sábado, 29 de novembro de 2014

NÃO NOS CALEM! PAI, O QUE FIZEMOS? (periquitos mortos)




Mataram meus periquitos! 

“Meus” porque os adotei como tema de crônicas e pormas que escrevo e publico! “Meus” porque os quero livres e cantantes, voando de galho em galho, indo de um lugar ao outro, sempre em busca de alimentos. O que os chamados “seres humanos” fizeram contra “meus” periquitos verdes, que só cantavam felizes e eu os apreciava pela janela da cozinha, no Mundi? Muitos de uma única vez, amanheceram mortos!

Nas redes sociais de Manaus, principalmente no facebook, todos se perguntam: o que os periquitos teriam feito para merecerem morrer de forma tão estúpida e desumana? Mas sem obter resposta. Há suspeita que teriam sido envenenados, assassinados barbaramente. Mas quem estaria tão incomodado, ao ponto de ter a ideia tão idiota e covarde de querer matá-los envenenado? Enquanto cantavam e voavam de um lado para outro em desespero, muitos morrem porque brigam disputando alimentos, mas não tantos de uma só vez como ocorreu agora! Houve protestos, passeata e manifestações de repúdio de políticos, advogados e autoridades. Mas ninguém sabe até agora dizer o que houve com os periquitos asa branca. Eram só mais um periquito verde estendido no chão preto do asfalto negro da morte e nada mais!

Que mal teriam feito aos homens, além de cantar a plenos pulmões protestando contra a destruição de seus espaços onde se aninhavam e se amavam sem fazer qualquer barulho? Estou de luto e o canto dos periquitos estão agora como se fosse um lamento triste pela morte de seus irmãos de asa branca! O que fizeram com os periquitos que me acordavam com seus cantos e voavam alegres de uma árvore a outra, parecendo um balé orquestrado, obedecendo ao comando de alguém? Avisto de graça esse espetáculo da natureza pelo vidro transparente da janela de minha cozinha do Mundi, que sinto prazer em mostrar a quem me visita e que me serviu como fonte de inspiração para várias crônicas que escrevi? Ainda bem que eram muitos e ainda restaram inúmeros para cantar na árvore, voar livres, entrar e sair do galho da árvore como se fosse a bateria mirim da Escola de Samba Reino do Amanhã! 

Centenas de periquitos asa branca amanheceram mortos. Muitos foram recolhidos do meio da Avenida Efigênio Sales. Teriam colocado veneno na tela que protege as palmeiras no condomínio à frente do meu, Efigênio Sales? Um único periquito que recolheram vivo do galho de uma árvore estava muito triste quando foi levado para se recuperar. Mas olhava copiosamente para seus irmãos mortos, alguns atropelados cambaleantes por carros em alta velocidade ao cair na pista da Avenida. Outros já caíram mortos e nem sentiram quando os automóveis lhes esbagaçavam com seus pneus! 

O que fizeram com “meus” periquitos asa branca? 

Uma pessoa que os recolhia para vendê-los, me informaram, fora preso por uma viatura policial que passava na ocasião. Perguntado o que faria com os periquitos dentro de uma caixa, teria respondido: “Vender e ganhar dinheiro porque dá uma boa alimentação”. Foi preso! Montagens inteligentes e criativas, com fotos de periquitos, circularam pelas redes sociais e diziam: “Não nos calem”. Outra, com a ave com as asas abertas indagava: “Pai, o que fizemos?” É isso mesmo! Por que calar o canto dos periquitos asa branca? O que eles fizeram contra os seres humanos malvados? Nada! Nós somos os invasores de seus espaços!

Mas o que teriam feito “meus” periquitos verdes desesperados pela ocupação de seus espaços, para merecerem um castigo tão cruel? Cientificamente, o laboratório ainda não forneceu respostas seguras. Estou de luto, mas ainda acordo pela manhã ouvindo os bravos cantos dos periquitos teimosos e resistentes, que voam, entram e saem do galho da árvore e eu imagino-os como se fossem movidos por um maestro invisível ou pelo apito de um mestre de escola de samba ao entrar e sair da área de recuo da bateria da Escola de Samba Mirim do Reino Unido da Liberdade, que a irmã Nirvana Beira-Mar, do presidente da Escola de Samba Reino Unido da Liberdade, Jairo Beira-Mar ficou de pegar-me domingo, dia 3/11/ 2012 à tarde para voltar ao bairro que me viu nascer, mas que  eu  não  o conheço mais e não ele me reconhece como seu filho!

Os periquitos são meus! Os adotei como tema de crônicas e poemas que tenho escrito e publicado no blog, mas só para que continuem voando livres e soltos,  transformando meu dormir mais calmo e tranquilo, mesmo com o barulho e algazarra que promovem, mas que é um sonoro canto de felicidade para mim, transformado em tristeza agora! Eu não me incomodo e gosto de ouvi-los. Em silêncio, vou sempre olhar para ver se, pelo menos, um continua cantando e os vejo, mesmo que seja um “último dos moicanos” que resiste bravamente contra a dizimação de sua raça!

O BARCO DA ILUSÃO!


https://www.youtube.com/watch?v=ZLIQ6FmqIsI

Estava no barco da ilusão:
Navegando suavemente pelas águas bravias do Rio Solimões.
(não vi pessoas morrendo ou barcos afundando, 
vi apenas peixes e botos voando, querendo 
abraçar-me em colóquio amoroso delirante. Eles me beijavam gostoso!)
Desci no porto da realidade, antigo, centenário, inapropriado para Manaus!
(quase 3 milhões de habitantes)
(confuso em seu todo, sem estacionamento, sem respeito, 
sem cidadania e sem vagas demarcadas e com vagas reservadas
segregadas por correntes, cones, caixas de frutas)
Nos jornais, li: 
(barcos  afundado no Rio em que naveguei, 
pessoas morrendo e que o porto de Manaus será revitalizado. 
É isso mesmo? Ou meus olhos me enganam de novo, pela terceira vez, três prefeitos e anos que não acabam  - vai acontecer agora?)
Ou será estava sonhando ou estava só imaginando esse mundo real?

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

SERIA RISÍVIL SE NÃO FOSSE VERDADE!


(polícia cumpre mandados de busca e apreensão dentro da prisão)


Seria risível se não fosse verdade: Policiais Civis da Equipe da Divisão de Entorpecentes da Delegacia Regional de Itabaiana tiveram que cumprir sete mandados de busca e apreensão dentro da prisão! Durante o cumprimento das investigações na prisão, em uma revista pessoal, os policiais apreenderam cerca de 60 capsulas de cocaína com um preso. Ele havia sido preso pela primeira vez por roubo e estava respondendo a um outro processo em liberdade, mas traficando dentro da prisão e comandando uma rede de outros bandidos fora da cadeia, a que dava ordens pelo celular e foram presos na mesma operação. Como se explica uma coisa dessas? Não se explica e não se justifica! Nas está virando rotina a polícia cumprir mandados de prisão dentro de prisões e sempre recolhe drogas, celulares, carregadores, metralhadoras, armas caseiras feitas pelos próprios presos.

Enquanto isso, o Ministro da Justiça, Eduardo Cardozo,  em palestra na AMB, acusa síndicos de comprarem até capachos superfaturados. O Ministro e outros Ministros envolvidos com o problema, deveriam solicitar providências e exigir que as operadoras de telefonia celular desenvolvessem bloqueadores de sinais que só atingissem os locais onde fossem instalados e não prejudicassem moradores que vivem no entorno das Penitenciárias. Tecnologia para isso já existe, mas falta vontade política para resolver o problema. Sobram, porém, desculpas e culpas em quem não as tem. 

Os presidiários, protegidos pelas grades por já se terem sido condenados, usam e abusam de ligações para qualquer número móvel promovendo extorsão, aplicando golpes, determinando quem deve viver ou morrer, repassando ordens para queima de ônibus e definindo as linhas onde isso deve ocorrer e em que horários, enfim. Os pesos estão mais seguros do que as pessoas livres e isso precisa acabar de uma vez! Fazem uso do celular, melhor do que os contribuintes vítimas dos golpes que aplicam e tendo que aturar péssimos serviços das operadoras, falta de sinal, ligações que quase sempre não são completadas. Como pode? 

Será que como o Ministro fez, invertendo os papéis, as operadoras estão também fazendo o mesmo: privilegiando bandidos em detrimento dos usuários comuns! Já é demais isso também! Recordo que até o ex-vice-presidente da República do Governo Lula, empresário José Alencar fora vítima de tentativa de falso sequestro de uma de suas filhas, tudo operado de dentro de uma prisão.  Houve protesto na época, perplexidade, mas nada foi feito até hoje.Até quando a sociedade vai ter que aguentar essa situação dos presos se sentirem mais livres do que as pessoas da sociedade? 

Já era tempo de se unirem os Ministérios das Comunicações, Justiça e outros tratam do mesmo problema como CF/OAB, defensores públicos, procuradores da república etc., com as empresas telefônicas que tem serviços concedidos pelo Governo Federal, para resolver esse grave problema. Seria mais produtivo do que Ministro da Justiça acusar os síndicos de serem corruptos, como se a corrupção fosse normal e anormal seriam os síndicos honestos. Generalizar tudo, é a mais completa inversão de valores éticos, morais e de papéis que já tomei conhecimento. Enquanto essa ridícula declaração é feita perante juízes, os prisioneiros, por se estarem cumprimento penas, se sentem muito à vontade para nomear e exonerar diretores de prisões, mandar e desmandar dentro das cadeias de segurança máximo, mínima ou nenhuma. Hoje, a sociedade está se sentindo mais presa e os presos estão mais soltos e livres para continuar cometendo seus crimes de dentro das cadeias. Os presos, estão mais livres que eles próprios supunham estar! Isso é ridículo e humilhante para toda a sociedade!

Devido a tudo isso, no passado, Rui Barbosa, político que defendeu arduamente a abolição da escravatura no Brasil, doente e sem poder comparecer à solenidade, escreveu famoso discurso  “Oração aos Moços”, lido por Reinaldo Porchart para jovens formandos da Faculdade de Direito do Largo do São Francisco, em São Paulo. Essa até hoje é considerada uma das mais brilhantes reflexões produzidas pelo jurista, sobre o papel do magistrado e a missão do advogado, fazendo um balanço de sua vida como advogado, jornalista e política e se apresentando como exemplo para as novas gerações que estavam se formando naquele momento. Rui Barbosa disse que “de tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e ter vergonha de ser honesto”.

