domingo, 31 de março de 2013

PEDI PATENTE DE MINHA VIDA JUNTO AO INPI!



(VIVEREI MUITO, AINDA!)

Viverei muito ainda, porque entrei com pedido de patente de minha vida junto ao INPI e ganharei mais uns oito ou dez anos.  Esse é o tempo que o Instituto Nacional de Propriedade Industrial – INPI -  leva para tomar uma decisão! Dos poucos técnicos no Instituto, uns dormem no Edifício “Noite” e outros estão anestesiados no Edifício “White Martins”, a maior produtora de gases industriais e medicinais da América do Sul, no RJ. Isso me dá a certeza de que viverei além do que deveria.  Vão demorar muito para analisar meu pedido! Os técnicos do INPI, com a burocracia preventiva que adotam, vão querer que eu prove o direito sobre a criação de Deus. Mas isso será fácil provar porque DEUS ME MANTÉM VIVO! Prova maior do que essa os técnicos não exigirão de mim!



Isso é apenas uma ironia, mas o assunto é sério, grave e merece uma solução rápida porque a demora em receber patente de uma propriedade, idéia ou invenção, no Brasil, está permitindo que  outros países com decisões menos burocráticos e mais eficientes, para emitir parentes, registram em primeira mão,  as descobertas de cientistas brasileiros, causando danos irreparáveis ao país, tanto no aspecto ético, moral e financeiro. A patente é o que dá direito exclusivo sobre o que foi criado, se constituindo em uma espécie de contrato entre o Estado e o requerente, que passa a obter direitos exclusivos para produzir e comercializar sua invenção. Foi o que fiz! Pedi patente de minha vida!  Deus criou minha vida, mas eu decidi patenteá-la, mas não sei se o meu pedido será aceito tamanha a burocracia no IMPI e a falta de técnicos para analisar os processos!

O Brasil demora demais a tomar decisão de Registro de Patente e o cupuaçu, um dos principais produtos da Floresta Amazônica, foi patenteado como propriedade americana e japonesa ao mesmo tempo e passou a ser utilizado na produção de cosméticos e doces; a auasca, um cipó de propriedade alucinógena usado em rituais da seita do Santo Daime passou a ser propriedade de outros países a “espinheira santa”, virou medicamento para gastrite no Japão; o óleo de andiroba e copaíba que foram patenteados na Europa. Sem falar que no século IVX, sementes de seringueiras foram levadas para a Inglaterra, o que causou a derrocada da economia produzida com a exportação da borracha.

Trinta países da Amazônia decidiram se reunir para discutir a biopirataria de produtos da floresta, mas antes pesquisadores estrangeiros entraram na mata e retiraram bichos e plantas que poderiam servir para fazer remédios. Laboratórios internacionais acabaram fazendo registro de patente antes de o IMPI tomar uma decisão, aceitando, negando ou pedindo mais documentos burocráticos para patentear as descobertas de pesquisadores brasileiros e, hoje, 97% das patentes solicitadas no Brasil são estrangeiras, embora o produto tenha a origem primária na Floresta Amazônica! Até uma ONG ajuda na exportação de doces feitos com frutos regionais da Amazônia e há tempos faz contado com indústrias na Alemanha, fechando muitos negócios

Como os pesquisadores brasileiros esperaram demais por uma análise de pedido de patente, como a um trem que não toca os trilhos, apenas levita, não polui e é movido a nitrogênio - uma das geniais idéias desenvolvidas no Brasil que já teve negado seu primeiro pedido de patente, mas o pesquisador entrou com novo pedido de registro e aguarda para poder comercializar seu produto, eu também decidir entrar com pedido de patente de minha vida, para que eu possa ter autonomia total para decidir o que posso ou não tomar, se me devo auto aplicar célula tronco, ou não, enfim!

Enquanto a burocracia do INPI emperra o desenvolvimento científico do Brasil, hospitais ficam sem novos medicamentos, pesquisadores, sem patentes do que descobrem e outros países, menos burocráticos e mais eficientes, se apropriam do que deveria ser exclusiva do Brasil! Isso também é um grave problema social!

Por isso tudo e certo da demora, decidi entrar com pedido de patente a minha vida! Espero que demorem muito a decidir, mais do que uns 20 anos, quem sabe?!

sábado, 30 de março de 2013

DEIXEM O MARCO FELICIANO TRABALHAR!




Defendo e apoio todos os movimentos reivindicatórios legítimos, menos o que está sendo feito contra o pastor Marco Feliciano porque os membros que protestam contra o deputado federal não o deixam trabalhar para depois cobrá-lo, tirá-lo do cargo caso ele  cometida alguma arbitrariedade ou usurpado em sua função de presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias. O que está acontecendo com o deputado Marco Feliciano é mais radicalismo do que o radicalismo que os senhores líderes de minorias atribuem ao pastor, acusando-o de racismo e homofobia! Ele pode ter defeitos, mas deixem-no trabalhar para depois avaliar seu comportamento! Antes, não! Depois, sim, caso ele cometa algum tipo de ato contrário às minorias!

O deputado pastor Marco Feliciano, foi eleito presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, mas que foi indicado pelo PSC, partido pelo qual foi eleito por SP, não está conseguindo trabalhar em face de os “movimentos sociais” o estarem impedindo porque sempre que o parlamentar tenta realizar reunião de trabalho para discutir qualquer assunto, os “movimentos” invadem o auditório, protestam e exageram com ofensas pessoais. Mais quem estará por trás desses movimentos? O deputado não cede. Os “movimentos sociais” das minorias também não, mas extrapolam em acusações - algumas corretas; outras, nem tanto. Marco Feliciano já disse que acredita em diálogo, mas é o diálogo que os líderes dos “movimentos sociais” não querem!

O parlamentar é vaidoso, faz chapinha nos cabelos para mantê-los lisos como tem declarado em entrevistas mais recentes, e só por isso dizem que ele é contra as minorias? (Os cabelos do deputado Marco Feliciano eram encaracolados, como todos os brasileiros que descendem de negros ou misturas de raças). Há movimentos e “movimentos” e o que está ocorrendo contra o parlamentar é um verdadeiro linchamento. De um lado, o movimento gay - que eu sempre defendi em minhas crônicas- acusando-o de ter feito declarações contrárias a eles; do outro, o deputado nega e diz que apenas fez uma citação bíblica e teria sido mal interpretado. Mas deixem o parlamentar ao menos dizer para o que foi eleito e, depois, cobrem-no pelo que ele fará no exercício da função. Antes, é prematuro qualquer julgamento antecipado!

De desconhecido parlamentar eleito à Câmara Federal, Marco Feliciano, pastor da Assembléia de Deus, indicado pelo Partido Social Cristão, passou do céu para o inferno quando foi eleito para presidir a Comissão de Direitos Humanos e Minorias. O desconhecido deputado federal Marco Antônio Feliciano, ganhou as manchetes e, em sua biografia, se apresenta como conferencista, empresário e pastor evangélico,  eleito pelo Estado de São Paulo.  O deputado Jean Wyllys (PSOL – RJ), um dos idealizadores da Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos Humanos, a permanência do pastor à frente da Comissão, a quem acusa de homofobia e racismo no cargo, não o está deixando trabalhar porque as minorias, empenhando bandeiras coloridas, criam embaraços ao bom desenvolvimento da Comissão que é importantíssima aos trabalhos da Câmara Federal.

Sendo verdadeiras as denúncias do também Deputado Federal Jean Wyllys, o caminho mais correto, sensato e coerente, seria interpelá-lo no judiciário e não proibir, pela força de manifestações de protestos, que ele desenvolva seu trabalho na Comissão. Ah, isso, não! É cerceamento pleno de um direito. Cadê a democracia e a divergência de opiniões que deve prevalecer na Câmara Federal? Foi para o espaço?

sexta-feira, 29 de março de 2013

...QUANDO SEXTA-FEIRA ERA SANTA!




Quando a sexta-feira da paixão era santa e verdadeiramente se cumpria isso, a tradição milenar de não comer qualquer tipo de carne vermelha era respeitada. Também não se varria casa, as  músicas nas emissoras de rádio, só orquestradas e em volume baixo,  tocavam o dia inteiro. Naquele tempo não muito distante, Sexta-Feira Santa era realmente Santa! Tudo tinha que ser feito na Quinta-Feira da Paixão. Na Sexta-Feira, nada se podia fazer!

Mas, ir ao cinema, com toda a família – pai, mãe e filhos -, ver sempre reprises de filmes da “Paixão de Cristo” era um programa obrigatório. Embora sempre reprisados e em preto e branco, as pessoas se emocionavam, choravam e saiam tristes das salas de exibições, pelo sofrimento que Jesus sofrera para livrar os pecados de todos nós.  Muitas ainda com os olhos vermelhos, seguiam para o Arraial da Malhação de Judas. Verdadeiras representações de roças eram reproduzidas nas ruas sem asfalto das cidades e bonecos simbolizando o traidor de Jesus eram explodidos sob os aplausos!

