quinta-feira, 31 de maio de 2012

Mudanças.

Estamos adicionando novamente a aba de busca de textos antigos, e também a de seguir o blog por email.

Isso ae

DIVAGAÇÕES ALEATÓRIAS...

Hoje, a melancolia veio em mim fazer morada
Trouxe também à senhora saudade
Que convidou a senhora tristeza
Que trouxe a solidão  junto com ela.
Juntas  -  melancolia, a saudade, a tristeza e a solidão
Decidiram promover uma festa para alegrar meu coração.
Se uniram e promoveram a “Festa da Alegria”, mas nem assim me  alegrei porque minha tristeza era tamanha que nem a senhora alegria me fez sorrir!
Não é depressão que estou sentindo.  Não sou dado a esses luxos de ricos.
Não é de psiquiatra ou psicólogo de quem preciso:
Mas de amor somente! Um amor que me chame à atenção na justa medida de minhas culpas!
De todos os lados levo coices e patadas – muito mais do que entendo que as mereça.
Estou triste, só isso!  E o pior é que não tenho quem toque um violão ou o banjo do poeta e cronista Marcelino Ribeiro, emoldurado com a presença do também poeta JT, para meus ouvidos escutarem na solidão em que me encontro, o sabor e as delícias do vento  em meu rosto, o murmurar das folhas  caindo em um  suave balé,  ou quente do sol torrando minha pele desacostumada com essas coisas! Ah, mas para que  lamentar?
Eu estou vivo ainda! Embora sobrevivendo de forma miserável e dependendo de amigos e de minha esposa, sempre!

"APERTAMENTOS" CADA VEZ MENORES E MAIS CAROS!

Em vez de apartamentos que primem pelos ambientes e suas divisões internas, diversas construtoras estão lançando no Brasil, belíssimos  e verdadeiros empreendimentos com imóveis cada vez menores e mais caros, priorizando mais as áreas de lazer e menos a área habitável, transformando-os em verdadeiros “apertamentos”.

As cozinhas de novos empreendimentos são uma verdadeira obra de arte do tipo “dá licença que quero entrar”, de tão compactadas que estão ficando. Com isso, futuramente, todo um processo produtivo de geladeiras, fogões, frízeres e outras tantas necessidades deverá ser totalmente repensado, adequando-os aos minúsculos espaços internos.

As áreas de lazer e entretenimento são sempre belíssimas, harmonizando com a arborização, piscinas, deques e todos os confortos necessários à vida moderna, pelo lado de fora das moradias, mas os arquitetos e projetistas vão findar conseguindo dividir um apartamento de 30 metros quadrados em três quartos, sala, cozinha e banheiros. E ainda vão conseguir colocar uma suíte dentro e sempre cada vez mais caro o preço do imóvel!

Com isso, não serão mais os móveis e outros utensílios que não caberão dentro dos novos projetos, mas as pessoas é que não caberão mais dentro dos minúsculos e caros imóveis lançados atualmente. É certo que as áreas de lazer, cinemas, lan house são entregues todas mobiliadas, mas isso não justifica o preço da aquisição de um imóvel desse porte.

Depois do lançamento pelo Governo Federal do programa “Minha Casa, Minha Vida”, a coisa piorou para o lado do consumidor carente; na realidade, os bancos, na tentativa de enganá-lo, estabelecem um preço “acomodativo”, e lhe apresenta um imóvel de um tamanho humanamente impossível de habitação, o que ainda trará sério prejuízo financeiro, pois o tempo de pagamento do imóvel, será ad eternum. O preço inicial está dentro da faixa do programa “Minha Casa, Minha Vida”, mas ao longo dos meses de obra, o INCC vai sendo reajustado que sei de dentro dessa faixa de preço e a CEF não financia mais o imóvel.

Essa questão precisa ser repensada, urgentemente sob pena de o Brasil também sofrer a chamada “bolha imobiliária” como outros países já sofreram também!

Moro com minha família em um apartamento de 193 metros, com três suítes amplas, três garagens e mais um escritório, com uma ampla cozinha, bem dividido, novo, moderno, mas, hoje, infelizmente, não se constrói mais esse tipo de imóvel, só se for de cobertura, quando se pagará dois condomínios em vez de um só. Apartamento com essa metragem não se constrói mais e, quando existe, o preço ultrapassa em muito o valor da casa de 1 milhão de reais...

Está ficando insustentável essa manobra e ganância financeira das construtoras, depois do lançamento do programa “Minha Casa, Minha Vida” e meu desespero para mobiliar um imóvel tão minúsculo, como se fosse uma casa de bonecas.


  

quarta-feira, 30 de maio de 2012

CRIAÇÃO DE VELÓRIOS PÚBLICOS NO BRASIL!

Jundiaí, Marília, Sumaré, Barueri, Itapevi, Osasco, Barreiro além de vários outros do Brasil, o que esses municípios têm em comum? Além dos aspectos de tranquilidade, beleza, trânsito fluente, vida agradável e ainda um pouco de segurança, todos possuem Velórios Municipais, garantindo um direito fundamental à pessoa humana, presente na Constituição do Brasil: morrer e ser enterrado com dignidade que deve se constituir em mais um direito, junto com os outros direitos sociais existentes, mas nem sempre cumpridos.

A Constituição da República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito. No que determina o item III da Constituição de 1988, “a dignidade da pessoa humana” deve ser mais ampliado e atender ao cidadão também depois de sua morte, com o corpo sendo preparado e encaminhado com o respeito que a situação merece, para ser velado em uma funerária pública em todas as cidades.

Como assistente social, jornalista, cidadão e contribuinte defendo a criação, implantação e funcionamento de funerárias públicas. Dinheiro para esse custeio existe e até demais!

Melhor ainda seria se houvesse contratação, por concurso público e não por mera indicação política, de profissionais multidisciplinares que comporiam a equipe com a participação de médicos, assistentes sociais com 30 horas como Lei Federal determina para a área de saúde, ainda desrespeitada em muitos Estados, psicólogos e outros profissionais para seu funcionamento mais eficiente e completo. Seria prefeito!

O argumento em favor de velório municipal em todo o Brasil deveria ser implantado em local visível e acessível a todos, principalmente aos mais carentes, mesmo que cobrando algum preço módico e salutar nesse momento de dor e aflição para todos, seria para cuidar da pessoa morta porque esse deve ser um dever do Estado brasileiro, também!

O seu funcionamento deve primar com inteligência e respeito à situação dos familiares e do próprio falecido, centralizando todo o ato fúnebre em um só local, poupando dissabores, trânsito e energia advindos desse momento.

Dentro desses princípios  dignos para que um cidadão possa viver – casa, escola, segurança, seguridade social, previdência social, saneamento básico etc., – o direito à morte digna  deveria ser complementado, evitando o assédio de funerárias particulares disputando os corpos em portas de hospitais e IMLs do Brasil, quase à tapa ofertando descontos, numa afronta aos familiares vivos e que morrerão depois!

Mas como uma pessoa pode morrer no Brasil se não possuir um seguro de auxílio funeral para pagar as despesas de seu próprio enterro? Mas é exatamente isso o que ocorre hoje! Em vários municípios brasileiros de grande, médio e pequeno porte populacional!

Como entender o tratamento de “dignidade à pessoa humana” se esse tratamento acaba muito antes do enterro, com tanta burocracia, dificuldades e o custo caro de um funeral?