Ainda não sinto vergonha de ter sido honesto, vendo triunfarem nulidades e imbecilidade e prosperar e crescer as injustiças sociais...Como se não bastasse, aguentar acusações de desonestidade de um Ministro que deveria zelar pela justiça e não agigantar-se nas mãos dos maus e garantir do alto de sua sabedoria, que até “síndico compra capacho superfaturado”. 

Ah, isso, não porque vossa excelência generalizou e não aceito generalizações!

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

MANAUS MODERNA REVITALIZADA PARA CONTINUAR IGUAL


O município de Manaus anunciou o início das obras de revitalização da área da Manaus Moderna, com um prazo de seis meses para ser concluída, mas tudo pode permanecer igual se o Porto de Barcos Regionais não for trasferido para outro local.

A revitalização da área da Manaus Moderna, anunciada para ser concluída em 6 meses, tem lindo projeto, mas, na prática, continuará igual se o porto de barcos regionais não for transferido para outro local como pretendia o projeto do ex-prefeito Manoel Ribeiro: recuperaria o mercado Adolpho Lisboa e o transformaria em museu, colocaria calçadas toda a área da Rua Miranda Leão, em frente ao mercado municipal e construiria novo porto de barcos regionais na área da Ceasa. Com isso, os barcos regionais vindos dos municípios atracariam no novo porto e barcos velozes, com ar-condicionado, trariam os passageiros até o centro de Manaus. 

Eles entrariam nos famosos “manequinhos”, micro-ônibus que foram adquiridos pelos empresários do sistema de transporte coletivo e chegaram a circular pelas ruas da cidade. Em reunião prévia, todos tinham aceito participar do projeto do prefeito, adquirindo barcos velozes, com ar-condicionado, cobrando o preço de uma passagem de ônibus. Esse seria o fim das filas duplas e triplas de caminhões, por pura necessidade de descarregar mercadorias aos barcos regionais, naquela área.

Sem retirar o porto de barcos regionais, o problema no tráfego de veículos na área da Manaus Moderna não mudará e continuarão faltando estacionamentos identificados para idosos, portadores de necessidades especiais e cadeirantes, como determinam as Resoluções 303/304, do Contran. O projeto está perfeito, bonito e se propõe a resolver a questão do tráfego no local e eu desejo que o Município de Manaus consiga fazê-lo, mas não acredito! 

As resoluções 303/304 padronizam as sinalizações vertical e horizontal e só poderão ser utilizadas na identificação das vagas. Só poderá fazer uso exclusivo dessas vagas, os veículos que portarem documento obrigatório para identificar que estão transportando pessoas idosas, portadoras de deficiência ou com deficiência ou dificuldade de locomoção. 

A Manaustrans, em Manaus, expede o documento e ele é válido em todo o território nacional, mas, hoje, não existe nenhuma vaga demarcada na área da Manaus Moderna e, se o porto permanecer no mesmo local, os barcos permanecerão recebendo mercadorias e a balburdia no trânsito, no início, pode até melhorar, mas depois voltará a ser tudo era antes, principalmente porque a fiscalização dará uma recuada e não conseguirá resolver o problema na área. Espero estar errado!  


terça-feira, 25 de novembro de 2014

CARTA ABERTA AO MINISTRO DA JUSTIÇA, EUDARDO CARDOZO!




“Vivemos numa sociedade que até o síndico de prédio superfatura quando compra o capacho. E é o mesmo síndico que por vezes sai protestando dizendo ‘esses políticos. Políticos eleitos por ele".’.(José Eduardo Cardoso – Ministro da Justiça do Governo Dilma Rousseff)  

A infeliz declaração do Ministro da Justiça Eduardo Cardozo, da Presidente Dilma Rousseff, generalizando todos os que dedicam seu tempo, seu trabalho para assumirem como síndico em seus condomínios, sem receber nada por esse trabalho, no mínimo é uma agressão. Ele ainda acrescentou que depois os síndicos ficam criticando os políticos que eles elegeram.  Se o senhor não sabe ministro, é uma nação inteira e não são só os síndicos que elegem políticos. Vossa excelência, certamente, votou na presidente Dilma Rousseff para ainda ocupar o Ministério da Justiça. 

Não generalize porque toda generalização é burra, como toda unanimidade é burra também! Vossa excelência deve um pedido de desculpas a todos os síndicos que dedicam seu tempo, nada recebem por isso, para tentar organizar seus condomínios e o que recebem como presente?  Nada, além do desconto no pagamento de suas taxas e agora, também a acusação de que são corruptos, logo de quem deveria se portar de uma forma mais sensata e não generalizar nada! 


O Ministro José Eduardo Cardozo fez essa afirmação na Associação dos Magistrados Brasileiros, como se fosse normal generalizar. Pela estúpida e ilógica e irracional ideia do Ministro da Justiça, todos os que assumem o comando de condomínios, com diversos problemas, complexas decisões, terão  obrigatoriamente que ser corruptos? Faça-me o favor de em suas próximas declarações públicas, falar menos bobagens e se portar com um Ministro!

Senhor Ministro Eduardo Cardozo, fui síndico em três condomínios em Manaus, por vários anos, em um deles mesmo sem possuindo mais imóvel foi chamado para organizar as finanças do Condomínio e nunca exerci essa prática delituosa. Também nunca assinei aditivo em qualquer contrato e sempre mandava fazer licitações abertas  a todos os interessados, sem ter intermediários entre mim e os fornecedores, como acontece e está vindo a público no caso da Petrobras. Não generalize, senhor Ministro, com todo respeito. Dizer que existem alguns, aceito, mas generalizar no seu todo, como se “todos fossem farinha de um mesmo saco”, ah, isso não!


Não é porque muitos síndicos não são remunerados e vivem de seu trabalho honesto, pagando seus impostos, terão que desviar dinheiro também. Mas o senhor generalizou e não fez distinção nenhuma. Pela lógica de vossa excelência, só porque um ovo está goro no galinheiro, todos os outros obrigatoriamente estarão também? Ou só porque um servidor público desviou recursos públicos, todos serão obrigados a desviar também?

Senhor Ministro, perca mais seu tempo mandando investigar as grandes fortunas que foram e continuam sendo desviadas e depositadas no exterior pelas grandes empreiteiras que prestam serviços para o Governo Federal, porque os Conselhos Fiscais dos condomínios, todos eleitos livremente em AGE, cuidam dos problemas internos e resolvem! Se houver roubalheira de qualquer ordem, é caso de Polícia e deverá ser apurado pelo órgão policial competente!

Cada um é responsável pelo país em que deseja viver! Mas com a total e massacrante inversão de valores e generalizações tão absurdas e grosseiras praticadas por autoridades do vosso nível, nenhum candidato a síndico se apresentará nas AGEs dos Condomínios, porque todos farão compras irregulares e são corruptos!

Senhor ministro, faça-me o favor de resolver o problema da corrupção na Petrobras porque nos Condomínios existem Conselhos Fiscais para analisar as contas dos Síndicos e, caso haja indícios de irregularidades, os conselheiros podem representar contra o profissional e a AGE pode colocá-lo no olho da rua! 

CRÔNICA PARA DALVA AGNE LYNCH


Obras da autora no link http://www.dalvalynch.net 


Dalva Agne Lynch é uma escritora autêntica, sensível, inteligente e consegue transmitir isso em obras maravilhosas e intrigante como o livro O HERÓI, que tive o prazer de degustar, palavra por palavra, sentindo o sabor de cada uma delas. Senti um sabor intrigante, fascinante e que nos faz imaginar o que acontecerá no prato seguinte que a autora nos servirá em forma de um capítulo novo. 

A autora tem uma leveza na escrita e gravita entre a ficção, poesias e temas religiosos hebraicos com a mesma sensibilidade que garante que dentro de cada um de nós mora um herói e que vale a pena buscá-lo e encontrá-lo.  Para que isso ocorra, Dalva Agne Lynch diz que “teremos que entrar em um  novo mundo e expandi-lo, para encontrar um outro mundo além desse mundo” e garante “não é porque você não acredita numa coisa que ela não exista”. A autora tem razão: tudo existe e é possível! 

O nada também existe e é o que atrapalha a vida, muitas vezes, porque ficamos pensando muito no “nada” e esquecemos que o “tudo” também existe um mundo dentro de outro mundo. O mundo imaginário, um mundo insencível, real, um  mundo que não permite se ouvir o barulho do vento, o cair das folhas e do balançar das flores ao vento.  Esse mundo imaginativo pertence aos  criadores de literatura, que despem-se da vida dos adultos e entregando-se à credulidade das crianças e da crença dos jovens em que poderá existir um mundo melhor.

Dalva é divina, até quando fala de temas sensíveis como a morte. Em sua página, avisa: “não busque em meus textos o ritmo, a rima, a originalidade. / O que digo sai da disritmia da vida / da desigualdade do destino / do lugar-comum que é o sofrimento /que, como o Eterno / não faz distinção de pessoas”. Mas, ao contrário do que a própria escritora diz, em seus escritos se em seus textos se encontram ritmo, rima, leveza e originalidade, mas não encontrará lugar-comum, porque Dalva transforma tudo em suaves palavras, até quando escreve sobre temas tristes.

A suavidade e a perfeição da escritora, em seu livro O HERÓI, lhe permite dizer que “tem gente que vê a morte como se fosse mesmo só uma passagem. E tem outras que não estão nem aí, de repente dão a vida por alguém, e daí se redimem de qualquer coisa ruim que tenham feito”. Dalva, em seus escritos você transmite muita paz, sabedoria, inteligência e perfeição.


Dalva Agne Lynch, não desista de escrever, não aceite críticas e, se aceitá-las, não as leve-as tão a sério, afinal, santo de casa não faz milagre e nem escreve palavras tão lindas, coerentes e que nos faz pensar como as transcritas de seu livro O HERÓI, uma obra para adolescentes, mas que faz adultos pensarem no valor da vida e da morte, como a transposição de um universo para outro, com a força da imaginação, se torna possível

Você tem talento, é criativa e muitas pessoas admiram seu trabalho e sou uma delas! Não pare de criar, escrever, exercitar seus medos, criar seu mundo e vivê-lo com leveza e orgulho. Eu sinto orgulho de tê-la como amiga e recebo com muito carinho seus comentários em meus trabalhos. Escritor também vive de elogios, mas deve suportar as crônicas porque somos apenas pensadores que insistem em praticar literatura em um país de poucos leitores e muitos críticos.

