você voltasse a ser criança de novo, queria lhe dar mamadeira no colo de novo e queria ver sua avó o consagrando ao Espírito Santo. Queria ver a Mira lhe tirando nervosa da boca da cachorra ou você levando o dedinho rumo à tomada de luz e ela dizendo-lhe que era perigiso. Do seu primeiro ano de vida, também guardo lembranças gostosas: contratamos um clube na Vila Municipal e você estava tão feliz, sorrindo com e para todos os convidados adultos, mas brincando com os filhos deles em um parquinho de diversão. É uma pena que não se lembre de nada disso. Mas ainda estou vivo para fazer-lhe lembrar do que acho que seja importante. Contudo, o que pode ser importante para mim, pode não ser para você, mas um dia será! Você será um adulto também e  se derreterá de alegria e felicidade pelo seu filho que ainda vai nascer, meu neto ou neta, não sei. Não tive a mesma sorte de ter um pai que me fizesse lembrar que nasci nu, pobre e que o estudo e o trabalho de criança infantil me fezeram diferente, responsável e equilibrado.


Hoje, reconstruo os restos da vida que me deixaram para viver, juntando-a com a sua e fazendo uma nova vida junto com sua mãe, Yara Queiroz!

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

"ACIDENTE PAVOROSO" OU VERGONHOSO?


Como se fosse uma cobra que depois que comer, hiberna digerindo corpos decapitados com  sangue dos cadáveres do Sistema Prisional Anísio Jobim, de Manaus, o presidente da República, Michel Temer reuniu seus ministros da área de segurança, antecipou o lançamento do Plano Nacional de Segurança Pública, que tem a ambição de reduzir em 15% da população carcerária do país até 2018, se solidarizou com as famílias das vítimas e classificou de  “acidente pavoroso” o que ocorrera em Manaus. Será que teria sido isso mesmo o que ocorrera ou fora uma tragédia anunciada e sabida por muitos? Sendo uma coisa ou outra, finalmente foram liberados recursos acumulados por 17 anos no Fundo Penitenciário do Brasil para a construção de novos presídios, compra e instalação de aparelhos de Raio X, detectores de metais e outros investimentos necessários à modernização deles, hoje verdadeiros depósitos de seres humanos! Alexandre de Morais, Ministro da Justiça, ao detalhar o a Plano deveria ter anunciado também um Plano Nacional para Tratamento de Dependência Química dos Presos! A quem interessaria mantê-los enjaulados  nas cadeias, sem qualquer tratamento?


Depois da repercussão negativa da classificação que atribuíra à chacina, o presidente explicou a declaração, mas continuou sendo criticado pelas redes sociais. O chefe da nação demorara a se manifestar sobre a tragédia e quando o fez, ainda classificou de mero acidente, como se fosse uma coisa normal!!! O que houve foi perda de vidas humanas, “tragédia  documentada e já do conhecimento das autoridades, desastre  com a quebra muro para introdução de armas de grosso calibre em seu interior, desgraça pelos corpos  decapitados e fatalidade pelo resultado final alcançado. Outros “acidentes pavorosos” já tinham ocorrido antes pelo país, nas Penitenciárias de “Pedrinhas”, do Maranhão e em “Urso Branco”, Roraima. Talvez, todos os “acidentes” pudessem ter sido evitados com liberação mais rápida de recursos do Fundo de Segurança Pública do Brasil, inclusive a última ocorrida na Penitenciária Agrícola Monte Cristo, em Roraima como se fosse uma retaliação pela matança em Manaus, o que a governadora Tereza Surita ainda não confirma e nem desmente! Manaus, depois da fuga de presos, ficou mais violenta!

O caos no sistema prisional do país é resultado da somatória de muitos interesses políticos, superfaturamentos de contratos e outros problemas correlatos que cegaram as autoridades de fiscalização do dinheiro público, que deveriam ter detectado tudo, principalmente no caso de Manaus, pois o contrato com a empresa Humanizzare  tornou os detentos do Amazonas os mais caros do Brasil. Contudo, só agora, os órgãos de fiscalização do Estado,  exigem o fim do contrato de 17 anos, com a empresa. É claro que os atores dos aparelhos de fiscalização do Estado, principalmente os que deveriam trabalhar para evitar esses fatos na área da caótica segurança pública, erraram! Como se escuta falar muito no Brasil: “o brasileiro só fecha a porta depois de ter sido arrombada”.  Ministros vieram a Manaus. Ocorreu a antecipação de decisões que seriam tomadas mais tarde e o infeliz pronunciamento do presidente da República. Agora,  encontrar um único culpado para o caos da segurança pública como um todo, será quase impossível É melhor prenderem o próprio sistema prisional do Brasil- SPB e o condenarem a cumprir a pena máxima permitida  de 30 anos, não lhe oferecendo tratamento para livrá-lo da dependência química, o deixando criar  regras para impô-las nas cadeias, determinando as vontades, criando facções criminosas e não lhes liberando recursos para comprar aparelhos de raios X, detectores de metais ou assumindo suas responsabilidades e o receberá depois graduado, mestrado e, talvez, até doutorado em novas modalidades de crime, sem qualquer recuperação social!


