segunda-feira, 31 de março de 2014

INFANTIS VERSOS MATEMÁTICOS!


À Dra. Adelaide Reys, de Maceió, pelo carinho, respeito e consideração!


A cidade de Manaus ainda era preguiçosa no início da década de 70. Fechava todo o seu comércio às 11:30 horas e reabria às 14. Nas ruas, contudo, os compradores ávidos por quinquilharias comerciais, respeitavam esse momento da cesta e seguia para os hotéis onde se instalavam, geralmente no Tropical Hotel, localizado na área da Ponta Negra, um dos mais luxuosos na época, que disponibilizava e ainda disponibiliza ônibus aos seus hóspedes para se dirigirem ao centro comercial de Manaus, a 14 quilômetros de distância. Não mais com tantos turistas às compras como era na década de 70, três anos após a implantação do modelo de desenvolvimento ZFM.


Nessa época, eu seguia para o Grupo Escolar Adalberto Vale, com meu caderno, lápis, lápis para colorir, caderno de gramática, outro para caligrafia e com sapato que mandava fazer no bairro de Educandos. Na Escola, tínhamos que adquirir um bolso pintado para ser pregado na camisa, pelas nossas mães. Davam prazo para se adquirir os bolsos e outro prazo para serem colocados nas camisas, mas aceitavam a entrada na Escola, se estivesse usando a farda completa, composta de uma calça azul, camisa branca com ou sem o bolso pintado com o nome da Escola de forma redonda. Naquela época, nada se dava de graça, exceto um mingau horrível que quase ninguém gostava de entrar na fila para recebê-lo.


Nessa mesma época, o comércio começou a vender uns espelhos redondos, pequenos, que serviam também para enfeitar os chapéus dos vaqueiros de boi, como o Corre Campo e Brilhante, por exemplo, sempre muito coloridos. Mas a molecada do Grupo Escolar descobriu, ainda outra utilidade para os espelhinhos, para serem usados em bolsas de mulheres e de homens vaidosos: ver a cor das calcinhas das meninas sentadas nas carteiras da frente, colocando-os na parte de cima do bico do sapato encobertos pelas calças bocas de sino e esticando-se as pernas para frente. Para ver melhor ainda, se puxava-se levemente a calça da escola. Era uma visão deslumbrante para os adolescentes de 12 e 13 anos de idade que tinham curiosidade para saber a diferença que existia entre meninos e meninas, em uma época em que nada se fala sobre educação sexual e que o sexo era tabu, mesmo nas escolas. 


Também, nessa época, escrevíamos nos cadernos das alunas um verso matemático, “estou rezando 1/3 para encontrar 1/6 para te levar para um 1/4”. Muito diferente do poema diferente que circula nas redes sociais, “Poesia da Matemática” de autoria de Millôr Fernandes, com pseudônimo de Vão Gago, publicado no livro “Tempo e Contratempo”em 1954, no RJ. O nosso poema inocente era uma ofensa grave reparada com um tapa no rosto. 


 Outra coisa que os meninos faziam quando andavam de mãos dadas com uma menina era passar o dedo no centro da mão da menina como se estivesse coçando porque, na época, isso significava convidar a parceira para ir para cama. As respostas eram outro tapa no rosto ou um sorriso disfarçado, o que significava sinal de que a moça aceitara, ou simplesmente a adolescente soltava a mão da pessoa com quem estava andando de mãos dadas. 


Como ir para “¼,” se quase não existiam motéis nessa época? No máximo, existiam quartos em bares que os alugavam por hora, mas todos eram proibidos para menores de 18 a anos e respeitávamos isso porque a molecada tinha medo dos fiscais do Juizado de Menores e, além disso, não podíamos pagar o preço porque éramos lisos e confiados! Terminava só ficando no sorriso mesmo mas espalhávamos pela nossa “rádio aluno” que a menina que não reagiu com um tapa no rosto, com certeza já era “futurada”, só porque havia sorrido!


Assim era a vida de peraltice da meninada no Grupo Escolar Adalberto Vale. Algumas vezes, contudo, a moça contava em casa o que um menino havia feito com ela, ou escrito o poema matemático em seu livro ou coçado a mão dela!. No dia seguinte, a mãe comparecia ao Grupo, comunicava e a diretora, Alda Filgueiras Péres, mandava “convidar o aluno” em sala e fazia um encontro desagradável e talvez desnecessário entre a mãe, a garota e o menino, seguido de um carão da diretora que tomava decisões absurdas, mas que, algumas vezes, não podia ser contestada por ninguém. Em outras, ela até aceitava por entender que era uma peraltice mesmo, mas não nos livrávamos da bronca.


Depois, nos encontros de banheiros, mesmo sendo inocentes as brincadeiras feitas,  comentávamos com os colegas:

- Eu cocei a mão da fulana e ela ficou rindo. Já deve ter sido furada, dizia um. Outro perguntava:

- Você conseguiu ver a cor da calcinha da fulana?

- Vi, ela está com calcinha vermelha! Respondia. Outro retrucava:

- Mentira! Eu também vi pelo espelho e a calcinha dela era branca e de renda. Deu para ver até que tinha uma coisa meio escura no meio das penas dela!

Era motivo de risada!


Mas era gostoso e por um motivo nobre tomar tapa no rosto!

sexta-feira, 28 de março de 2014

MAIS 50 ANOS PARA A ZFM PARA QUÊ? (uma visão crítica)


Depois do Golpe Militar de 67, o primeiro presidente militar Humberto de Alencar Castelo Branco, criou e implantou um ambicioso programa com o lema “Integrar para não Entregar” . Dentro desse princípio de integração, foi implantada a Zona Franca de Manaus em 69, foi iniciada a construção da Estrada Transamazônica, ainda inconclusa, mesmo 40 anos depois de seu ambicioso e megalomaníaco início com muita publicidade. Hoje, a estrada que seria para integração, se transformou em “Tranzamônica da Entregação”. A estrada pode servir par tudo hoje, mas não serve para propósito que foi idealizada. 


Mais tarde, vieram também a implantação dos “batalhões de fronteiras”, o projeto “Calha Norte” e outras mirabolantes ideias saídas das cabeças pensantes dos militares. Contudo, todos foram abandonados, por terem iniciados pelos governos militares. Dentro desse quadro todo, o Amazonas se desenvolveu, cresceu de forma desordenada, progrediu sem planejamento expondo seus graves problemas sociais e convivendo “pacificamente”, mas com problemas e greves “dos pacíficos trabalhadores de mão de obra dócil e barata” em épocas passadas, sob o comando do sindicalista Ricardo Moraes, quando presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Manaus que, ao lado de várias outras lideranças que pouco apareciam, como o hoje jornalista Simão Pessoa, pararam a maioria das grandes fábricas que existiam e funcionavam no Distrito Industrial de Manaus. Hoje, ou desapareceram as lideranças sindicais ou os problemas cessaram, porque o que se tem notícia é de uma ou outra paralisação isolada de fábrica, mais por problemas pontuais do que por questões salariais como ocorrera no passado!


A abundante produção da borracha desapareceu pela ganância, descaso, à permissividade, passividade e falta de visão de futuro dos governantes.  O mesmo fim poderá ter a Zona Franca de Manaus, por falta de investimentos em pesquisas para explorar o potencial abundante da natureza, de sua biotecnologia abundante e inesgotável se for bem explorada. 


Pesquisas no INPA existem muitas para aproveitamento de parte de todo o potencial produtivo e econômico e tornar o Estado independente, mas nada ou quase nada dessas pesquisas tem sido aproveitadas em termos de apropriação dos conhecimentos pelos empresários para tornar produtivas as pesquisas biotecnológicas e definir um caminho, um rumo, um norte, enfim, para criar um modelo de desenvolvimento e desenvolvê-lo junto com o modelo atual, diversificando a atividade econômica de forma paralela. Há anos, ouço falar que existiam empresas embrionárias investindo  e até em um polo biotecnológico para essas empresas, que chegou inclusive a ser inaugurado, mas parece que tudo desapareceu em silêncio, como também desapareceu a borracha, no século XIX.


A implantação do projeto de desenvolvimento ZFM, bem como o Golpe Militar no Brasil, tiveram a presença direta dos Estados Unidos, pelo medo que passou a ter pelo da disseminação do comunismo em toda a América Latina. Fidel Castro consolidou a guerrilha em Cuba e optou para torná-la comunista, uma das últimas que ainda resiste no mundo, mesmo com o fim da União Soviética, que a apoiava financeira e ideologicamente. (in Carlos Costa in O CAMINHO NÃO PERCORRIDO – A TRAJETÓRIA DOS ASSISTETES SOCIAIS MASCULINOS EM MANAUS, 2013, Ed. Ufam). A Zona Franca de Manaus, foi implantada, portanto, dentro de todo esse processo, com o objetivo de integrar a Amazônia ao resto do Brasil, porque em Manaus havia “uma abundante,  dócil e barata  mão obra”.