Conheçam o trabalho de Dalva Agne Lynch que chegou chegando, como se diz e se instalou dentro de mim e hoje ocupa espaço dentro do meu coração e em meus pensamentos! Por favor, não prive seus leitores dessa sua capacidade de criar universos paralelos, de transpor seu personagem só com a força do pensamento. Dalva, seu “O HERÓI”, é meu herói e de muitos outros leitores também, mesmo que você não queira! Continue!


domingo, 23 de novembro de 2014

UM PORRE DE ÁGUA E REMÉDIOS!



Para Antônio Paiva/Cibele Ventura, (dia 21.11.2014)


Tomei um porre de água, remédios e sai cambaleando de embriaguez e felicidade por rever amigos do passado.

Cambaleante e leve, deixei a torre Santorini, na terceira etapa do Condomínio Mundi,  caminhei em êxtase pela alameda florida, com luzes brancas florescentes iluminando meus passos trôpegos, ouvindo colchoar dos sapos, canto dos periquitos e o barulho da água de uma fonte de água existente no Centro do Condomínio e sentindo o cheiro e apreciando um resto de floresta primária que permaneceu na divisão das etapas R-1 e R-2 da R-3, ligadas por uma ponte.

Caminhava lento, com cuidado. Estava deixando o casamento do Síndico do Mundi, Antônio Carlos Castro Paiva e sua Cibele Maria Belloni Ventura, filha do coronel PM da reserva Fausto Seffair Ventura, que exerceu vários cargos e funções no Amazonas, mas nunca chegou a assumir o Comando  Geral da PM, talvez porque não quisesse, mas não sei. Lembrou-me das vezes em que fui detido em manifestações e ele mandava me soltar porque “ele é meu amigo”. Usava cabelo e barbas longas e parecia mais um hippie do que um jornalista! Dos fatos narrados pelo coronel  havia esquecido de muitos que foram deletadas da memória depois das onze cirurgias a que fui submetido no cérebro desde 2006. Mas, estou escrevendo sobre o casamento do Síndico e não sobre o coronel, mas revê-lo depois de 9 anos foi muito agradável!  

Prossegui caminhando lentamente rumo ao meu apartamento na torre Nassau, na etapa  R-1.

- Conheço o Carlos Costa muito antes que você o conhecesse, Antônio, disse o coronel e passou a falar de minhas qualidades de homem chato, sincero, brigão pelo bem de todos e solidário ao mesmo tempo. Fiquei sem argumentos porque vivi a vida, aproveitei a juventude e comecei a ser jornalista muito cedo, aos 19 anos, já trabalhando credenciado junto a 5a Seção da Polícia Militar, onde conheci outro credenciado do Jornal do Comércio, Oscar Carneiro, de quem fiquei amigo e conversávamos muito. Depois dos elogios, me abraçou. “Ele era muito brigão. É da época do Fábio Lucena. Vivíamos em lados opostos, mas somos amigos”. Puxou uma cadeira e sentei ao seu lado. Ao meu lado também estava o blogueiro de Manacapuru, Bruno Sarmento Farias formado em ciências contábeis pelo Centro Universitário Leonardo Da Vinci (UNIASSELVI) e alimentador do “Blog do Bruno Sarmento”, que me perguntou se eu já conhecia o município. Disse que sim, mas que há 9 anos não retornava ao local onde lancei na Casa da Cultura, meu primeiro livro de poesias (DES)Construção, no início da década de 80. Conheci e fiz amizade com o vereador eleito mais novo do Brasil, Pedrinho Palmeiras, aos 19 anos. Depois virou empresário de sucesso no município, montou rádio, posto de gasolina e perdi o contato com meu amigo que já faleceu muito novo! Acho que tinha minha idade ou era mais novo porque tinha também, na época do lançamento de meu trabalho literário. 

O contabilista convidou-me para retornar e garantiu que o coronel Fausto viria pegar-me em casa. Não dirijo mais, respeitando ordens médicas. Perdi a visão periférica. Sugeri ao convidante que desenvolvesse uma programação cultural que voltaria. Garantiu-me que usaria seu programa de rádio e faria a programação. O coronel Fausto, apresentou-me sua nova esposa e lhe contei que também havia casado pela segunda vez, também com a filha do deputado estadual e advogado Francisco Guedes de Queiroz, de quem era amigo e admirador, a também advogada Yara Queiroz. Ela não compareceu ao porque fora a uma reunião de trabalho com um deputado da ALE, de quem ela é assessora jurídica.

Estou de novo escrevendo sobre o que não interessa a ninguém, mas não posso fugir da emoção que senti por ter sido o único dos membros do Conselho do Condomínio Mundi  a ser convidado. Logo eu, o mais chato de todos! Os convidados, eram só amigos íntimos da família dos noivos,                                                                                                                                                                                                                                                                                                                       Era o único “estranho no ninho”, mas não me senti estranho porque reencontrei pessoas que eu nem sabia que me conheciam de nome e passaram a conhecer-me pessoalmente. Na hora que o celebrante Antônio Carlos Marinho Bezerra Filho, perguntou se o noivo advogado Antônio Carlos Castro Paiva aceitava Cibele Maria Belloni Ventura como esposa, respondeu um “SIM” de forma convicta e alta. Houve risos e palmas e notei que estava nervoso e tenso, embora já vivessem juntos há mais de 4 anos. Na mesa em que estava, alguém comentou: “Será que a noiva desistiu do casamento?”. 

Não, só havia atrasado um pouco para dar mais charme e aumentar tensão do noivo. “A noiva chegou”, anunciou alguém à mesa e o pai coronel Fausto foi buscá-la e entrou de braços dados com ela, entregando-a ao noivo. Durante o casamento, garçons serviam gostosos salgadinhos e colocavam água em minha taça. Sempre me perguntavam se queria cerveja, champanhe e respondia que não! Depois do casamento, começaram as fotos e fui convidado a participar em uma delas. “Vai queimar o seu filme”, brinquei com o noivo. Na foto, sai sério porque perdi a capacidade de sorrir e não a recuperei nunca mais, porque tive comprometido meu lóbulo do humor. Pareço sempre estar com raiva, mas não estou; fiquei assim! Mas estou vivo!

No livro O HOMEM DA ROSA, escrevi que  “casamento é um contrato comercial infinito, regido pelo interesse do casal na busca de perpetuar a  sua espécie”. Reafirmo o que escrevi em 1989 e acrescento, que viver a dois não é fácil, mas é possível. Na crônica VIVER A DOIS É UM CARRO EM MOVIMENTO, afirmei que a vida a dois  é como se fosse  um carro em movimento andando por uma autoestrada: precisa ter cuidado com a velocidade, a pista, a sinalização, os sinais, o sol, a chuva porque o carro pode derrapar e ficar imprestável, virando sucata e jogado em algum lixeiro como carcaça do que fora um dia, um casamento feliz! Todo casamento sofre desgaste pelo tempo, feridas que nem sempre cicatrizam, problemas de toda ordem e precisa sempre de um tempero novo para não deixar cair em rotina. A  mesmice, acaba com qualquer relação a dois! Sei disso, porque estou também casado pela segunda vez e sou feliz, como os rios Negros e Solimões, que quase em frente a Manaus, formam o “encontro das águas”, que brigam sempre para evitar que as barrentas, do Solimões, resultantes de águas desbarrancadas pela força da correnteza, não invada as águas calmas e sem insetos do Rio Negro, resultado da decomposição de folhas, não invada a outra, mas depois seguem tranquilos de mãos dadas e despejam todas as suas amarguras nas águas do mar. Lembrando do casamento, conclui que pelo desgaste natural da convivência a dois, muitas vezes a relação se torna como o canto dos periquitos que eu ouvia: o casal fala ao mesmo tempo e precisa de um maestro para colocá-lo em ordem. Um deve ceder para que o outro possa ser ouvido! Os dois falando e gritando como os periquitos barulhentos e ensurdecedores, não se entenderão. 

Assim é o casamento! Assim é viver a dois: como encontro de duas águas com cores diferentes, pesos diferentes, sabores diferentes, mas que caminham cumprindo cada uma delas sua missão!

sábado, 22 de novembro de 2014

DEDO NA FERIDA DA CORRUPÇÃO!



O advogado Mário de Oliveira Filho que defende o lobista Antônio Falcão Soares, o Fernando Baiano, colocou o dedo na ferida: sem propina e acertos antecipados, não há obra dentro dos governos federal, estaduais e municipais, tudo como determina a Lei 8666/93. Não é legal. É imoral! O advogado foi claro como água que escorre pela sarjeta da Operação Lava Jato: “(...) se não fizer acerto, não coloca um paralelepípedo no chão”. Ele tem razão, mas não é o primeiro escândalo de corrupção que ocorre, embora seja terrível ter que admitir isso! É uma realidade histórica, mas que precisa ser modificada urgentemente, com o envolvimento de toda a sociedade civil organizada em prol do cumprimento e cobrança da promessa de moralização do Brasil feita durante a campanha, pela então candidata e agora presidente Dilma Rousseff. 

Conforme estudos do pesquisador Luiz Francisco Carvalho Filho, sobre “impunidade no Brasil – Colônia e Império”, o problema reside na total certeza da impunidade, como ocorreu no Governo FHC, quando a “CPI do Banestado”, sustada antes da leitura do relatório que pediria o indiciamento de mais de 90 pessoas, entre funcionários do Banco, doleiros e empresário, porque o senador tucano encerrou os trabalhos sem pedir o indiciamento de ninguém. O esquema de corrupção no Brasil não teve início no Governo do PT. É histórico e começou no Brasil Colônia, passou pelo Império, prosseguiu no Governo Militar e pode acabar agora no Governo Dilma Rousseff que prometeu leis severas contra corruptos e corruptores e uma ampla reforma na estrutura política do Estado brasileiro. De 1996 a 2003, foram desviados R$ 150 bilhões pelas contas CC5 e depositados em paraísos fiscais no exterior para promover as reeleições do presidente FHC e do governador de SP, José Serra. Provando a tese do pesquisador Luiz Francisco Carvalho Filho, o senador tucano Antero Paes de Barros não permitiu a leitura do relatório final para poupar de indiciamento o ex-prefeito de SP, Celso Pitta, o presidente do Banco Central Gustavo Franco, operador e coordenador da fraude, Ricardo Sérgio de Oliveira, uma espécie de Marcos Valério do passado. 

