Ah tempo bom que já vivi. Ah, tempo
difícil que vivo agora!
Deitado com a esposa Yara Queiroz,
revi e revivi no quarto do nosso filho. Vimos e revimos tempos inesquecíveis
dos 12 anos em que exerci o cargo de Diretor Geral Note de um órgão paraestatal
federal e viajava muito e adquiria presentes que ao chegar, os dava ao nosso
filho. Está tudo arrumado nas prateleiras e nichos que mandamos fazer
com muito capricho e pensando em quase tudo. Enquanto a secretaria do lar Maria Joaquina Paes Ewetom arrumava
a suíte,
Dentro dos nichos, ainda estão os
vários carinhos de madeira que comprava e lhe dava, junto com livros, muitos
livros que também comprava e as coleções de carros de ferro que adquiria e lhe
dava também. A cada presente, sempre o
recebia um abraço, como se fosse o ultimo que lhe daria na sua infância e início da
adolescência. Do nosso filho, acompanhei apenas duas fazes; a das coleções que
fazia. Depois de submetido à primeira cirurgia, até 2006, fui submetido a
outras 11 cirurgias no cérebro e fiquei infectado dentro do Hospital
Prontocord, quando parei de trabalhar.
Aposentado por invalidez em 2000,
sofri uma redução brusca no valor da que receberia se ainda estivesse na ativa.
Sem poder trabalhar, coisa que não esperava que viesse a ocorrer aos 49 anos de
idade, mas o dinheiro que ganhei honestamente, investi em imóveis que, agora,
estou tendo que vendê-los para pagar dívidas. Mas voltemos à crônica das recordações
que guardo e das saudades que sinto por não continuar a tê-las depois de 2006
quando fui internado para tratar de uma surdez que sofri em sala de aula. Fiz
carreiras no Jornalismo, chegando a assumir Editoria Geral de dois jornais diários
em Manaus, depois de concluir o Curso e Pós-Graduação em Assessoria de
Comunicação e Marketing, e, no Serviço Social, após a conclusão do curso de Docência
de Terceiro Grau, ingressei como professor em uma Faculdade particular. Como demorou
muito a ser chamado pela UFAM, ingressei e ingressei por prova de título. Mas
chega de lamúrias! O tempo só existe em memória e não existe concretamente, mas
também não voltará para revivê-lo!
Vendo fotos da infância de nosso
filho, com minha esposa dizendo "essas
coisas de madeira não se vêm mais, inclusive
os porta-retratos”. Respondi que poderiam até existir, mas só em lojas de
artesanato, mas estão ficando cada vez mais raros! Viajava sempre pensando
no que compraria para o nosso filho nos Estados da Região Norte que visitava, menos
Rondônia que em acordo ficou sob a responsabilidade da Região Centro Oeste. Até
que fui de carro à fronteira do Acre e entrei na Bolívia. Adquiri um carro de Fórmula 1
com controle remoto, maior do que tamanho dos 7 anos do nosso filho para
presenteá-lo.
Depois que cheguei em casa foi logo
me perguntando o que tinha trazido para ele. Dei-lhe a caixa, abriu, me deu um
abraço gostoso, tirou o presente e desceu para brincar no Condomínio Geneve.
De tão empolgado ele ficou, mas ainda
sem saber usar direito controle remoto, se distraiu e o carro passou por cima
de sua unha do pé arrancando-a. Talvez, tenha ficado traumatizado
com o presente, que o guardou na caixa e nunca mais o usou e voltou a ocupar
nicho grande. Abaixo se vê um quadro amazônico do pintor Moacir Andrade (in memorian), que pedi para ser
colocada no alto da cabeceira da cama dele!