É preciso a criação de um programa nacional de criação e implantação de Velórios em todo o Brasil, para competir com funerárias particulares.

Assim, ao menos, se cumpriria o item constitucional de dignidade à pessoa humana, inclusive na hora da morte quando fica sujeita à ganância de funerárias como se fossem “urubus em carniça”. Esse escandaloso conluio só acabará se o Brasil oferecer esse tipo de dignidade pós-morte aos contribuintes que ainda não pagam impostos para pensar, felizmente.

terça-feira, 29 de maio de 2012

O TEMPO QUE CURA...

O tempo, que não existe porque só o sabemos de sua existência através do calendário gregoriano criado e implantado pela Igreja Católica, me ajudou a curar e cicatrizar feridas,  me tornou mais dócil e comprometido com as causas sociais, e também me tornou mais velho alguns anos...

A acupuntura, com as agulhas espetadas em meu corpo pela doutora Kátia Matos, está me tornando uma pessoa mais calma, serena, tranquila  e me permitindo ver a vida com olhos que ainda não conseguia vê-la, mas também sei que estou ficando mais velho alguns anos...Mas não suporto corrupção, pessoas mal educadas, falta de políticas públicas equivalentes aos impostos que os brasileiros pagam! Sou tranquilo, mas não pisem no meu pé...

Subo as escadas do consultório da doutora Kátia Matos com mais calma, mesmo sabendo que ao entrar em uma de suas várias salas de tratamento, relaxarei ouvindo agradável e aprazível som de águas descendo em pequenas cachoeiras criadas e a uma música ambiente ao longe, que produzem em mim a paz necessária à reflexão...Nem medo das agulhas espetadas em partes de corpo tenho mais; apenas relaxo e até durmo!

Confesso, para os descrentes, que também não acreditava nos benefícios da acupuntura, mas mudei de opinião. Hoje a recomendo como uma das alternativas de cura; embora saiba que nunca serei curado totalmente porque as agulhas da doutora Kátia Matos não conseguirão espetar diretamente  nas bacterias  borrélia  e serrátia que  se alojaram em meu cérebro sem minha permissão; mas sei que a acupuntura aumentará a imunidade contra doenças oportunistas que também podem me matar.

Não me descuido dos remédios que tomo diariamente prescritos pelos médicos Dra. Silvana Lima, infectologista e Dante Luis Garcia Rivera, neurologistas que me acompanham desde o início de meu empiema,  originário de uma infecção hospitalar.  Mas não custa tentar métodos diferentes de cura, para aumentar minha ilusão e manter minha fé que ainda ficarei curado definitivamente.

Estou mais relaxado, menos ansioso, porém mais velho, mesmo não vendo o tempo passar dentro do consultório médico em razão dos sons de  águas caindo e a música que se escuta ao longe, bem baixinho, transformando o local em um ambiente mágico, perfeito e muito aprazível.

O tempo, a experiência, a vivência, não devolverão minha saúde perfeita, mas estou melhorando aos poucos. Também estou escolhendo melhor meus amigos virtuais, pessoais e os que vivem ao meu lado...

Só uma coisa a acupuntura ainda não faz e acho que não conseguirá fazê-lo, me tornar mais tolerante com a corrupção, o desvio descarado do dinheiro público, os elevados impostos cobrados e não devolvidos dignamente ao povo em forma de serviços. Ah, isso nem o tempo conseguirá resolver, mas sei que ficarei mais velho, apesar de não ver o tempo passando.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

MAGISTÉRIO INCLUSIVO E COMPLETO!

No exercício pleno de um magistério comprometido, sério, inclusivo, o professor deve fazer-se entender pelo seu aluno, usando técnicas capazes de despertar a compreensão do todo e não só de uma parte do assunto, unindo conhecimento de diversas outras disciplinas para uma melhor compreensão do todo.

É assim que entendo uma educação inclusiva, não discriminante e acessível a todos independentemente de cor ou raça. Deve ser uma escola que o aluno tenha prazer e se sinta bem em freqüente-la, com professores capazes de explicar a origem de todas as informações, unindo-as sempre à realidade social da comunidade.

Afirmo isso porque como professor que fui do antigo curso primário, passando pelos antigos ensinos primário, secundário, ginasial e superior, sempre busquei unir as partes em um todo, fazendo o aluno compreender o porquê  das teorias e pouca atenção dava ao quê dessas teorias, textualizando o todo e não só as partes, explicando a origem dos fatos e os esclarecia porque aquele tipo de pensamento tinha se manifestado nas diversas fases da história. Depois, entrava no assunto propriamente dito.

Mas para isso, fazia pesquisas, lia livros e ao entrar em sala de aula, tinha uma exata compreensão do que falaria, sobre como abordaria o tema e em que nível de entendimentos os alunos se encontravam. Fazia uma pesquisa diagnóstica e tabulava dados de meus alunos quando não os conhecia. Assim, tinha a perfeita compreensão e entendimento de suas dificuldades e tentava – ninguém é perfeito e eu não seria exceção – fazer com que eles interagissem no todo.

Sempre gostava de tocar em assuntos que outros professores haviam lhe falado em algum momento – “lembram daquele assunto tal, pois vai daí que surgiu essa teoria” – e assim cativava os alunos, me fazia compreender e o índice de reprovação em minhas turmas era o mínimo, mas também acontecia. Dessa maneira, o aluno não era ensinado em uma coisa em particular, mas em seu conjunto,  no todo,sempre buscando enfocar a realidade social em que viviam, muito parecido com a “Educação Libertadora” de Paulo Freire, transportando o concreto à prática, acrescentando a origem dos fatos e o porquê dos fatos terem se dado daquela e não dessa maneira.

Ou seja, discutia os problemas da sociedade e os interpretava para uma melhor compreensão dos alunos. Sempre relacionava um fato histórico com outro fato histórico e assim os alunos se interessavam mais pelas aulas, porque ela não seria monótona.

Assim entendo a didática inclusiva, extensa, completa, mas o que vejo hoje é professores apenas reivindicando salários – o que é justo, mas não se preocupando em melhorar suas próprias qualidades para desenvolver em seus alunos a qualidade crítica e interpretativa de uma realidade. Bom salário é ótimo e motiva ao professor em sala de aula, mas isso não é tudo e nem o mais importante.

Pratiquei esse tipo de método até ser aposentado por invalidez e nunca me arrependi de fazê-lo em todas as turmas em que ministrei meus conhecimentos ou como palestrante que, infelizmente, não tenho mais capacidade para fazê-lo porque depois de 11 cirurgias a que sofri no cérebro, passei a esquecer muitas palavras e, às vezes, me torno excessivamente repetitivo e cansativo também. Mas continuarei defendendo uma educação comprometida e compromissada com a transformação social.

domingo, 27 de maio de 2012

INVASÃO DAS ÁGUAS, ESPETÁCULO BONITO E PREOCUPANTE!

Como sangue contaminado pelo lixo, fezes e esgotos entupidos, as águas dos Rios Negro e Solimões invadiram as veias de algumas ruas da parte antiga de Manaus, deixando-a a beira da exaustão, transformando-as em espelhos que refletiam prédios, pessoas e monumentos históricos da capital em um cenário belo para os fotógrafos, mas preocupante às autoridades e pessoas atingidas. Uma tragédia histórica em 2012, pior do que a de 1953 e 2009, tanto na capital quanto aos 50 municípios do Amazonas!