Como muitos querem fazer crer pelas redes sociais, a corrupção não começou no Governo do PT, mas pode acabar no Governo do petista, se a presidente Dilma Rousseff cumprir o que prometeu na campanha. A corrupção começou no Brasil Colônia, passou pelo Império e entrou pela República. É histórica, portanto, como em vários países. Agora, não importa saber se e quando teve início a corrupção no Estado. O importante é corrigir o que está errado e criar leis que punam corruptores e corruptos porque está entranhada em todos os níveis de poder. Desconheço prefeitos de municípios pobres do interior que não assumam prefeituras com poucos recursos e quatro anos depois deixem a administração do município com pouco dinheiro, fruto de corrupção legal, permitida pela Lei de Licitações, a 8666/93, criada para inibir o clima, assinada pelo presidente Itamar Franco, ladeado pelos seus ministros Rubens Recupero e Romildo Cahin, publicado no Diário Oficial. E não precisa fazer mais do que acertos antecipados com empreiteiras, colocar tudo dentro do que determina a Lei e tornar legal o “acerto”, tuto dentro da lei, respaldados em contratos fraudulentos, notas fiscais falsas e prestações cheias de documentos que não se sustentam por si só.

Como administrador em um sindicato de transporte, recebi oferta de dinheiro para continuar confeccionando vales-transporte de papel com a mesma gráfica. Mais tarde, cancelei licitação para a aquisição de equipamentos eletrônicos porque suspeitei de preços superfaturados que confirmei mais tarde. Recebi o telefonema de um empresário que disse se eu não cancelasse a licitação, me mandaria um presente. Não aceitei. Minha honra é mais importante do que o dinheiro! 

O que o advogado Mário de Oliveira Filho lobista envolvido no escândalo da Petrobras, está mais do que certo: sem acerto antecipado, ninguém ganha nada em nenhum nível de atuação que se envolva ou desenvolva. Alguém sempre vai querer tirar vantagem de algo financeiro de alguma coisa. Ou se faz o acerto do contrato antes, usando a lei 8666/93 (LEI DE LICITAÇÕES) Se não fizer acerto, não ganha obras públicas ou em qualquer outra esfera do terceiro setor, que cuida da maioria da área social do Estado. Essa promíscua e histórica relação entre o Estado corrupto e empresários corrutíveis precisa acabar em todos os níveis. 

Se for feito um levantamento em contratos de todas as prefeituras, em todas as áreas de serviço, analisando os “apêndices” de corrupção legal se  constará a presença de corrupção e acertos antecipados, com superfaturamento de valores para Prefeituras e órgãos públicos do Estado e Município. Se é histórico, se vem da época de Dom Pedro I, se vem da época de JK, continuou no governo militar dentro dos quartéis, isso é o que menos importa saber. 

A corrupção no Brasil é histórica e ninguém saberá precisamente quando começou, mas a presidente Dilma Rousseff pode entrar para a história como que acabou com o conluio pecaminoso entre empreiteiras, partidos políticos, políticos e reforçando Leis e permitindo que o judiciário atue com mais vigor, rapidez e rigor contra a corrupção porque os órgãos de fiscalização do Governo não estão sendo capazes de detectar qualquer quantia em depósitos proveniente “serviços de consultorias”. Será que todos os administradores públicos viram consultores quando deixam seus cargos e conseguem ganhar tanto dinheiro assim e ninguém desconfia de nada? 

A verdadeira origem de tudo é a corrupção legal, disfarçada em consultórias!

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

JOGOS VORAZES - 1a PARTE E O CINE GUARANY


Palmas, vaias e assobios e torcida pela mocinha do filme “Jogos Vorazes – 1a parte”, transportaram-me mentalmente para dentro do Cinema Guarany, no final da década de 70 e início de 80, quando assistia filmes de Tarzan, Mil Máscaras, Mini Maciste e outros que permaneciam durante 30 dias sendo exibidos em Manaus e os amigos faziam a mesma coisa, entre eles Jorge Lopes da Silva, Agripino e outros do Colégio Dorval Porto, que não lembro mais, todos adolescentes, na faixa etária de 13 a 14 anos. A única diferença do Cinema Guarany, além das poltronas de madeira que existiam naquela época para as acolchoadas que existem hoje no Cinema do Manauara Shopping, eram as pessoas utilizando aparelhos celulares, conferindo mensagens em facebook, whatsapp e outras redes sociais. 

O filme em si é bom, mas só para quem assistiu o primeiro “Jogos Vorazes” porque não entenderá a sequência. Também o final da exibição não agradou a muitos que aplaudiam, vaiavam ou assobiavam porque termina de forma estranha, dando a entender que haverá uma segunda parte da produção. 

No final da década de 70 e início dos anos 80, a tecnologia do celular era impensada para o Amazonas que dependia da Camtel (Companhia Amazonense de Telecomunicações) e Telamazon (Telefonia do Amazonas S/A) para conseguir completar ligações, usando fios e pinos, cheia de moças que faziam o trabalho de conetar o fio no plugue do telefone da residência que havia pedido o interurbano. As vezes, se pedia um interurbano de manhã e só era completada no horário da tarde. Os telefones residenciais de quatro dígitos, eram caríssimos e só os mais ricos podiam adquiri-lo. Era tão caro que podia ser pago em prestações, no em carnê. Eu adquiri minha primeira linha telefônica e andava com meu carnê de dez prestações na bolsa que usava para trabalhar no jornal A NOTÍCIA

Um dia, almoçando no quartel do Comando da Rádio Patrulha, o aspirante Sirotheou, da PM, comia e colocava osso de galinha dentro dela.  Eu não via, mas ouvia os risos dos outros aspirantes à mesa porque percebiam o que o colega estava fazendo comigo. Perdi quase todas as anotações daquele dia para A NOTÍCIA, que se encontravam dentro da bolsa, mas consegui salvar o carnê de pagamento do meu primeiro telefone. Era um tesouro para mim!

Entrei no túnel do tempo e todas as vezes que ouvia manifestações dentro do cinema, falava para minha esposa Yara Queiroz e meu filho Carlos Costa Filho, que as vaias,  assobios, palmas e risos me faziam lembrar a época do Cine Guarany que meu filho não conheceu e minha esposa, que tem a mesma idade que eu, se lembrava muito bem e dizia: “eu também”. Meu filho se irritou e disse que se eu repetisse mais uma vez que tudo me lembrava os filmes que assistia nas décadas de 70/80, ele ficaria chateado comigo. Fiquei calado, mas só imaginando a minha adolescência despreocupada, mas responsável.

Vendia jornais durante a semana toda, separava “o lucro”, calculando o número de passagens do mês, separava os valores que teria que gastar, guardava o dinheiro do cinema e colocava em um cofre uma parte para depositá-lo na caderneta de poupança Socilar. Tudo o que recebia em qualquer venda que fizesse, sempre fazia esse mesmo cálculo e, quando não tinha dinheiro nenhum para comprar os ingressos, pedíamos ao Jorge Lopes da Silva para recolher garrafas escuras de cervejas, lavá-las, almoçar 10 horas, levá-las em um saco e vendê-las no Pavilhão São José. Quanto mais escura fosse a cor da garrafa e a limpeza dela, tinha um valor diferente. Com o dinheiro na mão, Jorge Lopes entrava na fila do cinema, na Avenida Getúlio Vargas, no Centro de Manaus e fazia volta na Avenida 7 de Setembro, principalmente em dias de estreias de novos filmes. Mas costumávamos assistir filmes já visto antes. Os de Tarzan, principalmente!

Todos juntos, descíamos do ônibus de madeira em uma parada na Avenida Getúlio Vargas, parávamos em algumas bancas, comprávamos revistas de Tarzan, Tex Ranger e de Brigite Montefort e seguíamos em algazarra para encontrar o Jorge que já nos esperava com os ingressos na mão. Quando não conseguíamos comprar ingressos para todos,  esperávamos o filme começar e entravamos por um portão lateral de madeira que existia ao lado e passávamos por baixo do pano de projeção e sentávamos rapidinho porque não queríamos ser retirados pelos “lanterninhas” que existiam dentro do cinema para clarear as cadeiras de madeira.

Lembrei de tudo isso enquanto assistia ao filme “Jogos Vorazes 1a parte”, sentado em uma confortável poltrona achoada, lembrando das que existiam no cinema Guarany, em madeira.  Ah, como foi gostoso lembrar de um dos melhores cinemas de Manaus, pertencente ao empresário Adriano Bernardino, destruído pela ganância do capital financeiro para dar lugar ao Banco Itaú no mesmo local, mas hoje totalmente diferente do que era. Do outro lado da Avenida Sete de Setembro, existia e ainda existe a fachada do Cine Polyteamma, do mesmo empresário mesmo funcionando com várias lojas comerciais, foi preservada. Ainda bem! 

É pelo menos uma parte de minhas lembranças sendo preservadas. As do Guarany, agora, só em fotos e saudosismos do passado, que sempre me ocorrem. Vivo no presente que destrói as lembranças e constrói minhas desilusões, porque nada é preservado para as novas gerações!

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

O CASTELO DO PREFEITO ADAIL DESABOU, MAS NÃO FOI DESTRUÍDO!


O prefeito de Coari, Adail Pinheiro, preso há mais de 8 meses no Batalhão da Cavalaria em Manaus e ainda no cargo por “beneplácito” de vereadores da Câmara do Município que não o cassaram, foi condenado a 11 anos de prisão por pedofilia, mas seu poder e influência não foram encerrados. Seus advogados entraram com recurso no STJ, mas tiveram seu pedido de liberdade negado. O desembargador do Tribunal de Justiça do Amazonas Rafael Romano, na opinião do deputado Luiz Castro considerou que ele foi extremamente “eficiente”.


Mesmo com algumas testemunhas que o acusavam tendo voltado atrás em seus depoimentos e negando que ter sofrido estupro ou assédio sexual, o deputado Luiz Castro, da Comissão da CPI da Pedofilia na Ale-Am, comemorou com os movimentos sociais que lutam contra a pedofilia no Amazonas, declarando “estamos num momento importante na história da luta contra o esquema de pedofilia em Coari”. Segundo o parlamentar, os advogados do prefeito estão tentando libertá-lo junto ao STJ, em Brasília, desmoralizando a decisão da Justiça do Estado do Amazonas, se conseguirem. 