Essas são lembranças esquecidas pelo tempo que nunca mais voltarão ao imaginário das pessoas de hoje, da era da tecnologia, dos sons estridentes, festivais de rock, como o Lollapalooza, por exemplo, bebedeiras e outras faltas de respeito mais. Os festivais de Rock quase sempre são promovidos nessas datas consideradas santas!

Nesse dia, as famílias jejuavam se ajoelhavam, se confessavam e pediam perdão de seus pecados aos padres, que representavam   Deus na terra! Mas, hoje, o confessionário parece que foi abolido das igrejas, pois não o vejo mais. Eles se localizavam nas áreas laterais das Igrejas e eram em forma de uma casinha. Os padres entravam se sentavam em um banco que existia para ouvir os pecados dos fiéis e aplicar-lhes as penitências. Estes à frente, se benziam depois, se ajoelhavam, e diziam: “eu vim aqui porque peguei” e contavam todos seus pecados, alguns nem tão graves assim!

Mas parece que com o desuso da prática de confessar a um padre seus pecados, não muito antiga, as igrejas aboliram totalmente os confessionários ou simplesmente as pessoas deixaram de acreditar que o padre é o representante de Deus na terra. Depois de participar da missa de Páscoa, se confessar e se comungar, a pessoa pecadora recebia a penitência, cumpria e depois deixava a Igreja aliviada, leve, sentindo-se purificada e com sua alma limpa! Também, com tantos escândalos sexuais envolvendo padres, bispos e outras pessoas das igrejas, antes tidas como pessoas “santas” não me admira que estes tenham sido abolidos. Para quê mantê-los, se não servem mais para nada?!!!!

Talvez temam que a confissão de seus pecados se torne pública, como ocorreu na engraçadíssima novela de Dias Gomes, quando o  folclórico prefeito e maníaco por um cadáver Odorico Paraguaçu mandou seu fiel escudeiro “Dirceu Borboleta” instalar microfone dentro da confessionário só para tentar ouvir as confissões das pessoas da cidade em tempo real e descobrir quem teria roubado um cadáver que inauguraria o seu cemitério, plataforma de campanha. Mas, sem sucesso, contudo!

Como o avanço da modernidade tudo acaba e faz acabar, infelizmente a prática da confissão dos pecados ao padre foi engolida pela tecnologia do mundo digital, quando até missa já é transmitida pela televisão!

É uma pena! 

quinta-feira, 28 de março de 2013

EXPERIÊNCIA PÓS MORTE: EU TAMBÉM VIVI A MINHA !


                        (DEUS ME MANTÉM VIVO II)

Depois que o programa Fantástico exibiu o caso do médico neurocirurgião americano Alexander Eben, (que em 10 de novembro de 2006 foi levado às pressas para o hospital e seus colegas disseram à família que ele teria poucas chances de se recuperar entrando em coma em seguida), criei coragem para revelar minha experiência pós-morte, também. O professor da Escola de Medicina de Havard, que estudou o cérebro durante 25 anos e tinha explicação neurológica para tudo e, sempre, justificando que a morte significava o fim da vida, se convenceu que a morte é, na verdade, apenas o começo e passou a acreditar em vida após a morte, porque teve visões de um paraíso e voltou convencido de que existe vida do outro lado, depois da vida, eu também estou convencido da mesma existência de vida após a morte.

Com a coragem que Deus me deu e Alexander Eben confirmou, narrarei a seguir, o que nunca publiquei antes, em nenhum local, em detalhes, explicando a razão de eu ter escrito e pedido a publicação de minha crônica DEUS ME MANTÉM VIVO, porque temia que ninguém acreditasse em minhas palavras.

Fui internado de emergência com diagnóstico de “líquido em minha cabeça”, em maio de 2006 e fui submetido às pressas a duas cirurgias seguidas -  uma para remover o líquido – que era um empiema cerebral -  e, a segunda, para fazer correções de líquido que continuava sentindo dentro de minha cabeça, como fosse a água de um mar batendo nas pedras, sempre que virava para qualquer lado. Troquei de médico. Uma nova equipe médica, comandada pelo neurocirurgião Dr. Dante Luis Garcia Rivera,   decidiu me internar para uma nova cirurgia de emergência, no dia 4/10/2006, desta vez acompanhado pelos neurocirurgiões  Drs. Michael e Carreira.  Eu já se estava infectado por duas bactérias hospitalares e, em vez de líquido branco, incolor e sem cheiro, como na primeira vez, o que saiu foi um líquido purulento, mal cheiroso,  gerando um diagnóstico equivocado de câncer em metástase. Minha esposa, ao receber o resultado do exame realizado em Botucatu-SP, tido como laboratório referência mundial em diagnóstico de casos de câncer comandado pelo Dr. Carlos Backer. A nova equipe médica que tentou sem sucesso remover as bactérias sem sucesso durante sete horas, porque elas haviam construído uma espécie de casulo ocupando parte de meu cérebro, e sangrava muito e desistiram. Entrei em coma profundo por sete dias, depois dessa cirurgia, perdi a memória, a voz e nada conseguia falar ou reconhecer qualquer pessoa. Só que durante todo esse tempo, com tubos ocupando os espaços apertados de minha garganta, lutando pela vida, ouvia vozes, barulhos, na verdade eu era apenas um ator do núcleo de novelas da Rede Globo, contratado para representar, com realidade, uma das vítimas do acidente do avião 727-800 SFP, que a Gol Transportes Aéreos, com destino a Manaus, colidiu com o avião Legassy 600 PR-GTD, ocorrido em 29 de setembro de 2006. Depois de sete dias, despertei e vi um aparelho de TV  ligado 24 horas na UTI, que ainda repercutia notícias sobre o acidente, mas sem qualquer outro tipo de referência que me orientasse e passei a ver e ler nas paredes brancas da UTI, para qualquer lado que olhasse as letras “SJS” que as interpretei como sendo o significado da palavra “Só Jesus Salva”.  Minha esposa Yara, nada conseguia ver ou ler. Eu estava ocupando uma das UTIs do Hospital Santa Júlia, em Manaus, um dos melhores. Depois de sair do coma, ainda permaneci por uns 30 dias como um zumbi sem memória, não reconhecendo ninguém que me visitasse, só olhando fixo para um teto branco e com dificuldades na fala, gaguejando muito. Perguntei à minha esposa: “que dia é hoje”? Depois, lhe questionei: “quantos dias fiquei em coma?”.  Não acreditando que haviam se passado sete dias, perguntei novamente “que dia é hoje” com muita dificuldade e dores na garganta porque permaneci com tubos e sendo alimentado por sondas e fiquei convencido do que me relataram.

Como “ator de novelas da Globo”, me via e me sentia sendo transportado de um lugar para o outro, depois, de avião até o local do acidente no Estado do Pará, já todo maquiado e pronto para representar o papel de um dos acidentados que teriam supostamente sobrevivido ao acidente. Mas como? Não houve qualquer sobrevivente!  Também ouvia barulho de macas de outros atores que teriam sido contratados como eu, se movendo de um local para o outro pelos apertados corredores de onde nos encontrávamos  no set de filmagens. Isso tudo teria sido um delírio, sonho, pesadelo ou apenas uma indireta associação ao meu desejo de ter sido ator de teatro na adolescência, interrompido em meu primeiro trabalho no ensaio do texto do dramaturgo Ariano Suassuna, - “ O Alto da Compadecida”?

 Na peça, eu interpretaria o personagem “João Grilo”, como integrante da “trupe” de teatro de Álvaro Braga, juntamente com os atores Washington Alves, Carlos Garcia, Carlos Aguiar, Ednelza Saado, Mário Jorge Corrêa, comandados pelo dramaturgo amazonense Álvaro Braga. Muitos outros atores que dividiriam o palco comigo, também se dividiam entre o trabalho para ganhar dinheiro e o sonho de serem atores amadores. Alguns conseguiram e prosseguiram na carreira; outros, como eu, ficaram no sonho, apenas. Talvez tenha sido até melhor porque me tornei um cronista, depois de tentar ser poeta, impedido que fui pela ditadura do  Governo Militar que deu o golpe no Brasil e implantou no país a partir de  1964, que censurava quase todas minhas poesias do livro de estréia (DES)Construção, em 1978, com 18 anos apenas.  

