terça-feira, 30 de junho de 2015

GOSTOSAS MEMÓRIAS...,!


Como se fosse um cachorro na porta da  igreja  esperando para ela ser aberta pelo padre, a porta de vidro do “Memorial desembargador Joaquim Paulino Gomes”, se abriu e, na sua frente uma placa informando “Estamos em Greve”, entrei, visitei e fui muito bem recepcionado por um rapaz sentado a quem perguntei: “Leio aqui que vocês estão greve! Posso entrar?”. “Entre, porque só 30% está em greve, mas estamos atendendo”. Entrei e vi fotos, pessoas com as quais convivi pessoalmente durante, pelo menos, sete anos como jornalista credenciado do Jornal A NOTÍCIA, junto ao Tribunal de Justiça do Amazonas. Montado no prédio do Tribunal Regional Eleitoral, em cujo local compareci levado pela minha esposa Yara Queiroz para fazer o recadastramento biométrico, entrei, olhei as fotos na parede e relembrei fatos antigos de minhas andanças pelos corredores do TJ-Am. 

Na parte superior e inferior e aos fundos do prédio histórico, um anexo construído sem seguir a mesma arquitetura histórica do passado, funcionavam as Varas Cíveis e  uma ao lado da outra. As poucas Varas funcionavam juntas, que também reunia juízes e desembargadores, na Avenida Eduardo Ribeiro, ladeados  em frente pelo majestoso Teatro Amazonas. Os desembargadores ficavam na parte superior do prédio e todos subiam por uma escada de madeira. Lembro o dia em que o juiz Gaspar Catunda de Souza, que assinava “G. Catunda de Souza” foi escolhido em lista tríplice pelo governador José Lindoso para ser o mais novo desembargador do Estado e fui designado para escrever sobre a posse. Ao voltar à redação no Distrito Industrial, Andrade Neto me disse: “era um juiz sério e pode ser que o Tribunal agora melhore um pouco”. 

Outras Varas Cíveis e Criminais funcionavam no corredor central do prédio principal. Ao final, um corredor ligava direto à sede da Ordem dos Advogados do Brasil, então presidida pelo competente advogado José Paiva de Souza Filho, o “Paivinha”, como quase todos o chamavam, devido sua baixa estatura e grande capacidade de articulação com seu amigo presidente do Conselho Federal da Ordem. Naquela, época, não havia exame de ordem, mas o bacharel em direito tinha que comprovar dois anos de prática forense, anexando documentos expedidos por advogados regulares e certidões emitidas pelas Vagas ao seu pedido de inscrição, para ser considerado advogado. Depois de analisado o processo e checada toda a documentação do requerente, por comissão de advogados nomeados, recebiam a Carteira da OAB e era considerado advogado. Antes dessa análise eram chamados apenas de bacharéis em direito,  como hoje também o são.

No segundo andar do prédio da Eduardo Ribeiro, também no final dele, do lado esquerdo, acima da sede da OAB, funcionava o Tribunal do Juri, dirigido pelo então juiz Arnaldo Carpinteiro Péres. Gostava de cobrir julgamentos do Júri e admirava os embates entre o então promotor de Justiça do Amazonas e hoje desembargador do Tribunal de Justiça de Roraima, Lupercino de Sá Nogueira, o mais aguerrido que vi atuando em processos memoráveis como o “Crime do Solar do Olímpia”, onde hoje funciona a Ambev, “Varadouro da Morte” e muitos outros. Gostava de assistir os embates entre o promotor Lupercino e advogados de defesa Francisco Guedes de Queiroz, Armando Freitas, Raimundo Silva, que chamei em matéria que escrevi de “desconhecido, mas competente orador do Tribunal do Júri”, em sua estreia e muitos outros que o tempo e a memória me fizeram esquecer. Ficamos amigos!  Raimundo Silva, foi juiz do Trabalho em Tabatinga e outros locais. Aposentado, se radicou em sua terra se elegeu vereador e hoje é presidente da Câmara Municipal de Itacoatiara. Quando o promotor e os advogados se embatiam nos julgamentos, todos queriam saber o resultado dos julgamentos no dia seguinte. Um dia, o presidente do Juri, percebendo que o público estava se ausentado do plenário, decidiu reunir alguns jornalistas e rejulgar o processo do “Monstro do Planeta dos Macacos”, que estuprara uma criança e a jogara seu corpo em um poço no então bairro “Planetas dos Macacos”, hoje bairro da Redenção. No primeiro julgamento, o acusado pegara 21 anos de prisão. No segundo, pegou 22 anos.

Reuniu os jornalistas Altair Rodrigues, de A Crítica, a mim pela A NOTÍCIA e Francisco Pacífico, do Jornal do Comércio, os três jornais que existiam na época e funcionavam diariamente e pediu-nos para acertamos com o então famoso advogado do passado Milton Assensi, para voltar ao Tribunal do Juri para defender o “Monstro do Planeta dos Macacos” e pediu que prometêssemos que divulgaríamos tudo que ele fizesse. Convidado a voltar ao júri, o advogado famoso pelos embates que fizera no seu passado de glória, aceitou e divulgamos, a visita dele ao presídio para garantir ao réu que ele seria absolvido, se fosse a um novo júri. Mas contra o promotor Lupecino de Sá Nogueira era quase impossível ganhar algum julgamento e o “Monstro do Planeta dos Macacos”, foi condenado a 22 anos de prisão.

Vendo as fotos, me surpreendi com o nome de Hamilton Botelho Mourão ter presidido o Tribunal de Justiça do Amazonas. Convivi com ele como reitor da Fundação Universidade do Amazonas, na mesma década de 80, porque também era credenciado junto à Reitoria e outros locais também, mas não sabia que ele tinha presidido o TJ-Am porque o conheci apenas como “professor Hamilton Mourão”, tendo como seu chefe de Gabinete o advogado Ivo Paes Barreto. Comentei com a pessoa muito simpática que conversou muito comigo e ouviu as bobagens que dizia sobre o passado e minha convivência com muitos desembargadores – Paulo Jacob, Raimundo Santos, Lafayete Vieira, Paulino Gomes, Azarias Menescal de Vasconcelos e outros com os quais vivi e convivi. Como a bibliotecária não se encontrava no momento deixei o número de meu celular e ela me ligou depois. Na Avenida Paraíba e hoje Jornalista Umberto Calderaro Filho, um terreno pantanoso estava sendo aterrado para ser construída a nova sede da OAB,  com o integral apoio e ajuda, inclusive financeira do Conselho Federal da OAB, presidido pelo amazonense J. Bernardo Cabral. A sede da OAB  funcionava de forma precária e precisava crescer. E cresceu muito! Com Marilza, a bibliotecária, mantive uma conversa de 6 minutos. 

Ela quis saber se ainda fazia palestras e lhe respondi que “não mais porque esqueço mais rápido do que consigo lembrar, sou disperso e gaguejo muito”. Ela me disse: “não notei nada disso”. Eu lhe disse de novo: “mas deu para você perceber que quis lhe dizer alguns nomes de pessoas, mas não conseguia e depois lembrava”. Ao final da conversa, lhe pedi para me enviasse o que tivesse sobre o patrono do Memorial, ela me respondeu “temos poucas coisas sobre ele”, mas considero isso normal.  E por que considero quase normal esse fato? Porque a coisa mais difícil que existe é alguém ter algo para contar sobre quem seja o patrono de uma rua, praça,  conjunto, centro médico, escola etc.

Mas a viagem no tempo foi maravilhosa porque relembrar é viver duas vezes e tudo de novo, só que não da mesma forma, o mesmo tempo e na na mesma intensidade de antes!

sexta-feira, 26 de junho de 2015

MUDANÇA DE PARADIGMA...

A ex-aluna de SS Ana Paula Sabelli.


Admito que fiz um juízo errado sobre quem senta nas últimas carteiras escolares. Tinha a ideia que seria apenas para fazer bagunça, colar ou não prestar atenção ao que o professor estava explicando, porque era isso que fazia com meus colegas do Colégio Estadual, onde cursei o 1o  ano do antigo segundo grau e depois com os do Instituto de Educação do Amazonas, onde conclui o curso de magistério de 1o a 4' séries. Sentavam nas últimas carteiras só para colar e bagunçar. Mas a aluna do curso de Serviço Social, Ana Paula Sabelli me provou ao contrário na prática. Estive sempre errado e admito: ela foi uma das melhores alunas que tive e sempre sentava nas últimas carteiras na Faculdade, ficava quieta só para melhor prestar atenção às aulas que ministrava em várias turmas da Faculdade particular. 

Como aluno, do primário aos dois cursos superiores na Faculdade, sempre sentei nas primeiras carteiras da sala de aula porque desejava prestar bastante atenção às aulas e observar os professores porque também era um professor, mas quando estava cansado  ou não gostava da matéria, ia para o fundo da sala para dormir ou bagunçar, interrompendo a aula várias vezes com perguntas sem propósito. Mas, ao contrário do que escreveu o escritor natalense Eduardo Grosson, em seu excelente livro “Crônicas da Família Gosson,” -  “eu não sabia que doía tanto” - não sabia que seria tão fácil mudar e em nada me doeu mudar de pensamento. Mas há exceções, mas não foi o caso da aluna que só tirava sempre as melhores notas de sua turma.