Do projeto do deputado federal Francisco Pereira da Silva, aprovado 10 anos antes, à prática, muitos percalços se passaram (in Edila Arnaud Ferreira Moura et alii - Belém: Associação de Universidades Amazônicas – UNAMAZ, Universidade do Amazonas – FUA, Universidade Federal do Pará – UFPA, 1993. 141 páginas, il. (Série Pobreza e Meio Ambiente na Amazônia, vol. 2 ZONA FRANCA DE MANAUS: OS FILHOS DA ERA ELETRÔNICA). Agora, depois da batalha travada na Câmara dos Deputados pela aprovação da continuidade do modelo, alguns críticos do modelo passaram a considerá-lo como uma prisão para escravos sem correntes; para outros, um grande benefício de desenvolvimento. Para mim, os empresários que exploram e enriquecem, os poderes constituídos do Amazonas, contudo deverá servir para reflexão sobre como desejaremos o modelo de desenvolvimento depois de mais 50 anos. Ou será que ainda será prorrogado já  que é tão criticado pelo resto do país?


Depois do fim do ciclo da borracha, o Amazonas experimentou diversas dificuldades financeiras, chegando ao ponto de a Secretaria de Estado da Fazenda, no Governo José Lindoso, ter idealizado a realização a campanha de troca de notas fiscais de compras adquiridas no comércio de Manaus, para concorrer a sorteios para aumentar a arrecadação do Estado. Deu certo. Mas a penúria financeira continuou por longo tempo, até que Lindoso decidiu assinar o decreto que interiorizou a ZFM, fazendo surgir alguns poucos projetos de investimentos em alguns municípios, também abandonados. Durante o auge do comércio da Zona Franca, muitos comerciantes sonegavam notas fiscais e foi isso que levou a Sefaz a iniciar a campanha. 


Vivendo hoje o contraste de ser um dos maiores arrecadadores de impostos do Brasil, analiso com preocupação se à luta política pela prorrogação da ZFM, sem investimentos em pesquisas para buscar um modelo de desenvolvimento, valeu todo esse desgaste porque o Estado ainda não conseguiu investir parte do que arrecada em pesquisas para desenvolver a área biotecnológicas ou outros que venham a ser encontrados. 


Pode ocorrer o mesmo que já ocorreu no século XIX, com o período áureo da borracha., quando nada foi encontrado ou buscado para suprir a carência e o Amazonas e ficou amargando longos anos só vivendo da exploração de sova, balata, juta, malva. O Estado pouco produz ou investe as riquezas que arrecada pelos impostos recebidos pela Zona Franca para explorar o outro potencial econômico. Lembro que durante o primeiro governo Amazonino Mendes, em sua primeira entrevista para o Diário do Amazonas, no qual eu era Editor Geral, com a intermediação do advogado Paulo Figueiredo, prometeu investir em criação de Escolas técnicas profissionalizantes em sete polos de desenvolvimento identificados em estudos realizados pelo Grupo Paranapanema. Nada aconteceu, embora tenha divulgado o anúncio em matéria de primeira praia, como manchete principal. A entrevista se deu na casa do governador, na Rua Belorizonte, onde residia na época. 


Nada implantou, preferindo lançar o programa “Terceiro Ciclo”, distribuindo implementos agrícolas, mas não buscou nos estudos do INPA o redirecionamento para um novo desenvolvimento do Estado e se voltar à sua vocação primeira: sua floresta e suas riquezas naturais. 


Do programa “Terceiro Ciclo” pouca ou quase nada de positivo restou. (in Heloísa Correa da Silva. EXPRESSÃO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL NO MÉDIO JURUÁ – AMAZONAS: 2012, EDUA). Não nego a importância econômica – não social – do modelo de desenvolvimento para o Amazonas, mas o Estado precisa investir e buscar alternativa de desenvolvimento porque depois, poderemos “chorar sob o leito derramado”, quando poderá ser tarde demais para isso. Mais 50 anos passam rápido demais, meu corpo físico não existirá mais, não quero que meu espírito chore com junto com todos por se chegar à conclusão que ficamos pensando que o PIM – Polo Industrial de Manaus será infinito quando os outros 50 anos terminarem e novos políticos estiverem de novo com os mesmos discursos em Brasília, da “importância para a integração econômica do Estado para o resto do Brasil” e reivindicando mais uma prorrogação, quando o próprio povo eleitor foi incompetente para eleger políticos comprometidos com o real desenvolvimento vocacional da Região! 






quarta-feira, 26 de março de 2014

BADERNA PELA MACONHA LIVRE NA UFSC


O consumo de droga sempre foi coisa comum e até corriqueiro dentro das Universidades Públicas. Mas o que os alunos fizeram na Universidade Federal de Santa Catarina, reagindo contra a polícia para defender cinco outros alunos presos consumiam maconha e ainda exigindo que a reitora assinasse um documento proibindo a ação da força policial no campus, é extrapolar todos os direitos do imaginável, para não dizer que é uma confissão de que os alunos poderão continuar consumindo drogas e passando um  péssimo exemplo para a sociedade.


Há 17 anos, quando estudava no Campus Universitário da Fundação Universidade do Amazonas, pela segunda vez, em quase toda “sexta cultural” que os Centros Acadêmicos realizavam, recebia notícias de que alguma aluna ou aluno havia sido encontrado dentro dos banheiros passando mal, vomitando, quando não eram encontradas fileiras de cocaína cheiradas no local. Deixar que essa prática continue é o pior dos absurdos, mas é quase normal ou corriqueiro essa prática do consumo de drogas em campus, afinal, o local só é uma mera extensão da sociedade!


Entendo e aceito o direito dos alunos protestarem contra a truculência da força policial, mas não também é não aceitável que para defender cinco colegas de curso, emborquem viaturas com policiais que foram cumprir seu dever, apenas. Não discuto se houve ou não truculência, mas se houve, foi das duas partes porque não se entrega flores em uma manifestação violenta de ambos os lados. Se a reitora Roselene Neckel aceitar o que os alunos estão exigindo, será uma prova de total desconhecimento do direito de a Polícia  pode e deve investigar e agir quando achar necessário. Se ocorrer de forma violenta ou não, é outra questão porque como já disse, já fui aluno e também já presenciei muitos atos de ação policial em sextas culturais. Mas não sei qual foi o caso específico e as circunstâncias em que se deram. Só sei que houve violência dos dois lados e não foi afirmar quem estava certo ou errado.

A estudante de psicologia Gabriela Celestina, uma das que ocupou o prédio da reitoria, disse em nome de todos que “só sairemos daqui quando conseguirmos um documento que nos garanta isso”. Garantir o quê? Será que os futuros formadores de opiniões em suas áreas desejam continuar consumindo drogas livremente dentro do campus? Será essa exigência que a aluna de psicologia está querendo fazer?


Da baderna e invasão ao prédio da reitoria da UFSC, a ocupação do prédio da reitoria, além da exigência absurda feita pela aluna Gabriela Celestina à reitora Roselene Neckel, sobraram ainda cinco pessoas presas, a tropa de choque usando bomba de efeito moral e as Polícias Militar e Federal deixando a universidade, com algumas viaturas destruídas.


Por meio de assessoria de imprensa, a UFSC disse que desconhecia a ação policial dentro do Campus, que levantaria a documentação para analisar todo o caso. Enquanto isso, os estudantes se concentraram para decidir como passariam a noite ocupando a reitoria, protestando porque um futuro professor de geografia, ainda aluno, foi preso por fumar maconha dentro do Campus Universitário. Que péssimo exemplo, hem?

SERÁ QUE A LEI MARIA DA PANHA AGORA VAI...?


Será que as mudanças propostas na Lei Maria da Penha farão com que ela saía do papel e se torne uma ação prática? Tenho dúvidas porque na maioria dos Estados não existe estrutura capaz de fazer cumpri-la como deveria ocorrer. Delegar à polícia, competência que era do juiz para decidir, não vejo como a melhor solução para melhorar a aplicação da Lei Maria da Penha, porque os homens ficarão à mercê da truculência do poder discricionário de uma autoridade apenas. 



Comemorei positivamente quando o STF decidiu que os crimes cometidos contra a Lei, em homenagem a uma vítima que sobreviveu com sequelas irreversíveis, não dependeriam mais da vontade da mulher para denunciar o agressor: qualquer pessoa poderia fazê-lo e também que não dependeria mais da vontade da agredida, processar ou não o agressor porque passaria a ser um crime de ação pública e não privada, dependente de representação da vítima que, quase sempre se arrependia ou era ameaçada de novo e terminava por retirar a queixa. Mas parece que nada adiantou porque em muitos Estados ainda faltam abrigos, segurança e auxílio financeiro às mulheres que não trabalham para continuar sustentando seus filhos, ou seja, faltam estruturas para fazer cumprir essa Lei, muito boa em sua essência, mas deficiente e difícil em sua aplicação.



O que a apareceu como um alívio a mulheres espancadas, agora é vista com desconfiança, ceticismo e tida como um descredito as vítimas de agressão. O que foi festejado, na época de sua sanção, como a seladora do destino de milhões e mulheres vítimas de violência doméstica e familiar no Brasil, passou a ser agora uma “uma tragédia pessoal” porque, na prática, pouco ou quase nada funciona como deveria ser e as vítimas de agressões continuarão tendo que suportar marcas permanentes no corpo e na alma, por não sentirem que o novo ordenamento jurídico nacional seja cumprida como deveria e se transformar, verdadeiramente, na mais importante resposta à sociedade internacional sobre os compromissos formados por tratados e convenções para proteger a mulher. 