Quem teria pago os horários advocatícios do jurista Délio Lins e Silva, que veio ao Amazonas só para fazer sustentação oral em favor do prefeito, teria sido o próprio acusado ou teria saído dos cofres da Prefeitura Municipal de Coari, como vem ocorrendo sempre com os vários advogados que o defendem em mais de 30 processos por improbidade administrativa, desde que foi preso pela primeira vez na Operação Vorax da Polícia Federal, transportando mais de 7 milhões de reais? O Deputado Luiz Castro precisa ficar atento a esse detalhe que, para muitos, não tem a menor importância, mas é de extrema importância para os moradores do município, rico em petróleo e em pedofilia exercida pelas autoridades que deveriam proteger os mais vulneráveis.! O deputado diz que há fortes indícios que o dinheiro saiu dos cofres da Prefeitura, mas não quis adiantar mais detalhes.


Caso isso ocorra, o grupo criminoso de Coari não ficará mais à vontade para intimidar e cooptar as vítimas e testemunhas, que não temerão mais a impunidade dos delinquentes”, garante o deputado Luiz Castro, ao comemorar a decisão da condenação e pediu que os movimentos sociais fiquem atentos e não permitam que a liberdade do prefeito condenado junto com vários de seus assessores, se destacando o seu Secretário Adriano Salan, caso isso venha a ocorrer, temendo pela total desmoralização da Justiça do Estado do Amazonas, que vem protelando indefinidamente os julgamentos dos mais de 60 processos administrativos e por crimes de pedofilia a que ele responde. Dos processos administrativos já julgados, alguns o prefeito foi absorvido por prescrição processual e em outros foi condenado a penas mínimas, capazes de o livrarem da prisão.


Segundo o parlamentar, de dentro de seu “Hotel Batalhão”, o prefeito Adail Pinheiro “continua no comando direto de sua equipe de cooptação de vítimas, coagindo-as com ameaças de morte ou generosas ofertas de dinheiro para as famílias das vítimas desmentirem tudo na CPI Federal, ao MPE e à Justiça Estadual e até a própria CPI da Assembleia Legislativa do Estado. Duas testemunhas vítimas negaram tudo e outras, mesmo ameaçadas, continuam resistindo e confirmando seus depoimentos iniciais”. Incrível! 

Quanto poder tem o dinheiro e quanta relação de promiscuidade tem entre autoridades e a vida dos munícipes de Coari! Só falta agora o prefeito Adail Pinheiro, deixar o seu “hotel”, dar voz de prisão ao comandante da Cavalaria, acusá-lo de abuso de autoridade e processá-lo, determinando o encarceramento em seu lugar, mesmo depois de mais de 7 anos de ter cometido os crimes de pedofilia e a quase completa conivência entre membros da Justiça do Amazonas e o poder do dinheiro dos royalties do petróleo do Município da Bacia Petrolífera e Gás de Urucu, na bacia do Rio Solimões, a 650 km de Manaus, que produz diariamente 11 milhões de metros cúbicos de gás e 54 mil barris de óleo e condensado, em uma área de 350 km2. Todo o transporte dessa produção acontece através de dutos que ligam o complexo ao terminal do Solimões, onde o mineral é embarcado para refinarias em Manaus e deveria estar chegando a Manaus por gasodutos.

Como presidente da Comissão Estadual de Emprego no Amazonas e quase no fim do Governo Eduardo Braga, assinei vários projetos que visavam o transporte do gás até a capital, cruzando municípios onde seriam gerados mão de obra. Nessa época, as ruas de Manaus, viraram tábua de pirulito de tantos buracos para distribuir gás as indústrias e condomínios, mas passados mais vários anos, nenhum benefício trouxe à Manaus em termos de economia de preços para o setor industrial, muito menos residencial. 

Mesmo assim, o prefeito Adail Pinheiro, preso em operação da Polícia Federal por crime de pedofilia, ganhou liberdade, teve um processo por pedofilia julgado, se candidatou e venceu as eleições para administrar o município mais uma vez. Não seria estranho se ganhasse liberdade e retornasse nos braços do povo de Coari,  reeleito mais uma vez e ainda anunciasse que tudo teria sido resultado de uma armação política para prejudicá-lo em “sua imagem” de bom moço que nunca deve ficar próximo a uma adolescente!

terça-feira, 18 de novembro de 2014

DIANTE DA CRUZ E DA ESPADA



Diante dos últimos fatos revelados pelo puxar do rolo da corrupção envolvendo três diretorias da Petrobras, cujos comandantes foram indicados pelo PP, PMDB e PT, a presidente Dilma Rousseff está entre a cruz  evangélica da moralização e da organização estrutural e moral do Brasil e da espada afiada da corrupção, que é imoral e corrói toda a estrutura frágil da governabilidade e causa tantos dissabores e críticas porque envolvem a maioria dos partidos. Contra a presidente Dilma Rousseff não há nenhum indício de que ela seja corrupta, mas contra membros de seu partido, sim.

A prisão da advogada Chistiane Araújo Oliveira, que sumiu de Brasília e mais a prisão de uma doleira na Espanha, a pedido da Justiça Federal de Santos, por envolvimento com tráfico de drogas para a máfia Italiana e também envolvida com o esquema de Alberto  Youssef, no maior esquema de desvios de recursos públicos em um país democrático do mundo moderno, superando o PIB de muitos países, como anunciou o NYT, superando em muito o esquema do mensalão operado por Marcos Valério, que levou à prisão, proeminentes membros da cúpula do poder no PT. Será que não estaria na hora de se reformar todo o Brasil, em todos os aspectos e não só para punir corruptos e corruptores, “doa a quem doer”, como vem repetindo sistematicamente a presidente Dilma Rousseff?

A primeira denúncia de corrupção dentro da Petrobras foi realizada pelo jornalista Paulo Francis, direto de Nova York, durante o Governo de Fernando Henrique Cardoso e o presidente da empresa, João Rennó, ao contrário de mandar apurar, preferiu processar o jornalista na justiça americana e cobrar dele uma indenização de 100 milhões de dólares. Conseguiu, mas Paulo Francis não pagou porque faleceu por depressão em razão do processo.

Além das denúncias contra diretores presos de empreiteiras que realizam obras para o Governo Federal,  elas não serão paralisadas porque seria um caos para o país, mas somente repactuadas e descontados os valores a maior pagos pelos “acertos” para abastecer os cofres de campanha do PP, PMDB e PT, tudo dentro de uma “legalidade” imoral como sustentam os advogados, tantos das empreiteiras quanto dos partidos. Desconheço advogado de defesa que seja que não faça uso do “ jus spermiendi” na defesa de seus clientes. Só conheci um advogado amazonense, Roberto Alexandre Roberto Barbosa (in memorin) que, na defesa de um acidente de trânsito um motorista de ônibus caiu de uma ponte e causou a morte de três pessoas, pediu a condenação de seu cliente a três anos de prisão, contra a tese de homicídio que o representante do Ministério Público  queria enquadrá-lo em crime de homicídio, o que poderia  condená-lo a até  21 anos de prisão.

Todos os advogados negam envolvimentos de seus clientes com crimes e dizem que a doação das empreiteiras foram legais. Pode até ter sido legal, mas foi imoral também. Ainda bem que os pedidos de habeas corpus impetrados pelos advogados dos “inocentes” empresários denunciados, estão sendo negados pela Justiça, mas nem sempre assim que o judiciário se comporta, com decisões liminares sendo cassadas por outras decisões liminares sem julgamento do mérito do processo, permitindo que prefeitos de vários partidos, mesmo presos em flagrante por crimes de corrupção, são beneficiados por essas ações contraditórias, mas legais da Justiça, que confundem a cabeça dos brasileiros.

Não estaria na hora de a presidente Dilma Rousseff apresentar a sua proposta de Lei para endurecer a lei contra a corrupção, punindo igualmente o corrupto e o corruptor? Será que não estaria na hora de ser enviadas ao Congresso Nacional as Leis que prometeram fazer modificar a estrutura das leis do Brasil, por completo? Entendo que sim. Ai se saberia quem é que está a favor da cruz da moralização das leis do Brasil ou quem estaria a favor da continuidade da espada da corrupção!

domingo, 16 de novembro de 2014

BELLA QUEIROZ E A NOITE ITALIANA NA CACHAÇARIA DO DEDÉ


Interpretando a música “Per Amori”, composta e gravada no Brasil pela cantora Zizi Posse, a cantora amazonense Bella Queiroz abriu seu show “NOITE ITALIANA” na Cachaçaria do Dedé, no Shopping Ponta Negra, que, devido ao sucesso alcançado,  já anunciou para a janeiro, uma NOITE PORTUGUÊSA. 

Com muito macarrão e vinho à mesa, Bella Queiroz, interpretava músicas de cantoras divas italianas, dando ênfase no repertório de Gigliola Cinquetti que, aos 15 anos, venceu o Festival de Castrocaro, interpretando a canção de Giorgio Gaber, “La strade di noite”, em 1964.

De origem abastada de Verona, formada no Liceu Artístico da cidade e começou a cantar ainda jovem, aos 15 anos. A cantora amazonense Bella Queiroz também começou a cantar aos 15 anos e venceu o Festival de Música do Colégio Objetivo, onde estudava e aos 17 anos, gravou seu primeiro CD com uma composição sua e outras de compositores que apostaram no belo e suave timbre de sua voz. Mas as comparações param ai.

Ainda jovem, dois meses depois, Gigliola venceu o Festival de Sanremo, em 1964, interpretando a música “Non ho L´età (per amarti), de Nicola Salermo e letra de Mário Panzini. Bella Queiroz, prosseguiu fazendo shows em Manaus e chegou a cantar ao lado do consagrado cantor parintinense Chico da Silva, no palco do Teatro Amazonas, na turnê “Segundas no Palco”. Das doze edições do Festival da Canção de Sanremo dos quais participou, Gigliola venceu duas vezes, uma delas em 1966, interpretando a música “Dio Come ti amo!”, composição de Domenico Madugno, a qual Bella Queiroz interpretou duas vezes, uma atendendo a pedido a pessoas de uma mesa.

Seu produtor Isaac Amorim havia me garantido que havia incluído no repertório e Bella Queiroz tinha ensaiado a música “Non ho l´etá (per amarti), (Não tenho idade (para amar-te) de Nicola Salermo e Letra de Mário Panzeni, mas ela a retirou no show porque  confessou-me que não se sentiu segura para interpretá-la. Tudo bem, mas, pelo menos, ouvi duas vezes a interpretação da música “Dio Come ti amo!”, a melhor interpretação que gosto de ouvir de minha enteada. Ofereceu a música “Per Amori”, para seu esposo Wesley Dasilio, com a qual abriu o show.