Em meio às águas, um peixe foi pescado com vara, caniço e anzol da laje de uma casa no município inundado de Iranduba. Incrível! Lembrei quando também fisguei piranha pela janela da casa de meu tio Armando, no Varre-Vento, durante uma avassaladora enchente, cujo ano não lembro; só do fato!

Na capital, a campanha desesperada em favor da limpeza promovida pela Prefeitura, deu uma dimensão ainda maior e mais dramática à tragédia das águas com o lixo jogado pelos moradores em forma de pequenos papéis, garrafas PETs, pneus, móveis, geladeiras e a podridão que tudo isso também acarreta. A Prefeitura de Manaus faz sua parte, mas a população não ajuda e depois reclama!

De bonito e bucólico mesmo, só o registro histórico fotográfico para as novas gerações não duvidarem; só os registros dos reflexos nas águas pútridas, como se fosse um perfeito espelho refletor, dos prédios históricos da Alfândega, o “Cecilhão”,  o Relógio Municipal,  o Marco Zero e os ônibus que ainda trafegam pelas ruas alagas,  refletindo suas sombras fazendo a alegria de muitos turistas e outras pessoas que nunca haviam presenciado uma cheia tão grande!

Um espetáculo de beleza e problemas, na mesma medida!

Bonito para os fotógrafos, com registros históricos para o futuro e preocupante e desesperador para as famílias da capital e do interior atingidas pelas águas.

Mas como controlar a força da natureza? Impossível!

Resta-nos apenas apreciá-la, admirá-la e permitir que continue cumprindo sua missão nesse Estado, que só possui duas estações: seis meses de sol inclementes e seis meses de chuvas torrenciais com inundações, lixo, preocupações, aterros de igarapés e obras emergenciais que se repetem!

É a natureza cobrando em dobro o preço, pela destruição e falta de cuidados com o meio ambiente!

sexta-feira, 25 de maio de 2012

O PROGRESSO DESTRUIDOR DE SONHOS!

Com a alegria de um menino que não entendia nada, via o rolo compactador colocando um manto negro igual à noite, em cima de uma terra antes vermelha como o sangue que corria nas veias de um garoto observador, achando que o progresso estava chegando, mas desconhecendo que também causaria destruição de locais que amava e adorava brincar.

A poeira da rua que receberia depois seu manto negro prejudicava casas de moradores e criava dificuldades de respiração até para o gado confinado no frigorífico Bordon, que existiu no local, onde muitas vezes furtei cajus enganando o vigia.

Eu assistia e admirava aquele monte de tratores e carros pipas do Departamento Estadual de Estradas de Rodagens – DERAM – para cima e para baixo, molhando a rua, derramando piche e amassando um manto negro em cima de uma brita que antecedia a todas essas etapas que viriam depois. Para onde foram todas esses equipamentos, inclusive o DERAM?

A Avenida Costa e Silva, de onde observava as máquinas em movimento, recebeu esse nome em homenagem a um dos generais que comandou os destinos do Brasil pós-64, período difícil na história, mas, ao mesmo tempo, retirou o Estado da incômoda posiçã de atraso com o fim do período do látex e antes  implantação do modelo ZFM, aprovado dez anos antes.

Só não sabia que a destruição de belíssimos balneários e igarapés, que cortavam a cidade, viria junto com o progresso, transformando tudo em lucro e em especulação imobiliária necessárias, contudo destruindo meus sonhos infantis!

Era os anos 70 em Manaus e o progresso chegava rápido, com pressa, fazendo com que a cidade se transformasse em um verdadeiro canteiro de obras, com a abertura de ruas para todos os lados. Com tristeza, recebi o progresso, mas desconhecia seus resultados, destruindo meus recantos de beleza, com banhos nos igarapés serpenteavam em cada curva como se fosse uma cobra.

Depois de a rua ter sido coberta por uma negra cor de noite, os sonhos infantis de continuar me divertindo nas ruas de minha adolescência se foram; carros fuscas apareceram e tudo ficou mais perigoso. Pararam os jogos de bola com o nosso tradicional “gol das seis”, quando valia tudo na disputa pela bola. Ah, progresso malvado, destruidor de sonhos e ilusões!

Hoje, o que vejo são obras que destruíram os sonhos que ainda desejava revivê-los, mas os igarapés estão poluídos,o lixo emerge com a enchente, balneários belíssimos, por onde corriam plácidas e brancas águas com areia branca ao fundo  desapareceram, com muitos sendo  aterrados ou transformados em monstrengos inúteis.

Ah, máquinas que trazem o progresso, como as odeio hoje porque também trouxe a degradação de todo um ambiente urbano transformando sonhos em pesadelos, matando e destruindo ilusões de que o progresso poderia vir aliado à preservação, o que não ocorreu, infelizmente porque a ganância e o lucro sempre falaraml mais alto!

Mas nada disso aconteceu e hoje teimo em registrar minhas frustrações e odiando tudo o que transforma um barro vermelho compactado em uma cor escura parecendo à escuridão de meus olhos que ainda vêem pouco, mas ainda vêem! 

quarta-feira, 23 de maio de 2012

LEI DO SILÊNCIO É CONSTITUCIONAL, SIM; MAS IMORAL, TAMBÉM!

Em perfeitos bobos por mais de duas horas. Foi nisso que o contraventor conhecido por Carlinhos Cachoeira, transformou todos os integrantes da CMPI do Congresso Nacional que tenta apurar seus crimes e a extensão de seus tentáculos.

O Direito ao silêncio está contido no texto Constitucional; portanto, foi legítimo o silêncio do contraventor que está muito bem orientado pelo seu advogado, o ex-ministro da Justiça, Márcio Tomás Bastos.

Mas ter se mantido em silêncio para não produzir ainda mais provas contra si próprio, além das que o Brasil inteiro já conhece, foi no mínimo imoral também. O contraventor, orientado por seu advogado, passou mais de 2 horas no plenário da Comissão, mas não respondeu a qualquer da mais de 40 perguntas que os parlamentares lhes dirigiram; assim, nada descobriram sobre os crimes do colarinho branco cometidos pelo acusado.

O depoimento do contraventor “Carlinhos” Cachoeira, que talvez inundasse o Brasil de Norte a Sul com seus tentáculos de polvo corruptor foi, no mínimo, um escárnio à comissão, mas garantido por Lei. Muitos dos parlamentares que compuseram à Constituinte de 1988, onde foi aprovado esse princípio legal, hoje utilizado pela maioria dos acusados, com orientação perfeita de seus advogados, precisa ser urgentemente revista, sob pena de nenhuma outra investigação obter  êxito. Muitos políticos que a aprovaram, presentes à Comissão, também sentiram o gosto amargo desse direito legítimo, mas imoral. Carlinhos Cachoeira entrou mudo, cheio de holofotes e saiu calado, zombando dos deputados e senadores que desejavam ao menos ouvir alguma coisa além de sua própria qualificação. Mas não conseguiram...

Com tantas provas contra si, os advogados pagos a preço de ouro com os desvios feitos de verbas públicas promovidos por Cachoeira,  em seus legítimos papéis de defender seu cliente, com o aval da Justiça, determinaram que ele permanecesse calado e nada declarasse aos deputados e senadores. O que ele teme o contraventor Carlinhos Cachoeira? Inundar ainda mais com suas águas podres pela corrupção, novos políticos desonestos? Talvez...