A Lei Maria da Penha, causou inovações no processo judicial, nos papéis das autoridades policiais e do Ministério Público, além de alterações no Código Penal, no Código de Processo Penal, de Execuções Penais, além de inovações no processo judicial, nos papéis das autoridades policiais e do Ministério Público.



A nova Lei seria um Estatuto no combate à violência doméstica e familiar. Mas é uma pena que o Estado Social seja o único que não teve  conhecimento prático que, para executar uma Lei tão avançada como a Maria da Penha, deveria ter se preparado para fazer cumpri-la, o que anda não ocorreu e talvez nunca venha a ocorrer porque em termos de Estado arrecadador, o Brasil é nota dez, mas como cumpridor de seus deveres para com a sociedade, sempre foi nota zero ou um pouco abaixo disso, se é que depois de zero possam existir dois zeros, um do lado do outro!



terça-feira, 25 de março de 2014

OUTONO....!


Como as árvores que perdem suas folhas no outono, minha árvore também está morrendo aos poucos, perdendo suas folhas, talvez para voltar mais forte como as árvores que ressurgem depois de quase parecerem mortas, mas continuarem vivas por dentro, com suas folhas verdinhas e com pássaros felizes gorjeando em seus galhos, se alimentando de seus frutos que aparecem quando também rebrotam. 


Dias sim, dias não, entre remédios que tomo, dores nas costas que sinto, sonos forçados pela medicação e crônicas que escrevo por puro prazer e as posto como se fosse uma obrigação, tudo que faço agora me diluiu um pouco a cada dia e me torna como se fosse um líquido frágil, mas intragável no paladar de algumas pessoas, e que vai escorrendo aos poucos por entre os dedos de minhas mãos. Amei demais, vivi demais e hoje me recolho ao um mundo que fiz meu: eu e meu computador, tendo ao lado os remédios sempre presentes.


Nada reclamo porque como as árvores que perdem suas folhas, sei que rebrotarei mais forte das cinzas -como a Fênix da mitologia -, porque, enquanto pareço frágil, estou enchendo os pulmões com o ar que Deus, com o qual respiro a vida, mesmo frágil e sempre com mais amor, mesmo sem mudar minhas crenças católicas. Mas sinto que não ando bem, porque dias sim e dias não, sofro com dores nas costas e pressões na cabeça, o que me preocupa. Tomo remédios, descanso e, como árvores de outono, volto sempre mais forte para perfumar de alegria as pessoas que me acompanham pelo blog, pelo facebook e que me presenteiam com belos trabalhos. Acredito que esteja vivendo a idade do CON DOR. Com dor aqui, com dor ali...! Mas ficarei bem porque Deus não abandona seus filhos; e eu, como um deles, embora amando-o de forma meio torta, sei que só serei abandonado na hora certa de acompanhá-lo em definitivo!


Minha sobrevida infectado há tanto tempo é um mistério inexplicável para a ciência, mas não para Deus. Há sete anos Deus me deu onze oportunidades para viver, me tornar mais puro, ser melhor, ouvir mais e falar menos, mas nem sempre isso é possível, nessa ordem. Horas existem que “explodo” do nada! Mas é a vida que tenho, o que fazer para mudar as coisas? – desde 2006, vivo infectado por duas bactérias hospitalares incuráveis, após onze cirurgias bem-sucedidas para tratar de em empiema cerebral. Do empiema que me levou à cirurgia cerebral, estou curado; das infecções, ainda não, mas ficarei! Isso me deixa angustiado, mas caminho feliz porque estou fazendo o que gosto e Deus ainda guia meus dedos para escrever ou quando não, me guia segurando minha mão me transportando nos momentos de dificuldades. Não posso reclamar: Deus sofreu mais do que eu! Sofro pouco!


Entendo e aceito que as folhas velhas de minha árvore caiam ao chão com o sopro leve do vento porque precisarei de adubo para renascer como todas as árvores necessitam que suas folhas se projetem rumo ao chão para se decompor, criar adubos para, mais tarde, com o novo período da chuva, as folhas mortas caídas ao chão e transformadas em adubos, brotarem novinhas e mais verdes. Esse, porém, não será meu caso porque não sendo eu literalmente uma árvore, só as raízes culturais que deixarei servirão para a eternidade e precisarão ser entendidas e interpretadas em meus momentos de solidão, sofrimento, revolta social e de filosofia de vida para que outras pessoas não cometam os erros que cometi, não sofram o que vivo sofrendo, mas amem à vida, como eu amo a minha e a vivam como se sempre fosse o último segundo que todos terão.



De uma árvore quase morta poderá ressurgir uma outra viçosa e verdinha, mas quando a última folha cair de minha árvore não poderei nascer como uma nova árvore, nem que seja plantada pelas mãos de Deus, que cuida de tudo e de todos na terra, na forma que cada um o conceba ou mesmo aos não o concebam por pura ignorância filosófica-intelectual-conceitual, do que por convicção que Deus não exista mesmo!

segunda-feira, 24 de março de 2014

O ESTADO SOCIAL RECUA E OS MARGINAIS AVANÇAM


O Estado Social é extremamente burocrático em suas decisões, contra o estado bandido que é eficiente, rápido e cumpre as ordens dos marginais presos com tanta rapidez e eficiência que impõe o terror e à prisão domiciliar os pagadores de impostos e contribuintes para manter os burocráticos executores das ineficientes políticas públicas, principalmente nas de segurança, saneamento, habitação e educação que, embora tenha alguns exemplos isolados de eficiência, por decisão pessoal e corajosa de alguns milagrosos gestores, na maioria das vezes pratica uma educação exclusiva,   afastando os alunos das salas de aula.


É uma questão lógica sociológica: se o Estado Social, formado por homens de bons costumes e princípios recua e não cumpre seu papel e seu dever legal, o Estado paralelo, formado por homens bandidos, milicianos, drogaditos, baderneiros, incendiários, enfim, pessoas da pior espécie, assume e  passa a oferecer o que o Estado Social deixou de fazê-lo. O resultado disso é o crescimento da violência porque bandido não se entrega e não entrega suas  armas, mas só dá um tempo para enganar o Aparelho de Repressão do Estado e depois voltar com mais força, tocando fogo em tudo, matando pessoas que usam farda de forma bárbara. O resto desse filme, todos veem todos os dias! O Estado paralelo manda e desmanda e o Estado Social fica acuado e sem ação imediata. 



Com sua total ausência e incompetência do Estado Social organizado de forma piramidal, mas ineficiente e extremamente burocrático, o Estado paralelo se fortalece e enfrenta de forma organizada, comandando de dentro de prisões de segurança máximo, sem nenhuma burocracia o seu “exército” de malfeitores e está derrotando e amedrontando as forças de repressão do  Estado. No meio do fogo cruzado, pessoas caem mortas por balas perdidas em tiroteios entre policiais e bandidos, alguns fardados tão bandidos quanto aos tatuados que dizem sofrer falta de Direitos Humanos. E os Direitos Humanos das pessoas que os bandidos executam friamente, não contam também? Quem é que criará seus filhos pelo resto da vida para que também não entrem para o mundo criminoso? O Estado Social não o será e eles terminarão sendo “adotados” pelo Estado criminoso e terminarão matando outras pessoas porque lhes será doutrinado que seus pais foram mortos porque o Estado de Bem Estar Social, muito burocrático, não foi capaz de lhes dar garantias!
É triste saber que os bandidos estão montando escritórios do crime dentro das prisões e, pelo telefone, ordenam a outros bandidos fora da cadeia o que devem ou não devem fazer, sem discussão e burocracia alguma e sem depender de ninguém: o chefe bandido preso dá a ordem ao bandido solto, através de bilhetes que escrevem e seus advogados os entregam, informando quem devem executar sem qualquer pergunta, despacho ou ato judicial. A discussão só existe mesmo entre os dois aparelhos chamados de Repressão e de Justiça. Há muito tempo, esses dois aparelhos de Estado, mas que deveriam andar de mãos dadas, deixaram de se entender porque um prende e outro manda soltar o bandido preso, conforme denunciam as mídias. O bandido que foi solto estava cumprindo prisão em regime semiaberto ou já tivera várias passagens pela polícia por crimes diversos, mas a Justiça lhes mandou soltar! 



Enquanto isso, os bandidos vão ocupando espaço, impondo suas leis, divulgando seus regulamentos, criando suas regras, mandando matar pessoas e definindo preços por morte e impondo a Lei do Terror. Para piorar um pouco mais, os aparelhos de Estado que criam as Leis ficam discutindo seus próprios interesses, olhando para seus próprios umbigos e a sociedade vai ficando cada vez mais enclausurada enquanto os bandidos ficam livres, leves e solto para comandar de dentro das cadeias como deve viver a sociedade civil que no século XVI e XVII abriu da barbárie e decidiu criar um Estado que resolvesse pelos cidadãos individualmente! O Estado Social está se curvando ao Estado bandido, quer pelas manifestações violentas, destruições de patrimônio público e privado com a participação de menores que, não podendo ser presos, mas apreendidos, assumem crimes bárbaros em nome de adultos ou cometem homicídios por ordem de adultos e nada acontece contra ninguém. No mínimo, nesses casos, os pais deveriam responder pelos dados ao patrimônio público já que o Código Penal não permite que o crime de um seja respondido por outra pessoa, infelizmente, mesmo que o criminoso seja um tutelado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, o ECA, já cumpriu seu papel e precisa ser modificado em alguns pontos.

sexta-feira, 21 de março de 2014

QUEM VAI QUERER...!