E por que marcou tanto essa mudança de paradigma, tão ela importante para mim? Não era só porque beleza que tinha uma beleza diferente, mas principalmente por sempre se sentar nas últimas carteiras e assistir as explicações excessivamente concentrada e, confesso, conclui que na minha primeira avaliação, que fizesse a aluna seria um desastre, porque tinha a certeza de “quem senta na última carteira ou é para dormir, ou porque não tem paciência para me  ouvir ou porque não quer prestar atenção ao que digo”. Isso eu fizera muitas vezes como aluno, do primário à Faculdade e também fazia no curso de Serviço Social. Quando estava cansado, me sentava na última carteira em canto da sala, me escorava na parede e dormia tranquilo a aula toda, principalmente nas matérias que não gostava muito, que eram muito poucas. Quando alguma coisa me interessava, fazia perguntas, mas nem sempre!

Com a primeira prova, a nota da aluna me surpreendeu e eu custei a acreditar: tirou dez. Na segunda avaliação, um outro dez e na terceira, 9,5. Tive que mudar completamente o que pensava sobre a Ana Paula Sabelli: sentava no fundo da sala e pouca coisa perguntava seria uma estratégia para ficar mais concentrada? Não sei, mas percebia que anotava  tudo o que dizia porque de todos os meus quase 60 anos na sala, foi a única que alcançou a nota máxima: 10. Os outros colegas, entre homens e mulheres, ficaram no máximo entre as médias de 5 a 8 e ninguém alcançou a nota máxima. Era muito rigoroso nas correções das avaliações e dificilmente atribuía dez a algum aluno. Mas foi surpreendido positivamente pela aluna porque não errou nada! Procurava encontrar um erro e não achava. Na segunda avaliação, me surpreendi de novo com a nota que alcançou: novo dez. Mesmo tendo nota para passar por média, fez a terceira prova e lhe atribui nota 9,5 porque ela se confundira em uma resposta. Ela era quase perfeita. Parecia que gravava as aulas e na hora as ouvia para responder, com perfeição!

Depois dessa demonstração de competência, pensei comigo mesmo: “essa moça, ao se formar, será uma excelente profissional”.  Mas não sei se terminou ou mudou de curso. Ela teria grande futuro. Depois disso, passei a ter um conceito diferente de quem sentar atrás, nas últimas carteiras e conclui que minha primeira tese estava totalmente errada: sentar nas últimas carteiras e não na  “na turma do gargarejo”,  nas primeiras carteiras, perguntar demais, talvez Ana Paula Sabelli não desejasse participar da muvuca e se concentrava mais no que explicava e sem fazer perguntas, sentada sempre nas últimas carteiras em uma turma de 60 alunos. 

Como não ministrava um só tipo de aula, mas em cada turma era um tipo diferente e um tema diferente, de metodologia do ensino superior à ciência política, passando por projetos de pesquisa e outras mais que o tempo e as onze cirurgias que sofri no cérebro até hoje desde 2006, me fizeram esquecer, não lembro mais qual era a disciplina que aluna cursava em minha sala. Hoje, acordei, lembrei do nome de Ana Paula Sabelli e decidi procurá-la no facebook, mas só achei uma e não era ela porque morava em um país de língua espanhola, mas decidi lhe pedir amizade. Hoje, esquecendo mais do que lembrando, tenho que lembrar de um nome e logo procurá-lo porque depois volto a esquecê-lo de novo. Até em minhas redes sociais, pessoas com quem costumo falar quase todos os dias, eu muitas vezes esqueço de seus nomes.  


Mudar de opinião ou paradigma não é feio. Feio é não mudar com medo de admitir  que esteve errado e continuar insistindo no erro só para aparentar que tem alguma autoridade em sala de aula!


quinta-feira, 25 de junho de 2015

AMOR, ESTRANHO AMOR!


A Yara Queiroz e Erika Tribuzzi



Amor, que coisa estranha:
começa como se fosse a chama de um fósforo
se transforma em uma fogueira e 
queima sem queimar
arde sem arder
doe sem doer...
depois vira cinzas!

O amor é uma coisa muito estranha:
pode se transformar em fumaça,
embaçar os olhos
a pessoa perde 
e depois se encontra.

O amor é uma coisa muito estranha:
depois que se transforma em cinzas
começa-se a se fazer rescaldo para
se tentar acender de nova 
e tudo recomeçar, arder, doer, 
chorar, reproduzir!

O amor coisa estranha porque
é melhor vivê-lo e não defini-lo com palavras!

quarta-feira, 24 de junho de 2015

SAUDOSISMO...! (DIA DE SÃO JOÃO -24/6/2015)

A Yara Queiroz, advogada


No café da manhã, minha esposa Yara Queiroz, depois de dizer que “hoje dia de São João” e começou a cantar a estrofe da música “Brincadeira na Fogueira” composição de Antônio Barros e gravada inicialmente pelo Trio Nordestino e regravada por vários outros cantores - “tem tanta fogueira tem tanto balão/tem tanta brincadeira/todo mundo no terreiro faz adivinhação/Meu São João eu não/Eu não tenho alegria...” .Mais tarde, postou um texto no facebook falando de suas lembranças de quando sua família morava na Vila Rezende, no bairro de Aparecida e seu pai advogado, exímio tribuno e também deputado estadual pelo MDB na época do bipartidarismo, Francisco Guedes de Queiroz, contratava o Boi “Corre-Campo” para se apresentar aos moradores da Vila, na Rua Alexandre Amorim. Era uma farra e um medo só!

Depois que deixei a academia do Residencial Mundi Resort, minha esposa Yara Queiroz entrou em contato telefônico e me pediu que lesse uma postagem que tinha feito no facebook sobre seu saudosismo. Li, gostei e compartilhei porque recordou de seu pai advogado, Francisco Guedes de Queiroz, mesmo já sendo deputado, ainda morava de aluguel na Vila Rezende. Ele contratava o “boi bumbá” Corre-Campo, um dos mais antigos e tradicionais de Manaus, para se apresentar aos moradores da Vila. Na brincadeira de quadrilha que acontecia no Colégio Aparecida, sua mãe Maria Luíza de Souza Queiroz a arrumava toda e ela seguia para apresentações, na companhia de sua irmã Amanda Queiroz. Maria Luíza, dia 21 ela completaria 79 anos.  Faleceu dia 2 de agosto de 2004, na casa adquirida por seu esposo deputado estadual do MDB por 26 anos. Da  Vila Rezende para o Conjunto Uirapuru, foi uma mudança traumática para todos. A casa nova fora adquirida em 1975, dezessete anos depois de seguidos mandatos parlamentares, pela oposição. Sua honestidade e seu trabalho como oposicionistas e a fama de grande orador ainda hoje são reconhecidos como sua marca registrada até hoje pelos parlamentares mais novos.

Também lembrei ter visto assustado e com medo nos olhos, vaqueiros com lança nas mãos e chapéus cheios de espelhos na cabeça, entrando pela Avenida Adalberto Vale, em algazarra e latido de cachorros, para procurarem os Bois Brilhante, Corre-Campo e Malhadinho, que teimavam em “fugir e esconder” nas matas ainda existentes no Bairro da Betânia. Por que será que sempre escolhiam as matas do bairro da Betânia e os buritizais do hoje bairro do Jappim ?  Os vaqueiros diziam que procurariam os bois porque teriam que matá-los e entregar as línguas aos seus donos, cumprindo ordens de sua filha Catirina que estaria grávida e manifestara o desejo de comê-la! Será que o fazendeiro não teria outros bois e teria que ser exatamente o boi fujão? Será que os “fazendeiros” tinham três filhas chamadas Catirinas e todas teriam ficado grávidas ao mesmo tempo? Seria verdade e seria possível essa incrível coincidência? Quem sabe, o pai dos filhos das três Catirinas fosse até o mesmo! A imaginação de menino assustado faz cada pergunta boba. Mas eu queria saber!

Só sei que era alegre vê-los em suas roupas coloridas e diferentes, entrando nas matas para buscá-los. De igual, só mesmo os chapéus com os espelhos e as lanças em suas mãos. Será que matariam o boi usando apenas as lanças? Não sei dizer também. Depois que encontravam o boi, voltavam em nova algazarra, com o boi cheio de mato nos seus chifres!  Ficava só olhando entrar nas matas e sair dela depois, com o boi completamente solto. Por que não o teriam laçado ou não o teriam matado e cortado sua língua, apenas? Tinham que levá-lo para sacrificá-lo na fazenda?, Ficava meio assustado e sem entender nada porque quando foram procurar o boi, diziam que cortariam sua língua depois de capturá-lo. Será que o matariam primeiro, ou cortariam sua língua ainda vivo? Nada disso! O boi fujão estava no meio deles, muito tranquilo. Será que sabia que  morreria e sua língua lhe seria arrancada? Acho que não! Gostava da algazarra e todos dizendo que cortariam sua língua para entregá-la ao dono da fazenda.  Como minha esposa Yara Queiroz,  também pensava que tudo era verdade!