Será que Carlinhos Cachoeira temia algo contra si, sua vida caso falasse e revelasse algo além do que o Brasil inteiro já sabe?  Que mais incriminações e provas contra si Carlinhos Cachoeira temia,  além das que ele já está sendo acusado!

O silêncio teria sido a melhor estratégia para a defesa? Talvez!

Esquema de corrupção, que supera em muito o esquema do  chamado Mensalão, comandado por José Dirceu durante o Governo Lula, que causou queda de Ministros, Chefes de Gabinetes de Ministério e envolveu uma agência de publicidade que recebia recursos públicos e depois os repassava aos outros envolvidos. Agora, envolveria quem mais? Jamais vamos saber por que Carlinhos Cachoeira ficou em silêncio. Não abriu sua boca nem para que entrasse uma mosca!

Por essa e mais outras coisas mais, defendo financiamento público para campanhas eleitorais, mas de forma transparente, financiando os políticos de forma transparente, clara, para evitar esses vergonhosos e escorchantes meios não muito claros de se cobrar investimentos em campanhas políticas.

É uma pena que  Carlinhos Cachoeira ainda permanecerá por mais algum tempo sendo notícia principal nos jornais, até que apareçam  outros Marcu’s Valério, José’s Dirceu, Delubio’s Soares e outros, envolvidos  no maior escândalo de corrupção recente do Brasil, no Governo Lula, mas também permaneçam calados, beneficiados com a “Lei do Silêncio” garantida pela Justiça.  Infelizmente é legal; mas imoral também.  

Enquanto essa lei do silêncio permanecer na constituição do Brasil, ficará muito difícil descobrir as verdades no meio das podridões.

Mas é legal – embora imoral! Nada teremos a fazer!

terça-feira, 22 de maio de 2012

"ENGOMANDO ROUPAS COM FERRO A CARVÃO"!

Sempre via minha mãe colocando um monte de roupas dentro de uma enorme bacia com água, tendo uma coisa branca dentro da água dizendo que era para engomá-las depois, mas nunca entendi direito o que ela queria dizer com isso. Depois, tirava-as da bacia e as entendia em um enorme varal, dizendo que era para “quarar”. Também não entendia o que isso quisesse dizer.

Depois de “engomadas” e “quaradas” ao sol a pilha de roupa,   minha mãe pegava um pesado ferro preto, com uma enorme boca, abria-o meio como se o fosse dividi-lo em duas partes.

Em seguida, colocava carvão e o soprava pela sua boca, onde existia uma espécie de tampa para prender o calor, até ficar quente.  Depois de um tempo soprando ar para dentro da boca do ferro -  minha mãe,  uma senhora pequena, baixa e magra , levava um dedo à boca, pegava um pouco de saliva, encostava no fundo do ferro, e só, então, começava a engomar uma a uma todas as roupas, sempre usando um pequeno pano branco úmido no ombro, que também não entendia para que servia.

Achava interessante todo esse ritual de minha mãe, mesmo sem entendê-lo.

Agora, entendi, depois de questionar com a secretária doméstica que trabalha em minha casa, quase tão idosa quando minha mãe: o pano no ombro era para umedecer a goma das roupas colocadas no “quarador”, para  depois receber o calor do ferro quente com brasa de engomar; as camisas, principalmente nas golas e nas mangas, ficavam duras como se fossem andar sozinhas e as calças ficavam nas partes em que deveriam ficar. Por horas, imaginava as calças e as camisas se vestindo a si mesmas e saindo para os bailes, de tão duras e perfeitas que ficavam depois de “quaradas” e “engomadas”.  

Achava interessante esse fantástico trabalho de minha mãe. O resultado tinha que ficar perfeito. E sempre ficava!

O ferro de engomar que minha mãe utilizava na comunidade de Varre-Vento começou a ter sua história contada a partir do século XVII, quando chegou a ser conhecido como “ferro de lavadeiras” e  era usado com água quente, carvão, gás, gasolina e álcool. A patente do primeiro ferro de engomar só foi registrada em 1882 em nome do americano Henri W. Seely; já com o ferro elétrico, só em 1926.

Mas isso não importava muito, porque eu gostava de ver mesmo era o final do serviço de minha mãe, retirando as roupas de dentro da bacia, esfregando-as de vez em quando com o pano branco e úmido que sempre trazia aos ombros e passando o ferro cheio de brasa de carvão.

Ficavam durinhas, como se houvesse goma em todas elas. E havia mesmo!

- “Vou engomar roupa”!

Ainda é uma expressão que ainda está em voga.

Uma pena que não se “quara” mais quase nada, por falta de espaço dentro de “apertamentos” que estão sendo construídos cada vez menores. Será que é por pura falta de espaço nos terrenos ou por que os engenheiros modernos não conheceram as belezas de um passado gostoso e não tão distante assim? Eis a questão!

segunda-feira, 21 de maio de 2012

"O QUE VI DA VIDA": DEPOIMENTO DE XUXA EMOCIONOU!

“Pelo fato de eu ser muito grande, chamar a atenção, (...) fui abusada, então eu sei o que é; (...) sei o que uma criança sente. A gente sente vergonha e (...) não quer falar sobre isso. A gente acha que a (...) é culpada. Eu sempre achei que eu estava fazendo alguma coisa: ou era minha roupa ou era o que (eu) fazia que chamava (chamasse) a atenção, porque não foi uma pessoa, foram algumas pessoas que fizeram isso. E em situações diferentes, em momentos diferentes da minha vida”.

“Então ao invés de eu falar para as pessoas, (...) tinha vergonha, me calava, me sentia mal, me sentia suja, me sentia errada. E se eu não tivesse uma mãe, se eu não tivesse o amor da minha mãe, (...) teria ido embora, porque o medo de você ter aquelas sensações de novo, passar por tudo isso, é muito grande. Só que eu não falei pra minha mãe, eu não tinha essa coragem de falar com ela. E a maioria das crianças, dos adolescentes, passa por isso”.


Depois desse desabafo inicial, em depoimento socialmente chocante, sério, revelador e verdadeiro no quadro “O que vi da vida”, do Fantástico do dia 20/05/2012, Maria da Graça Meneghel, a Xuxa, garantiu que 80% das pessoas que estão nas ruas se prostituindo, roubando, se drogando foi porque sofreram algum tipo de abuso ou violência dentro de casa, que as obrigaram a sair. E ainda completou que sofreu abuso até os seus 13 anos de vida. Depois se emocionou e chorou.

Disse, ainda, que quando as pessoas começaram a lhe falar sobre histórias de crianças vitimizadas, coisas aconteciam geralmente dentro de suas casas ou com o pai,  a mãe ou com o tio ou com o melhor amigo do pai, ou padrasto, decidiu promover a campanha “Não bata, eduque”.

Durante seu depoimento, Xuxa disse que os abusos de todas as ordens começam sempre dentro de casa, comalguém muito conhecido” que acabou abusando sexualmente de uma criança que, por vergonha, medo ou sentimento que será a culpada, não conta nada aos pais e prefere sair de casa. Mas para ela poder comer, a criança acaba se prostituindo nas ruas.

“Isso me dá um embrulho no estômago porque eu consigo não só me colocar no lugar delas, como eu abracei essas causas todas porque eu vivi isso. Na minha infância até a minha adolescência, até os meus 13 anos de idade foi à última vez”.  Em seguida, chorou de novo!