Comentários no link do blog: http://carloscostajornalismo.blogspot.com.br/2014/03/quem-vai-querer.html



QUEM VAI QUERER...!

Para Suelem Louize Freitas, Pjc,(#)

Agora, pouco me importa saber se nos 175 confrontos entre os times do Rio Negro e Nacional, o conhecido clássico Rio X Nal, também chamado de “o clássico das multidões”, ocorreram 44 vitórias para um; 69 do outro ou que teriam sido marcados 154 gols de um e 208 do outro. Também não desejo mais saber que foram registrados nesses disputas 62 empates, com um total de 363 gols. Pouco importa saber, ainda, que o primeiro jogo entre as duas equipes ocorreu no dia 02 de março de 1914, pela Liga Amazonense de Football, no campo do Bosque Municipal, sendo considerado o confronto mais antigo entre os dois clubes.


Como rionegrino que passei a ser em razão de influência de amigos de infância, mesmo sem entender nada de futebol até meus 11 anos, porque com essa idade comecei a vender picolé e levar cascudos na cabeça dentro do Parque Amazonense, mas não podia de ver os jogos de meu time do coração, porque só ia ao estádio para trabalhar e não para ver jogos. Também não desejo saber que o Rio Negro perdeu um jogo por  9 X 0 para o Nacional na primeira partida entre as duas equipes, com cinco gols de Cícero, 3 de Paulo e l de Cazuza e outros a história futebolística do Amazonas não registra.



Criança, com oito anos de idade, desenhava escudos do Rio Negro em  cadernos no Grupo Escolar Adalberto Valle, no Morro da Liberdade. A única coisa que importa para mim é dizer que no final da década de 70,   era um jornaleiro magro, raquítico, que pegava o ônibus toda madrugada no bairro da Betânia, para vender jornais nas ruas da antiga Manaus, entrecortadas por lindos e limpos igarapés, ligados por catraias coloridas que refletiam suas cores e mostravam até os remos usados para empurrá-las; Também caminhava pelas ruas cheias de paralelepípedos portugueses e ingleses, aparecendo ainda visíveis os trilhos de bondes que, um dia, transportaram lentamente namorados com seus paletós brancos e chapéus na cabeça, pendurados às portas para pegarem ventos. Na década de 70  comecei a vender jornais no porto de Manaus, na calçada dos Correios, no mercado da Cachoeirinha aos domingos, mas a cidade já não era mais a Manaus que me viu crescer gritando “quem vai querer, quem vai querer”. Já vivia com o início do processo de implantação do comércio da Zona Franca de Manaus e tudo era frenético. As ruas fervilhavam de turistas ávidos por novidades tecnológicas e a maior delas era o videocassete, que era contrabandeado para outros Estados. 


Eu, sem me importar com nada disso, nem com as maçãs geladas vendidas nas esquinas das ruas, aproveitava para fazer propaganda dos jornais que comercializava, anunciando manchetes que não existiam e acho que nem a genialidade do Editor Geral de A NOTÍCIA, Bianor Garcia, talvez as pudessem criá-las. Nessa época, diziam que se expressem um exemplar do Jornal, dele escorreria sangue, tantas eram as manchetes sanguinolentas que conseguia produzir o seu Editor Geral, um homem baixinho e rechonchudo, mas genial.



Nem o maior historiador do esporte no Amazonas, Carlos Zamith, onde estiver entre as estrelas, contando suas histórias esportivas do seu Bau Velho para Deus, poderá me desmentir: outros clubes existem ainda hoje no Amazonas, mas o clássico mais famoso era, foi e será sempre entre as equipes do Rio Negro e do Nacional. Depois, se segue o confronto “Pai e Filho”, entre o Nacional e o Fast Club, que nasceu a partir de uma dissidência no Nacional. 


Mas nada disso também tinha importância, porque no início da década de 70, eu era apenas um esguio jornaleiro de 28 quilos no máximo, que acordava às 4 da madrugada todos os dias, tomava Nescau, caprichosamente feito pela minha mãe, comia um sanduíche de pão com ovo e seguia rumo à parada para entrar no ônibus de madeira da empresa Ana Cássia. No meu destino, recebia do “Buraco” o jornal A CRÍTICA, na Rua Lobo D´Almada, por uma portinhola na parede, mas que parecia um buraco mesmo,(desconfio ser essa a origem de seu apelido da pessoa maravilhosa com convivi com admiração mútua, mas que nunca tive coragem de perguntar qual era nome de batismo, até os dias de hoje). 
Depois, sempre caminhando com minha sandália havaiana aos pés, seguia  para um prédio um antigo e grande, localizado na Avenida Eduardo Ribeiro, onde também funcionava no segundo andar os estúdios da Rádio Baré e recebia o JORNAL DO COMÉRCIO e. por último, seguia para a Praça Tenreiro Aranha, no centro de Manaus, para apanhar o JORNAL A NOTÍCIA. 


Se tivesse havido no dia anterior algum jogo entre Nacional e Rio Negro, não importando o resultado, eu pedia mais jornais e os vendia quase todos. Se tivesse carreata de bandeiras pelas ruas da cidade, uma tradição iniciada por integrantes da “Charanga”, a mais antiga torcida organizada que se tem notícia, seria melhor ainda porque eu tinha certeza que naquele dia, iria “bamburrar” em vendas! Se não os vendesse, podia devolvê-los ao X-9, um gordo e pançudo “empresário” dos jornaleiros, que nos aguardava sentado tranquilamente em um banco de madeira, no Pavilhão São José ou no Tabuleiro da Baiana  com seu fusca estacionado ao seu lado, entre ônibus e táxis que usavam democraticamente o mesmo espaço. “Boiar” era o termo usado entre os jornaleiros para definir  os jornais que seriam devolvidos. Todos eram recebidos e ninguém tinha nada a receber ou a pagar por eles. Era uma democracia estranha, baseada na confiança mútua.


Quando seguia para devolver os jornais, continuava mais uma vez a pé pelas ruas de paralelepípedos da Praça da Matriz, passando por entre palmeiras imperiais e vendo e passeando por trilhos de bonde que um dia circularam, mas seguia gritando “quem vai querer, quem vai querer” e anunciando manchetes que acho que nem o genial Editor Geral de A NOTÍCIA, Bianor Garcia, seria capaz de criá-las, como “pegou fogo na caixa d´água” ou “moça bonita não paga, mas também não leva” para as pessoas que estavam deixando seus empregos nas muitas lojas comerciais para almoçar em casa e retornar às 14 hs. Mas era tudo mentira que eu inventava, com minha mente criativa e criadora de um infantil de adolescente. Algumas pessoas compravam; outras, apenas riam e sabiam que era brincadeira de moleque e que nada daquilo eu anunciava a plenos pulmões. Seguia com meus jornais boiados  e prestar contas, só depois que o relógio municipal anunciava que o comércio começaria a arriar suas portas às 11:30 horas, seguido de um badalar de sino na Loja Central de Ferragens S/A, que funcionava na esquina das Ruas Thedoreto Souto com Marechal Deodoro que eu, em crônica chamei de O SINO DO SILÊNCIO, maestrado pelo seu proprietário à frente de sua loja, com a calça lá no alto da cintura,  presa a um cinto para que ela não caísse.


Nessa época não existia mais O JORNAL. 


Dizem até hoje, porém, que lá trabalhavam só escolhidos a dedo pelo seu proprietário Henrique Archer Pinto, formando uma equipe de excelentes profissionais do jornalismo como os ainda hoje lembrados Ulisses Guimarães(falecido), Philipe Daou (empresário), Francisco Guedes de Queiroz (deputado, já falecido), Arlindo Porto (ex-deputado e governador do Amazonas em substituição),Castro e Costa (falecido), pai da apresentadora da TV A Crítica Babyrizzato. Fábio Lucena, senador do Amazonas (falecido), Almir Diniz de Carvalho (jornalista, escritor, cronista com excelentes obras publicadas), que ganhou o primeiro prêmio de jornalismo para o Amazonas e muitos outros que a memória não me permite lembrar, como eu gostaria. Mas presto tributo a todos, inclusive aos que esqueci seus nomes e que por ventura tenham trabalhado nessa “faculdade de jornalismo” porque até hoje o matutino “O JORNAL” é tido como a maior e melhor escola de formação e aperfeiçoamento de jornalistas que o Amazonas já teve e onde militaram muitos jovens idealistas, que depois se tornaram empresários, advogados, políticos importantes para a história do Amazonas, por várias razões e motivos. Dizem também, que todos os profissionais eram escolhidos pelo seu proprietário, mas não posso garantir que isso seja verdadeiro.



(#) (aluna do 7o período de comunicação da UFAM, autora da ideia dessa crônica, durante entrevista de mais de 3 horas em meu apartamento, sobre o bairro da Betânia, onde vivi minha infância e adolescência e me deixou profundas lembranças positivas em minha vida)

quinta-feira, 20 de março de 2014

MARCO REGULATÓRIO PARA QUE, SE NÃO TEM INTERNET?