Anos depois, o jornalista Bianor Garcia, decidiu criar o Festival Folclórico de Manaus para que todas as manifestações culturais se apresentassem em um único local único e continuar mantendo tradições culturais. Também se apresentavam no Campo do General Osório, do hoje Colégio Militar de Manaus, os bois Corre-Campo, Brilhante, Malhadinho e outros, no campo, próximo ao Colégio Dom Bosco, hoje Faculdade Dom Bosco. Yara Queiroz, em seu escrito, lembrou que o boi balançava a cabeça na tentativa de receber um afago. Ela sentia  medo porque pensava ser real o “Corre-Campo” e subia as escadas na Casa 14 da Vila Rezende, chorava e ficava pensando que seria atacada pelo boi “da cara preta”. “Boi, boi, boi da cara preta, pega essa menina que tem medo de careta”, era uma música cantada pelas mães, para meter medo nas crianças. Com o tempo, minha esposa, a advogada e assessora jurídica da ALE/Am, Yara Queiroz passou a aceitar, conhecer e comemorar com os vaqueiros, a catirina, o caçador e os índios nas casas vizinhas e brincavam com danças e cânticos alegres ao redor da fogueira. 

Hoje, infelizmente, o progresso cobriu de asfalto as florestas,  jogou água e apagou a fogueira de São João, destruindo os fogos de artifícios que anunciavam as apresentações e matou a alegria  de brincar coletivamente. Hoje, tudo é cibernético, por mensagens, e-mails, skype, whatsapp, facebook, tudo pelas péssimas e caras redes de internet que comercializam ao povo!


terça-feira, 23 de junho de 2015

ESTATUTO DO DESARMAMENTO, DOZE ANOS DEPOIS!


Doze anos depois de sua implantação, será que o Estatuto do Desarmamento não precisa ser revisto?

No Brasil, a Lei 10826/2003, o chamado “Estatuto do Desarmamento”, teve o incrível mérito de desarmar a população civil e deixar cada mais armados os bandidos e, talvez por isso, os órgãos de segurança orientem que ninguém deva reagir a um assalto e entregar tudo o que conseguiram possuir durante suas vidas porque sabem que os bandidos têm total liberdade para adquirir armas e usá-las contra a população indefesa, refém de marginais. Não concordo com o uso de armas de forma indiscriminadamente no meio da rua, mas, pelo menos, manter uma arma com registro e legalizada dentro de casa para defesa de seu patrimônio, não observo qualquer perigo ou ilegalidade, desde que o proprietário saiba usá-la corretamente e passe por exames psicológicos para avaliar sua capacidade de tê-la e mantê-la.

Intensos debates a favor e contra manter a posse de uma arma em casa mobilizou a sociedade, durante o plebiscito para implantar o Estatuto do Desarmamento, vencendo o SIM, não permitindo manter qualquer arma dentro de casa e a Polícia Federal começou a recebê-las, remunerando pecuniariamente a pessoa que fizesse a entrega voluntariamente, legalizada ou não. Muitas pessoas procuraram à PF, fizeram a entrega e receberam dinheiro por isso. Houve redução da mortalidade por uso de armas de fogo, mas depois aumentou muito e a população se viu indefesa diante de bandidos cada vez mais armados. 

Uma das promessas do Estatuto do Desarmamento era a de que os órgãos de repressão dos Aparelhos de Estado passariam a fiscalizar as fronteiras para inibir o contrabando de armas, vendidas livremente no Paraguai, onde qualquer pessoa, com ou sem porte, com distúrbios mentais ou não, pode adquiri-la e, devido à completa falta de fiscalização, trazê-la para o Brasil e vendê-la para bandidos, que as usam em tiroteios contra as Unidades de Polícia Pacificadora, as UPPs no Rio de Janeiro. A população civil fez a parte dela, trocando suas armas em troca de dinheiro e promessas nunca cumpridas, pelo completo desaparelhamento dos Aparelhos de Repressão do Estado, nas fronteiras. Bandido não entregam armas e nem têm medo da Polícia com armas ultrapassadas e mendigando por balas para uso em serviço. Os bandidos estão mais bem armados do que o Aparelho de Estado que o reprime.

Durante as ocupações de policiais da UPPs, bandido mudam de morro, se reorganizam, recebem novos integrantes e quando se sentem fortes e preparados, voltam e atacam as UPPs. Talvez seja por isso, que existam tantas trocas de tiros e balas perdidas que acham sempre alguém, acertam e matam inocentes, na troca de tiros entre policiais e bandidos nas Favelas dos Morros do RJ, Estado maravilhoso! Será que 12 anos depois, não seria o momento de se rever o Estatuto do Desarmamento para permitir a utilização de, pelo menos, uma arma em casa, para defender o patrimônio? 

Ou será que a Polícia vai querer continuar orientando a ninguém reagir em caso de assalto, entregar tudo o que adquiriu para os bandidos sempre armados até os dentes. Ou não seria o momento de se reprimir a entrada de armas pelas fronteiras do Brasil, aparelhando melhor e de forma mais contundente os órgãos fiscalizadores do Estado, com raio-X e outros equipamentos capazes de detectar e inibir a entrada de armas no Brasil, pelas suas fronteiras?

Tecnologia já existe, mas falta vontade política e ação de querer fazer alguma coisa!


segunda-feira, 22 de junho de 2015

O ELEITOR É CÚMPLICE E NÃO VÍTIMA DOS MAUS POLÍTICOS!


A população recebendo ordens de bandidos presos que usam celular livremente em prisões de segurança máximo, toca fogo em coletivos e depois essa mesma população reclama da falta de ônibus. 

Eu queria ao menos poder usar meu aparelho celular com a mesma tranquilidade e segurança que os presos os usam de dentro das prisões, que deveriam ser de segurança máxima, mas isso é uma grande piada porque até filmagens eles fazem de dentro das prisões, postam fotos em facebook e outras redes sociais... Isso já é palhaçada porque todos os presídios do Brasil funcionam como se fossem escritórios do crime organizado, principalmente os localizados em Estados do Nordeste!

A população reclama de falta de saúde; de postos médicos, de excesso filas; de médicos, mas destrói postos de saúde, postos médicos, antes mesmo de suas inaugurações; além disso, picham tudo e deixam suas marcas registradas para se mostrarem para outros grupos como se estivessem dizendo “fui eu que invadi, destruí tudo e ninguém me pega”

A população reclama da truculência da polícia militar, mas recorre sempre a ela quando precisa. Reclama das balas perdidas que sempre têm endereço certo. Será que a população desarmada terá que passar a usar coletes para se proteger dos tiros. Qual  o tipo de colete que usarão para se livrar do calibre das balas cada vez mais potentes. Sem falar nas bananas de dinamite que passaram a explodir em caixas eletrônicos

A população honesta reclama contra a corrupção, faz protestos e passeatas, mas nesse ponto vejo uma situação contraditória: não haveria tantos corruptos se os eleitores não os elegessem! 

Na Câmara do Município de Parauapebas, no Sul do Pará, com 15 vereadores e uma sessão parlamentar por semana, gasta um horror lavando 40 carros alugados, comprando comida para os vereadores que se reúnem uma vez por semana, mas comem e tomam café demais porque o dono do Supermercado Baratão, Edmar Cavalcante, Edmar Cavalcante de Oliveira, por acaso também dono da locadora e do lava a jato da cidade, faturou para a Câmara uma tonelada de café. 

O vereador preso Odilon Rocha Sanção, do Partido Solidariedade foi muito sincero ao dizer para todo mundo ouvir “valor que o vereador ganha aqui se não for  corrupto, não tenha nenhuma dúvida, que  ele mal se sustenta durante o ano” . Isso foi dito durante uma manifestação de professores reivindicando melhores salários, condições de trabalho e transporte digno para os alunos da área rural. Também durante a mesma manifestação na Câmara Municipal o major PM Mactra, olhando para diversos cartazes usados como protesto pelos professores que gritavam contra a corrupção e pediam melhorias, disse simplesmente: “pode rasgar a boca, o que quiser ai, que eu tô c...e andando”. Será que ele se reelegerá de novo? Talvez!

Diante de tudo isso e como foram os eleitores que colocaram os vereadores na Câmara a conclusão a que chego é que o povo é cúmplice em tudo o que reclama, reivindica e protesta e não vítima como se faz, sempre porque todos possuem Título Eleitoral, mas não o usam como arma para extirpar de uma vez esses péssimos exemplos da nossa sociedade. 

E o pior é que os partidos políticos também são cúmplices e coniventes com toda essa corrupção que ocorre no Brasil. Todos escolhem sempre os candidatos com maior densidade eleitoral, mesmo que tenham baixa reputação e dignidade!

sexta-feira, 19 de junho de 2015

VENEZUELA NÃO É UMA DEMOCRACIA!


Nicolás Maduro amadureceu demais, caiu da árvore “hugo chavez” e começou a feder nas filas dos supermercados desabastecidos, farmácias sem remédios, açougues sem carne e nada mais é democrático na República Bolivariana na Venezuela, criada pelo seu antecessor Hugo Chavez, de quem herdou o revanchismo contra qualquer ideia contrária. Embora digam que é uma democracia, nada se parece com o que existia no mandato presidencial de Carlos Andres Pérez, depois do falecido coronel Hugo Chavez ter assumido o poder. 