Dizendo-se orgulhosa de sua origem suburbana, em Bento Ribeiro, no Rio de Janeiro, ter saudades de tomar um banho na laje e ver um trem passando,  Xuxa como se tornou conhecida no Brasil e no Mundo, mas lembrou de seu irmão Blad, que cuidava dela.

Falou da atração física que exercia sobre homens mais velhoS, confessou que conheceu Édson Arantes do Nascimento durante um trabalho profissional como modelo aos 17 anos, admitiu que amou  muito o piloto Airton Senna da Silva, que foi pedida em casamento por Michael Jackson e reconheceu que aos 49 anos de vida, se sente uma mulher solitária, mas não amargurada ou decepcionada com a vida.

Já assisti a outros depoimentos dentro do quadro “O que vi da vida”, mas esse de Xuxa para mim, em termos sociais, foi um dos mais completos e contundentes.

Nesse contexto, o que vi foi o depoimento de uma pessoa fragilizada com as agruras vida lhe apresentou, pelos momentos de fama que vivera no passado, com a excessiva solidão da riqueza, mas que  decidiu   “endurecer”  com um depoimento corajoso, socialmente importante e  enfrentar a vida  de peito aberto, mas também restringindo sua convivência pessoal até os dias de hoje.

É um pena que tenha que ser assim, Xuxa Meneghel!

domingo, 20 de maio de 2012

BOAS ESCOLAS E COM EDUCAÇÃO DE QUALIDADE!

Eduardo Galeano já escreveu que para “se mudar uma realidade, é preciso conhecê-la” e, para transformar a realidade das drogas no Brasil só com boas escolas, mais educação, civismo, cidadania, habitação, saneamento, enfim, os princípios sociais que Constituição de 1988 forneceu à sociedade, mas que ainda precisam ser colocados em prática. Quanto mais escolas forem construídas contemplando o fim social da educação libertadora, igualitária, inclusiva, verdadeira, concreta, menos pessoas se envolverão com as drogas porque uma educação abrangente, de qualidade, associando todos os componentes de teatro, música, esporte dentro do espaço da transversalidade, será o único meio possível de livrar o que ainda resta dos nossos jovens das drogas, prostituição, tráfico e mortes anunciadas.

Mas, escola de qualidade não e feita só com a construção de um prédio e pagamento de bons salários aos mestres, porque os professores deverão ser bons e comprometidos com uma visão educacional ampla, com uma escola atrativa aos jovens. Será preciso compromissar os professores com a nova realidade social da comunidade em que estejam inseridas as escolas e desenvolvam debates sobre gravidez na adolescência, álcool, droga, tráfico, prostituição infantil e infanto-juvenil, enfim, como fazia com os alunos quando ministrava aula de português e literatura amazonense em uma Escola Pública em Manaus. Uma vez ao mês, sempre na última aula, escolhiam livremente um tema e eu teria que debater com todos eles sobre o assunto sugerido. Dá trabalho, exige dedicação, compromisso, mas dá para ser feito.

Sempre ao final de cada palestra, deixava à vontade os alunos escolherem o tema de uma nova palestra. Preparava o novo tema sugerido pelos alunos, desenvolvia-o envolvendo com as disciplinas que ministrava durante um mês inteiro. No dia, reunia minhas turmas em um auditório e substituía a aula de português,  desenvolvendo o tema que os alunos haviam indicado, sempre fazendo uma ligação com minha aula.

Fiz isso até o dia em que ministrei palestra sobre a origem dos palavrões, ou palavras “obscenas”, transportando o tema para a origem da língua portuguesa, o teatro Grego, as invasões bárbaras  etc., mas fui acusado pela diretora da Unidade de estar ensinando palavrões em sala de aula e pedi demissão. Para piorar a situação, a denuncia contra mim havia sido feito pela aluna que mais falava palavrões!

Mas, ao deixar a Escola, deixei uma biblioteca montada só com livros de autores do Amazonas, porque sempre os indicava aos alunos e eles tinham que comprovar com obras do autor sugerido por mim ou escolhido por eles próprios.

Não sei hoje se ela ainda funciona e se os livros doados pelos escritores sobre os quais pedia trabalhos aos alunos, solicitando sempre a doação de dois exemplares de cada obra dos autores para a biblioteca da Escola. Levava os escritores nas salas de aulas, os apresentava, davam rápidas palavras sobre o gênero que escreviam e respondiam às perguntas dos alunos!

Sem uma educação comprometida com nossa realidade, perderemos toda uma geração de jovens, hoje envolvida com as drogas lícitas ou ilícitas.


sábado, 19 de maio de 2012

ACHO QUE ESTOU SONHANDO...TAMBÉM!

O Brasil está mudando para melhor, felizmente! A Comissão da Verdade foi implantada com choro, lágrima e engasgo da presidente Dilma Rousseff, ladeada pelos ex-presidentes Lula, FHC, José Sarney e Collor de Melo. Mas a Lei de Acesso à Informação, anunciada como capaz de fazer com que médicos cumpram suas jornadas de trabalho nos hospitais, passageiros sejam informado o horário dos coletivos, salários dos servidores sejam acessados apenas com um clique de acesso à internet não funcionará em sua totalidade porque muitos municípios do Brasil, sobretudo os situados no Norte e no Nordeste, sequer possuem acesso regular de qualidade, em velocidade aceitável e a um custo barato à rede mundial de computadores. Infelizmente!

Por isso, pensei no deputado amazonense e histórico do Movimento Democrático Brasileiro– MDB, oposição no Brasil ideológico,  advogado Francisco Guedes de Queiroz, falecido pobre em 23 de julho de 1987 que, em um de seus brilhantes e combativos discursos contra a Ditadura Militar, proclamou da Tribuna: “entre raios, pedradas e metralhas, ficou gemendo, mas ficou sonhando...”.

Não sei quem pronunciou essa frase tão emblemática, mas ela se encontra registrada na lápide de sua sepultura, no Cemitério São João Batista. Com certeza o combativo deputado oposicionista, gostaria de ter presenciado e registrado a emoção de uma presidente que também combateu a Ditadura Militar que implantou uma feroz, raivosa e repressora ditadura no Brasil em 1964, nas trincheiras armadas da oposição estudantil. Isso, talvez, possa explicar a emoção incontida da presidenta, durante a solenidade de instalação da Comissão da Verdade ou a angustia do parlamentar que faleceu sonhando com dias melhores para o Brasil!

Que o Brasil está mudando para melhor, sou forçado a reconhecer que sim, mas ainda não foi capaz de fazer instalar em todo o país a promessa do ex-Ministro das Comunicações, Hélio Costa, de colocar internet com fibra ótica com banda larga a um custo de R$ 29,90 reais em todo o Brasil, até o final do ano passado, antes de deixar o Ministério. Tivesse cumprido pelo menos essa promessa, com certeza a Lei de Acesso à Informação poderia ser exigida pela sociedade brasileira. Mas como isso não ocorreu, demonstro minha frustração novamente, também.

Sem acesso à internet, como fazer cumprir a Lei de Acesso à Informação? Impossível! O mais sensato foi o fato de o próprio ministro da Justiça, Eduardo Cardozo, ter admitido após a solenidade, como se estivesse anunciando alguma novidade extremada que o Brasil ainda não estar preparado para fazer cumprir a Lei, por falta de estrutura de pessoal preparado e  suficientemente qualificado às atribuições porque o funcionário público terá que passar a entender que seu verdadeiro e único patrão é o povo que paga impostos elevadíssimos para mantê-lo no cargo que ocupa mas poderá tirá-lo do posto também. Mas lei veio para ficar, como disse o Ministro, quando admitiu que o país não se estruturou para fazer cumpri-la antes de implantá-la e anunciá-la como solução de todos nossos males sociais.