Como o Decreto 7.175, de 12 de maio de 2010, que prometia internet banda larga de 10 megas a um custo mensal de R$ 39,90 reais, nunca chegou a sair do papel ficando só nos sonhos ideológicos de seus pensadores, embora tenha sido chamada pelo Governo Federal de a  “a banda larga popular”, agora a Câmara dos Deputados está prestes a votar o Marco Civil Regulatório da Internet, uma proposta de lei que deverá garantir os direitos dos usuários de internet de todo o Brasil. Mas, marco regulatório para que se não temos internet de boa qualidade? Será que os preços baixarão e a qualidade melhorará? Não acredito!


O Plano Nacional de Banda Larga – PNBL, “Brasil Conetado”, era muito ambicioso e não nego que cheguei a acreditar na ideia, porque eram tantas tão constantes as propagandas mentirosas – uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade - (Joseph Goebbels), prática que também era usada na Alemanha nazista de Adolf Hitler quando defendia em discurso a criação de uma raça ariana pura,  escrevi crônica sobre o assunto porque acreditei que o PNBL poderia ser uma solução para o Brasil. Mas como eu, tantos outros brasileiros foram frustrados pela promessa, que caiu no esquecimento da maioria, menos de quem usa a péssima internet para se comunicar. Mesmo no município que serviria de modelo, a internet foi montada por um empresário privado para suprir a sua própria necessidade e terminou expandindo também para a Prefeitura e moradores.



O PNDL previa, além de uma internet banda larga ao custo de 39,90,  “cria oportunidades ao acelerar o desenvolvimento econômico e social, promovendo a inclusão digital, reduzir as desigualdades social e regional e  gerando  emprego e renda, ampliando os serviços de governo eletrônico e facilitando aos cidadãos o uso dos serviços do Estado....”  


Tudo muito bom, tudo muito bem, teria sido ótimo se houvesse partido da ideia à prática, o que nunca aconteceu. No Amazonas, por exemplo, o valor do preço da internet baixou porque o Governo do Estado decidiu reduzir os impostos que incidiam sobre o valor da fatura e essa redução foi repassada aos usuários, mas o preço da internet continuou o mesmo e a qualidade continua péssima, caindo constantemente, ao ponto de uma pessoa navegar pela rede e no instante seguinte fazerem “manutenção na rede” . O pior de tudo é que, ao chegar a fatura da conta com o valor a pessoa ter que telefonar para o serviço com o número do protocolo para  pedir o desconto à operadora. 


Se não possuir o número de, pelo menos, um protocolo em mãos, o pedido de desconto dos dias de  “manutenção na rede” se torna quase impossível, quando já deveria vir constando o desconto na conta em razão das manutenções para a melhoria do serviço, que sempre piorando um pouco a cada dia. Isso precisa ser visto também pelos deputados, além do elevado custo e da falta de funcionamento do Decreto 7.175, de 12 de maio de 2010 e explicar porque ele nunca saiu do papel!


Ainda bem que o governo federal ressalvou que a implantação do Programa Brasil Conetado lançou apenas as “bases” para as ações a serem construídas e implantadas coletivamente.


As diversas medidas do programa Brasil Conectado e seus distintos objetivos se perderem nas gavetas da “democracia”. Ou seria demagogia? Muitos recursos foram liberados pelo Ministério das Comunicações, muitas mentiras, desculpas e explicações esfarrapadas se fizeram ouvir no calor das palavras de autoridades. A verdade, porém, é que em termos de tecnologia de comunicação, o Brasil está muito atrasado e não tenho muita certeza se o marco regulatório da internet vai servir para alguma coisa. Serviria sim, se houvesse  internet de boa qualidade, de 10 megas, ao preço de R$ 39,90. Mas eu ainda estou entre os poucos e destemidos brasileiros que pagam pesados impostos, têm uma das maiores cargas tributárias do mundo e não desistem nunca, mas já perdem a paciência com tantas promessas não cumpridas do Governo Federal!







A MÁQUINA DE COSTURA SINGER DE MINHA MÃE JOSEFA COSTA!







(minha mãe completa hoje 79 anos e decidi republicar essa crônica que escrevi para ela, fazendo algumas adaptações)


A bermuda de tergal marrom com dois bolsos atrás, com a qual sai do Varre-Vento e vim para Manaus, foi costurada na máquina “Singer” de minha mãe, Josefa Costa. A “ Singer”  possuía pedal, correia ligando a parte inferior à superior e uma gaveta para guardar as linhas e funciona até os dias de hoje, mas serve de móvel em sua sala e ela não usa mais. Toda a parte superior da máquina podia ser baixada em um suporte estrategicamente projetado na parte inferior para recebê-lo, transformando todo o conjunto em um móvel que podia ser coberto com um pano.

Toda fundida em ferro com a palavra “Singer” gravada logo acima do pedal, projetado com uma grade de ferro fundido para apoiar os pés que minha mãe, que a pedalava em um vai e vem incessante para cima e para baixo com muito gosto, com uma fita métrica presa ao ombro, medindo, cortando, recortando e ajustando a bermuda que usaria pela primeira vez na vida na viagem em barco regional de madeira rumo a Manaus.  Minha mãe é uma guerreira, mais do que eu sou!


A máquina “Singer” de minha mãe não era usada só para costurar roupa dos muitos filhos, mas também para atender aos pedidos de pessoas da comunidade. 

Hoje, quando vejo sua máquina servindo como móvel, fico triste porque junto com a máquina, minha mãe também envelheceu, mas a vejo sempre como nova, como “nova” também e a antiga máquina de minha mãe, porque as duas envelheceram juntas, uma olhando fixamente para a outra, com um pouco de ciúmes, talvez, afinal só a máquina Singer é de ferro; minha mãe, não! Ela enferrujou com o tempo, mas está novinha ainda porque nunca seus filhos deixaram de lubrificá-la.

quarta-feira, 19 de março de 2014

EM POLÍTICA, O BRASIL CAMINHA ASSIM...!


Em política, o Brasil é assim:


Não sou analista político, nem me proponho a sê-lo, porque será sempre muito difícil entender e explicar tudo o que se esconde por trás de interesses escusos e nem sempre confessáveis publicamente. Tem sempre, por trás de toda e qualquer declaração, algo a ser desvendado nas entrelinhas por trás de uma palavra, uma frase, uma negativa ou uma afirmativa. Enfim, político é muito difícil de ser entendido e partidos políticos que se dizem interessados no coletivo do país, só pensam em seus próprios interesses mediatos e imediatos.


Mas, como leigo, posso garantir que existem muitos partidos pequenos e alguns grandes também, que vendem seus espaços em programas de televisão e rádios, negociando valores, cargos e funções dentro do Governo que venha a ser eleito nas urnas, pois nenhum partido político, por maior que venha a ser ou se tornar, conseguirá eleger ao mesmo tempo uma bancada majoritária na Câmara dos Deputados e no Senado para conseguir, enfim, dizer ao povo que governará sozinho e realizar todas as reformas possíveis prometidas nas urnas durante as campanhas. 



Diante desse caótico quadro político e cheio de partidos, a briga entre o PMDB e PT seria inevitável e já era esperada, obrigando a presidente Dilma Rousseff a mudar parte de seu Ministério só para “agradar” aos dois partidos descontentes e de sustentação do Governo. Em seus programas eleitorais, contudo, declaram que estão tetando resolver os problemas coletivos da população, mas é tudo um engodo e uma grande mentira. Dai a necessidade de ler nas entrelinhas do que os partidos e candidatos declaram, porque pouca coisa é verdadeira, infelizmente. Mas deveria ser, pelo menos no plano das ideias e declarações.


A briga entre os dois maiores partidos que sustentam a base do governo, mesmo que em troca de chantagem ou fisiologismo barato, poderia ter sido evitada, se os interlocutores de plantão tivessem informado à presidente Dilma que essa rebelião fisiológica irresponsável estaria para eclodir. Faltou articulação política! A presidente poderia ter feito as mudanças de alguns seus ministros e teriam sido evitadas as convocações de ministros chamados para dar explicações nas duas casas legislativas sobre escândalos que há tempos todos sabiam, mas fingiam que nada sabiam na esfera política.


Com todos os defeitos que possa ter tido, o ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, em entrevista, falou uma verdade: “eu fiz todas as alianças antes de ser eleito”. Talvez por isso, menos escândalos se registraram no Governo do PSDB. Mesmo assim, foram registrados alguns. Lula fez alianças antes e depois, e sofreu com o escândalo do “mensalão” e saiu chamuscado, quase o atingindo porque devia haver um chefe do esquema, mas José Dirceu assumiu tudo sozinho e ficou calado, mas tenho dúvidas, se ele comandou tudo sozinho, sem conhecimento de seu chefe imediato. 