Terminou o show interpretando a música “Volare”, também uma composição de Domenico Madugno, para delírio de todos os presentes que compareceram à Cachaçaria do Dedé, naquela noite chuvosa de Manaus quente e úmida.


Gigliola Cinqueti tornou a música de Domnico Madugno tão famosa que virou filme interpretado por ela mesma! E canta a música  “Dio Come ti amo!” fazendo com seu amado Luis que embarcaria para deixá-la, deixasse o avião turbo hélice e fosse abraçá-la  aos prantos no saguão do Aeroporto de onde  cantava, pensando que ele a teria deixado. Uma cena comovente que nunca esqueci do filme e que de vez em quando a vejo, mesmo tendo sido rodado em preto e branco em 1966, dirigido por  Miguel Inglesias, com história de Ennio De Coincini, roteiro de Giovani Grimaldi e Eliana de Sabata, estrelado por Gigliola Cinqueti, como Gigliola de Francesco e Mark Damon como Luis.


FICHA COMPLETA DO FILME


Tipo: Longa-metragem / P&B
Palavras-Chaves: Canção, Guitarra, Cantor / cantora, amizade, ...mais
Produtora(s): Ultra Film - Sicila Cinematografica, Altura Films S.L.

Diretor(es) / Directors

Miguel Iglesias (2)
Roteirista(s) / Writers

Ennio De Concini ............... História 
Giovanni Grimaldi ............... Roteiro 
Eliana De Sabata ............... Roteiro
Elenco / Cast

Gigliola Cinquetti ............... Gigliola Di Francesco 
Mark Damon ............... Luis 
Micaela Cendali¹ ............... Angela 
Antonio Mayans ............... Gianni 
Trini Alonso 
Antonella Della Porta 
Carlo Croccolo ............... Gennaro 
Félix Fernández 
Carlos Miguel Solá 
Carlo Taranto (1) 
Juan Velilla 
Rosita Yarza 
Raimondo Vianello ............... Príncipe 
Nino Taranto ............... Pai da Gigliola
Fotógrafo(s) / Cinematographers

Cecilio Paniagua
Produtor(es) / Producers

Miguel Berard ............... produtor executivo
Montagem / Editors

Franco Fraticelli
Decorador(es) / Set Decorators

Bruno Cesari 
Andrés Vallvé
Maquiagem / Make-up

Iolanda Conti 
José Luis Ruiz (1) 
Michele Trimarchi 
Margarita Vila
Supervisor(es) de Produção / Production Managers

Jesus Folgar¹ 
Danilo Marciani 
Michele Marsala 
Enrique Vila¹
Diretor(es) Assistente(s) / Assistant Directors

Giovanni Fabbri 
Luis García (6)
Departamento de Som / Sound Department

Claudio Maielli
Departamento de Câmera e Elétrica / Camera and Electrical Department

Eduardo Noé 
Giuseppe Ruzzolini
Departamento Musical / Music Department

Ciampi¹ 
Colonnello¹ 
D'Esposito¹ 
Domenico Modugno 
Federico Monti-Arduini¹ 
Rascel¹ 
Nisa¹
Outros membros da equipe / Miscellaneous Crew

Arcangelo Picchi ............... Administrador 
Juan Riba ............... Secretário de produção 
Paquita Vilanova ............... Supervisora de roteiro 

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

CARTA PARA LUCIANA TAMBURINI, AGENTE DE TRÂNSITO



Homenagem a todos os agentes de trânsito que evitam mortes nas ruas do Brasil!

 -“Você é juiz, mas não é Deus”, disse a agente de trânsito Luciana Silva Tamburini ao motorista João Carlos de Souza Corrêa epor isso a juíza de primeira instância Andréa Quintella a condenou  indenizar o juiz em em 5 mil reais, por tê-lo parado em 2011, durante uma blitz da Lei Seca criada em fevereiro daquele ano, em uma Rua do Rio de Janeiro e, inadvertidamente, tê-lo chamado de DEUS (e não de motorista). No caso João Carlos de Souza Corrêa, o motorista e não o juiz, não era Deus, mas deu voz de prisão à agente, por desacatado. Mas, quem teria desacatado quem? O motorista que não portava CNH ou a agente de trânsito que o mandou parar? Luciana, você não deveria tê-lo chamado de DEUS, mas somente de um motorista que estava colocando em risco a vida de outras pessoas, além da dele próprio.

Luciana, você errou também ao dizer que o motorista não seria Deus, no momento de sua abordagem. Luciana, você deveria ter  dito, apenas: “o senhor,  dê-me sua CNH, por favor! Recebendo a carteira funcional do cidadão João Carlos, dizer-lhe: quando o srque Juiz, não dirige automóvel; motorista, sim”. Esse foi seu erro brava guerreira da Lei que denhor está atrás de um volante de um automóvel é apenas um motorista que deve portar CNH, potegende os mais fracos, como deveria ser a função de toda Lei. Com a decisão de condená-la, está provado que não é porque “a agente de trânsito zombou do cargo por ele ocupado, bem como do que a função representa na sociedade. (...) Em defesa da própria função pública que desempenha, nada mais restou ao magistrado, a não ser determinar a prisão da recorrente, que desafiou a própria magistratura e tudo o que ela representa. (...) Por outro lado, todo o imbróglio impôs, sim, ao réu, ofensas que reclamam compensação. Além disso, o fato de recorrido se identificar como Juiz de Direito, não caracteriza a chamada ‘carteirada’, conforme alega a apelante", diz um trecho da decisão da Justiça. Ao nobre acórdão do desembargador José Carlos Paes, prolatado no dia 22 de outubro, diante dos argumentos utilizados para condenar a agente de trânsito, cabem algumas perguntas:

1. A função pública de um agente de trânsito nada representa para a sociedade?  Não seriam as funções iguais, em lados opostos se enfrentando? A função do agente de trânsito seria igual à de um juiz de Direito, cada um fazendo cumprir a lei? Se não for isso, qual seria a função do agente em serviço, então, se não  fosse cumprir a lei pedindo a CNH e fazendo o teste do bafômetro ao motorista? Se recusando, a agente de trânsito não teria a autoridade para dar voz de prisão ao Juiz?

2. Se o magistrado identificando-se com a Carteira funcional do Tribunal de Justiça do RJ e não com sua CNH que não portava, não é dar uma “carteirada”, não sei o que o que seria o sentido de “dar uma carteirada”, se mostrando mais autoridade do que a autoridade do fiscal da Lei do trânsito. Se não for isso, emburreci de vez!

Muito natural e mais perfeito seria o juiz ter se submetido ao teste do bafômetro, dito que era um juiz, que não portava sua CNH no momento da abordagem e depois ter tomado as providências que entendesse que pertinentes, do que puxar sua carteira funcional de juiz?  Até prove-se ao contrário, quem dirige automóvel é motorista e não juiz! Juiz julga processos e o Agente de Trânsito julga o que é certo e errado no trânsito. No caso da condenação da agente, deve  qual o direito e o papel da agente de trânsito se não for fazer cumprir a Lei? O que o juiz tem de melhor do que a agente de trânsito se ambos fizeram concurso público, foram nomeados e representam em cada esfera o Estado e o Município, um fazendo cumprir o CTB e outro para julgando os processos que lhes aparecem a partir do Ministério Público?  Ambos se equivalem no desempenho de suas funções! Mas a justiça não entendeu assim e eu respeito, mas não aceito e nem concordo porque a Lei deveria proteger o mais fraco como determina o artigo 1o da LIC – Lei de Introdução ao Código Civil!

Desculpe-me, Luciana, mas chamá-lo de DEUS foi uma grande ofensa ao criador de todas as coisas porque alguns magistrados pensam que são DEUSES e outros, como o motorista João Carlos de Souza Correa, tem certeza que já é. Tanto que usou a Justiça para condená-la. Na relação entre a cega justiça e a lei, há uma distância muito grande e cega também. Nesse caso, a corda sempre corta para o lado do mais fraco: você, Luciana, a quem estou solidário, principalmente depois que seu primeiro recurso foi negado pela 14a Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, por unanimidade. Nem tudo que é justo é legal e nem tudo que é legal, é justo, entenda, Luciana, para quando for abordar uma outra autoridade no trânsito.

A fé pública do agente fora corretamente respeitada e aplicada e quanto à responsabilidade isenta de ânimos quando está de posse de uma caneta e de um caderno de multas, diante de um juiz que pode condenar e absolver e também tem o poder para prendê-la? Minha resposta é SIM, a agente de trânsito Luciana Silva Tamburini agiu conforme a Lei lhe impunha no momento: parou o motorista que não tinha CNH, deve ter se exaltado e tentado lhe dar uma “carteirada” de Juiz! Tem corporativismo!

terça-feira, 11 de novembro de 2014

COMO VINHOS!



A minha esposa Yara Queiroz, no dia de seu aniversário, em 10 de novembro de 2014!

Como vinho, estamos envelhecendo juntos dentro de um barril de carvalho, eu e a Yara Queiroz. Estamos diferentes, melhores em nossos defeitos, mais experientes  em nossas vidas e mais confiantes e maduros em nós mesmos!

Como se fôssemos pés de vinhas velhas em um parreiral, somos vinhos da melhor safra, sabor e qualidade e sabemos que a estamos produzindo de uma mesma qualidade porque o tempo que separou nossas vidas foi de apenas nove meses. Estamos vivendo a nossa mesma idade de vida e de tempo. O envelhecimento é só um detalhe sem muita importância. Estamos amadurecendo juntos há 17 anos; eu, sem muita qualidade de vida, ela, com alguns problemas de pressão alta e diabetes tipo 2, controlados com medicamentos e exercícios físicos. Suas amigas, Francisca da Silva, a “France”, do Rio Grande do Norte e Joseane Farias, da Paraíba, fizeram-lhe surpresa e compareceram. Minha esposa está ficando madura e cada vez melhor, como o melhor vinho que podemos colher!