Será igual ao que declarou recentemente a ex-presidente Dilma Rousseff, “ninguém vai ganhar ou perder, todos vão ganhar e perder” com as tragédias anunciadas que continuam ocorrendo nas penitenciárias do Brasil, comandada pelas facções criminosas e aceitas passivamente pelo Estado brasileiro. Deus não desejará que outras tragédias anunciadas se registrem nas prisões do Brasil. Elas poderão ser  classificadas só como mais  um “acidente pavoroso”!

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

BOLA DE SANGUE...!


Enquanto bolas de sangue da chacina ocorrida em Manaus, continuam sendo arremessadas por sobre a rede de voley ou levadas de mão em mão rumo à cesta para fazer mais um ponto de basquete pela incompetência de todos, as autoridades públicas procuram e culpar uma única pessoa matança com tiros e decapitação de corpos na penitenciária do Sistema Prisional Anísio Jobim, em Manaus – Compaj.  

Sim, a chacina precisa ser apurada ouvindo todos os atores envolvidos,  Porém, todos são culpados e inocentes ao mesmo tempo. O problema é mais grave do parece ser. Uma parte dele pode ser atribuída a falta de liberação dos bilhões de reais acumulados no Fundo Penitenciário Nacional, que só agora  começarão a liberar, mas querem encontrar um único culpado para assumir toda a responsabilidade coletiva da falência do sistema! A bola da vez está sendo a empresa Humanizzare, que mantém um contrato milionário com o Governo do Estado, tem culpa pela chacina.  Mas a maior culpa reside, principalmente, no modelo falido de ressocialização de detentos que existe no Brasil, sem uma política realmente de recuperação e tratamento contra a dependência química dos presos.  Dos anos de pena a cumprir, pelo menos três deles poderiam ser destinados à tratamento químico, oferecido pelo Estado..

Também enquanto isso, dois periquitos retornam diariamente desde o dia 31, para comer uvas no pátio da área técnica do apartamento do primeiro andar do Condomínio Mundi, onde resido.  Estressados e com o coração batendo  forte, salvei  cinco da morte por atropelamento. Eles caíram das árvores em que dormiam, assustados com barulho dos  fogos de artifício que estouravam nos céus. Ajudado por amigos, dei-lhes água e os soltei. A natureza, dita irracional, agradece o que se faz por ela. Os humanos, racionais, procuram sempre culpar alguém pela incompetência coletiva.  O ano novo foi recebido com euforia e com os velhos e insolúveis problemas nas Penitenciárias do Brasil, verdadeiros depósitos de seres humanos.

Dois periquitos salvos por mim e os amigos que estavam passando o ano no apartamento, quando lhes dava água direto da torneira sangravam pelo bico e os colocava na fruteira para descansar.   Depois os cinco voaram para a árvore, dois passaram a retornar todos os dias, desfilando garbosamente suas belezas inocentes. Comem e voam para árvore e depois retornam de novo e dou-lhe mais uvas e água. Não tenho certeza, mas suponho que sejam dois que estavam sangravam.  Tenho certeza, porém, que continuam livres e soltos, retornando a árvore quando querem e vindo comer uvas a hora que desejam. Deixei também uma vasilha com água para tomarem quando quiserem, mas nunca os vi bebendo nada! Comendo uvas, já os vi diversas vezes.