“ Entre raios, pedradas e metralhas, ficou gemendo, mas ficou sonhando...”, repito de novo o trecho do deputado na tribuna da ALE  do falecido e pobre de recursos financeiros, mas honrado entretanto com a riqueza intelectual, moral e ética que deixou como legado a seus filhos, como exemplo de vida, há muitos anos.

Eu também ficarei sonhando com o dia em que o povo passará a ter uma internet confiável, com maior e melhor velocidade e a um preço mais acessível para permitir o acesso à rede social. Mas parece que continuarei sonhando...por muito tempo, ainda!

sexta-feira, 18 de maio de 2012

OUTRAS FORMAS DISFARÇADAS DE BULLYNG

“Bullying é um termo da língua inglesa (bully = “valentão”) que se refere a todas as formas de atitudes agressivas, verbais ou físicas, intencionais e repetitivas, que ocorrem sem motivação evidente e são exercidas por um ou mais indivíduos, causando dor e angústia, com o objetivo de intimidar ou agredir outra pessoa sem ter a possibilidade ou capacidade de se defender, sendo realizadas dentro de uma relação desigual de forças ou poder”.

A definição da palavra foi publicada eletronicamente na “Revista Escola”. Mas “blullyng”  não é só isso e sua exata dimensão precisa ter seu termo ampliado para definir as mais invisíveis espécies de intolerância social. Porque mais do que o problema causado por um “valentão”, existem outros tipos também dentro de nossa sociedade moderna, imperceptíveis muitas vezes.

Definições equivocadas, como “está vendo aquela pessoa ali, sentado ao lado de um gordo, ou careca, ou com problemas de nanismos, ou negro, ou loira, ou dentuça, ou raquítico, ou velho, ou manco, ou deficiente, etc”., pois é  a ele a quem você procura”. Essa é uma outra discreta e sutil forma de bullyng  também.  Definições pejorativas para definir um indivíduo  pode lhe causar  “angústias, intimidação, agressão”, sentimento de incapacidade de se defender ou uma forma desigual de relação de força ou poder.

O bullyng não é só o que está explícito; mas o invisível, o oculto, o discreto também deve ser levado em consideração para ampliar ainda mais o conceito. Muitos dos termos que usei aqui, podem ser até tolerados socialmente, mas se forem constantemente utilizados, poderá se transformar um uma forma disfarçada de  “bullyng”.

Bullyng não está somente em escolas, dentro das escolas – onde se fazem presentes mais fortemente, mas em todos os campos da sociedade; porém, na forma invisível causando mal estar, e desconforto também. Só não ver quem não quer e porque a sociedade considera toleráveis essas práticas discretas de agressões.

Dentro da sociedade moderna, outros tipos de bullyng passam despercebidos também, mas não menos agressivos: “está vendo aquela pessoa ali, sentada ao lado daquele gay, é ele a quem você  procura”.

Em nossa sociedade que está gerando cotas para tudo, é também, uma forma disfarçada de gerar bullyng: “o aluno a quem você procura está sentado ao lado daquele negro que passou no vestibular pelo critério de cotas, e não por méritos próprios”.

Hoje, a sociedade pratica formas invisíveis de outros tipos de bullyngs sem perceber, mas que precisam ser incluídas na definição porque a palavra representa agressões de todas as formas visíveis ou não que acontecem dentro de uma sociedade que não sabe, inclusive, quando se está usando ou não o preconceito.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

"AS CHATAS DE RODAS"


Muita fumaça negra saindo por uma chaminé longa, no alto de um toldo; um monte de madeira para alimentar a caldeira com homens, provavelmente suados, usando blusas sem mangas, alimentando-as para produzir o vapor necessário e fazer girar as rodas nas laterais ou aos fundos das embarcações.  Esses eram sinais de que uma “chata de roda” passaria pela comunidade de Varre-Vento e a meninada  descia à margem do rio Solimões para apreciá-las.

Eram lentas, expeliam fumaça que, de longe, se podia avistar, os “barcos à vapor” ou simplesmente  “chatas de rodas” como eram conhecidas essas embarcações, que consumiam muita madeira.  A lenha era o alimento da caldeira que as impulsionava para frente, mas eu pensava: será que também as impulsionavam em marcha ré? Nunca saberei; não naveguei em uma “chata de rodas”.

Cheguei a admirá-las navegando pelo Rio Solimões, no Amazonas. Não sei de onde vinham e nem para aonde se destinavam, também não tinha consciência ecológica da grande quantidade de madeira que consumiam para se deslocar. Mas imagino que eram necessárias algumas toneladas!

Mas que era uma maravilha vê-las navegando de forma lenta, preguiçosa, singrando os rios, isso era sim! Era como se nem saíssem do lugar, de tão lentas que navegavam, deixando um rastro de fumaça negra por onde passavam!

Como afirmei, embora nunca tenha entrado em uma dessas “chatas de rodas” fui testemunha visual de que quase não produziam banzeiro, tamanho à lentidão em que trafegavam. Mesmo não tenho viajado em uma, minha imaginação ganhava asas ao tempo em que criava a idéia de que o barco só funcionava  em face das pessoas suadas, roupas rasgadas nas mangas, que alimentavam de madeira as caldeiras que produziriam o vapor necessário a impulsioná-las pelos rios.

Ah, como viajava só imaginando-as em minhas memórias infantis e sonhadoras de alguém irrequieto e incomodado com o estado de pobreza da família!

As “chatas de rodas” conduziam passageiros e cargas; as poucas que testemunhei navegando, do barranco, me faziam sonhar: pensava que o barco possuía em sua parte inferior, em algum lugar qualquer, um espaço só para guardar toras de madeiras, combustível necessário para que navegassem suavemente dentro de minha mente, deslizando em meu coração e permanecendo gravada na memória!

"O SABER SEM UM FIM SOCIAL SERÁ A MAIOR DAS FUTILIDADES"

“O saber sem um fim social será a maior das futilidades”. Mais do que emblemática, é precisa a frase do educador Paulo (Regius Neves) Freire, nascido em Recife e falecido em 1977 em São Paulo, o “Patrono da Educação Brasileira”, criador do método concreto de ensinar, a partir da realidade vivida pelo aluno, foi perseguido, mas, depois do Golpe Militar de 1964 no Brasil, foi exilado na Bolívia e posteriormente trabalhou no Chile por cinco anos, dentro Movimento de Reforma Agrária da Democracia Cristã. 

Mesmo assim, o Governo Militar não o apagou da história e, durante seu exílio, no Chile, publicou “Educação como Prática da Liberdade”.  Paulo Freire foi o brasileiro mais homenageado da história, recebendo 41 títulos de Doutor Honores Causa de universidades de Havard, Cambridge e Oxford, e é considerado um dos pensadores mais notáveis na história da pedagogia mundial, tendo influenciado o movimento  da pedagogia crítica, até os dias de hoje.