Do Governo do “cassador e marajás”, Fernando Collor, jovem, bonito, elegante, boa pinta e pretensioso demais, por quem muitas mulheres do Brasil suspiraram antes de depositar nas urnas seus votos, ajudando-o a elegê-lo, pouco devo comentar porque ele também foi cassado pelos marajás que prometera combater. Depois, como pedra de dominó, todos os que votaram no impeachment de Collor, o primeiro eleito do Brasil pós ditadura a ser cassado pelas duas casas legislativas, mesmo depois de seu desesperado pedido de socorro aos jovens para  que não o deixassem sozinho, foram às ruas com seus rostos pintados nas cores verde e amarelo e apoiaram sua queda pelo voto de deputados e senadores. Alguns parlamentares que votaram pela cassação do ex-presidente, foram depois envolvidos no escândalo dos “anões do orçamento” e caíram de um por um. Depois, veio seu vice, o José Sarney, que herdou alguns escândalos.



Mas, agora, no Governo Dilma Rousseff, o fisiologismo por cargos foi escandaloso e ela teve que mudar vários de seus ministros de uma só vez, embora tenha Michel Temer, do PMDB, como seu vice, que nada fez para impedir essa rebelião desavergonhada e prejudicial aos interesses nacionais, mas satisfatória aos interesses dos dois maiores partidos. Além da excelente análise (http://brasilemversos-am.blogspot.com.br/2014/03/pt-x-pmdb-por-quem-eles-brigam-por.html) realizada por Amarildo Patricce, de Minas Gerais, me aventuro a acrescentar que além de tudo que foi elencado e publicado, existe ainda o excesso de Partidos Políticos e a terrível dificuldade para administrar um Brasil com muitos climas e problemas variados. Para pior mais ainda existe uma Constituição que não permite nenhum partido político comande politica e ideologicamente um país de tantas dificuldades – cheia em uma parte, seca em outra e por ai vai, desbarrancamento em outra ponta, descontrole da inflação devido a essa sazonalidade, etc – sem que tenha maioria  ideológica na Câmara e Senado, para caminhar junto com o presidente, sem depender de partidos fisiologistas;
E isso, contudo, será muito difícil que venha a ocorrer um dia! 


Ah, ia esquecendo: a corrupção precisa acabar porque ela está dando um nó no desenvolvimento do Brasil e o poder judiciário, quando julga alguém, o faz de forma atabalhoada, ou rápido ou lento depois. Nos dois casos, a impunidade ou pela pressa ou pela demora, torna-se injustiça!

domingo, 16 de março de 2014

REGIÃO NORTE ESTÁ ENTRE O FOGO E A INUNDAÇÃO!


A região Norte está dividida entre o fogo e a água: no Estado de Roraima, fogo devido a seca; mas há muita água em municípios dos Estados Pará, Amazonas, Macapá e Porto Velho. 


No meio desse contraste de fogo e água está uma população socialmente carente, sofrendo e desalojada em Escolas publicas dos municípios. Em breve, começarão a ser decretados estado de calamidade pública nas capitais também, se a água continuar subindo..


No meio de tudo isso, ambientalistas acusam as construções de duas hidroelétricas como responsáveis pelas enchentes no Rio Madeira.,atingindo  municípios e até parte da capital de Porto Velho. Não existem provas técnicas e nem científicas que as duas hidroelétricas são as responsáveis pela subida das águas no Rio Madeira e muito menos que as obras foram as construtoras das duas obras foram as responsáveis pelos danos. Mesmo assim, assumiram o ônus da culpa. Mais por uma questão social do que por uma responsabilidade concreta, embora a justiça federal, baseada em laudos de ambientalistas, tenha dado ganho de causa contra as empresas.


Não discutindo a responsabilidade ou irresponsabilidade das construtoras que levantam as duas hidrelétricas; preocupo-me com as famílias que, desalojadas e morando de forma improvisada em Escolas, passam a ter necessidade de remédios, roupas, alimentos, medicamentos e tudo enfim que se precisa nessa hora.


Enquanto não se chega a uma conclusão concreta, científica e aceita da responsabilidade pela cheia do Rio Madeira, a presidente Dilma Rousseff se apressa e diz, no elevado de sua autoridade de mandatária do país, que a chuva foi a única responsável. Mas. a chuva seria mesmo a única causa da cheia do Rio Madeira? Ou teriam componentes humanos causando esse problema também? 


Sabe-se que em algumas áreas da Região Norte,, temos seis meses de chuvas intensas, seguido de seis meses de sol inclemente é período chuvoso, mas ninguém pode desconhecer que a natureza tem sido muito manipulada pelo homem nos últimos anos. Essas mudanças climáticas não poderiam estar relacionadas com as ações do homem contra o meio ambiente, também?


Estudos científicos ou empíricos nunca chegaram a determinar essa ação do homem sobre essas ocorrências, mas que pode haver relação, ah, isso pode! A única coisa que posso garantir é que existem seres humanos necessitando de ajuda e de solidariedade social e das forças organizadas do Estado Social nesse momento desesperado de dor e sofrimento!

sexta-feira, 14 de março de 2014

DEVER PENSÃO ALIMENTÍCIA É PRISÃO. DESVIAR RECURSOS PÚBLICOS É PRISÃO DOMICILIAR!


Incrível!


Políticos que desviam milhões em recursos públicos, oriundo de impostos que todos pagam, quando são condenados, mesmo que tardiamente, podem cumprir suas prisões em regime semiaberto, mas  esse tipo de beneficio foi negado ao pai de família que deve merrecas de pensão alimentícia por questões sociais. Eles  devem ficar presos, mesmo em selas separadas! Foi isso que aprovaram os deputados federais na reforma do Código Civil: os devedores de pensão alimentícia deverão ficar presos e não podem sair para trabalhar ou procurar um emprego. 


Mesmo ficando em cela isolada, o simples fato de se saber que a pessoa já cumpriu prisão, é um fator de exclusão social, queiram ou não! Mas os políticos não pensam nisso, não percebem que deve haver casos e casos, situações e situações! Não, por um pagam todos. Não estou defendendo o devedor porque ele sabe que tem uma responsabilidade a cumprir, afinal, ele fez um filho! Estou chamando a atenção para uma questão política e social, principalmente. 


Com tanta falta de emprego, prender o pai de família por dever pensão alimentícia não me parece ser a melhor solução – oferecer oportunidade de emprego, qualificá-lo para o mercado de trabalho, me parece ser o primeiro caminho de uma solução. Há alternativas e o encarceramento não deve e nem pode ser a primeira delas, por ser mais eficiente, barata e destruidora de vidas humanas!


Dentro do aspecto social, defendo que primeiramente o devedor deveria se submeter a uma entrevista social, depois ser avaliado quanto suas questões de habilidades e só em último caso, de posse desse levantamento, o juiz decretaria a prisão do devedor. Trata-se mais de uma questão social do que moral. Várias vertentes e variáveis sociais precisam ser analisadas e, por fim, decretada a prisão do devedor porque ninguém deve porque quer, ninguém é irresponsável ao ponto de abandonar seus filhos – mas existem casos e casos e precisam ser analisados por uma avaliação social, sociológica, histórica, moral etc.


Fazendo um paralelo com os políticos que aprovaram a decisão, quer dizer que desviar milhões dinheiro público, quando condenado – o que é raro no Brasil -a pena poderá ser cumprida no regime semiaberto, mas  um pobre pai de família que deve migalhas, precisa ficar preso? Onde é que está a lógica nessa medida?  


Também são pais que sofrem, choram, se humilham pedindo emprego, mas ninguém os leva a sério. Depois de presos como se fossem bandidos, mesmo em celas separadas, ninguém vai querer saber o motivo ou a razão da prisão. Vão taxá-lo de bandido! E o pior é que existem muitas empresas que negam empregos só porque a pessoa está com o nome sujo na praça, como se costuma dizer quando a pessoa que deve tem o nome registrado no SPC ou no Serasa! 


Incrível, mas isso é verdade! 


Os legisladores conseguiram transformar um grande e grave problema social e um mero caso de prisão em celas, mas eles fazem de tudo para sair delas, em caso de condenação como está sendo no caso do mensalão do PT! 


Mas se recusam a aprovar lei para tratamento para beneficiar os dependentes químicos,  criar um programa para destinar recursos para construção de hospitais, ambulatórios ou qualquer outro tipo de ação pública que venha ao encontro a essa necessidade ou, então, transformar os três anos de internamento compulsório em pena de retorno à sala de aula, estudo, qualificação técnica, enfim!

quinta-feira, 13 de março de 2014

VIDA E MORTE! (especialmente para o amigo Carlos Lopes, do Blog Gandavos)



Para o amigo Carlos Lopes, pelo falecimento de seu pai.

Também conheci seu pai, o Zé das Máquinas. Não como eu gostaria de tê-lo conhecido porque passei em seu Estado, Pernambuco, mas ele já estava internado e você, amigo e companheiro, cuidando dele. Como bom filho, você deu de presente, o livro com as memórias dele, ainda em vida, no dia de seu aniversário. Eu, modestamente, tive o orgulho de prefaciá-lo.

Nas entrelinhas de sua obra “A saga de um Pedro – amor e luta traçando destinos”, observei cuidadosamente o grande amor com a qual descrevia as memórias de seu José dos Santos Gonçalves, conhecido como “Zé das Máquinas".

Mesmo abalado e talvez inconsolável pela perda de seu pai, quero que você compreenda que na vida um sol tem que morrer porque um outro em seu lugar, precisa brilhar também.  Não quero dizer que o amigo não tenha alcançado brilho próprio!