Voltando à questão prisional no Brasil, espanta-me saber que enquanto as autoridades arremessam as bolas de vôlei e basquete procurando encontrar um único culpado, Fundo Penitenciário do Brasil possui bilhões em caixa e não os libera para os Estados. Depois da carnificina em Manaus, os recursos existentes serão liberados para à aquisição de aparelhos de raio X, detectores de metais  e outras necessidades estruturais. Mas por que só estão liberando agora e não antes, quando poderiam ter evitado as revoltas nas Penitenciárias de Urso Branco, em Porto Velho e Pedrinhas, no Maranhão? Se não entrar celular e com bloqueios a acesso as redes sociais, os detentos membros das facções criminosas que dominam as prisões do Brasil, não terão a divulgar nenhuma foto de festa, mostrar armas e facões e nem desfilarão de um lado para o outro ligando para todos como se fossem seus escritórios do crime! Os servidores das penitenciárias que também fazem uso de celular durante seus trabalhos, no início também serão prejudicados, mas depois. Poderá haverá protestos, mas  será solucionado com o tempo e passará a ser normal o bloqueio inclusive dos aparelhos dos servidores.

O que não pode e não deve continuar acontecendo é a facção criminosa escolher e indicar diretores de presídios, os governadores os nomearem e acharque tudo esteja resolvido. Essa hipocrisia de mentiras e meias verdades precisa ter um fim, antes que todas as prisões brasileiras recepcionem políticos condenados por envolvimento em Caixa 2,  desvios de recursos públicos licitações dirigidas, obras que começam e nunca terminam e desvios de dinheiro do FUNDEB- Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica e da Petrobrás, via contrato com a Odebrechet e outras construtoras envolvidas.

Aí seria o fim da picada!




quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

DEZ ANOS...! (aos os médicos que me mantém vivo e produtivo até hoje)


Dez anos já passaram...E como diz a música “Diez Anos”, composta por Rafael Hernendez e gravada no Brasil por Gal Costa, com o título “Dez Anos”,  em uma versão em português de Lourival Faissal. Dez anos já se passaram desde quando procurei o Dr. Dante pela primeira vez em março de 2006. Estava fraco, quase sem poder andar, com uma cor amarela na pele e uma fístula aberta na cabeça, resultado das duas primeiras cirurgias realizadas uma depois da outra, em um prazo de 20 dias pelo Dr. José Vieira. Das onze a que já fui submetido até hoje, duas ocorreram na Beneficência Portuguesa, em SP. As outras 9 foram realizadas pelo senhor, todas em Manaus.  Ele disse que teria que ser reinternado imediatamente para  uma terceira cirurgia de urgência. Meu caso era grave! Fiquei em coma por dez dias e pensei que tivesse sido apenas um. Dr. Dante Luis Garcia Rivera, peruano de nascimento, mas brasileiro e amazonense de coração, o senhor lembra que tentou retirar as bactérias de minha cabeça, na terceira cirurgia que era submetido e a primeira que fez em mim? Foi em uma cirurgia de várias horas e entrei em coma por dez dias e pensei que tivesse sido apenas um. Na Faculdade em que lecionava, disseram que tinha morrido. O senhor comandava uma equipe de  vários médicos. O mais constante e que participou da delicada cirurgia, foi o Dr. Carneiro, “Carneirinho”, porque era baixo, entroncado, sorridente e parecia feliz. Ele me visitava quase todos  para saber como eu estava. Sei que tiveram outros, cujos nomes não os decorei, mas a todos lhes sou grato, igualmente.


Com receita do médico José Vieira, fiquei três dias em casa tomando remédios e encharcando travesseiros e lençóis durante o sono. Não parava de sair líquido amarelo pela fístula aberta, da qual havia espirrado o mesmo líquido no dia em que o médico assinou minha alta, depois de uma segunda cirurgia  da cabeça no hospital Prontocord, onde fui infectado por bactérias hospitalares, só descoberto na terceira cirurgia, no Hospital Santa Julia. Travesseiros e colchas ficavam com uma cor amarela e fedia muito. Minutos antes de receber alta médica, o amigo Reginaldo Murilo que me visitava dia sim e no outro também, socorreu minha esposa Yara Queiroz. Tudo aconteceu minutos antes de o médico me conceder alta hospitalar.  Na primeira consulta, enquanto o Dr. Dante, o novo médico que preenchia a guia verde da Unimed e a entregava a minha esposa, fiquei pensando se teria que passar por tudo de novo: internação demorada. Teria que passar por tudo de novo? Se  era para melhorar,  resignei-me, principalmente porque  senhor  me inspirou confiança ao abrir seu computador pessoal e me mostrado  tudo o que  desejava saber sobre minha doença que ainda hoje me intriga não saber a origem dela, ao contrário do médico José Vieira que me operou duas  vezes.  Sempre que me visitava no leito, lhe informava sentia líquido na cabeça, como se tivesse um mar dentro dela.  Tranquilo e calmo, dizia que era impressão minha, que seria ar que ficara dentro dela depois da cirurgia e  que pararia com os remédios que passara. Não passou! Um dia, puxei seu estetoscópio do pescoço, coloquei na minha e balance a cabeça. Ao escutar o barulho do “mar”, mandou que parasse e decidiu operar-me de novo, para retirada do resto do líquido.