Se não está mais com seu corpo de sereia, isso não tem a menor importância: são  marcas do tempo e o tempo não separa cultura, formação, qualificação e atinge a todos indistintamente. Se está com cabelos pintados, pouco importa porque continuo amando-a. Estamos hoje igualando nossas idades. Mas, também, quem mandou eu nascer nove antes de minha esposa? O tempo só nos amadurece e nos transforma em sábios e nos ensina com sua sabedoria, nos orienta a fazer trilhar nossos filhos pelos caminhos corretos!

Estamos envelhecendo juntos, como vinhos. Também corremos contra a correnteza e nos encontramos no “encontro das águas” dos rios Negro e Solimões. Brigamos e nos abraçamos  num encontro maravilhoso e espetacular. Invadimos e gravitamos um no espaço do outro, mas é normal e necessário. Nosso reencontro, depois de ambos casados, se deu na Faculdade. Já nos conhecíamos. Ela me detestava porque usava cabelo e barba grandes. Na cantina,  estava dentro de um vestido longo amarelo como a cor do Rio Solimões. Eu, como já disse, com barbas e cabelos já curtos, mas negros, com um sinto branco segurando minha calça preta. Hoje, pintados cor de prata, a barba e o cabelo, me recuso a usar tintas e me orgulho de tê-los assim: cor da experiência, maturidade e responsabilidade! Quanto mais brancos ficarem, mais me sentirei seguro em minha insegurança sem saúde, com saúde precária, infectado por bactérias hospitalares incuráveis e visitando médicos, tomando remédios e me submetendo a inúmeros exames. Faço de minha vida o melhor que Deus e os médicos podem dar-me.

Não me importa se o tempo passou e nos envelheceu. Se nossos filhos mudaram a forma de minha esposa e lhe tiraram a beleza, a graça e a juventude do passado. Isso não fez a menor falta ou diferença, afinal o tempo passa para todos e também serve para destruir o que já fora belo, moldando o que se tornará perfeito pelo aprendizado de vida O mesmo tempo destruidor pode nos permitir viver mais amadurecidos. A Yara é quase perfeita, com poucos defeitos! Eu também tenho aos meus. Não podemos nos queixar do que vivemos, mais dos sonhos que o tempo não nos permitiu  que fossem realizados. O tempo e só o tempo, passa rápido, mas nunca envelhece nosso espírito. Não podemos esquecer que nascemos nus e agora temos roupas para nos cobrir. Não importa se hoje não temos mais as agilidades e a destreza do passado. O tempo é assim mesmo, nos tira umas coisas e nos dá outras...! 

O que importa é que somos vinhos: ficando velhos juntos e mais saborosos para nós mesmo e para os outros!

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

POEMA PARA YARA QUEIROZ


No dia de seu aniversário :presentes suas amigas Francisca Souza, de Natal e Joseane Farias, da Paraíba



Dormindo, Yara Queiroz é linda!
Acordada, uma leoa pronta para defender sua cria.
(como foram seus pais,
Francisco Guedes de Queiroz e Maria Luíza Queiroz)
Minha mulher é um anjo, cândida e calma!
Respiração pesada e cansada
(a observo, quando começa a dormir
 e velo seu sono até que durma sob efeito de Gardenal)
a admiro com carinho.
Mais tudo isso não teria nenhuma importância,
se dos 17 anos de casados, Yara Queiroz
não cuidasse prolongar minha vida há 9 anos.
Nos oito anos antes,
deu-me o filho Carlos Costa Filho,
(meu maior presente!)
Repito: dormindo, minha esposa é um anjo
Sou feliz porque ela sempre está feliz
e com um sorriso solto na boca!

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

POBREZA E MISÉRIA NÃO SERIAM FALTA DE COMIDA NA MESA?


Pobreza pode ter de vários tipos e formas: uma carência, cogonal, envolvendo necessidades da vida cotidiana como alimentação, vestuário, alojamento, cuidados com a saúde. Nesse sentido, a pobreza pode ser entendida como “a carência de bens e serviços” que o Estado deveria lhe prestar, como falta de recursos econômicos, rendimento ou riqueza não necessariamente monetários. Segundo o site Wikipédia, a União Europeia, identifica a pobreza em termos de “distância econômica” relativamente a 60% do rendimento mediano da sociedade. A pobreza seria um pouco pior que a miséria e pode levar a uma carência social, com a exclusão, dependência do Estado e incapacidade de participar nas áreas de educação e informação de uma sociedade e das relações sociais são “elementos chaves” para compreender a pobreza ou a miséria pelas organizações internacionais, que consideram a pobreza para lá de econômica, informa a mesma publicação. 

Talvez tenha sido por isso que os dados pesquisados e revelados pelo IPEA confirmando que a miséria teria aumentado no Brasil, tenha recebido tantas críticas, desmentidos e controvérsias ao ponto do Governo Federal o ter negado e garantido que teria sido apenas uma questão de metodologia. Um especialista ouvido em entrevista disse que a inflação seria uma causa do aumento da miséria porque teria diminuído o poder aquisitivo das pessoas. Aécio Neves, candidato derrotado nas urnas, disse em seu primeiro discurso no Senado que o Brasil real começou a aparecer, mas também apareceria se ele tivesse sido eleito presidente porque os preços da luz, combustível e vários outros foram reprimidos em razão do período eleitoral e começaram a ser autorizados agora. Se ele tivesse sido eleito presidente também teria que conceder os mesmos reajustes para não comprometer o setor energético e nem a Petrobras. Dilma Rousseff está entre a cruz e a espada: se aumentar, o povo reclama com relativa razão; se não aumentar, poderá ter crise  que se refletiria mais na frente com apagões e outras consequências.

Diante desse bombardeio de informações e desmentidos, está o eleitor que não entende muito bem de números, estatísticas e que se omitiu ou se acovardou,  deixando de colocar 4 milhões de votos nas urnas, que poderiam ter mudado o resultado das eleições para um lado ou para outro. Perguntas ficam sem respostas e  com interpretações conflitantes, surgindo assim acusações, explicações, esclarecimentos e coisas que criam para definir uma coisa básica: tanto a miséria quando a pobreza extrema significam falta de comida na mesa e exclusão social. Mas seria a inflação galopante e incontrolável, a única forma ou fórmula para explicar o aumento da miséria ou teriam outros componentes envolvidos nesse intrincado mundo de ilusões? Qual o parâmetro que separa a miséria da pobreza? No encontro nos dados do IPEA a justificativa não é aceita com objetividade e nem como uma matemática exata. Existe miséria e pobreza no Brasil, sim, mas em que patamar? Acredito que os discursos políticos atuais devem buscar uma forma de, não esquecendo as atitudes políticas tomadas em 2013 quando jovens foram às ruas reivindicar o fim dos reajustes de preços nas passagens de ônibus e avançou para outros campos, gerou votações apressadas de projetos que tramitavam na Câmara há muitos anos, com vitórias da sociedade. Uma coisa é certa: houve um racha no Brasil e a presidente Dilma Rousseff terá que enfrentar uma chamada “pauta bomba”, promovida pelo presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Alves, derrotado nas urnas na disputa ao governo do Estado e que terá encerrado seu mandato de deputado federal. O diálogo proposto pela presidente Dilma Rousseff não foi o mesmo que fez o candidato derrotado nas urnas e fortalecido nas ruas, Aécio Neves, como a voz da oposição, em seu primeiro discurso no Senado. Ele disse que havia um Brasil escondido e latente, mas que esse Brasil começa a aparecer agora, com reajustes nos preços que ficaram reprimidos e dados do IPEA, também reprimidos, e que não foram revelados antes para não atrapalhar as eleições, cujo resultado poderia ter sido outro.

Afinal, seria a miséria extrema a pessoa não ter quanto? E a pobreza extrema, quanto? Seria medida por qual sistema? Qual metodologia que está causando tantas controvérsias no governo, ao ponto de dois pesquisadores do IPEA terem pedido afastamento de seus cargos? O certo é que ambas, a miséria e a pobreza não seriam uma coisa só, diferenciada só por fórmulas, metodologias e, afinal, tanto uma como outra termina em um mesmo ponto: a fome, a falta de comida, exclusão social, de saúde, educação, cultura etc.! Os detalhes são só detalhes! Mas esses detalhes geram toda a confusão de dados, números e estatísticas!  Seria a miséria a pessoa não ter o que comer e a pobreza extrema não ter a mesma coisa, afinal, tanto uma como outra coisa o resultado é o mesmo: socialmente, a pessoa está excluída. De uma forma ou por uma fórmula, as duas redundam em uma só\; exclusão de tudo o que é dever do Estado lhe oferecer!

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

GOLPE NÃO!!!! (uma viagem ao tempo da censura)


À Sandra Regina Henriques

Golpe, não!

Todo golpe, pelo método que venha acontecer, sempre traz um vermelho de sangue em sua cor! Fiquei estarrecido com as manifestações de protesto contra a falta de água em São Paulo e observei pessoas jovens pedindo à volta do Regime Militar, como se isso fosse a solução do problema. Só pede a volta do militarismo, quem não viveu o militarismo, os anos de chumbo, a repressão, à falta de liberdade, a censura à imprensa. Eu vi, vivi e fui duramente censurado porque eu também tinha o ímpeto de jovem rebelde sem causa, mas protestava. Também tenho escutado e lido muito sobre pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Sou radicalmente contra qualquer tipo de pensamento sobre esses assuntos! 

Li nas redes sociais que uma vereadora de uma cidade de Natal sugeriu que todos os Estados que votaram e ajudaram a eleger Dilma Rousseff presidente do Brasil para mais um mandato, fossem transformados na Cuba brasileira. Depois li que a presidente do TRE de Alagoas teria ficado decepcionada com a reeleição de Dilma. De quem recebi as informações, explicou-me que só estavam exercendo seus livres direitos de opinião. Concordei, mas ponderei que ambas não deveriam ter usado seus cargos e, sim, se manifestado como simples pessoas do povo. Se estivessem insatisfeitas, que renunciassem porque a votação em Dilma foi legítima, democrática, mas restaram 4 milhões de eleitores que se omitiram em votar, votaram em branco ou anularam seus votos. Isso é um dado preocupante! 