Talvez os senadores da oposição do Brasil que foram conhecer e conversar de perto os senadores oposicionistas presos por ordem do presidente Nicolás Maduro, não  tenham seguido avistá-los na prisão porque foram recebidos com hostilidade, passaram só 6 horas na República Bolivariana, mas tiveram tempo suficiente para perceber que lá como cá, existe um fanatismo exacerbado e irracional em favor da doutrina criada pelo presidente falecido e continuada pelo seu sucessor, que era seu vice. No Brasil, o “Lulismo”, teve prosseguimento com o Governo de Dilma Rousseff.

Na Venezuela de Carlos Andrez Pérez havia regime democrático, a economia era pujante com seu petróleo e havia problemas como em todos os países existem, mas podia-se se ir e vir livremente, com poucas restrições em rodovias, para deslocamentos entre as “ciudad”, principalmente por quem estivesse desempregado, que deveria receber ordem de um juiz para se deslocar em busca de trabalho em outra “ciudad”. Hoje, não existe democracia plena no país vizinho. Ou é a favor de Nicolás Maduro ou não se lhe pode fazer oposição de ideias porque é logo preso e dizem que estava a serviço dos Estados Unidos, alvo preferido dos ataques de Hugo Chavez, quando fora presidente. 

Se não existe uma ditadura, não sei o que seria hoje o regime bolivariano e nem definir o que realmente ocorre pós-Hugo Chavez, porque lá não existe possibilidade de oposição. Nocolás Maduro conseguiu destruir o país de tantas belezas naturais em suas praias belíssimas, petróleo abundante em Maracaíbo e outras belezas. Como jornalista, cobri em 1982 tentativa de golpe militar do coronel Hugo Chavez contra o presidente eleito Carlos Andrez Péres, e registrei tudo o que vi na crônica EU ESTAVA LÁ – diário de um jornalista (Morte de Hugo Chavez) (Comentários no link do blog http://carloscostajornalismo.blogspot.com.br/2013/03/eu-estava-ladiario-de-um-jornalista.html) Depois disso, tudo mudou e nada mais é como fora antes 

Recebidos com hostilidades, o que ocorreu com os senadores da oposição do Brasil foi uma vergonha. Se foi orquestrado ou não o movimento,  não sei dizer. Mas sei que a autorização para a visita demororou a ser concedida pelo governo venezuelano até que os senadores decidiriam que iriam em aviões comerciais, que não poderiam ser desviados, Nicolás Maduro autorizou a entrada no espaço aéreo venezuelano do avião da FAB. Lá, sem o apoio do embaixador do Brasil ou batedores do Governo, os fanáticos “nicolalistas”, sucessores do “chavismo”, bateram com as mãos no vidro do carro da comitiva que transportava os senadores em missão oficial, depois bloquearam a estrada que os levariam  rumo ao encontro dos senadores oposicionistas presos e tiveram que retornar ao Brasil e justificaram que estava em obras. Mas por que não foram por outro caminho? Será que teriam decido fazer a obra na  via que dá à prisão de propósito? São perguntas que ficarão sem respostas, mas que é tudo nebuloso e estranho, não tenho dúvidas que sim!

As seis horas de permanência no país vizinho, contudo, foram suficientes para perceber que lá como cá, o fanatismo é o mesmo a favor de um presidente que se elegeu às custas do presidente Hugo Chavez que reformou a Constituição para permanecer indefinidamente no Poder. No Brasil, felizmente, os políticos aprovaram o fim da reeleição para todos os cargos majoritários, mantiveram o financiamento privado de campanha, os senadores sem votos, as coligações e conseguiram derrubar a maioridade penal para crimes hediondos, proposta do senador oposicionista Aluísio Nunes Ferreira, que integrou a comitiva, antes derrotada pelos políticos. 

Tem alguma coisa fedendo muito na Venezuela e talvez seja resquício da República Bolivariana de Hugo Chavez, que Nicolás Maduro está dando prosseguimento, mesmo que mandando encarcerar seus adversários oposicionistas. O Brasil terá muito o que explicar a partir de agora, quando defender intransigentemente o governo praticado no país vizinho. Ah, isso, vai!

quinta-feira, 18 de junho de 2015

CABELOS BRANCOS...



A Antônio Carlos de Castro Paiva e in memoriam de Roberto Valin


Depois do falecimento do administrador do Condomínio Mundi, Roberto Valin, fiquei com um sentimento de responsabilidade de apoiar com critérios e mais criticamente, o Síndico do Mundi, advogado Antônio Carlos de Castro Paiva ou Antônio Paiva ou “companheiro”, como o trato. Porém, sempre que vou à administração como membro do Conselho Fiscal Eleito em AG, para despachar, assinar cheque ou analisar prestações de contas do balancete ou Fundo Fixo, vejo o “companheiro” com mais cabelos brancos na cabeça. Sinto-me na obrigação moral e funcional de apoiá-lo porque pedi para que assumisse o comando da Administração de tudo e lhe prometendo que se aceitasse, entraria e me candidataria a membro do conselho fiscal e o ajudaria. 

Hoje, contudo, sinto-me abalado com a morte do companheiro administrador do Condomínio Mundi, o mineiro Roberto Valin, falecido vítima de câncer em SP aos 63 anos de idade. Confesso, que ao olhar os cabelos brancos do Síndico, aos 42 anos de idade, sinto-me um pouco desmotivado porque sempre que entro na sala da administração, vejo uma mesa vazia, em um canto e lá sentava ele, o senhor Roberto Valin, sempre puxando as calças para cima e dizendo às colaboradoras Fabíola Néris e Elizandra Batista, com as quais trabalhava diretamente “garotas, garotas”. Ah, que saudades do meu companheiro de “jogar conversa fora”! Desmotivado por quê? O avisei que a função de síndico seria a arte de engolir cobra e defecar sapos, mas Paiva perguntou: “contarei com seu apoio?” “Sim, contará”. Companheiro Antônio Paiva, não o abandonarei, o apoiarei de forma crítica sempre me voltando ao interesse coletivo dos moradores. Mas fico preocupado porque ser síndico não é fácil, como lhe avisei que não seria. Fui Síndico por longos anos, em vários condomínios em que morei e aprendi que ser síndico não agrada ninguém, porque terá que cumprir e fazer cumprir o Regimento e sei o quanto é desgastante essa tarefa. 

No dia 16/06/2015, fomos aprovados na nossa primeira prova de fogo e tivemos aprovados os balanços da gestão. Fizemos muito. Mas ainda não fizemos nada. Condomínio sempre trabalha com inadimplências elevadas. Mas foi positiva a criação do Fundo Fixo para pequenas despesas emergentes. Lentamente, as falhas no Fundo Fixo foram ajustadas porque em administração condominial, o uso do Fundo Fixo não é para pagar salário, mas se destina às despesas menores como compra de combustível para as cortadoras de grama, a motocicleta que recolhe o lixo, fechaduras para portas das áreas comuns e outras despesas correntes. Brinco com o também microempresário Antônio Paiva, repetindo que ser síndico é a arte de engolir cobra e defecar sapo. Ele ri e diz, “já percebi.” Digo-lhe também que nunca um condomínio vai ser 100% positivo se não houver registros de ocorrências nos livros próprios, porque se não há registros, é como se tivesse sempre tudo normal será sempre como se nada tivesse acontecido, o que é de se estranhar que em um Condomínio com 3 etapas, 11 torres e 740 apartamentos, formando quase uma cidade com aproximadamente 3.700 pessoas e quase 1.850 veículos circulando. É impossível que algo de anormal nunca aconteça. Sem registros, porém, a administração do Mundi Resort nada pode fazer porque será sempre como se estivesse tudo funcionando normalmente e isso não é próprio de um condomínio do tamanho e a complexidade do Mundi.

Proprietário de duas unidades autônomas no Mundi Residencial Resort, conheci Antônio Paiva quando fizemos parte na comissão responsável pela leitura e modificação do Regimento Interno, tendo o Sr. Roberto Valin, como coordenador e dirigindo os trabalhos, na época representando a empresa Dinâmica, a primeira a administrar por contrato o Condomínio. O Sr. Roberto Valin compareceu diversas vezes ao Mundi, quando explodiu a subestação de energia, modificaram o processo de entrada e saída de pessoas e automóveis e em diversas outras ocasiões e por outras razões diversas, também. Tudo ele acompanhava de perto. Depois, deixou a Dinâmica pediu-me apoio, como membro do Conselho eleito em AG, para trabalhar no Condomínio, que tanto amava. Estava em experiência uma administradora mulher. Depois de 90 de contato e por não corresponder ao que se esperava de seu trabalho, foi desligada e o Sr. Roberto Valin assumiu. Nossa amizade ficou mais estreita e passamos a ser mais próximo porque deixava a academia suado, com a toalha e garrafa de água na mão, caminhando lento pelas calçadas floridas e bem cuidadas e sentia prazer em visitá-lo para ouvir suas histórias e contar as minhas como jornalista.