Em 2008, quando novamente me internei e fui submetido a décima primeira intervenção cirúrgica, desde 2006, me senti nervoso, agitado, preocupado e comecei a me despedir dos amigos, porque pensei que fosse morrer na sala de cirurgia que ocorreria no dia seguinte. Pedi ao meu cunhado, pastor evangélico R. Rafael de Queiroz Neto, que fosse ao hospital para rezar  em minha cabeça. Ele rezou e eu tive uma noite tranquila e até sonhei, mas não lembro mais sobre qual o motivo de meu sonho, sei que era tranquilo, bom, como se Deus estivesse segurando em minha mão. No dia seguinte, ainda nervoso e agitado, fui levado à sala cirúrgica por volta das 19 horas e, enquanto ouvia vozes do médico e do anestesista conversando, fui anestesiado. Horas depois, ouvi barulho de maca nos corredores e vozes de novo. Em seguida, passei a ver uma luz branca muito forte em meu rosto. A forte luz estava me seguindo e me cegando não sendo possível ver os rostos das pessoas vestidas de branco como se fossem médicos – ou anjos de luz, quem sabe? – Conversavam entre eles enquanto me aplicavam  choques no coração, com desfibrilador e a cada choque eu pulava na maca, mas a luz branca seguia meu olhar para qualquer lado que tentasse virar. Depois, durante minha recuperação na UTI perguntei aos médicos sobre minha visão e se eu tinha recebido choques. Todos negaram. Em uma visita diária de meu médico neurologista, Dr. Dante Luis Garcia Rivera, perguntei novamente e me respondeu que tinha sido a melhor cirurgia que ele já tinha feito em meu cérebro e atribuiu ao nervosismo que senti ao entrar na sala cirúrgica, minha visão. É eu estava muito nervoso mesmo!  

Durante a visita que recebi de meu cunhado, o pastor protestante ao hospital, os dois se encontraram.  Quando apresentei meu cunhado Rafael de Queiroz Neto ao Dr. Dante os dois  conversaram longamente. O Dr. Dante contou casos pessoais seus sobre o que havia lhe contado e outros casos neurológicos de pessoas que, como eu, também permaneciam em coma por dias e tiveram visões de luzes brancas e pessoas de branco os socorrendo-as, como eu também tive. Eu ouvia tudo e, depois da conversa do médico e meu cunhado, usei meu “vermelinho” da marca Toshiba e, dentro do hospital, escrevi a crônica “DEUS ME MANTÉM VIVO”, publicada primeiramente no Blog da Floresta, criado e dirigido pelo companheiro jornalista já falecido recentemente, Orlando Farias,  e depois republicada e lida em muitos outros blogs pelo Brasil.

É...Dr. Alexander, eu também passei a acreditar em vida plena após a morte,  porque tive a mesma prazerosa e agradável sensação de que DEUS ME MANTÉM VIVO!

terça-feira, 26 de março de 2013

EU, A CHUVA E O FRIO





Cobria-me dos pés a cabeça e sentia frio dentro de minha rede preguiçosamente esticada em um corredor de nossa casa de madeira no bairro da Betânia, sempre que assistia a qualquer filme que exibisse cenas de chuva, relâmpago e vento. Também sentia minha vida tranquila e despreocupada de adolescente voltando a ser livre, leve e solta na comunidade de “Varre-Vento” e eu, correndo pelo mato, tomando banho de chuva, apanhando água em cuia, sentindo frio, me abrigando embaixo de folhas grandes de  bananeira quando a chuva era muito intensa.

Em meus delírios infantis de menino sonhador, imaginava que a chuva entraria em meu corpo, me banharia de alegria ou tristeza.  Achava que estava me protegendo de um futuro incerto, todo embrulhado, mesmo com imenso calor que sempre fazia em Manaus, em uma casa que nem ventilador tinha para mim porque minha família era pobre e não podia se dar a esses “luxos bobos”.

Acho que o meu frio era psicológico. Mas isso sempre acontecia comigo quando assistia aos filmes só passavam no horário da noite. Mas aproveitava para dormir também. Era gostoso dormir ouvindo o barulho da chuva batendo nas folhas comuns nos filmes ou no zinco de nossa casa quando chovia mesmo e eu fazia o mesmo!

Em filmes de Tarzan, correndo no meio da selva com a chuva caindo, gostava de assistir porque o barulho da água nas folhas me davam uma alegria muito grande e lembrava quando morei em casa coberta de palha e alumínio....era gostoso e prazeroso! Coberto como ficava nessas horas, imaginava, que a chuva não me alcançaria e não sentiria o frio que pensava sentir na hora em que tempo ruim estava se formando. Se estivesse dentro de um cinema, somente cruzava os braços para não sentir o frio e disfarçava o que realmente estava sentindo. Ninguém percebia, mesmo que me olhasse várias vezes com o rabo do olho. Sentia frio, fosse que filme fosse, bastava cair os primeiros pingos de chuva nas folhas das árvores ou na terra mesmo!

Como residi no interior do Amazonas por algum tempo, gostava de chuva – o que era comum. Depois do dilúvio de Deus em forma de  lágrimas tristes que encharcavam folhas, como se fosse um protesto do Criador contra a destruição de sua riqueza natural ou contra os homens que destroem o que é belo, sentia o frescor das folhas com o cheiro característico de terra molhada. Isso me bastava e causava em mim uma imensa alegria. Era agradável o barulho da chuva caindo sobre as palhas que cobriam nossa casa!

Corria pela mata molhada, mesmo descalço, banhava-me em biqueiras improvisadas ou abrigando-me embaixo de frondosas folhas de algumas árvores. Era gostoso demais! Minha mãe sempre brigava e gritava “menino, sai da chuva, você vai pegar gripe!”. Eu nem ligava! Minha alegria de menino era maior que o medo de ficar doente, gripado, com febre porque estava só cumprimentando com meu gesto inocente; uma coisa bela que Deus me enviava, em forma de chuva na floresta. Por isso, acho que também sentia frio quando assistia aos filmes em que tivessem chuva!

Mas não sei...

segunda-feira, 25 de março de 2013

PROBLEMAS SOCIAIS MOTIVAM A PERDA DO PODER FAMILIAR EM GASPA - SC




Problemas sociais – embriaguez, pobreza, depressão pós-parto, desemprego, consumir remédios controlados, receitados por médicos – são causas para a decretação da perda do Poder Familiar  pela juíza Ana Paula Amaro da Silveira, decidida “meritocraticamente” sem ouvir ninguém no município catarinense de Gaspar!  

Esses problemas sociais não são causas e  usados como desculpas para tirar crianças de suas famílias e entregá-las à adoção por estrangeiros, desrespeitando completamente o que diz o ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente, que apresenta a opção de primeiro se verificar se na “família extensiva” – tios, avós etc. -  existe alguém que possa adotar a criança destituída. Mas, ao contrário disso, os problemas estão sendo levados em consideração de forma arbitrária como uma punição aos pais,  retirando as crianças  de seus lares e as entregando para adoção no estrangeiro quando deveriam ser resolvidos de outra forma pelo Estado e enfrentados com altivez pela Justiça em favor das famílias pobres de Gaspar.  

Está de parabéns o jornalista da Rede Globo, José Raimundo, que decidiu denunciar os casos de adoção irregulares no Brasil, iniciando pelo Estado da Bahia e está prosseguindo as mesmas denúncias, agora nos Estados de Santa Catarina e Paraná. Com as denúncias e as reportagens investigativas feitas pelo jornalista José Raimundo, muitas adoções irregulares foram revertidas e os pais receberam suas crianças de volta, por ordem Judicial! Parabéns, colega! Por isso, me orgulho de ser jornalista!
  
As decisões judiciais declarando a perda do poder familiar em Gaspar são tomadas, na maioria, de forma isolada, monocrática pela juíza, sem considerar pareceres do Ministério Público e informações oriundas de um estudo social de caso por uma assistente social ou um parecer de psicólogo e outros profissionais que devem ser envolvidos e ouvidos nesse tipo de determinação judicial, que estraçalha a criança e à família.

São, no mínimo, suspeitas essas decisões, mas não estou dizendo que foi isso que se deu no município catarinense de 60 mil habitantes, mas que as coisas se deram de forma apressadas em nome das crianças e da agilidade processual, justificadas pela juíza Ana Paula Amaro da Silveira,  e desmentidas pela representante do Ministério Público Ellem Sanchez, do Centro de Apoio à Infância e Juventude, .de forma muito convincente.  Como assistente social, vejo com estranheza toda essa “agilidade processual”, porque segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente -  que  precisa ser revisto quanto às penas aplicadas aos infratores- diz que os parentes mais próximos ou a “família extensa”- tios, avós devem ter preferência para adotar as crianças.

A juíza ainda justifica suas decisões informando que a prioridade é da família extensiva, mas “desde que essa família extensa demonstre também que tenha atenção, carinho e cuidado com essa criança”.