Da primeira vez que estive em seu consultório até hoje, já envelhecemos dez anos, mas não sentimos! O tempo é invisível e só causa  lerdeza no corpo. Também não atinge igualmente a todos.  “O senhor leu o resultado de uma pesquisa que levou 80 anos para ser concluída, respondendo a pergunta de psicólogos: PARA VOCÊ, O QUE É FELICIDADE?”  perguntou-me o Dr. Dante, quando recebeu-me para uma nova avaliação clínica! “Não”, respondi. “Dinheiro e fama” foram às primeiras respostas à pergunta dos psicólogos. O resultado final da pesquisa conduzida por profissionais de psicologia por seus filhos, netos e outros profissionais que decidiram continuar com a ambiciosa pesquisa. Surpreendeu e mostrou que em cada geração, o conceito muda muito e a conclusão à pergunta inicial, foi: ter amigos, frequentar igrejas e ter família sólida e estruturada!



Dr. Dante, depois de dez anos vendo seu rosto sorridente, conhecendo meu cérebro mais do que eu próprio, ouvindo os problemas de saúde que lhe conto, pedindo-me novos exames de controle e entregando-me receitas de remédios que passei a tomar para manter-me vivo e produtivo, sou obrigado a concordar com o senhor, Dr. Dante! Amigos virtuais os tenho muitos;  presenciais e constantes, conto nos dedos das mãos e ainda me sobram dedos para ter novos amigos!  “Tenho família sólida,  poucos amigos com os quais convido e frequento igreja com a família” Contudo, sinto-me feliz escrevendo, mesmo não ganhando dinheiro com o que faço e nunca ter recebido dinheiro com as obras já publicadas. Doava à instituições filantrópicas,   os 10% do direito de capa que recebia pelas suas vendas!

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

O "CONTRATO SOCIAL" FOI RASGADO!


A rebelião ocorrida no Complexo Penitenciário Anísio Jobim e em outras falidas prisões de todo o Brasil, revela que o Contrato Social firmado pela sociedade no século XIX, permitindo a transição da época da barbárie para o Estado de Bem Estar Social, foi rasgado pela incompetência dos aparelhos de segurança dos Estados, por diversas causas, razões e motivos.

A ordem dada pela inexistente facção Família do Norte para a reabertura da centenária e desativada cadeia pública Raimundo Vidal Pessoa, para receber presos da facção rival e aceita pelo Governo do Amazonas, além de demonstrar fragilidade do Estado, também é uma prova de que há problemas no Estado  de Bem Estar Social, além de ele  estar contaminado pelas facções criminosas. Respeitar os Direitos Humanos é preciso, mas a FDN,  se é que existe, luta pelo  comando e controle  da venda de drogas. A imposição, jamais poderia ter sido aceita pelo Governo do Estado. Elas, a FDN e o PCC, são duas facções criminosas,  organizadas com estatuto, porta voz e acesso livre às redes sociais. Contudo,  conseguem ter mais força e poder do que o Estado de Bem Estar Social. É um mistério social que precisa ser estudado em todos seus aspectos. Essa relação misteriosa e pecaminosa entre o crime e o Estado, afeta diretamente a outros complexos interesses sociais e gera a instabilidade social, moral e psicológica do junto da população. Nesse meio de campo, as redes sociais voltam a atacar o governador José Melo, o acusado de ter recebido apoio financeiro e logístico das duas facções durante a campanha de reeleição.  Verdade ou não, isso é um assunto para a Justiça investigar e resolver.

Contudo, diante da imposição da tal de FDN ao Governo do Estado determinando a reabertura da desativada e centenária  prisão,  o “casarão da avenida 7 de setembro”  voltará a funcionar só  para separar as presos das facções. A aceitação pelos Aparelhos de Estado da Segurança Pública, dessa imposição dos criminosos condenados  permitirá que a sociedade coletiva também volte a fazer justiça pelas próprias mãos e tire do Estado à competência única para fazê-lo em seu nome. Com isso, a sociedade poderá voltar a agir como se vivesse de novo,  no século XIX, na época da barbárie, julgando e matando a qualquer um,  sem receber punição do Estado!!