“É preferível um silêncio consciente do que uma palavra inconsequente” escrevi ao síndico essa observação pessoal e a substituição foi feita sem problemas. Mas tudo que estou escrevendo é para dizer-lhe Antônio Paiva, que fico cada vez mais preocupado com seus cabelos brancos e também para lembrar-lhe que quando o presidente Barack Obama assumiu seu primeiro mandato como presidente dos Estados Unidos, não eram visíveis cabelos brancos em sua cabeça, mas quando assumiu seu segundo mandato, já se faziam presente  e comentei com minha esposa Yara Queiroz “ele, agora, está cheio de cabelos brancos” pelo peso da responsabilidade que carrega e que também nos faz mais velhos. Ao rever minhas fotos antigas, recordo que aos 26 anos assumi pela primeira vez Editoria Geral de Jornal em Manaus e permaneci em Editorias Gerais de jornais diferentes até os 35 anos de idade. Mudei de profissão. Passei a ser Assistente Social e assumi por doze anos a Direção da Unidade Manaus “adm. Francisco Saldanha Bezerra” e só a deixei aposentado por invalidez e onze cirurgias no cérebro de março de 2006, até hoje. Envelheci muito também, amigo e companheiro Antônio Paiva, mas ganhei experiência, formei uma equipe de profissionais competentes, que hoje me orgulham porque aprendi com o tempo que a verdadeira arte da felicidade é aprender com quem deseja ensinar e ensinar a quem deseja aprender. Durante todo esse período, meus cabelos e a barba que uso até hoje foram sendo pintados em cor prata.

Fiz isso, sempre e nunca me arrependi; apenas, envelheci. Mas sou feliz porque a felicidade sempre morou ao meu lado, mas era cego e não conseguia vê-la; queria sempre mais do que a Deus e a vida me davam sem cobrarem nada em troca de minha felicidade, que pensei que não tivesse! Mas a tenho!

quarta-feira, 17 de junho de 2015

AMAZONAS SOB O RISCO DE UM APAGÃO DE ENERGIA!


Brasil e mais de 18 municípios do Amazonas, dentre eles, Parintins, Manicoré, Maués, Coari, Codajás, Benjamim Constant, Amaturá, Barreirinha, Jutaí e Lábrea, além de muitas comunidades rurais podem sofrer apagão por falta de investimentos no setor energético. De todo o Brasil, a situação mais crítica é a do Amazonas. A população da capital vem sofrendo há longos anos de constantes interrupções de energia e nenhuma providência é tomada a curto médio ou longo prazo, embora o Ministro das Minas e Energia seja o senador pelo Amazonas, Eduardo Braga. Se na capital, a cor negra da noite se torne mais negra ainda com a falta de energia, no interior do Estado do Amazonas o problema de racionamento é antigo e afeta vários municípios já chegando ao ponto de se poder afirmar que pelo menos 18 poderão sofrer colapso total no fornecimento de energia chegando à interrupção de dias.

A Amazonas Distribuidora de Energia S/A há três anos que não executa serviços de manutenções em suas usinas térmicas da capital e principalmente nos municípios do interior do Estado, deixando seus Grupos Geradores parados e sucateados, e com o tempo muitos deles são vendidos como ferro velho, uma prática criminosa de abandono do patrimônio publico. Enquanto isso a Amazonas Distribuidora de Energia S/A aluga Grupos Geradores de empresas locatárias para suprir as necessidades, mas lamentavelmente não resolvem o problema porque as manutenções preventivas e corretivas não acontecem e, em pouco tempo se repetem os racionamentos. Em Parintins a Amazonas Distribuidora de Energia S/A, deixou alguns Grupos Geradores sem funcionar por falta de manutenção, e como solução emergencial, foram alugando Grupos Geradores para suprir a demanda de energia no período dos Festejos do Festival Folclórico.

Não estou afirmando que nessa prática exista CPF – Comissão Por Fora, envolvida, mas é no mínimo estranho essa prática de deixar sucatear para alugar em emergência um grupo gerador. O que seria mais barato: fazer manutenção de forma legal ou alugar Grupos geradores por um tempo indeterminado.

Os municípios já enfrentam racionamento há muito tempo. É um drama que tem deixado os Prefeitos preocupados. Prova disso quando o Ministro de Minas e Energia Eduardo Braga, no início desse ano, veio empossar a nova Diretoria da Amazonas Distribuidora de Energia S/A, a plateia estava repleta de Prefeitos do interior pedindo clemência, com uma solução  solução imediata e definitiva para os municípios do interior do Amazonas. Os prejuízos são incalculáveis: nos interrompimentos do bombeamento de água encanada, refrigeração de alimentos, atividades escolares, atendimento hospitalar, onde os riscos de saúde são enfrentados quando os pacientes ali dependem de aparelhos elétricos. Durante muitos anos discutiam a fusão da MESA Manaus Energia S/A e a CEAM – Companhia Energética do Amazonas para alcançar ganhos de produtividade e eficiência a partir de uma administração unificada. Enfim, a fusão foi concretizada e dessa forma continuaram os prejuízos e a sociedade continua com serviços de baixa qualidade.

O parque térmico de Manaus precisa urgentemente aumentar a capacidade de produção de eletricidade para atender a demanda. Há mais de 40 anos que os Equipamentos das usinas térmicas (Turbinas)  existentes funcionam precariamente sem as manutenções necessárias. A capacidade de reserva emergencial de energia é mínima que não atende qualquer possível desligamento de uma usina. A crise do abastecimento vai piorar a partir de julho/agosto, quando aumenta significativamente o consumo de energia, devido o verão. O nível de água vai baixar no lago de Balbina, sinal que a Hidrelétrica que já não vem produzindo energia suficiente, vai diminuir ainda mais a sua capacidade. A concessionária tem que estar preparada para suprir as necessidades de uma cidade que vem crescendo assustadoramente. A sua população não pode ser abandonada, sofrendo com as constantes quedas de tensão e racionamentos. 

Outro problema é com as subestações e rede de distribuição que há uma sobrecarga nos transformadores que se rompem facilmente. Enquanto não houver uma política seria do governo federal no abastecimento de energia no Brasil, o racionamento vai persistir, sem uma providência efetiva dos órgãos competentes Ministério e Eletrobras. Teremos que rezar para que haja alguma coisa de verdade no pronunciamento no início desse ano, do Ministro das Minas e Energia, Eduardo Braga início desse ano, garantindo solucionaria os problemas de energia do Estado Amazonas com a liberação de verbas. 

Lamentavelmente estamos na metade do ano e nada foi feito ate a presente data, como de resto quase nada aconteceu no Brasil, a não ser a continuidade das denúncias de corrupção na Petrobras, as condenações e novas descobertas de outros tipos de fraudes praticadas por prefeitos municipais. É o mesmo que tomar bofetada na cara e dar risada, porque a maioria dos brasileiros acha que administradores públicos são bons  quando roubam, mas que façam alguma coisa. Nesse país onde todos têm direitos, mas ninguém tem obrigações, não existe moralidade e democracia e, sim, um mero arremedo de  anarquia. 

Ser honesto parece não valer a pena, porque os que roubam poucos vão pra cadeia, muitos ficam sempre impunes prontos para receber promoções pelas suas habilidades. O Brasil era um país do futuro nos anos 40 nos. E hoje, será que ainda se poder dizer a mesma coisa? O futuro já chegou, e nós continuaremos na pior, assistindo tudo calado.


terça-feira, 16 de junho de 2015

FUSCA DESAPARECEU NO PICADEIRO DO CIRCO FUMANCHU!





 -Não percam hoje a estreia do Circo Fumanchu, com um número de mágica nunca visto no Brasil: um fusca desaparecerá no meio do picadeiro. Esse número nunca foi tentado antes! Era uma voz estranha, que não entendia direito, parecia ser uma mistura de português com o espanhol, um “portenhol” quase perfeito, entendi mais tarde. O fusca. era considerado, até então, um carro moderno e quase único tipo existente até que o presidente Itamar Franco, o chamasse de carroça, quando outros tipos de veículos passaram a ser lançados, inclusive o novo fusca, mais moderno.

O anúncio era feito também em um fusca, que andava lento pela Avenida Adalberto Vale, com um enorme alto-falante em seu teto, garantindo o espetáculo começaria “logo mais à noite”. Juntos com a divulgação, vinham elefantes, palhaços e funcionários do circo que estava armado em um terreno baldio,  onde hoje fica hoje a “Feira da Betânia”! Eu jogava bola com os colegas, no asfalto recém-colocado na avenida em que morava!

Tinha 12 anos e, como todo menino tolo, carregava um esqueleto esguio de pouco mais de 20 quilos! Fiquei curioso e de noite, coloquei bermuda, vesti  camisa e foi conferir o que estava sendo anunciado, não acreditando que um mágico faria sumir um “fusca em pleno picadeiro”. E para onde iria o fusca? De quem seria o carro, do mágico? Eram interrogações que me fazia enquanto caminhava a pé uns 500 metros até o local onde estava armado o circo. Entrei em uma fila, comprei ingresso com a venda de picolé e caminhei por uma longa entrada escura, procurando um tablado em erguido em cima de armações de ferro e sentei em uma tábua de madeira que servia de banco. Era a primeira vez estrava em um circo e fiquei admirando com tudo que via: o picadeiro, os palhaços fazendo piruetas, falando “respeitável público”,  fazendo reverências a todo momento com o chapéu que tiravam e colocavam de volta na cabeça. 