Tudo bem que pode parecer simplória  minha definição da lei natural de vida e morte.

Mas é assim que tem que ser, queiramos ou não. Ninguém poderá mudar essa realidade. Podemos, no máximo, nos preparar para recebê-la, como venho fazendo há 7 anos. Mas, confesso amigo, nem eu mesmo sei se estarei preparado e seguir junto do criador de todas as coisas! Acho que não estarei e meus amigos com certeza lamentarão minha partida. De certo dirão que parti tão jovem ainda, como é comum acontecer; ou dirão que teria o direito de viver um pouco mais. Mas DEUS me deu 11 chances de viver entre vocês, me permitiu viver ainda de forma produtiva e relativamente feliz porque ninguém pode se dizer feliz vivendo sempre dopado por remédios diários.

A vida é dual, sempre foi. Para que exista a morte, é porque em algum momento existiu vida, se não a morte do que não teria sido gerada como também não poderia ser explicada.

Receba meu abraço fraterno, amigo, Carlos Lopes, de uma pessoa que conheceu seu pai pelas suas descrições e pelo prazer que tive de apresentar sua magnífica obra “A saga de um Pedro – amor e luta traçando destinos”.

Despeço-me com carinho do companheiro que me resgatou do fundo do poço de meu próprio desconhecimento e me fez o que sou hoje: ainda nada!

Carlos Costa

O POETA




POETA GOSTA DE SOLIDÃO
E, QUANDO QUER  PRODUZIR UM POEMA
PODE SE SENTIR SÓ EM MEIO A UMA MULTIDÃO!

POETA GERALMENTE É UMA PESSOA TRISTE;
MAS RESISTE À SOLIDÃO,
MESMO TRISTE EM MEIO A UMA MULTIDÃO!

POETA VIVE A VIDA INTENSAMENTE
E MESMO QUANDO ESTÁ TRISTE,
PERMANECE INTRIGANTE!

ESSE É O POETA!

quarta-feira, 12 de março de 2014

AS NOVAS QUESTÕES SOCIAIS DO BRASIL


Historicamente estruturado em cima de uma matriz transformadora da sociedade, talvez por falta de outra opção na época de sua origem, o Serviço Social não é transformador; no máximo, poderia ser e se apresentar como um agente de transformação social dos agentes sociais, dos seres humanos como um todo, ou apenas como uma porta por onde pode entrar a ideia coletiva de transformação, desde que as pessoas ou a sociedade aceitem essa mudança, como o resultado de uma implosão interior, de dentro para fora. Mas o Estado também precisa fazer sua parte!

Diante do dinâmico mundo tecnológico de hoje, novas demandas sociais, ainda imperceptíveis, começam a surgir, que não só a luta capital x trabalho, questões sociais. Mas, sobretudo, questões capital x trabalho x tecnologia x desenvolvimento x sociedade moderna e dinâmica x tecnologia + internet.

Na faculdade, comecei a analisar todo o processo social também por uma linha darwiniana, mas os professores nem sempre aceitavam porque o curso tinha que se voltar à transformação social, e K. Marx sempre tinha que se fazer presente, em qualquer trabalho escrito ou defesa oral., Discordava porque Marx não consegue explicar tudo, principalmente na atualidade dos fenômenos sociais.

Pela teoria evolucionista de Charles Darwin, conseguia explicar fenômenos sociais do contraste entre miséria x riqueza, pelo aspecto natural porque para que exista uma coisa sempre há necessidade de uma origem anterior e o seu contrário tem que existir, a outra também tem que existir. Mas fui tolido nas minhas posições por alguns professores marxistas que me contestavam e hoje não me acho mais em condições de desenvolver a ideia, por questões de saúde frágil, mas até minha questão de saúde também encontro resposta no darwinismo: para que exista uma doença é preciso que exista a saúde ou vice-versa.

Uma coisa não pode existir sem o seu contrário equivalente!

Não desejo dizer que o Serviço Social não deva continuar cumprindo sua missão transformadora: deve sim, mas só conseguirá transformar alguém que realmente deseje mudar de vida, de opinião, de caráter. Sempre disse que toda transformação deve vir como um parto: de dentro para fora e não de fora para dentro como sempre desejou que fosse a profissão de assistente social.

Hoje, assisti a divulgação do resultado de um ano da decisão da internação compulsória dos drogaditos em São Paulo. O que vi, pelos resultados, reforçou mais ainda a opinião que formei, de que o Estado Social também precisa fazer sua parte para ajudar no processo de transformação de todos os seres humanos, oferecendo políticas públicas em todas as áreas sociais e a possibilidade de tratamento dos doentes que mendigam nas ruas para poder comprar e consumir uma pedra de crack, por exemplo, fazendo e cumprindo tudo o que determina o artigo 5o dos Direitos Sociais garantidos constitucionalmente pela luta dos movimentos sociais organizados.

Mas nem isso é cumprido!

Para piorar um pouco mais, agora os movimentos sociais – com algumas exceções – se transformaram em movimentos de destruição e baderna, destruindo tudo o que encontram pela frente.  Toda a estrutura moral, social e política da sociedade informatizada precisa ser repensada, uma nova teoria social precisa ser criada para explicar os atuais fenômenos sociais – rolezinhos, manifestações violentas quebra quebra.

Também precisa ser explicada a razão de a sociedade ficar tão violenta!

Seria a falência do modelo do Estado Social? Talvez! Mas que precisa de um profundo estudo social, ah, isso precisa sim! Mas não desejo realizar essa pesquisa porque minha saúde frágil não me permite mais.

segunda-feira, 10 de março de 2014

A FAMÍLIA CHENG E AS COXINHAS DE GALINHA!


 (uma visita às lembranças de um passado)


Depois de adquirir uma coxinha de galinha na Padaria Conde, na Avenida Joaquim Nabuco e saboreá-la com minha esposa dentro do carro estacionado, me vi caminhando apressado pela Rua 24 de Maio, no centro de Manaus, para adquirir uma coxinha de galinha produzida pela família Cheng – pai, mãe, filho e filha -  desde as primeiras horas da manhã. Logo cedo, se comprava ainda quente, saindo do forno como se diz: depois, continuavam mornas porque ficavam em um recipiente aquecido por lâmpadas. Era tudo feito de macaxeira ralada manualmente!


Também na Rua 24 de Maio, funcionavam lado a lado, o Curso Pré-Vestibular Objetivo e a sede da Procuradoria Geral de Justiça (Ministério Público) Lotava de alunos, quando a Universidade do Amazonas divulgava o resultado do vestibular. O Curso Objetivo, um dos primeiros a existir em Manaus, promovia a festa dos aprovados e raspava a cabeça dos alunos que desejassem. Era um grande farra que eu, mais tarde, como jornalista, passei a escrever matérias. Até banda de música era contratada para alegrar a festa dos aprovados. Muita bebida era distribuída para quem desejasse. Era um acontecimento na cidade e o Objetivo pregava a relação dos aprovados na parede e fazia propaganda nos jornais dizendo que era o que mais aprovava!


Ah, que saudades sinto do procurador, Luis Verçosa, o ¨Lulu¨ para os mais íntimos como eu, de seu irmão, o desembargador Mário Verçosa, que foi presidente do TJ-Am. Ambos simples, sinceros e amigos. Recebiam-me a qualquer hora e prestavam as informações que buscava para JORNAL A NOTÍCIA, onde comecei a carreira de jornalista, aos 19 anos. Certa vez, cheguei a ser convidado para visitar a casa do desembargador Mário Verçosa, na Rua 24 de Maio, próximo a Avenida Getúlio Vargas, antiga, simples, com tinha uma biblioteca grande, cheia de livros diversos - os de direito eram a maioria. Fiquei encantado. Hoje a casa virou um hotel. Voltemos à crônica, antes que eu divague demais e canse os leitores com inúteis memórias de uma época que nunca mais será como fora no passado!


Junto com as coxinhas, um risoles, no Lanche Ziza's, localizado no térreo do Edifício Cidade de Manaus, adquiria milk sheik e os levava para os advogados Carlos Abner de Oliveira Rodrigues, com maior tempo de graduação,Guilherme Mendonça Granja, menos experiente, mas profissional dedicado, que mantinham escritório no segundo andar do Edifício e, algumas vezes, também os recém-formados João de Deus Gomes dos Anjos e Luiz Humberto Monteiro, quando chegavam de demoradas e exaustivas audiências no Fórum de Manaus. Eles estavam fazendo prática forense de dois anos para receberem a carteira da OAB. O Ziza´s também era o ponto de encontro dos alunos do pré-vestibular Objetivo, - mais tarde  foi o embrião da Faculdade Uninorte - junto com a cantina da família Cheng.


Luiz Humberto, entrou para a carreira policial e foi nomeado delegado. João de Deus continua na militância forense. Ainda temos contato de vez em quando, mas mudou muito. Eu era  office boy, (menino de escritório) dos advogados. Ninguém ouve mais falar em office boy porque a nova nomenclatura do Ministério do Trabalho, a fez desaparecer, como a muitas outras profissões dignas e honestas que existiam e empregavam os jovens que buscavam uma primeira atividade. Mas voltemos de novo à família Cheng! 