Ah, está explicado, meritíssima!

Com isso, vossa excelência está querendo dizer que em sua comarca não exista qualquer pessoa  que preencha esses requisitos para adotar a criança e tem que ser adotada por estrangeiros?  Quem garantirá que famílias de outros países terão esses cuidados? Muito estranha a, embora eu a respeite porque decisão judicial não se discute, se cumpre excelência. No máximo, caberá recurso, mas acho que as pessoas do município de Gaspar não devem ter uma representação da OAB na cidade!

sábado, 23 de março de 2013

TENHO TODO O TEMPO DO MUNDO E NÃO VIVO!


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Agora, que tenho todo o tempo do mundo não tenho tempo para viver como gostaria.

Não consigo mais caminhar pelas ruas centrais de Manaus, de mãos dadas com minha esposa Yara porque, mesmo ainda só com 53 anos, perdi o equilíbrio e não conseguiria ficar disputado espaço com barracas de camelôs no meio da rua – autorizadas ou não, obrigando a me desviar de lixo ou  sentindo o cheiro podre de urina. Hoje, vivo apenas das lembranças de uma cidade que já fora  chamada de “sorriso”, pelos locutores da Rádio Difusora, principalmente pelo seu dono, Josué Cláudio de Souza Filho.

Também não consigo caminhar como gostaria porque as ruas e as calçadas são sempre irregulares, os carros estacionam nos locais demarcados para usuários de cadeiras de rodas, que sofrem muito para receberem esse sagrado direito de ser livres e não prisioneiros de suas lembranças de quando podiam caminhar livres leves e soltos. Embora saiba que alguns já nasceram assim, usando cadeiras de rodas, vítimas que foram do remédio talidomida, muito usado como prescrição “milagrosa” pelos médicos mais antigos, que prejudicando mães na gravidez ou de terem nascido com outras doenças, como a pólio, por exemplo, que também lhes tirou movimentos em passos calmos, lentos, quase preguiçosos pelas ruas, como eu também fazia, observando tudo.

Agora que tenho tempo de sobra pouco frequento as feiras do peixe ou da banana, na orla de minha antiga cidade sorriso,  que hoje se apresenta com dentes podres na boca alva e perfeita porque falta de estacionamentos privativos para cumprimento das Resoluções 303 e 304 do Conselho Nacional de Trânsito e também porque tenho pouca paciência para ficar procurando vagas em locais que deveriam existir por direito. Não, por favor! Recuso-me a esse constrangimento! Não desejo disputar espaços com taxistas, táxi cargas, táxis fretes, moto táxi porque deveriam existir, também vagas sinalizadas, demarcadas e exclusivas para cadeirantes, portadores de necessidades especiais, idosos etc.

Agora, que tenho todo o tempo do mundo, sinto-me prisioneiro  dentro de meu próprio apartamento e, da  varanda onde escrevo agora, olhando para uma grande piscina com águas azuis, flores amarelas, ouço canto de pássaros despejados pela força do “progresso” que só vê $ à sua frente e que nem olha para o futuro!

Agora, que tenho todo o tempo para fazer o que também gostava, fiquei proibido de dirigir pelos médicos que mantém minha vida. Hoje, Manaus, uma cidade com quase dois milhões de carros e me dá melancolia ao lembrar que se andava sossegado pelas ruas sem asfalto, saneamento, muitas sem luz, mas era feliz, com a Central de Polícia funcionando no centro da cidade em um casarão antigo e o “senhor Jóia”, que atendia aos repórteres com tanta educação!  Essa cidade antiga de minha lembrança dolorida quase não existe mais, como também não existiam tantos vendedores ambulantes com barracas padronizadas e com lonas vermelhas, ainda, sem ambulantes – eu fui um deles, mas ficava sossegadinho em meu canto e recolhia meu próprio lixo produzido.

Agora que tenho todo o tempo do mundo para tudo, consigo ver raras araras voando livres na natureza, periquitos voando soltos, poucos pássaros...Vivo em uma cidade desmatada, careca e quente. Não frequento livrarias; não tenho dinheiro para adquirir os objetos comercializado: livros, fonte de meu prazer desde os 14 anos de idade. Enfim, me transformei em prisioneiro das lembranças em uma cidade destroçada pelos concretos, prédios, ganância, com ruas invadidas por ambulantes que produzem mau cheiro de suor e urina e lixo e, pior, ainda vendem produtos contrabandeados  e sem nota fiscal e sem recolher impostos!
        

sexta-feira, 22 de março de 2013

A FALTA DE PROFESSORES SE DEVE A VÁRIOS FATORES!




(em homenagem ao professor Paulo Bandeira, assassinado na cidade se Satuba, em Alagoas, após ter denunciado desvio na merenda escola).

A falta de professores em sala de aula está associada a vários componentes e fatores e não é originária de uma só causa, mas a principal delas é o péssimo salário pago aos que se dedicam a ministrar conhecimentos aos alunos se obrigando a ter dois ou mais empregos para receberem um pouco mais! Mas não é a única e também nem a principal: a falta de estrutura educacional que priorize principalmente à base, hoje precária e quase ausente em quase todos os Estados, seguida de outros problemas conjunturais de caráter político, econômico, social, moral, ético e estrutural da sociedade como um todo.

Existem também outras causas para a falta de professores em sala de aula e que nada têm nada a ver com o péssimo salário pago aos mestres, embora esse seja um dos componentes principais. A falta de mestres qualificados também, se deve a precária estrutura dos ensinos de alfabetização, fundamental, médio e superior, aliado à quase total falta de compromisso dos educadores com suas atividades meritórias e não reconhecidas com a dignidade e o respeito que já mereceram no passado.  No Brasil de hoje, se primou mais pela quantidade de alunos em sala de aula do que pela qualidade no processo ensino-aprendizagem.

Nos anos 70/80 e até início de 90, a coisa mais importante era se apresentar como “mestre” porque se sabia uma pessoa séria, respeitada na comunidade e líder em sua atividade quase sacerdotal. Hoje, dá até vergonha se dizer que é um professor, que virou sinônimo de pessoa mal remunerada, despreparada, sem conhecimentos e que se dedica a uma atividade não respeitada pelos alunos. Com o crescimento do saber, cresceu também a busca de bons profissionais para a iniciativa privada, que paga melhores salários.

Mais do que um escândalo, a falta de professores em vários Estados é uma vergonha nacional e não tem nada a ver diretamente com o Ministério da Educação, porque até hoje não entrou em vigor a decisão constitucional de investir mais na Educação. Enquanto isso, as empresas privadas investem nos formandos em química, física, matemática e os alunos ficam prejudicados, sem aulas.

Também ser professor só para se dizer um professor, de nada adianta e pouco acrescenta à quem assim o faz.  Ser professor é assumir um compromisso quase sacerdotal como se fosse um padre mesmo, ou um pai mesmo desrespeitado por seus alunos-filhos,  repassando-lhes conhecimentos e servindo-lhes de exemplo, o que não é possível nos tempos atuais.

Longe disso, é uma vergonha nacional se dizer um professor nos dias atuais!

Os alunos, sempre mais analfabetos, se transformarão depois em universitários funcionais mais à frente, obrigando os professores verdadeiros, nas Faculdades, a ministrar aulas para conhecimentos que os novos calouros deveriam ter recebido na alfabetização!  Essa é uma realidade que pode mudar! Mas acho difícil por se tratar de uma questão estrutural também, além de política e técnica. Mas é possível...

quinta-feira, 21 de março de 2013

MOVIMENTOS SOCIAIS QUE EXTRAPOLAM!



                      (uma análise social dos fatos)
                               

Em todo e qualquer tipo de movimento social ou outro qual, mas que venha a ter a participação humana também existirá sempre os que reivindicam; os que protestam; os que exigem direitos e os que se aproveitarão nesses movimentos sociais legítimos para vandalizar, tumultuar e transformar em diversão e baderna, prejudicando à sociedade que paga impostos.  O que deveria ser um assunto sério, de alto nível e com pauta reivindicatória prévia, termina se transformando em uma espécie de vingança, rancor, raiva ou ódio! Isso tem ocorrido muito no Brasil ultimamente.

Como também deve estar ocorrendo em Brasília com os Governadores dos Estados que começam a discutir a reforma tributária, reduzindo e unificando a alíquota de IMCS sobre todos os produtos para apenas 4%, pondo fim a uma guerra fiscal que hoje existe entre os Estados, principalmente os interesses de São Paulo e do Amazonas, que há tempos travam uma guerra fiscal. Todos querem ter razão; outros contestam, mas, no fim, todos chegarão a um entendimento que una o Brasil em torno de um único ideal: o do desenvolvimento harmônico, sem sobressaltos, protestos e lutas que terminam por ser julgadas inconstitucionais pelo Supremo.