O que o palhaço falava era igual ao que eu havia escutado na “boca de ferro” em cima do carro, seguido por integrantes do circo e animais que usariam no espetáculo. Era uma forma de espetáculo-marketing-direto. Nervoso, esperava sentado a hora da mágica. E como demorou! Deixaram-no para o final, como último número do espetáculo. Será que era para prender os espectadores que para lá se dirigiram? Talvez sim! Por que sempre deixam sempre para o final, tudo que prende a atenção de alguém? Não sei, mas até em modernos programas de hoje, fazem isso também. Estranho, mas verdadeiro e fácil de constatar na prática diária!

Os tambores rufaram. O número de mágica tão anunciado e esperado pelos espectadores, estava para começar. O Circo Fumanchu talvez fosse uma tradição vinda do século XIX, com as famílias europias, que se agrupavam em guetos e manifestavam sentimentos através de interpretações teatrais, onde não demonstravam apenas interesses individuais e sim, despertavam consciência mútua, mas não tenho certeza. Será que também teria sido essa a origem do Circo? Não sei. Só sei que falavam com uma voz meio estranha, uma mistura que hoje eu sei que era de espanhol com o português.

- Respeitável público, sejam todos bem-vindos ao Circo Fumanchu. Estamos nos preparando e preparando o número final, quando um mágico fará desaparecer um fusca em pleno picadeiro. Os tambores rufaram, arrepiando a mim. Os palhaços retratistas tiravam fotos em binóculo. O fusca apareceu no picadeiro, um pano negro foi colocado em cima e depois de um toque com uma varinha mágica, o pano foi puxado e o fusca não estava mais no picadeiro, para espanto de todos que só faziam perguntas depois do “oh” geral, para onde teria ido o automóvel.

Até hoje “não sei, só sei que foi assim Chicó”, como escreveu o mestre Ariano Suassuna, em sua peça O AUTO DA COMPADECIDA, antes que alguém diga que estou escrevendo sobre um delírio!

sexta-feira, 12 de junho de 2015

BRASIL, O PAIS DA BUROCRACIA (VAMOS DESBUROCRATIZÁ-LO?)!


O Brasil, tradicional e historicamente burocrático, oferece dificuldades em tudo para vender facilidades em forma de corrupção! Se desburocratizar e tornar a máquina pública mais eficiente e agil, será o início e uma ajuda ao combate da corrupção.

Isso ficou claro com a prisão de vários fiscais do Estado do Paraná, por um desvio de milhões de reais na Receita Estadual, que pode atingir até o governador Beto Richa. que teria tido sua campanha eleitoral sido abastecida com dinheiro do esquema de fraude, o que ele nega como, aliás, todos os que são pegos praticando ou envolvidos em atos de corrupção, também negam, mesmo que sejam indiretamente beneficiados pelo esquema de fraude. 

Como ocorria o esquema paranaense? Os fiscais aplicavam pesadas multas aos empresários e depois, se ofereciam para reduzi-la  mediante “contribuição política” para o partido que elegeu o governador. Essa prática imoral era antiga e pode ter beneficiado outros governadores antes de Beto Richa, mas ele pode sofrer respingos e problemas. Toda contribuição feita mediante extorsão de qualquer tipo, torna-se legal depois que os partidos recebem os recursos de campanha, apresentando à Justiça Eleitoral, notas fiscais, algumas falsas, porque a estância que fiscaliza as prestações de contas dos partidos, não tem como fiscalizar se as notas fiscais e se as empresas que as emitiram existem ou não? Será que as empresas existem? Muitas, não; outras, sim.

Não é fácil dizer historicamente quando teve início a corrupção, mas a burocracia tem origem histórica, desde o descobrimento do Brasil, quando surgiu a necessidade de controlar os impostos que eram enviados aos portugueses. Só que daí o Brasil criou outras tantas formas de burocracias e chegou até criar um ministério extraordinário da desburocratização, que acabou e continuam em vigor as medidas adotadas e não cumpridas pelo ex-ministro Hélio Beltrão, como a obrigatoriedade de reconhecimento de firma e autenticação de documentos públicos. Pela Lei da Desburocratização, até hoje não revogada, mas desconhecida por muitos e descumpridas pelos órgãos públicos, bastaria a pessoa assinar o documento de próprio punho que o agente teria autonomia para carimbar “confere com o original” e assiná-la ao lado do carimbo. 

 Em matéria de burocracia, o Brasil superou seu pai Portugal e, para poder seguir pelo caminho mais rápido e curto rumo à corrupção, passou a criar os “atalhados”, “facilidades” para se conseguir entrar em uma fila de atendimento médico, em órgãos públicos e outros locais, passando a fazer surgir uma nova profissão informal: “o guardador de vaga”. Isso também é uma forma de corrupção e a venda de facilidades não existe. Depois de multado, se a empresa entender que foi injusta a notificação, deve procurar a Justiça que, em plena era digital, ainda está na era das cavernas, na época jurássica, excessivamente burocratizada por papéis, lenta e irritante. Isso facilita à corrupção porque a Justiça teria que ser mais célere e não é porque o empresário multado injustamente – como de resto toda a sociedade brasileira – deveriam receber atendimentos mais rápidos na Justiça e não procurar fazer “acordos” mediante extorsão para abastecer cofres de campanha de ninguém.

Criaram os Juizados Especiais, há muito tempo, por proposta da desembargadora Ada Pelegrine. No início, os Juizados Especiais Cíveis e Criminais tinham atendimento de no máximo uma semana, entre a entrada da ação e a primeira audiência de qualquer processo que não excedesse a 40 salários-mínimos,. Atualmente, as audiências  levam  até sete  meses para ter uma primeira audiência, isso quando tem juiz! A burocracia também tomou conta das Justiça em todas as suas esferas, como de resto o Brasil está criando dificuldades para vender corrupção como facilidade.

Como aposentado por invalidez, não sou favorável às últimas medidas tomadas por Dilma Rousseff, do PT, mas nem por isso classifico o partido como sendo de bandidos, “PTRALHAS” porque o PSDB também poderia ser chamado de “PSDBANDIDOS”, por ter usado as Contas CC5 do Banestado para abastecer os cofres do partido na reeleição de Fernando Henrique Cardoso. E isso também não ocorreu, por razões que desconheço. O PT, pode ser tudo, pode ter de tudo – como qualquer outro partido também tem -, mas, pelo menos, teve coragem de apurar a corrupção, punir os culpados e absolver os inocentes. 

Desburocratizar o Brasil, pode ser um dos caminhos para por fim na luta contra a corrupção. É só uma ideia!

quinta-feira, 11 de junho de 2015

MESA VAZIA...!


Em memória do amigo Roberto Valin (30/03/1953/ 01.06.2015)

(inspirado na letra da música “Naquela mesa”, de Sérgio Bittencourt)


Naquela mesa, hoje vazia,
Ele sentava e contava sempre 
o que era viver melhor
Me contava histórias, 
que hoje de memória, quase as sei de cor
(trabalhou em supermercado, viajou, conheceu países...) 

Como membro do Conselho Fiscal, recebia-me
trocávamos ideias, fazíamos projetos
anotava tudo em seu leptop sempre aberto sobre a mesa
(com autorização do Síndico do Mundi, advogado Antônio Paiva)
No dia seguinte, dizia-me: “farei”.

Naquela mesa, não mais  encontrarei
o mineiro de Muzambinho, Roberto Valin 
porque falecera de câncer aos 63 anos de idade. 
(Muito novo e com muitos planos)

Cremado, as cinzas repousarão
no seu sítio de Paraguaçu 
(adubando e fazendo nascer rosas
com seu sorriso sempre alegre e farto 
e o andar magro e sempre apressado)

Vá em paz, senhor Roberto Valin,
um dia nos encontraremos 
trocaremos ideias
(teremos a oportunidade de caminhar
juntos, fazer novos projetos 
ecológicos para o Condomínio Mundi)

Naquela mesa está faltando ele 
e a saudade dele ficará doendo em mim!

quinta-feira, 4 de junho de 2015

NÃO HÁ GLÓRIA NO QUE SE FEZ: MAS VERGONHA NO QUE NÃO SE FEZ!



Não existe glória para quem faz o que deveria ter feito  por obrigação do cargo ou função que ocupe, mas vergonha pelo que deixou de fazê-lo porque o dinheiro público fora desviado pela corrupção, a malversação ou pelo desejo de riqueza e prazer fácil de uns poucos em detrimento do sofrimento da maioria”. (Carlos Costa)


Começo essa crônica com o pensamento acima, porque no último debate entre os candidatos ao segundo turno das eleições presidenciais no Brasil, na BAND, entre Aécio Neves avisou à Dilma Rousseff, que a economia estava seguindo por um caminho sem volta e desbocaria no que estamos vivendo hoje: inflação se elevando, estagnação econômica batendo em todas as portas, os governos dos Estados e os prefeitos reclamando que não estão tendo dinheiro para fazer nada. 