No final da década de 70/80, Manaus estava no auge do desenvolvimento comercial da Zona Franca, principalmente o comércio que vivia a forte febre de uma novidade que impressionava: os pesados, grandes e caros vídeos cassetes. Nesse período, as Ruas Marechal Deodoro, Theodureto Souto, Guilherme Moreira e Dr. Moreira, que formavam o quadrilátero comercial dessa época, se adquiria coxinhas de galinha de macaxeira em muitos comércios da Rua Marechal Deodoro, onde eu vendia jornais. Com a aquisição de três vídeos, que se podia tentar levar escondido da Receita Federal, uma se despachando como bagagem de mão e duas como contrabando mesmo! Chegando ao destino, se vendia por bom preço e, com isso, se podia cobrir despesas de passagens aéreas, hotel e ainda sobrava dinheiro para quem conseguisse passar. 


Mas se a pessoa não conseguisse sair do aeroporto de Manaus, era cana na certa. Muitos contrabandistas compravam cotas de bagagem, pagavam pequeno valor para quem se dispusesse a correr o risco de levar a encomenda, como chamavam os vídeos cassetes contrabandeados que revendiam e ainda pediam que em caso de interrogatório pelos fiscais, não revelasse o nome de ninguém porque a mercadoria seria retirada na chagada no aeroporto de destino por uma pessoa que davam o nome antecipadamente. O maior valor ficava com os contrabandistas.


Na Rua Marechal Deodoro também se poderia adquirir coxinhas de galinha. Se eram ou não fornecidas pela família Cheng não sei dizer, mas que eram iguais, ah, isso eram: tinha dentro carne e o próprio osso de galinha, acompanhado de macaxeira e de uma azeitona verde, marca registrada de todas as que adquirira para os advogados.

Dizem – mas também não sei garantir – que a família Chang acordava todos os dias de madrugada, ralava a macaxeira dentro de uma bacia e depois e  enrolava tudo e as vendia a partir das primeiras horas da manhã. Com isso, teriam colocado seus dois filhos na faculdade e custeado em todas suas despesas para cursarem nível superior, o filho médico ortopedista e a filha medicina, mas não sei em qual especialidade!


O exemplo da família Chang, com seu casal de filhos, ora ajudando-os no balcão fazendo vendas, ora ralando macaxeira para produzir coxinhas, risoles e outros produtos que fazia honestamente, mantinha um comércio na Rua 24 de Maio, em um grande terreno ao lado do Edifício Cidade de Manaus. No terreno desnivelado, a casa da família ficava nos fundos e era ligada ao comércio, por uma longa escada lateral. Dentre os fregueses cativos, lá estava eu para adquirir coxinhas e risoles para os advogados. 


Despertei e percebi que a coxinha de galinha que havia adquirido na Conde era crocante, com recheio cremoso, mas não chegava nem aos pés das que a família Chang produzia com muita dedicação e cuidado higienico, em uma época que não se falava muito sobre o assunto. Mas as que comia eram de  trigo e àquelas eram de macaxeira. Mesmo sem saber, talvez a família Chang, tenha sido a introdutora de todas as outras coxinhas vendidas hoje em muitos locais e que as pessoas as saboreiam como se fossem originais: as originais, eram as que a família Chang vendia. 


Pelo menos eram mais gostosas e saborosas porque eram feitas com macaxeira e não com trigo!

sábado, 8 de março de 2014

MINHA MULHER É ASSIM...


Para Yara Queiroz, minha esposa

Comentários no link do blog: http://carloscostajornalismo.blogspot.com.br/2014/03/minha-mulher-e-assim.html

MINHA MULHER É ASSIM…
Para Yara Queiroz, minha esposa

Minha mulher assim: igual a todas as outras;
Mas diferente porque é minha mulher!
Eu amo com seu sorriso largo, a raiva explosiva, mas
colocando o amor sempre em primeiro lugar...
Minha mulher é assim: 
mãe, anjo que me socorre, guia de meus olhos, protetora em minhas muitas besteiras
 - igual a todas as outras que amam e são amadas;
Mas diferente de todas porque é minha mulher....
Defeitos viram virtudes
e se transformam em qualidades...
Minha mulher é assim: sensível que
chora com cena triste de novela,
ou quando relembra de seus pais falecidos,
(e diz que em minhas veias não corre sangue)
Mas tem um sorriso alegre que se expande 
Pelos corredores do ICHL 
e mais forte na Faculdade de Direito, onde se formou!
Minha mulher é assim:  
Notívaga, mereceu poema de Pojucan Bacellar 
 “MEU NOME É FIM DE SEMANA”!
Mas eu a amo em suas qualidades e defeitos, 
Afinal, ela é minha mulher!
E quem ama a mulher não consegue encontrar defeitos;
Todos se transformam em virtudes, 
qualidades e se fundem em um só: AMOR
Minha a mulher é assim:
- igual a todas as outras, mas diferente porque é só minha!

quinta-feira, 6 de março de 2014

"NOSSO POSTE DE LUZ"

Eis a primeira crônica que escrevo depois da pressão na cabeça muito forte que senti na segunda-feira. É um fato real que ocorreu e sempre rio pelo canto de minha boca ao relembrá-lo.


Para Jorge Lopes da Silva, meu amigo!

Ele chegou como quem chega do nada. Nada falou, nada perguntou, mas passou a se escorar em um canto, ocupando o poste de luz da antiga Companhia de Eletricidade de Manaus – CEM que, nos anos 70, era de “propriedade” de todos os adolescentes que corriam serelepes, sob a proteção da luz da lua e das estrelas que ainda se podiam avistar no céu, em brincadeiras de manja, barra-bandeira, trinta e um alerta e outras inventavam na hora, sem maldade. Tudo era muito inocente entre os adolescentes naquela época e eu sinto saudades da inocência infanto-juvenil da juventude!

Como testemunhas, a luz, as estrelas e a escuridão da noite de uma lâmpada pública pendurada no alto do poste, mas que pouco adiantava porque clareava pouco. Essa era a principal razão de o rapaz procurar ficar sempre naquele local meio escuro, protegido pelo manto sagrado da escuridão. Jorge Lopes da Silva, que se tivesse nascido em outra época poderia ser hoje o orgulho futebolístico do bairro da Betânia, por ter sido na infância e adolescência, um boleiro fantástico durante o dia, mas se transformava em uma espécie de organizador das brincadeiras noturnas também, sob a luz pálida da rua ou sobre a lua preguiçosa que teimava em embalar os sonhos infantis dos que sonhavam, como eu.  O Jorge não sonhou, não lutou, pouco estudou, casou cedo, constituiu família e hoje é um agente de portaria em uma fábrica do Distrito Industrial; mas é meu amigo.

O  rapaz elegante, bem vestido, cheirando a perfume de lavanda barata, com roupa de seda,  estava lá, grudado em “nosso” poste! Como tirá-lo de lá? Todos querendo brincar sob o manto sagrado da noite e o rapaz elegante lá, fumando um cigarro atrás do outro, esperando a namorada chegar. E como ela demorava.  Devia residir longe, coitada, porque ninguém da rua a conhecia! E olhem que conhecíamos muita gente na avenida Adalberto Valle, onde a maioria morava ou moravam por perto.

- Vamos espantá-lo, sugeriu um.

- Vamos passar tinha vermelha no poste! – sugeriu outro.

- Não. Vamos fazer melhor do que isso – disse o Jorge Lopes, se dirigindo com passos curtos e apressados até seu quintal, onde pegou uma vara comprida, amarrara na ponta um pano o embebedara de fezes de seu sanitário cavado no quintal, como eram os de quase todos, empurrara a vara até ao fundo de seu sanitário e voltara com um sorriso malicioso.

- O que você pretende fazer com isso, Jorge?  Perguntei quando o vi chegando com a vara na mão, com um chumaço em uma ponta. Mas eu não sabia que tinha vezes!

- Calma você já vai ver!

O Jorge era um rapaz forte, entroncado e, valendo-se de seu porte físico contra um franzino, esguio, tipo “engomadinho”, começou uma discussão com o rapaz que continuava escorado em “nosso” poste da CEM.

- Vem, vem, dizia o Jorge e empurrando e puxando a vara no rumo do rapaz desconhecido, com roupa de seda branca, sapato branco e preto, com salto elevado, tipo cavalo de aço, que era moda na década de 70, calça boca de sino, relógio no pulso e cordão no pescoço. Ele não se mexia!

- Sai daqui, moleque, não quero brigar com você, só estou aqui esperando minha namorada chegar! – respondeu o desafiado.

- Vem, vem me enfrentar se você é homem! – continuou o Jorge e empurrando a vara na mão, sempre empurrando-a e a puxando rumo ao rapaz que não se mexia do lugar, calmo como uma pedra!


O desconhecido fez um movimento de que iria aceitar a provocação e o Jorge Lopes empurrou a vara com o pano na ponta. O desconhecido a segurou e o Jorge puxou de volta, deixando, o chumaço embebedado na mão do rapaz. Ele fiara todo lambuzado de fezes e todos correram rindo do resultado alcançado! Mas, nunca mais, o desconhecido voltou a ocupar “nosso poste de luz”. E todas as brincadeiras recomeçaram!