Também deve ter sido isso que ocorrera com os alunos que passam trotes ofensivos e racistas em calouros em várias universidades brasileiras. Acredito que em Mato Grosso, muitos baderneiros estão se aproveitado do momento de insegurança para queimar carros,  ônibus e prejudicar à segurança pública. Essa situação deve ter sido registrada em Santa Catarina e vários outros Estados. Isso sempre ocorre quando o MST ou outros movimentos sociais organizados decidem reivindicar alguma coisa: em todos esses movimentos, haverá sempre os mais exaltados. Isso é normal e natural. Mas os excessos, depredações de bens públicos, pichações exacerbadas, nunca serão aceitas ou toleradas pela Justiça.

Todos os legítimos movimentos sociais deveriam ser sérios, ordeiros, responsáveis, respeitosos e profissionais. Mas, infelizmente, nem todos agem assim, quer pelo calor do momento, ou das discussões, pelos desequilíbrios  nervosos de muitos ou pela parte contrariada em seus interesses ser radical demais e só entender se houver pressão excessiva e extrapolando o que seria natural. Isso também acontece, mas não deveria!

Depois da promulgação da Constituição dita cidadã, pelo saudoso deputado federal Ulisses Guimarães, movimentos sociais surgiram, a sociedade passou a ter que assumir de forma nem sempre organizada de vários conselhos, sendo um fiscal do povo. Mas não existe Constituição Cidadã se o povo não reivindica o que lhes falta, como por exemplo, a redução da pesada carga tributária.

O Governo Federal reduziu os impostos que lhes pertencem sobre os produtos da cesta básica, mas os governos estaduais ainda estão discutindo se reduzem ou não suas alíquotas de ICMS para um patamar menor, o que não prejudicaria ninguém, aumentaria o consumo e, por consequência, também a renda no final do mês no bolso do trabalhador e, melhor ainda, acabaria de uma vez por todas com a guerra fiscal e tributária entre todos os Estados.

Será que é muito difícil entender isso? Parece que está sendo! Mas eles se entenderão, pois estamos vivendo em pleno regime democrático e todas as opiniões, até mesmo as mais estapafúrdias terão e deverão ser respeitadas! Com relação aos trotes universitários em calouros, um bom exemplo vem de sete universidades do Rio Grande do Sul, que promoveram um dia de cidadania com os calouros, mostrando que é possível fazer um trote com respeito e não racista como ocorreu em outra universidade pública.



quarta-feira, 20 de março de 2013

FALECEU O CANTOR "VOZ DE VELUDO", EMÍLIO SANTIAGO!




Faleceu vítima de Acidente Vascular Cerebral - AVC, Emílio Vitalino Santiago ou simplesmente o cantor Emílio Santiago, também conhecido como o “cantor voz de veludo”. Confesso que não sei bem o que essa expressão “voz de veludo”queira significar, mas imagino como sendo uma voz suave e tranquila para interpretar qualquer tipo de música. Ah, se for isso, o cantor tinha mesmo! Se não for, me desculpem! Sua voz, era igual a um veludo: macio, delicado e belo!

De acordo com sua biografia (wikipédia) ele era formado em direito pela Faculdade Nacional de Direito, por insistência de seus pais, começou a cantar em festivais, sua maior paixão. Começou a participar de programas em televisão e sempre chagava a fase final. Apresentou-se como calouro no programa apresentado por Flávio Cavalcanti, aquele que pedia “nossos comerciais, por favor,” apontando um dedo para cima, na extinta TV Tupi. Também foi crooner da orquestra do cantor Ed Lincoln, fez apresentações em boates e casas de espetáculos noturnas e só lançou seu primeiro compacto pela Polydor, em 1973, com as músicas “Transa de amor” e “Saravá Nega”, executadas em rádios e programas de TV.

De acordo, ainda, com sua história, seu primeiro LP foi lançado em 1975 com canções esquecidas de compositores como Ivan Lins, João Donato, Jorge Benjor, Nelson Cavaquinho, Guilherme de Brito, dos irmãos Marcos e Paulo Sérgio Valle. Mas morreu o cantor “voz de veludo” que se transferiu em 1976 para a gravadora Philips/Polygram, permanecendo até 1984 quando foi escolhido o melhor intérprete no Festival dos Festivais apresentado pela TV Globo, no ano de 1985, pela canção “Elis Elis”.

Mas o primeiro grande sucesso de Emílio Santiago, “o cantor voz de veludo” só aconteceu mesmo 1988 quando lançou o LP “Aquarela brasileira” pela gravadora “Som Livre”, em um projeto especial de sete volumes, dedicado exclusivamente à música brasileira, ultrapassando a marca dos quatro milhões de discos vendidos no Brasil, cheio de pirataria! Nessa mesma época, o cantor “voz de veludo” prestou um tributo a outro monstro sagrado da música Dick Farney, gravando a  música “Perdido de amor” e regravando boleros hispânicos, como “Dias de Luna”.

Ah, Emílio Santiago, quantas vezes ouvi sua música e sonhei em vê-lo se apresentando em Manaus, mas não tive esse privilégio porque você, quando se apresentou na casa de shows Ducila’s Festas, não pude  assistir ao seu memorável espetáculo, digno de sua grandeza. Por isso, lhe presto essa homenagem “minha voz de veludo”.

Mas, “Saigon” será sempre a música que mais me lembrará de você, Emílio Santiago, minha “voz de veludo” e dos brasileiros também!


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SER BURRO É MELHOR DO QUE SER NERD!



(nota mil nas provas erradas do Enem)

A educação no Brasil não é levada a sério!

Mais do que vidas humanas perdidas, os soterramentos registradas na Região Sudeste ou a seca na Região Nordeste, parece que  soterraram  ou secaram os últimos resquícios que restavam de decência e moral dos “intelectuais” do MEC que insistem em defender os erros gramaticais do ENEM. Mesmo com conjugação verbal, tempo e frases inteiramente equivocadas e até uma receita de como se preparar macarrão instantâneo, como se fosse uma prova de culinária e não uma para o ingresso em faculdades, medindo intelectualidade dos alunos todas mereceram nota máxima. Incrível!

No dia 15/11/2011, escrevi e publiquei a crônica “NOIS FALA ASSIM POR QUE NOIS QUER, MAIS QUE NOIS SABE, NOIS SABE!”, na qual criticava a distribuição de cartilhas com erros gramaticais, também defendidos pelos intelectuais do MEC, que diziam que não se deveria levar em conta apenas os gravíssimos erros, mas contexto do livro. Erro é erro! Desejava não mais escrever sobre o assunto, mas diante dos absurdos cometidos e aceitos em uma prova considerada como séria, tive que voltar ao tema, porque parece que a educação, leitura e o saber foram completamente separados e não andam “pari passu”. Os erros sempre são defendidos pelos “intelectuais” do Governo e criticados, duramente pelos “intelectuais” que estão fora do Governo, mesmo sem os primeiros terem argumentos plausíveis! Recordo-me de uma professora de história geral do Colégio Estadual do Amazonas, chamada pelos alunos de “casa de tintas” (loja tradicional, do fim dos anos 70/80) de tão maquiada e produzida que ela andava. Pois bem, descobri que a professora não lia toda a prova; só a introdução e a conclusão e dava dez para todos que tivessem iniciado e concluído bem seus trabalhos e espalhei para toda a turma e, devido a isso, sempre era “gentilmente convidado” a me retirar da sala e fiquei quase um semestre inteiro sem poder assistir as aulas e, o pouco que assistia, o fazia escorado na parede do corredor só copiando os temas das aulas para lê-los em casa depois. Um dia, a “casa das tintas”, ou seja, a professora de história geral convidou-me para uma prova e pediu redação sobre a Revolução Francesa, assunto do qual sempre gostava e dominava. Comecei escrevendo que a “Revolução Francesa” fora o nome dado ao conjunto de acontecimentos ocorridos na França, entre 5 de maio de 1789 e 9 de novembro de 1979, alterando completamente a vida, os costumes e os  quadros político e social da época,  concluindo que seu final  se deu com novos eventos como  a Convocação dos Estados Gerais, seguido da Queda da Bastilha e o golpe de Estado do 18 brumário, de Napoleão Bonaparte, que derrubara o regime monárquico. Como tinha certeza que a professora “casa das tintas” só lia a introdução e a conclusão das provas ganhei nota 10, sem merecer e fiquei me gabando.  mostrando que no meio, havia escrito letras completas de música de Roberto Carlos e ela não percebeu. Se tivesse lida toda a redação, eu ganharia um Zero bem grande!