Na verdade, o debate foi um grande festival de meias verdades, luta de box e os dois candidatos saíram feridos, mas não derrotados e Dilma venceu nas urnas e também foi início do inferno astral da presidente eleita, com um país  todo “esparadrapado” e não se entendendo em nada. Ao fim do debate, restou uma certeza: Aecio Neves estava certo, mas os candidatos disseram: “os eleitores, é que terão que decidir”. Diante disso, votei no que achei ter sido o pior, porque ficou difícil demais escolher um pior ou melhor candidato. Dilma Rousseff venceu e o Brasil, antes estruturado, mas cheio de vícios e corrupções, desceu ladeira a baixo, sem freio, mas ainda pode ser corrigido o seu rumo, mesmo o remédio e a dose dele sendo fortes demais.

Filósofos já afirmaram muitas coisas sobre política, em diferentes épocas e por diferentes razões ou motivos. Sócrates, por exemplo, já disse  que “o homem é um animal gregário e, por isso, também político”,  Arnold Toymbee (1990-1975), garantiu que “a maior desgraça de quem não gosta de política é ser governado por quem gosta”, o pensador Millôr Fernandes, mais pragmático,  garantiu que  “acabar com a corrupção é o objetivo supremo de quem ainda não chegou ao poder” e acrescentou depois, ao falar de ideologia no Brasil: “a diferença fundamental entre Direita e Esquerda é que a direita acredita cegamente em tudo que lhe ensinam e a esquerda acredita cegamente em tudo que ensina”. Foi mais ou menos assim o debate entre os dois candidatos: um festival de veneno! Contudo, no Brasil de hoje não existe mais Esquerda ou Direita. Simplesmente aliados no Poder e felizes porque podem praticar a corrupção descarada e partidos fora do poder, que querem alcançá_lo e se corromperem também, porque no país multipartidário chamado Brasil é tudo junto e misturado como previu em 1982 o então governador em exercício do Amazonas, o professor de Direito Paulo Pinto Nery. Aliás, Aécio Neves em sua propaganda política tem insistindo muito na frase chavão da época da ditadura: “esse governo que está aí”, para se referir ao Governo do PT, que deu prosseguimento ao governo de FHC, o estagnador do dragão da inflação, permitindo o início dos programas de Trabalho, Emprego e Renda (Bolsa Família e etc) iniciados por Luiz Inácio Lula da Silva e continuado por Dilma Rousseff. Com o início da inflação, não sei o que acontecerá, mas o governo federal terá que arrecadar cada vez mais impostos. Dos dois, votei no menos pior, mas estou arrependido porque o Brasil ficou fora dos trilhos  como se fosse um trem desgovernado e o povo tem agora que freá-lo no braço, ou no bolso, como previu o candidato Aécio Neves! 

Desde a redemocratização do Brasil, sempre votei para presidência da República no menos pior, porque não aguento mais as acusações de parte a parte pelas redes sociais. Cansei! Assisti a todos debates e em todos vi que, os marqueteiros estavam vendendo candidato que estivesse preocupado com o Brasil. Ambos estavam preocupados com o poder pelo poder, simplesmente, mas a panela já encheu, o caldo já entornou e pretendo depositar meu voto no menos pior porque ambos os partidos, PT e PSDB estão atolados em escândalos: um, no da Petrobras. Outro, do “mensalinho” mineiro, onde tudo começou e se estendeu ao mensalão de Brasília, operado por Marcos Valério.

Política sempre foi um grande teatro, onde os eleitores não passam de ridículos espectadores que, ao final, aplaudem ou vaiam os atores. No caso, as vaias atuais são merecidas!

quarta-feira, 3 de junho de 2015

PORTO DE MANAUS, UMA VERGONHA


Na capital do Norte, em Manaus morre de inanição um porto morto, maquiado como defunto pronto para entrar em um caixão, com todas as despesas pagas pelos contribuintes se é que se pode ou se deve gastar dinheiro com uma obra-defunta que não resolverá a questão da fluidez do trânsito na área da Manaus Moderna! Com poucos dados históricos sobre a origem do porto de atracação de barcos regionais do Amazonas e considerando que os rios são as Estradas do Estado, supõe-se que esse porto tenha surgido junto com a cidade, com os primeiros navegadores. Talvez por isso, os ingleses decidiram construir um moderno porto, que hoje é destinado aos grandes navios e aos de cruzeiro turístico. Será que Manaus completará 345 anos no dia 24 de outubro, sem um porto decente para poder chamar de seu? Talvez, sim!

Durante a busca pela internet, encontrei o estudo de um Plano Mestre do Porto de Manaus, de 2012, elaborado pela Universidade de Santa Catarina e a ex-Secretaria de Portos da Presidência da República (SEP/PR)(http://www.portosdobrasil.gov.br/assuntos-1/pnpl/arquivos/planos-mestres-versao-completa/porto-de-manaus.pdf) retomando planejamento do setor portuário brasileiro e destacando suas principais características, com análise dos condicionantes físicos e operacionais, a projeção de demanda de cargas, a avaliação da capacidade instalada e de operação e, por fim, resultando no que foi chamado de  “Plano Mestre XII Porto de Manaus”, discutindo as necessidades e alternativas de expansão para um horizonte de planejamento de 20 anos. Porque esse trabalho não saiu do papel, desconheço, mas posso imaginar!

O Laboratório de Transportes e Logística (LabTrans), da Universidade Federal de Santa Catarina, cuja primeira fase foi concluída em março de 2012 e atendia ao Plano Nacional de Logística Portuária (PNLP) , destacava que os investimentos portuários são de longa maturação e dotaria o porto de Manaus para “atender a rápida expansão do comércio mundial, com o surgimento de novos players no cenário internacional, como China e Índia – que representam desafios logísticos importantes, dada a distância desses mercados e sua grande escala de operação –, exige que o sistema de transporte brasileiro, especialmente o portuário, seja eficiente e competitivo”. Esse estudo, se implantado, teria dado um porto decente para Manaus! E completa: “O planejamento portuário, em nível micro (mas articulado com uma política nacional para o setor), pode contribuir decisivamente para a construção de um setor portuário capaz de oferecer serviços que atendam a expansão da demanda com custos competitivos e bons níveis de qualidade”

Plano Mestre do Porto de Manaus, o qual contempla desde uma descrição das instalações atuais até a indicação das ações requeridas para que o porto venha a atender, com elevado padrão de serviço, a demanda de movimentação de cargas e de passageiros projetada para os próximos 20 anos. As operações portuárias em Manaus são bastante peculiares devido ao fato de que a cidade não dispõe de ligações terrestres com outros estados do país, excetuando-se Roraima, de sorte que a capital apoia-se quase que totalmente nas vias hidroviárias para o transporte de cargas e para a locomoção de passageiros de e para outros municípios do Amazonas e estados vizinhos”.

Por que esse projeto foi abandonado desconheço, mas posso entender que também porque se referiam a “resquícios da ditadura militar” e tudo que fosse ligado a esse período negro do Governo Militar, teria que ser apagado da memória dos brasileiros. Enfim, não sei ao certo. Só sei que hoje temos um porto para bailarinos e equilibristas que se aventuram a deslocar aos barcos regionais por cima de pranchas, presas por um pneu amarrado em uma corda, de forma precaríssima e improvisada. Uma vergonha o Porto de Barcos Regionais de Manaus, que não comporta a quantidade de embarcações que diariamente se deslocam à capital e se deparam com uma Manaus Moderna que de moderna só tem o nome e uma pista contornando todo o ex-e lindo igarapé do Educandos e se ligando com o Rio Negro. O que existe de moderno em um aterro e um muro de arrimo no qual os motores atracam e lançam suas cordas ao vento para ficarem presos como se fosse em algemas da incompetência? Nada! Se retirarem as maquiagens, mostrarão o rosto de um porto mais do que morto, assassinado, quem sabe, pelo descaso administrativo que toma conta do Amazonas há mais de 30 anos, com os mesmos políticos de uma velha escola gilbertista se alternando no poder! Depois da Escola Política criada em 1982 pelo Governador Gilberto Mestrinho, nada de novo surgiu, além da mudança de siglas partidárias para iludir os eleitores.

Para a capital Manaus, o atual porto da cidade não passa de uma vergonha em uma cidade que se orgulha de ter um Distrito Industrial que gerando milhões de dólares em lucros anuais, mas não consegue pensar em ter um porto decente. Hoje, os bailarinos que se aventuram por sobre pranchas, tábuas, pranchões ou qualquer coisa que possa servir para um deslocamento, devem receber um troféu pela capacidade de equilíbrio que desenvolveram ao longo dos mais de 300 anos que o Porto Improvisado de Manaus funciona no local, dividindo espaço com o Porto da Panner do Brasil (onde pousavam os aviões anfíbios), no bairro de Educandos.