Ah, como sinto que saudades de Henrique Medina, diretor da única penitenciária que existia em Manaus na década de 80. Lá, pelo menos, existia e funcionava biblioteca para presos, eram realizados casamentos e de lá também saiu Wilton Sampaio,  um dos frequentadores mais assíduos da Biblioteca que funciona na parte superior da frente do presídio, o único de Manaus. Wilton Sampaio, já advogado, foi assassinado por outro advogado, filho de um juiz. Ele era um profundo conhecedor de direito e processava advogados, juízes e desembargadores por motivos que justificava nas petições, junto ao então Conselho Nacional da Magistratura. O baixo e entroncado advogado, também era o pavor dos aplicadores do Direito!


Na década de 80, Wilton Sampaio cumpria  pena por crime de estelionato. Hoje, cheque ou dinheiro são coisas raríssimas de se ver na carteira de alguém. É tudo no cartão de crédito! 

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

MENTIRAS E VERDADES NA REBELIÃO NO COMPAJ!


Mentiras e verdades existem e precisam ser ditas no caso da decapitação de presos no Complexo Penitenciário Anísio Jobim, em Manaus,  no primeiro dia do ano novo, manchando de sangue as mãos das autoridades prisionais. A primeira e grande verdade são as mortes dos presos. Também, é a certeza de que não há controle de entrada de armas ou detectores de metais para proibir aparelhos de celulares dentro das cadeias!. Se houvesse e fosse eficiente, como revolveres e facas teriam entrado no sistema prisional e usadas na decapitação dos corpos dos presos mortos com tiros? Como teriam batido selfs com armas de grosso calibre e divulgadas em redes sociais. A verdade é que não existe qualquer controle de armas ou vistoria em celas com detectores de metais.

Também desconheço a instalação de  bloqueadores de celulares nas prisões do Amazonas ou do Brasil. No primeiro dia do ano passado na Penitenciária de Pedrinhas, no Estado do Maranhão, ocorreu chacina semelhante, também com muitas mortes e decapitações de presos sob custódia do Estado. Como isso pode ocorrer se não for pela incompetência de quem deveria gerir a vida dos presos e devolvê-los totalmente  à sociedade, com educação e totalmente prontos para enfrentar os desafios de viver fora da prisão?  Na maioria dos Estados, presos escolhem e indicam diretores de prisões e os governadores os nomeiam. Depois impõe o que desejam e os recebem em forma de regalias!.

Em Manaus, detentos tiraram fotos e postaram em redes sociais  propagando as barbaridades que fazem com seres humanos! Como conseguem fazer isso? Essa é outra verdade: fazem porque nada existe para bloquear sinais de aparelhos celulares. Os presos também fazem divulgação de selfs empunhando  armas de grosso calibre, afrontando e desafiando as autoridades penitenciárias do Brasil e do Amazonas também.  O pior de tudo, ainda, é que são repercutidas pelas redes sociais, em nome de uma liberdade de expressão irresponsável. Uma coisa é fazer jornalismo sensacionalista; outra, diferente, é promover apologia ao crime pelas redes sociais, divulgando ameaças  em nome de uma suposta facção FAMÍLIA DO NORTE, que não existe. Como pode?

Essa suposta facção FDN foi o título da matéria escrita na década de 80, pelo repórter policial investigativo e ex-deputado estadual  por 4 mandatos consecutivos, já falecido, Wallace Souza, publicada  no Diário do Amazonas. Como envolvia crimes   em série e quase todos insolúveis até hoje,  de grande repercussão em Manaus, titulei a matéria como FAMÍLIA DO NORTE IMPÕE TERROR EM MANAUS. O texto da matéria envolvia policiais civis, militares e empresários que financiavam pistoleiros de outros Estados para promover terror em Manaus.  Depois retornavam tranquilamente para seus Estados, como se nada tivessem cometido em Manaus. Essa é a verdade sobre a facção FAMILIA DO NORTE, que teria dominado os presídios em Manaus, criado estatuto, nomeado líderes, indicado porta voz de suas ousadas ações.

Contudo, FAMÍLIA DO NORTE também pode ser a incompetência das autoridades que cuidam da administração penitenciária no Amazonas, envolvendo todos os atores, que sabem de tudo há muito tempo e nada fazem para retomar o controle das prisões falidas e superlotadas de detentos.