Impresso no diploma, a frase de reconhecimento “à sua contribuição inestimável na luta contra todas as formas de discriminação e pela defesa das Políticas Sociais no Estado do Amazonas”, pelo Dia do Assistente Social, ofertado pela Assembléia Legislativa do Estado, através dos deputados estaduais Luiz Castro e Sinésio Campos, autores da propositura. O diploma foi entregue também a mim, jornalista e assistente social e ex-professor da Faculdade Nilton Lins, atualmente aposentado, em um Auditório parcialmente lotado. O recebi com muito orgulho. Também foi homenageada na mesma solenidade, com o mesmo diploma e os mesmos dizeres de Paulo Freire, a professora Lucimar Well, educadora social, militante e administradora de ONGs sociais.

Como não consigo republicar as 10 obras esgotadas, decidi colocar as mais conhecidas nas redes sociais, para não serem transformadas em meras “futilidades do saber” porque estou devolvendo à sociedade, em forma de livros de pesquisas e de crônicas, todo o conhecimento que adquiri em dois cursos superiores, pela Fundação Universidade do Amazonas. 

Alguns de meus livros mais conhecidos e divulgados, decidi socializar com todos,  através dos blogs carloscostajornalismo.blogspot.com e três deles, publicados integralmente gandavos.blogspot.com, no Estado de Pernambuco - O HOMEM DA ROSA,(indicado ao prêmio Jabuti de 1998) DE JORNALEIRO A JORNALISTA – UMA HISTÓRIA DE VIDA e O CAMINHO NÃO PERCORRIDO – a trajetória dos assistentes sociais masculinos em Manaus (que merecerá uma reedição pela Editora da FUA, até o final deste ano), porque os conhecimentos que obtive como jornalista e mais profundamente como assistente social não podem e nem devem ficar restritos a mim mesmo, mas divididos socialmente com quem precisa deles, mesmo que seja só pela internet, meu único meio de comunicação atualmente.

Durante a solenidade foram homenageadas, também as professoras doutoras em serviço social, Márcia Perales Mendes da Silva, atual reitora da UFAM e a Iraíldes Caldas Torres, diretora da Editora da FUA, com receberam placas de reconhecimento pelos trabalhos que desenvolvem ao longo de suas trajetórias profissionais e autoras de vários livros publicados.

Em meu discurso de improviso, agradeci à homenagem prestada pelos deputados Luiz Castro e Sinésio Campos, destaquei que sem minha esposa, o anjo protetor ao meu lado, já estaria morto. Reconheci que Paulo Freire estava corretíssimo e, por isso, seguindo sua lógica de raciocínio, decidi disponibilizar meus conhecimentos a qualquer pessoa que possua um acesso à internet, mesmo que ainda muito ruim e cara no Brasil, embora o Governo Federal tenha anunciado que até o final do ano passado estaria funcionando internet com banda larga a R$ 29,90 reais em várias regiões do país e de excelente qualidade o que, até hoje, infelizmente, não aconteceu. 

quarta-feira, 16 de maio de 2012

E AGORA, DRUMOND? (MEU PROTESTO CONTRA O VANDALISMO)

Usarei o poema escrito por Carlos Drumond de Andrade,  publicado em seu livro  “Sentimento de Mundo”,em 1940, musicado e gravado pelo cantor Paulo Diniz, para  tentar entender o que estão fazendo com os óculos da estátua do poeta, em bronze, magistralmente sentada em um dos bancos da praia de Copacabana.

O vandalismo precisa ser tratado como crime, um caso de polícia e deixar de ser apenas uma contravenção para todos os que destroem o patrimônio público, maiores ou menores, pois não mais um puro e simples de vandalismo.

Aos pichadores  devem ser oferecidas oportunidades sociais para torná-los profissionais capazes de se inserir no mercado de trabalho e, para os pichadores, destruidores do patrimônio publico,  criada uma lei específica para tratá-los como como criminosos, com penas elevadas e agravadas quando se tratar de destruição da coisa alheia que deverá a pessoa que sofreu o dano ser ressarcida, ou pública, quando ser preso. Afinal, o dinheiro público é de todos, menos desses vândalos que destroem por pura diversão ou prazer.

Estou revoltado e, com seu poema, "E Agora, José", modificado por mim com licença poética, como meu protesto contra o vandalismo, meu poeta Drumond:

“E agora, Drumond?/A festa acabou,/a luz apagou,/o povo sumiu/a noite esfriou,/e agora Drumond? E agora, você Drumond,/você que tem nome, Drumond/que não mais zomba dos outros/você que fazia versos/que amava e protestava,/E agora, Drumond?/Está sem óculos pela sétima vez/não pode beber,/(e você bebia, Drumond?)/já não pode fumar (e você fumava Drumond?),/já não pode cuspir/a noite esfriou (ainda bem que não lhe destruíram a sua roupa!)/O dia veio mas Drumond, você não o enxergou porque lhe destruíram os óculos mais uma vez/a utopia também veio e nada acabou porque continuam lhe destruindo seus óculos, Drumond e nada mofou, nem os vândalos/E agora, Drumond?/E agora, Drumond?/Sua doce palavra,/seu instante de febre/sua incoerência (e você tinha alguma incoerência, Drumond?),/sua gula em jejum,/sua biblioteca que não poderá lê-la porque sem óculos o homem fica cego para o mundo exterior/sua lavra de ouro,/seu terno de bronze/sua incoerência (já lhe perguntei sobre isso e aguardo sua resposta, Drumond!),/e seu ódio – e agora Drumond?/ Com a chave na mão/quer abrir a porta,/existe porta sim, Drumond/, mas você, meu poeta, não pode vê-la porque lhe destruíram os seus óculos de novo/quer morrer no mar/e talvez consiga morrer afogado porque não está vendo nada meu poeta/o mar não secou, mas você, sem os óculos, não pode mais vê-lo/quer ir para Minas, talvez para sua cidade onde não existe uma estátua sua, de bronze/Se você gritasse,/se você gemesse,/se você tocasse/a valsa vienense para os vândalos,/talvez não mais lhe destruíssem os óculos/também não morresse aos poucos/Mas Drumond não morre/Você é duro, Drumond!/Sozinho e sem óculos no escuro/qual bicho-do-mato, indigente,/sem teogonia, (do grego Theogonia, a “Genealogia dos Deuses”, poema mitológico publicado em 1022, escrito no século XIIII a.C, no qual o narrador é o próprio poeta, no caso, o Drumond,)/sem parede nua/para se encostar/sem cavalo preto/você marcha, Drumond!/Drumond, para onde você marchará agora sem seus óculos? E agora, Drumond?”




domingo, 13 de maio de 2012

REBOCANDO CAPIM PARA O GADO!

Do alto de um barranco no Varre-Vento, avistava-se ao longe, na curva do rio como os ribeirinhos chamavam,  aquele mundaréu de capim sendo levado pelas águas do Rio Solimões. O capim descia rápido porque a correnteza era muito forte.  Mas eu, do alto de minha observação, tinha que arrastar capim para ser rebocado por um cambito preso por uma grande e pesada corda produzida com fibras de juta da cidade de Manacapuru, resultado de longos e abnegados discursos do deputado Jamil Seffair em defesa dessa cultura na tribuna da Assembléia Legislativa. Mas isso não vem ao caso.

O importante é dizer que com meus poucos menos de 30 quilos de peso às costas, tinha que entrar em uma  pequena canoa, remar até o capim, jogar o cambito, enganchá-lo na popa da canoa com a corda  e rebocá-lo até o local onde o gado de meu pai aguardava ansioso para comer, presos dentro de uma maromba, espécie de curral construído sob as águas em cima de tábuas e cercado com madeira para que o sustento de leite da família não fosse por água à baixo. Era gostoso sentir o vento batendo em meu rosto, chapéu na cabeça e a canoa deslizando suavemente pelas águas barrentas do rio até encontrar-se com meu objetivo: o capim deslizando suavemente!