Hoje, Manaus investe em tantas coisas, mas esquece um projeto da época do Governo Militar, que pensava propostas a longo prazo e assim vai vivendo a nossa Democracia que decidiu sepultar tudo o que pudesse  ou fizesse lembrar de um passado que não quero que volte, mas que pelo menos planejava, pensava, estudava e executava. O fracasso da Transamazônica, megaprojeto do Governo Militar até hoje inconcluso, não pode e nem deve ser usado para sepultar as coisas boas que ocorreram durante o período da ditadura militar, que se tirassem a censura à imprensa, a truculência, os embates e tivessem deixado com ordem as coisas, o Brasil poderia estar bem melhor do que se encontra hoje, sem planejamento, com corrupção em excesso, obras abandonadas, investimentos que começam e não terminam porque se descobriu depois que não deveriam ser realizados, enfim....



terça-feira, 2 de junho de 2015

QUEM QUER ME ADOTAR?


Abandonados, sem pai ou mãe, a Estação Rodoviária “Clóvis Bevilácqua”, o Porto de barcos regionais, os prédios tombados pelo patrimônio histórico e as ruas do Distrito Industrial, além diversos monumentos históricos, dentre outros, estão precisando urgentemente ser adotados por alguém porque a desculpa da Prefeitura de Manaus e do Governo do Estado está se tornando irritante enquanto todos pedem socorro, recebem promessas de recuperação, mas continuam se desmoronando pelo próprio descaso e sendo corroídas pelas desculpas. 

O mais que centenário porto de atracação de barcos regionais, que surgiu quase junto com a cidade de Manaus, continua o mesmo, recebendo apenas maquiagens e gastos inúteis de dinheiro pela Prefeitura de Manaus, as ruas do Distrito Industrial estão sendo cada vez mais esburacadas pelas desculpas da Prefeitura da Suframa e a Prefeitura de Manaus, uma transferindo a responsabilidade para a outra, mas sem uma solução definitiva. As desculpas vão se avolumando junto com os problemas!

A Estação Rodoviária Clóvis Bevilácqua, inaugurada há muitos anos, nunca recebeu uma reforma, mesmo tendo abrigado boxes de empresas e funcionado a extinta EMTU. Ao seu lado, boxes de venda continuam existindo e vivendo para atender moscas porque sem movimento nenhum, hoje não têm como funcionar. No período de inverno como o atual, chove mais dentro do que fora da Estação Rodoviária de Manaus. Municípios menores possuem estações rodoviárias melhores do que a de Manaus, que possui um distrito industrial que arrecada milhões e bilhões de dólares, mas não possui uma estação interestadual, um porto, um trabalho para desburocratizar a recuperação dos prédios tombados pelo patrimônio histórico, enfim, alguém tem que adotar esses locais para que as soluções definitivas sejam apresentadas, mesmo que venha a surgir uma Parceria Público/Privada! 

Como está, sem pai, mãe, padrasto ou madrasta é que não podem continuar!

segunda-feira, 1 de junho de 2015

UM MOTOR E MINHA HISTÓRIA: (PIETRO BRUNO)



À ROBERTO FLECK, TEREZINA BAYMA E PIETRO BRUNO

O quadro de um barco regional no hall de entrada da Clinimagen, pintado pelo artista plástico Pietro Bruno, em 1977, me transportou a incríveis lembranças de um passado que meu coração navegante e memória debilitada por onze cirurgias no cérebro e duas infecções hospitalares incuráveis, enquanto esperava para ser atendido em consulta de rotina pelo neurologista Roberto Fleck. De repente, me peguei olhando fixamente para uma pintura de um artista de Maués, de barco regional que suavemente cruzava o encontro das águas formado pelos Rios Rio Negro e Solimões, com densidades diferentes, não se misturam; se digladiam com carinho e se abraçam no final, após a contenta. O barco, mostrava um motor um pouco menor do que o que me transportou da comunidade do Varre-Vento para Manaus, no ano de 1968. Os detalhes inseridos pelo artista eram tão impressionantes que me perdi olhando àquele quadro e me vendo dentro dele também, abismado e incrédulo vendo as luzes de Manaus pela primeira vez! 

O pintor da “Terra do Guaraná” pintou com tal qualidade sua obra que me vi senti sendo transportado de novo em uma rede armada de um lado para o outro, embora as redes não aparecessem porque o motor estava de proa, cortando as águas. Ouvia o barulho ensurdecedor de seu motor e admirava abismado as lâmpadas de sódio das ruas da ainda pacata Manaus daquele ano, quando quase todas as ruas eram calçadas de paralelepípedos, inclusive as que recebiam os barcos regionais, que já precisa de um outro. Ao desembarcar, olhava as carroças e me admirava nas calotas dos fuscas que davam uma ilusão de ótica terrível. Ainda ouvindo o ensurdecedor barulho  meus ouvidos, como se tivesse martelando meu tímpano com um tok, tok constante e irritante, do qual, hoje, sinto saudades. Não entendia como uma lâmpada poderia acender e apagar sozinha e meu coração disparou ao cruzar o “Encontro das Águas”. Pietro Bruno fora tão fiel em sua pintura que conseguiu até reproduzir as ondas de proa e de boba da embarcação que, pelo que me pareceu, não deveria ser tão veloz. Se bem que todo motor passa devagar pelo “Encontro das Águas” para que os turistas e mesmo os amazonenses possam apreciá-lo e tirar fotos ou filmar pelo celular. Talvez fosse por isso que havia pouco banzeiro na proa e nem na popa do motor.

Acostumado com as lamparinas a querosene, meu coração bateu acelerado depois que vi as luzes acesas de uma cidade grande! Era demais. Eu poderia apreciá-las melhor quando chegasse ao meu destino: a casa de minha madrinha, Natércia Calado, no bairro Morro da Liberdade. Mas tive uma decepção: a luz que vi ao longe ficava dentro de um globo no centro da sala e não parecia igual, com a casa toda pintada. Fazer o quê? Ela talvez não soubesse que queria vê-la em todos seus filamentos e detalhes! Não teria problema, mas perdia muitas tardes absorto, olhando para um aparelho de TV em cima de um móvel na sala, esperando que as válvulas aquecessem para aparecer a imagem de um indiozinho, enquanto tocava músicas da época e olhando para o teto da casa tentando distinguir o que havia dentro do globo. Sabia que era uma lâmpada, mas a curiosidade de menino queria pegá-la. Anos mais tarde, saindo de férias do jornal em que trabalhava, propus e meu tio Armando Costa, aceitou me levar em um passeio de 17 dias no lago de Autazes. Novamente recordaria o barulho estridente de um motor de doze HP descendo lentamente pelo Rio Madeira, com jacarés, tartarugas pulando n,água quando passava próximo e fazia banzeiro. Como ele era motor o pintado por Pietro Bruno, não fazia muito banzeiro, mas marola, apenas. Mesmo assim, ficamos no meio do lago, ouvindo toda as tardes revoadas de pássaros, pescando e comendo, comendo e pescando. Dezoito horas, um silêncio de arrepiar era o que se ouvia no lago de Autazes, que eu chamei de silêncio sepulcral em uma crônica e até hoje uso essa expressão. No dia de meu aniversário, meu tio decidiu me presentear com um pato do mato feito com arroz. Atirou em um, caiu no lago e entrou embaixo de um mato denso. Decidiu ir buscá-lo. Era 13 de fevereiro! Foi o melhor presente que recebi de meu tio.

Durante o devaneio ou delírio, não sei, vi a maleta de madeira embaixo da rede com uma chave e cadeado. Percebi que dentre todas, minha maleta de madeira rústica era a mais pobre, mas me dava orgulho em carregá-la porque tinha sido construída pelo meu pai, Paulo Costa, especialmente para transportar as poucas roupas que tinha, meus mulambos, para ser mais preciso. Depois de ter sido atendido pelo médico, que se atrasou um pouco, reencontrei a professora Terezinha Bayma, ainda muito elegante e com uma mexa toda branca em seu cabelo ainda parcialmente negro, lhe emprestando um ar de autoridade, Não a reconheci de imediato, mas sabia que já a tinha visto em algum lugar. Depois que a atendente a chamou pelo nome, fui até ela, lhe cumprimentei pelo nome e me apresentei e lhe perguntei: “como a senhora está?” Confesso que a pergunta foi idiota porque ninguém que está em consulta médica se encontra bem! Terezinha Bayma,, com toda sua elegância e educação mestra de muitas gerações, me respondeu: “estou indo, como todo velho vai”. Que é isso, professora? A senhora permanece elegante, com sua mesma mexa de cabelo branco entre os negros, que lhe destaca. Por que nunca fui aluno da professora Terezinha Bayma, não sei dizer. Acho que o destino não quis que fôssemos professora e aluno! Mas quem vai saber ao certo se ela também já está aposentada! Não tive o orgulho de tê-la como professora, mas me sinto um aluno seu até os dias de hoje porque Terezinha Bayma sempre me cumprimenta com muito carinho.

Olhando mais uma vez para o quadro, telefonei para a Manauara Rádio Taxi e pedi que viessem me buscar “com um motorista que aceite cartão de crédito”. “Se não tiver, o senhor pode abastecer o carro dele em um posto? “Posso sim, mas avisa ao motorista”, pedi. “Não se preocupe, essa informação será colocada e ele saberá”. Fiquei sentado, me sentindo navegando no barco pintado pelo artista plástico de Maués, Pietro Bruno,  cruzando o encontro das águas e vendo as luzes da cidade de Manaus, uma novidade para mim! Voltei para casa, mas não esqueci a linda pintura de Pietro Bruno!