Deve ter acontecido o mesmo na correção das provas do Enem que estão sendo apresentadas com nota mil, denunciadas pelos veículos de comunicação, apresentando os graves erros ortográficos e de concordância verbal que alguns alunos cometeram. Mesmo assim, todos os alunos receberam nota máxima dos professores, porque as corrigiram “dentro do contexto”. E o MEC ainda não sabe se aplicará outra prova aos alunos ou se manterá as correções e disponibilizará seus “intelectuais” para defendê-las publicamente, colocando as suas “inteligências inúteis” a serviço dos cargos que ocupam dentro do Ministério. O Manual do ENEM dizia que seriam avaliadas cinco competências na hora da correção, sendo que a primeira delas consideraria os erros de grafia e de concordância verbal que apresentassem “desvios graves”.

Permanecendo como estão as provas, os doutores em lingüística Vilma Rocha Corrêa e Maria Luiz Monteiro Sales, que insistem em afirmar que “uma redação pode ser nota 1.000 mesmo apresentando erros em cada competência avaliada”,  ficarão  com um conceito muito mal perante seus colegas e talvez o único a ser punido seja o especialista em educação, Claudio de Moura Castro, que se contrapõe aos doutores e o especialista terminará sendo o único errado nesse imbróglio político-educacional medíocre e tacanho!

Ou será que apenas se repetiu o caso da professora “casa das tintas”, que não lia todas as provas e atribuía nota máxima aos alunos?  Talvez, talvez!

terça-feira, 19 de março de 2013

"DAI DE BEBER A QUEM TEM SEDE!"



(Em homenagem ao casal Jheferson e Dalyne)



Cansado, com passos firmes, mas trôpegos, suado e sem dinheiro no bolso, me dirigi a um casal e solicitei água da torneira que pudesse me matar a sede e mandou, mas o casal me servir uma água mineral gelada, cumprindo o versículo da bíblia “dai de beber a quem tem sede”.  Era novembro de 2012 e fui atendido de imediato, embora não me conhecessem.

No dia que recebi o salário da aposentadoria, pouca por sinal graças ao maldito “fator previdenciário”, em março de 2013, voltei à franquia Japa Food Mundi, perguntei pelo casal simpático que me havia mandado servir  água sem cobrar nada e vim, a saber, que  se tratava de Jhefferson/Dalyne, permissionários da franquia  do “Japa Food” local  à frente do condomínio Mundi, local aonde resido atualmente, em Manaus.

O casal não se encontrava, mas contei tudo o que haviam feito por mim, em um momento em que deixava meu apartamento no primeiro andar, depois de ter telefonado para o mestre de obras, Sr. Adão, que ainda tinha uma chave da cozinha, único local possível para se descer pela escada porque o elevador de serviço, exclusivo, só se sai e se entra por ele. Gentilmente, mandou abrir a porta da cozinha e eu desci pela escada. Sai do condomínio, cansado, suado, nervoso e me dirigi ao casal em que estava sentado o casal em uma área externa do“Japa Food Mundi”  e pedi água. Expliquei tudo o que a mim havia ocorrido.

- Pegue água para esse senhor aqui! Pediu à sua esposa que atendeu e me serviu água gelada em um copo plástico. Disse-lhe que não possuía dinheiro para pagar-lhe no momento, mas que depois voltaria. “Não tem problema, depois o senhor volta e paga”. No dia que recebi, meses depois, voltei e paguei.

Isso só ocorreu em março de 2013, após o aumento dado pelo Governo Federal aos aposentados, retornei ao local. Pedi um prato e solicitei que a moça do caixa incluísse a água que eu havia tomado em novembro de 2012.

Quando retornei, observei que estava escrito na parede dos fundos da franquia “Japa Food”: “para que todos vejam e saibam, considerem e juntamente entendam que a mão do Senhor fez” (Isaias).  Em meu retorno, também fui perfeitamente atendido, por funcionários gentis e educadas, todos usando roupas nas cores laranja e preta e uma tira amarrada na cabeça como um samurai.  A pessoa do caixa incluiu a água que eu recebera em novembro de 2012, paguei o que me foi cobrado e deixei a loja, deixei um livro meu autografado aos proprietários com a consciência do meu dever cumprido. Demorou, mas cumpri e o casal também cumpriu o que diz a Bíblia: “dai de comer a quem tem fome e de beber a quem tem sede”.

segunda-feira, 18 de março de 2013

MEU CRIME HEDIONDO!




Cometi um crime hediondo, mas não vendi diploma falso de ensino fundamental, técnico e muito menos de nível superior. Também não participei de esquemas para fraudar licitações públicas, ou deixei alguém morrer em fila de transplante por falta de equipe médica, nem ajudei ou desviei dinheiro de merenda escolar, de hospitais ou remédios. Não me associei a nenhuma quadrilha, nem fui julgado pelo crime do “mensalão”. Nada disso! Só cometi um crime pior do que tudo isso e quero me entregar à polícia, mas como não confio totalmente na instituição que tanto prende quanto executa inocentes. Não me arriscarei!

Meu crime não foi dirigir bêbado, atropelar, arrancar o braço de um ciclista e o jogar no córrego e ter me escafedido para não ser preso por embriaguez.  Em meus momentos de crise extrema de raiva, ódio ou desespero não falei mal de meus amigos. Mas cometi um crime grave, hediondo, eu diria! Não recebi bolsa família, bolsa escola, bolsa disso ou bolsa daquilo – mas talvez receba “bolsa reclusão da Previdência Social oferecida aos prisioneiros, maior até do que o valor do salário mínimo atual (fiz algumas contribuições à Previdência Social e tenho como provar). Também não fraudei farmácias populares, soneguei impostos ou desviei medicamentos essenciais à vida humana. Não deixei de construir hospitais, clínicas e também não sou político corrupto integrante do “mensalão”, que, embora condenados, permanecem soltos. Também não recebo qualquer outro tipo de “benefício” ou cotas raciais repassados pelo Governo Federal, diluindo pelo ralo da falta de efetividade, os pesados impostos que tentam inutilmente transformar o Brasil sempre desigual, em igual e fraterno, mesmo à custa de decretos, leis e portarias. Quase que na marra mesmo!

Nada disso foi meu crime.  Também não atirei e esburaquei placas de trânsito, nem fui o responsável pela péssima manutenção das rodovias. Mas cometi um crime hediondo e quero confessá-lo.  Não me considero bandido de alta ou baixa periculosidade, mas estou com medo porque meu crime é considerado muito hediondo!

Quer saber qual foi o crime tão hediondo que cometi...?

...foi apenas ter nascido em país onde as em obras começam e nunca terminam dentro do prazo e muitas vezes nem terminam como é o caso do Metrô de Salvador. Mas, meu crime foi maior ainda em ter nascido pobre, aposentado por invalidez, alcançado pelo fator previdenciário, que ainda paga imposto de renda porque não me enquadro em nenhum das doenças para isenção e, pior ainda, não ter dinheiro para pagar advogado particular e, por não existirem defensores públicos em todo o Brasil, para me defender de meu crime hediondo: a pobreza!

Já sei. Acho que vou me confessar ao Papa argentino Francisco, mas para isso, terei que aprender a falar fluentemente o espanhol.  Como não tendo dinheiro para pagar o curso de espanhol também, sei que estarei lascado, sem ter para quem reclamar!


sábado, 16 de março de 2013

"RANCHO GRANDE"!



(em homenagem ao meu pai, Paulo Torres da Costa, que ainda vive!)

De canoa, cavalo ou mesmo a pé, meu pai, Paulo Costa, se deslocava a pé, na década de 60, da comunidade de “Varre-Vento”  ao “Rancho Grande”,  nas proximidades do Paraná da Eva, a uma distância aproximada de 8 a 10 quilômetros. O “Rancho Grande” era um comércio sortido de propriedade do empresário Waldomiro Pereira Lustosa, administrado pelo seu velho pai “Lustosa”. Comprava-se de tudo, até madeira e se vendia ovos, galinhas, peixe na salmoura ou salgado.

No “Rancho Grande”, meu pai fazia as compras necessárias e imprescindíveis à sobrevivência familiar - açúcar, farinha, sabão, querosene, etc., pagando à vista com o pouco dinheiro que circulava na comunidade. Dependendo do meio de transporte utilizado, chegar ao “Rancho Grande” podia demorar meia hora em cavalo; hora e meia a pé ou duas horas remando contra a correnteza e olhando os pássaros que voavam para o infinito e o vento lhe lambendo o rosto.