Quando deixei de ser chefe de mídia na Saga Publicidade, me aventurei a fazer um teste para trabalhar em A NOTÍCIA, em 1979, jornal sabidamente de oposição aos Governos militares, quem quer que fosse o indicado para o Estado do Amazonas. Cursava o período do Curso de Comunicação Social. Fiz o teste e fui aprovado, começando a trabalhar. Vivi parte do período da censura aos jornais. Com pesquisas junto ao jornalista Gabriel Andrade, Editor de A NOTÍCIA, registrei no livro DE JORNALEIRO A JORNALISTA – UMA HISTÓRIA DE VIDA (in carloscostajornalismo.blogspot.com) como foram duros os anos de censura militar: jornais foram  “impastelados” e proibidos de circular, censura dentro da redação em que iniciei minha carreira. Tive censura direta aos meus textos políticos com jogos de palavras que datilografava na máquina Olivetti, línea 98, que passou a ser minha amante, com quem desabafava meus amores, minhas dores, angústias, tristezas e decepções e terminei por escrever a premiada crônica MINHA AMANTE, publicada em uma de minhas obras, também no blog.

Em 1982, venci um concurso nacional de literatura na cidade de Paranavaí, no Estado do Paraná e pedi passagem aérea ao poeta, vice-presidente da ALE Homero de Miranda Leão que exercia o governo interino no lugar de José Lindoso porque  disputaria eleição ano seguinte, ficaria inelegível e o indicara. Recebi a passagem de ida e volta e dinheiro para despesas que teria com o deslocamento àquele Estado frio e desconhecido, em voo em da Transbrasil. Em São Paulo, durante um Congresso de Assessores de Comunicação, realizado no Hotel Escola do SENAC, no Município de  Águas de São Pedro, ouvi do jornalista “Peninha” de Goiás, a frase que resumia bem a vida de um Jornalista e àquele meu momento: “Jornalista é um pobre miserável rico. Se hospeda nos melhores hotéis, bebe das melhores bebidas, come das melhores comidas, mas está sempre liso”. Depois de receber o prêmio no teatro da cidade, me desloquei de ônibus para conhecer a pessoa que o coordenou o Concurso e de quem me tornei amigo: professora Rosa Maria, que residia em União da Vitória, as margens do Rio Iguaçu, divisa de Porto União, em SC, separadas por uma linha de trem. No ônibus articulado da viação Garcia, deixei o Estado do Paraná e rumei direto para a Estação da Luz, em SP, com o dinheiro do prêmio e um troféu em forma de taça, roubada, em Manaus, por algum ladrão intelectual frustrado.

Decidi conhecer a amiga de correspondência há anos, Sandra Regina Henriques. Telefonei: “como faço para chegar a Santos?” “Onde você está?” “Estou hospedado em um hotel barato na Estação da Luz”. “Faz o seguinte: pegue um metrô para Jabaquara, desça na Estação, pegue um ônibus e venha direto a Santos que te pegaremos na Rodoviária”. Eu lá sabia o que era metrô? Em Manaus não e não existe esse meio de transporte e talvez nunca existirá! Sai perguntando pela cidade cheia de prédios e estranha para mim, mas cheguei à Estação Jabaquara. Tudo era novidade e diferente. Desci dentro da Estação, caminhei, peguei o ônibus para Santos e desembarquei na cidade da prefeita Telma de Souza. Lá estavam na Rodoviária,  Dona Elvira, mãe Sandra, filha. Sabia que era ela porque havia recebido uma foto 3 X 4 , em preto e branco. Era minha amiga. sim!

Fiquei hospedado na casa da Dona Elvira. Seu pai, o senhor Henriques, trabalhava na Petrobras de Cubatão. Tinha lido matéria que crianças estavam nascendo sem cérebro no município, devido o excesso de poluição. Vi muita fumaça quando passei, mas se era verdade ou não o fato, não posso dizer. Com André Henriques, irmão de Sandra, músico da noite santista, visitei o cais do porto, local de prostituição e onde ocorreu o primeiro registro de Aides no Brasil, atolamos na areia da praia com um bugre, atravessamos em uma balsa por um pequeno braço de mar que separa as duas cidades, visitamos e comemos outras cruas na Praia dos Pescadores em Guarujá. Conheci a Biquinha em São Vicente e a ponte de corda. Foi uma viagem deliciosa, marcante e inesquecível. Em Manaus, fiz constar em meu primeiro livro de poesias (DES)Construção...1979 (1a Edição) o poema ARNAS SOLRAC, que dediquei à Sandra Regina, pelo período em que vivi em sua casa. Eu era tímido e buscava amigos ou amigas em anúncios de Revista. Acho que comecei a me corresponder com a Sandra através de uma religiosa de sua igreja, mas não lembro o nome. Não esperava receber resposta de nenhuma de minhas cartas, mas recebi a da Sandra e fiquei feliz! De volta ao Jornal, fui demitido pelo novo proprietário, porque passei mais de 30 dias viajando, porque tinha duas férias vencidas e também porque não fui escrever sobre a inauguração de sua fábrica no Distrito Industrial, Jacks da Amazônia. Mas isso é outra história. 

Voltando a da crônica, não aceito golpe contra a presidente Dilma Rousseff, desci do palanque, desembainhei as armas e assisto de camarote, jovens se manifestando, protestando pedindo a volta do regime militar, que eu vivi como jornalista e não quero vivê-lo nunca mais. Deixem a presidente Dilma Rousseff apurar o escândalo da Petrobras, como prometeu, não deixando pedra sobre pedra. E vamos esperar os resultados! 

terça-feira, 4 de novembro de 2014

A CONTRADIÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL


“Como lutar pelo direito de outros, se os nossos estão violados?”

A inquietante, emblemática, coerente e aparente contradição do profissional de Serviço Social está sendo feita na página do Sindicato dos Assistentes Sociais do Estado do Amazonas, mas pode ser facilmente desfeita: o assistente social é comprometido e  orientado a lutar pelo direito dos outros, mesmo que os seus sejam violados. Ele deve continuar lutando pelo direito dos menos favorecidos. Não é para si próprio que o(a) Assistente Social exerce a profissão técnica, mas para pessoas menos favorecidas da sociedade. Os assistentes sociais fazem curso superior, um juramento para defender os excluídos e construir uma sociedade mais justa e igualitária, promovendo e desenvolvendo a cidadania. É uma aparente contradição, porque ela não é total, mas parcialmente real. De um lado existe os direitos que os Assistentes Sociais juraram defender como profissionais; do outro, estão os seus direitos que querem ver respeitados. No meio, estão os usuários e clientes de seus serviços profissionais.

Um dos direitos violados é o direito de assistente social, trabalhar só 30 horas semanais, sem redução de salário, mas que muitos órgão públicos ainda não cumprem. Para fazer valer esse direito constante na Lei 12.317, de 26 de agosto de 2010, aprovada pelo Governo Lula, é só protocolizar uma carta pessoal, apresentando dispositivo acrescido à Lei 8.662, de 7 de junho de 1993. Em caso de dispensa, deve se dirigir à Justiça do Trabalho juntando a carta, pedindo que a Lei seja cumprida é exigir que lhe seja garantido as horas extras anteriores ao período de cinco anos, porque, mais do que isso, a Justiça não poderá lhes conceder, mas também não significa aceitação tácita do trabalho. A pergunta faz pensar. Mas enquanto assistente social propositivo e comprometido, como todos devem ser e agir, o mercado os selecionará naturalmente. A contradição incomoda mais como cidadão e menos como profissional porque existe toda uma formação técnica, ética e uma obrigação profissional para lutar pelo direito dos outros, mesmo que os seus sejam violados!

Cheguei a pensar assim, quando estava no quinto período do curso: o que farei pelo direito dos outros se o meu também é violado? Mas, formado, passei a trabalhar em benefício dos outros, fazendo valer meus conhecimentos e competência, com comprometimento e responsabilidade. Não pode e não deve ocorrer o inverso: pensar no direito violado e depois, se resolvido, pensar nos que dependem dos serviços sociais, em seus vários campos de trabalho. No campo da saúde, por exemplo, o profissional deve agir buscando sempre fazer despertar no paciente a sua consciência crítica, incentivando-o a busca de alternativas de solução para o problema apresentado, em um exercício pleno da cidadania, como ensina uma publicação do Hospital Guadalupe. 

No juramento profissional contemporâneo, dizia-se: “prometo-me a exercer, com dignidade e respeito, a profissão de Assistente Social, buscando ser criativo, humano, sensível e atento às questões sociais, fazendo da escuta, da observação e da intervenção, hábeis instrumentos de trabalho. Comprometo-me a ter como parâmetro de minhas ações os valores da democracia, liberdade e cidadania, fundamentos de cada cidadão. Comprometo-me a trabalhar conforme os princípios éticos da profissão, defendendo os direitos e a emancipação da população. Comprometo-me a contribuir com a construção de uma sociedade mais justa, igualitária e menos excludente”.

Hoje, no juramento, diz-se apenas: “juro no exercício de minha profissão ter compromisso ético e profissional com a sociedade para ampliação e fortalecimento da cidadania. Contribuir para a defesa e garantia dos direitos sociais. Buscar a emancipação dos cidadãos, a eliminação de todas as formas de preconceito e incentivar a discussão ampliada das diferenças e da diversidade. Lutar pela construção de uma ordem societária, mais justa e igualitária. Assim eu juro”.

De um para outro juramento na colação de grau, mudou pouca coisa. Foi mais de formalismo e simplificação do que propriamente de conceito ético e moral ou propósito da profissão de mudança nos rumos da profissão, que continua sendo a mesma: “a construção de uma ordem societária, mais justa e igualitária”. Esse é o princípio, o foco, a direção que deve seguir todo profissional comprometido e compromissado. Como pensar, então, em não lutar pelo direito dos outros, só porque os direitos da categoria não são respeitados? Essa é só mais uma pergunta, apenas, que incomoda muito na categoria, mas não pode e não deve chegar os usuários de dos serviços do assistente social. 

Mas o profissional comprometido não se pode é deixar de lutar pela construção de uma nova ordem societária, mais justa e igualitária. Ah, isso, não pode mesmo sob o risco de perder de novo seu objeto de trabalho, como ocorreu na década do período da Reconceituação, quando foi negado o Estado como empregador, mas não surgiram outros campos profissionais naquela época. 

O teórico argentino Norberto Alayon (in Assistência e Assistencialismo – controle dos pobres ou erradicação da pobreza?) citado no livro (O CAMINHO NÃO PERCORRIDO – A TRAJETÓRIA DOS ASSISTENTES SOCIAIS MASCULINOS EM MANAUS, de Carlos Costa, Ed. 2013 Ed. Ufam) que garante: “deve-se aceitar o assistencialismo como uma porta de entrada do trabalho, mas transformá-lo em assistência social”.