Malária era a principal doença existente, mas era tratada com remédios ofertados pelo Governo Federal, sempre em pílulas, em um plástico, mas que pareciam ser sempre iguais. Muitas eram jogadas fora e desciam pela correnteza do rio ou terminavam boiando no meio do rio Solimões, como  também era conhecido o Rio Amazonas, com a largura de um mar sem ondas em muitos pontos.  Os navios médicos da Marinha eram difíceis de aparecer e a comunidade, sempre esquecida, se virava como podia, até que embarcações do Governo do Estado, com os remédios, aparecessem na comunidade.

de meu pai e soubemos que se tratava de um comércio muito sortido que vendia até madeira também; era construído em terra firme, próximo à margem do rio, mas ainda dentro da comunidade de “Varre-Vento”. Mas tudo o que ele comprava, era com a dificuldade de um agricultor esquecido pelos Governos federal e estadual!

Meu pai vivia de caça, pesca e agricultura, mas conseguiu dar educação a todos os seus nove filhos vivos. A Ivete, de cabelos louros, diferente de todos os outros irmãos morenos e de cabelos escuros,  porque parecia ser apenas um anjo, faleceu aos três anos de idade e deve ser hoje mais uma estrela no céu ou talvez tenha virado um anjo de verdade.

Era assim a vida na década de 60, comunidade de “Varre-Vento”, onde o vento lá só se fazia presente de vez em quando!

sexta-feira, 15 de março de 2013

TERRA SANTA"!




Depois de nossa chegada na fazenda do “tio Cirê”, de minha mãe Josefa, mas Cirilo no nome de batismo, a vida nova na comunidade de Ajaratuba, não melhorou muito, mas, pelo menos,  a família passou a residir em casa de madeira, coberta toda de zinco, assoalho alto, construída dentro do terreno da fazenda, mas diferente das outras casas de dois andares com energia elétrica produzida por um grupo gerador. Mas, alguma coisa tinha melhorado não sei se para melhor ou se para pior, na abandonada comunidade do município de Itacoatiara, esquecida pelos administradores públicos.  Meu pai Paulo Costa, agricultor que era, decidiu encontrar um terreno para iniciar sua plantação de milho, feijão, mandioca e macaxeira, que trazidos na mudança.

Quando desembarcaram tudo e após acomodar as poucas coisas na nova casa, meu pai começou a perguntar aos vizinhos, qual seria o melhor local para se plantar, produzir e colher.  Paulo Costa, depois de muito procurar, encontrou terra boa,  muito distante da casa que, embora erguida dentro do terreno da fazenda, também fazia extrema com a fazenda de outro casal de comerciantes, conhecido por seu Padrinho e dona Pedrinha. Depois da casa de comércio, existia um barracão todo aberto em suas laterais, onde se realizavam festas de “arrasta pé” com bandas da capital;  um campo de futebol para torneios de pênalti ou jogos de futebol e, na frente, na lateral do terreno, um grande mastro no qual se hasteava pano colorido como se fosse uma bandeira, só  para informar que haveria alguma coisa no local.  A notícia do evento se espalhava rápida pela “rádio cipó”, informando inclusive o horário do evento. Os filmes exibidos o eram de forma improvisada, com um pano branco fazendo vez de tela para que as pessoas, maravilhadas pela “novidade”, pudessem apreciá-los.  Em dias de festas ou de visitas raras de políticos, normalmente estouravam foguetes e subiam a bandeira no mastro.

O “tio Cirê” autorizou meus irmãos Roberto Costa, contador e professor universitário e Nilberto, economista, a apanharem leite todos os dias em um curral longe de casa.  Os dois irmãos montavam em um cavalo manso, capado, o que lhe gerava lentidão nos movimentos de trote, mas a mãe nada sabia de nada. Uma vez, o cavalo tentou acompanhar os vaqueiros que passavam ao lado e o leite, que era para servir de alimento aos membros da família, derramou quase todo e, servindo, apenas,  para aguar o mato circundante, fazendo nascer flores pelo caminho. Ao chegarem sem o leite, Roberto e Nilberto contaram o que havia acontecido e dona Josefa Costa brigou com eles porque “estavam proibidos de montar no cavalo”.  Só assim, da forma mais maluca possível, a mãe descobriu que usavam cavalo para apanhar o leite no curral. Não havia nada que se pudesse esconder de nossa mãe porque mais cedo ou mais tarde, ela descobriria! Algumas vezes ficava só no “ralho” mesmo; mas, em outras era surra no couro!


Durante a exibição dos filmes “trazidos diretamente da capital”,  também sonhava em ser “fazedor daquilo que se movimentava”, na inocência de meus 7 para 8 anos de idade, sentado em cima de sandálias havaianas, no chão ou em bancos grandes, “tipo de igreja” como eram conhecidos os bancos coletivos.  Finalmente, depois de muito perguntar, procurar e analisar, meu pai encontrou um local ideal para cultivar os alimentos necessários à vida de todos, mas era um pouco distante “um dia de canoa” um dia ou pouco mais do que isso se a pessoa fosse a pé. Chamava-se “Terra Santa” o local; o porquê se chamar assim não sei, mas que era “santa”, ah, disso tenho certeza porque dessa “terra santa e abençoada” eram extraídos o milho para os pintos que minha mãe criava na parte debaixo da casa, feijão, mandioca para farinha e macaxeira para bolos e outros alimentos derivados. Ah, que lembranças boas de uma época que me perseguem e eu me recuso a esquecer, porque lembrar o passado é viver duas vezes: no presente e no passado gostoso de minha infância pobre, mas feliz!

Só que as comunidades rurais do Amazonas ainda continuam muito abandonadas, esquecidas e só recebem políticos em época de campanha. Depois, desaparecem todos, esquecem suas promessas  e só reaparecem em uma  próxima eleição pedindo votos e os caboclos continuam votando, quer por falta de conhecimento de outros, quer por falta de opção mesmo!

terça-feira, 12 de março de 2013

A LAMPARINA DO SABER! (homenagem a minha tia Terezinha da Costa Amaral, minha alfabetizadora)


                                            
Independentemente de a lamparina ter sua etimologia derivada do espanhol e ser apenas reservatório para colocar combustível e um pavio o ligando, queimando para iluminar, o certo é que na comunidade de Varre-Vento, ela servia para bem mais do só isso: clareava a os olhos e a mente dos que desejavam aprender, mesmo que uma Escola improvisada dentro da residência da professora, por acaso minha tia Terezinha da Costa Amaral. Sendo um recipiente de origem substantivo feminino era do Varre-Vento, mesmo com a lua cheia abrindo espaços na cobertura de palha da casa, ou mostrando o caminho para os casais enamorados – que eram poucos - também  “era a lamparina do saber”. Todos os primeiros estudos eram observados e acompanhados pela “lamparina do saber” tanto nas noites escuras do inverno ou no período de lua cheia.

De canoa, no motor do regatão de seu “Panta” ou a pé mesmo, cortando por dentro da plantação nativa de cacau de meu avô, atravessando por cima de uma tora de madeira que servia de ponte sobre um igarapé, ou “furo”, chegava à Escola suado e cansado, mas disposto a aprender. Só não chegava cansado quando pegava “carona” no motor de seu “Panta”, abrindo os braços para sentir a brisa frasca do vento batendo em meu rosto e deslizando suavemente sobre o banzeiro que o próprio motor produzia em seu deslocamento rápido porque tinha que vender e depois partir rápido. Muitas vezes ouvi uma batida na “campa” para dar ré e duas para colocar a embarcação em movimento rumo a outro porto para nova parada e mais uma venda ou escambo. Ah, lembranças que não me saem da cabeça porque sabia que ao retornar para a casa, a “lamparina de meu saber” me aguardava no mesmo lugar!

Depois que me mudei para Manaus e conheci a luz elétrica e a lamparina já produzia o mesmo efeito porque não era mais possível ler e, talvez por isso, use óculos de grau até hoje, embora tenha passado somente nove anos na comunidade, dos quais apenas dois frequentando a Escola. Muitas vezes, deixava de fazer as tarefas por não conseguir ver direito à luz da “lamparina do saber” e comecei a duvidar se ela era mesmo “lamparina do saber”  e porque não conseguia ler nem mesmo tinha escrito e também porque o cheiro ruim me incomodava.

Hoje existem várias denominações, finalidades e nomes para as lamparinas, como candeia e também lâmpada de azeite, mas todas se compõem pela mesma formação: sempre é constituída de um recipiente para queimar algum tipo de óleo combustível, sobre o qual flutuava um pedaço de madeira ou cortiça, funcionando como um pavio. Seu uso se estende desde a pré-história, às modernas pesquisas científicas em laboratórios.  Mas todas ainda servem para o saber, descobertas e novas pesquisas em laboratórios.  

No corte da seringa, se usava a “poronga” feita de latas de óleo, para clarear e iluminar o caminho dos explorados nordestinos, que migraram fugindo da seca ou “convidados” por guardas  com metralhadoras a mão, durante a II Guerra Mundial, para irem para o Amazonas, ou para a guerra ou cortar seringas. A poronga geralmente era usada presa à cabeça por um pano. Mas isso é outra história, porque não existia seringal na comunidade de Varre-Vento, mas uma imensa quantidade de cacau nativo cultivado e explorado comercialmente por meu avô, José Raimundo. Na comunidade, a gurizada se divertia nas águas dos rios, matas, praias que apareciam e depois eram engolidos pelas águas, igarapés que cortavam de um lado a outro até o lago mais próximo, mas tudo era uma diversão geral.

Enfim, o quero dizer mesmo é que aprendi a ler e escrever à luz de lamparina e sou feliz por isso até hoje porque ingressei na primeira serie quando me matriculei em Manaus em 1968, no Grupo Escolar Adalberto Valle mesmo à luz de lamparina. Muitas outras pessoas do vasto e rico interlandio, como o hoje, empresário e administrador de empresas Francisco Saldanha Bezerra, nascido no seringal Vista Alegre, no Município de Canutama, na calha do Rio Purús e lá viveu até seus 11 anos, também aprenderam a ler a escrever à luz de lamparina, comendo refeições feitas em fogão de barro, dentro panelas de ferro, com fogo produzido com galhos de madeira, o que também produzia uma fumaça. Mas pelo menos todos eram felizes porque fomos criados livres, leves e soltos, sem dinheiro, mas responsáveis desde pequenos! 

Essa é a realidade para quem viveu e ainda vive no interior do Amazonas, abandonado e esquecido!



segunda-feira, 11 de março de 2013

JURAMENTO DE HIPÓCRATES DEVE GANHAR NOVA VERSÃO!



       (minha solidariedade e meus respeitos à classe médica)

Hipócrates (wikipédia: Hipócrates de Quíos (ca. 470 a.C. — ca. 410 a.C.)  foi um matemático geômetra, nascido na ilha de Quíos (Khiós), no arquipélago de Dodecaneso, Grécia) deve ter se remexido no túmulo no qual repousava tranquilo  ao saber que uma de suas pupilas, a médica Thauane Nunes Ferreira, do Samu- Serviço Móvel de Urgência, na cidade de Ferraz de Vasconcelos, fora presa pela guarda municipal porque, inocente ou conscientemente, fazia parte de um esquema para fraudar dinheiro público dos contribuintes, desrespeitando o juramento e anda usando dedos de silicone de colegas médicos e muitos enfermeiros. Presa em flagrante na hora que colocava os dedos de silicone no relógio eletrônico “passando pelo leitor ótico da máquina os moldes”.  Devido a esse fato isolado envolvendo uma médica, o julgamento de Hipócrates deverá merecer uma versão mais atualizada para se enquadrar ao Brasil, o país ilha, com corrupção por todos os lados, como se fosse água de oceano que espalha fácil e sem controle!

Para que serve o juramento de Hipócrates, considerado o pai da Medicina porque as palavras “eu juro exercer a arte de curar, mostrar-me-ei fiel sempre os preceitos da honestidade, da caridade e da ciência” foram simplesmente ignoradas por todos os que participavam desse vergonhoso esquema de fraude, em prejuízo direto à saúde pública dos contribuintes.  Como ocorreu o depois da Declaração de Genebra, que modificou o juramento para atualizá-lo de novo à realidade mundial, eu proponho um novo juramento,  devido a corrupção no Brasil, que não escolhe pessoas, profissionais e nem políticos, parecendo até que virou uma epidemia para a qual não existe cura.

Para que serviu o juramento de Hipócrates, descumprido integralmente pela médica? Delatou o esquema, depois de uma denúncia anônima confirmada pela guarda municipal.  Os dedos de silicone de seus colegas as digitais foram mostrados pelas redes de TVs. A médica, dizendo-se ameaçada de demissão (não deveria ser concursada), acusou também o coordenador do Samu da cidade, Jorge Cury, médico, que envolvia 11 médicos e 20 enfermeiros de ser o mentor de todo o esquema e embolsar o dinheiro.

Deve ter tremido no túmulo o pai da medicina mundial, Hipócrates, considerado, por muitos, uma das figuras mais importantes da história da saúde, superando os filósofos Sócrates, Aristóteles e o próprio faraó Imhotep do Egito antigo. Depois da mudança ocorrida em 1948, com a Declaração de Genebra, novo juramento poderia ser esse, só como sugestão:

“prometo que, se poder e tiver chance, mostrar-me-ei sempre atento para usar dedos com digitais de meus colegas irresponsáveis e que faltam ao trabalho, tendo oportunidade, roubar o máximo que eu tiver condições. Prometo também que  não cumprirei minha arte de curar e me servirei de segredos e meus olhos ficarão sempre abertos e minhas mãos sempre atentas com minha língua sempre afiada para não manter segredos  que a mim forem revelados e registrados nos prontuários dos pacientes. Também prometo que me servirei de minha profissão para corromper os costumes, subverter a ordem natural e favorecer aos meus colegas ao crime, não tendo boa reputação entre meus pacientes e infringindo todas as leis que poder em nome de meu interesse pessoal, para me dar bem e os que  roubam dinheiro público junto comigo!”.


domingo, 10 de março de 2013

A MORENA E A FLOR


 
De mais importante que havia na cidade depois do prédio de vinte andares construído na avenida principal, que abrigava a maioria dos escritórios e consultórios executivos, era a morena Mariana, que desfilava a graça de seus poucos anos em frente ao Hotel que eu morava. Jamais perguntei sua idade, muito menos o que fazia ali, me provocando, dia e noite, noite e dia. De certo que eu sabia, mas fazia que não quisesse entender.
 
Na realidade, para as pessoas do lugar a linda morena pouco ou quase nada representava. Ela não estava nos cartões postais como estava o prédio de vinte andares, construído por algum louco construtor e projetado por um engenheiro que não entendia nada do que era belo. Ele simplesmente projetou o prédio de forma tal eu o mais belo – uma pequena rosa que nascia no asfalto, bem a sua frente, não podia ser vista.
 
No dia que encontrei aquela teimosa rosa querendo existir entre os restos do material de construção deixados pela inoperância – talvez, da prefeitura ou a irresponsabilidade da construtora que construiu o prédio, sorri de alegria e esqueci, por longos momentos, a intrigante e desfilante Mariana. Como uma rosa poderia existir entre restos de um prédio de vinte andares?
 
Durante vários dias, como que imitando as pessoas do lugar, caminhei pela rua principal e parei em frente ao prédio. Mas, ao contrário os moradores da cidade, eu não olhava a beleza da arquitetura, não subia em um dos quatro elevadores do prédio e nem ficava olhando a cidade do terraço, com a sensação de que estivesse dentro de um avião. Não. Eu somente olhava a minha rosa. Tinha-a adotado para mim, no exato momento em que a vi pela primeira vez e, com ela, estabeleci uma relação de amizade.
 
De noite, costumava passar por lá, só para vê-la; como se vê diariamente uma namorada. Minha preocupação era com o crescimento que era enorme e todos os dias eu me sentia mais feliz com o descaso da prefeitura do lugar para com o lixo acumulado nas ruas, motivo de protestos do único jornal existente e de pronunciamentos violentos dos vereadores. Eu era o único – ao que parece, a apoiar plenamente a falta de iniciativa do prefeito. Enquanto ele nada fizesse para retirar o lixo, minha rosa continuaria existindo.
 
Depois da rosa, minha companheira constante, somente a morena Mariana me interessava. Ela teimava em desfilar em frente ao meu hotel, ora sozinha, ora com um noivo, um cara que não tinha nada de simpático e que não entendia nada de flores. De vez em quando, chegava a pensar que Mariana sabia de meu namoro com a rosa, por isso, tentava-me. Talvez fosse verdade. Eu até comparava minha rosa com a morena Mariana. Uma teimosamente buscava a luz do sol, entre os restos de material de construção, escondida para existir; a outra buscava a mim, entre as calçadas de meu hotel, às claras. Era só isso.
 
Minha rotina na cidade continuou por mais alguns dias, até que acordei pela manhã chocado com a notícia que li no jornal. O prefeito, aborrecido com tantas críticas, decidiu retirar o lixo da cidade. Foi um desespero para mim e uma alegria geral para todos. Como se fosse ecologista que nunca fui, corri rua à baixo e parei em frente ao prédio de vinte andares. Era tarde demais. Minha rosa tinha sido assassinada e só eu sabia disso. Foi triste, muito triste perder minha amiga, de uma forma trágica.
 
Mais trágico ainda foi voltar ao hotel e encontrar na portaria um convite para o casamento da morena Mariana, naquele mesmo dia.
Não fiquei mais na cidade. Não havia motivos!