Dentro de mim, pulsava uma alegria imensa ao ver o capim descendo o Rio Solimões e meu coração batia forte quando entrava na pequena canoa, jogava o cambito e remava de volta  à margem puxando-o para alimentar o gado de meu pai, remando contra a correnteza do rio, brisa no rosto, rebocando mato amarrado na canoa. O silêncio e a solidão eram inspiradores, mas só hoje percebi a importância dessas coisas simples e rotineiras que fazia em todas as cheias do rio.

Mas não sabia eu que a cheia também havia chegado à capital e que os jovens soldados do Exército, Defesa Civil e órgãos sociais, se debatiam a atender socialmente aos milhares de moradores das margens dos igarapés que cortavam as ruas. Infelizmente, devido ao “progresso”, poucos igarapés ainda existem em Manaus e teimam em se manter vivos, mesmo que seja só para o deleite futuro de quase ninguém.

Hoje, vejo com tristeza as toneladas e mais toneladas de lixo que são retirados diariamente do leito dos rios e igarapés, jogado pelas pessoas sem consciência ecológica ou respeito pelas águas. Mas as pessoas que residem em áreas de riscos, ou por falta de opção de moradia ou por pura teimosia de dizer que “resido no centro da cidade”, resistem à mudança de casa.

Naquela época, pensava somente em pastorar o capim descendo devido o fenômeno das terras caídas que arrancavam tudo o que encontravam pela frente, e suavemente deslizavam pelas águas do Solimões, como se fosse um tapete de capim balançando ao vento e se dobrando ao tempo!

Fosse hoje, o trabalho de puxar capim na cheia dos rios seria proibido pelos órgãos que “defendem” menores e adolescentes e o gado morreria de fome. Talvez o considerassem trabalho escravo puxar capim para alimentar as vacas de meu pai. Mas não era. Não passava de uma necessidade: ou puxava-se o capim para alimentar o gado e produzir o leite ou se morria de fome.

Gostava de olhar as águas que desciam rápido, destruindo barrancos, arrancando matos e árvores inteiras, prejudicando a navegação de cabotagem ao dia e à noite. Mas era lindo de se ver!

Hoje, talvez, seja por isso que gosto de olhar quadros de pintores regionais que retratam essas minhas lembranças que, quanto maior o tempo, mais me recuso a esquecê-las. Lembrar é viver duas vezes!


sexta-feira, 11 de maio de 2012

FARTURA DE PEIXE! UMA VOLTA AO PASSADO...DE NOVO!

Os rios Negro e Solimões, no Estado do Amazonas estão cheios e, enquanto prefeitos decretam Estado de Calamidade Pública nos Municípios atingidos, detritos jogados pelos moradores nos leitos dos rios e igarapés agora inundados, emergem do fundo das águas e poluem visualmente a paisagem com garrafas pets, latas e lixo de toda ordem, inclusive pneus, geladeiras, móveis e tantas outras coisas descartadas dentro dos igarapés que cortam a cidade de Manaus.

Estarrecido com toda essa “tragédia ecológica da poluição das águas”, volto a um passado em finais de década de 70 quando, servindo de contra peso  de menos de 30 quilos, acompanhava meu pai pelos lagos, em gostosas,   agradáveis,  inesquecíveis e memoráveis pescarias, que em mim deixaram tantas  lembranças de sons de pássaros nas árvores frutíferas, muitos contrabandeados, ronco de branquinha, baiacu e pescada no fundo dos lagos pescados com bombas jogadas nas águas pela Petrobrás, arrastões de redes e muitos, hoje, quase desaparecidos...!

Ah, como delirava o coração infantil que batia dentro de meu peito, com essas bucólicas paisagens! Achava lindo o reflexo de casas flutuantes dentro do vasto mundo de águas! Era como se fosse um espelho a refleti-las, um verdadeiro colírio para meus olhos de criança sonhadora!

Recordo de uma cheia vivida na comunidade de Varre-Vento, distrito do município de Itacoatiara quando, da janela da casa de meu tio Armando, pescava piranha com caniço com seu motor atracado próximo à janela da cozinha. Nesse dia, meu tio Armando me pediu um favor e disse-lhe que faria, desde que me pagasse com moedas... Fiz o favor, me deu as moedas, mas deve ter contado para meu pai, que me obrigou a devolver tudo e ainda pedir desculpas ao meu tio.

Lembro-me também de quando frequentava a Escola improvisada na casa de minha tia Terezinha, com a qual aprendi a ler,  escrever e fazer contas.  Minha tia sempre passava tarefa para casa ou fazia perguntas em classe para a turma, que não era grande. Quando chegava minha vez, respondia que sabia a resposta, mas a tinha esquecido atravessado por cima do tronco de madeira que ligava um lado ao outro do “furo” como eu chamava o igarapé que cortava o terreno de meu avô, ligando o Rio Solimões a um lago que existia  aos fundos, onde meu pai e eu, sempre usado como contra peso de sua canoa, pescávamos; algumas vezes tinha que tirar água com cuia porque vazava pelas brechas calafetadas com pano e, por cima,  breu. Era tudo  diversão e alegria infantil para mim.

Talvez tia Terezinha desconfiasse das “mentiras” que lhe contava, que esquecia a resposta à pergunta, ao atravessar o “furo”, pois certa vez, lembro-me de ela interrogar-me de forma mais enérgica: “que dizer, então, que você esquece de tudo depois que passa pelo furo, é...? Quando não esquecia a tarefa no “furo”,  a esquecia no motor de “Seu Panta”, um “regatão” que comercializava de casa em casa, quando deslizava  de carona seu motor pela águas barrentas do Rio Solimões, vez ou outra.

Durante uma pescaria, presenciei o primeiro e único fenômeno de piracema, com uma fartura de pacus, além de outros peixes, que ficando impossível de se beber água do Rio, por três dias,  devido a tantos peixes que morreram e apodreceram na margem do Solimões. A causa de tanto peixe poderia ser friagem, mas não sei por que a noite estava linda demais para se pensar em causas do fenômeno. O luar estava belíssimo e me causava uma imensa sensação de felicidade e leveza, sendo coberto pelo mando sagrado da luz, com a canoa lentamente tentando passar entre tantos peixes da piracema.!

Diante de tudo isso, lembrei da música “Sol de Primavera”, cantada por Beto Guedes, porque era setembro, havia lua. Especialmente, recordei de um refrão da música que diz  “quando entrar setembro e a boa nova andar....” A boa nova era a grande piracema que da qual fui testemunha, que poderia não fazer “brotar o perdão”, mas faria a alegria dos ribeirinhos, “semeando as canções” com farinha nos pratos dos caboclos interioranos que teimam em manter a floresta Amazônica intocada e viverem miseravelmente.

Como os nordestinos que resistem à seca, com a mais longa durando de 1877 a 1879,  desde os tempos do Império, quando Don Pedro II  determinou a construção de açudes para amenizá-la ao menos,  os caboclos do norte do Brasil enfrentam e resistem às cheias dos rios.

Como diz a música cantada por Beto Guedes, “mesmo assim não custa inventar uma nova canção que venha nos trazer” fartura, mesmo que seja com um delicioso pacu assado ou cozido à mesa, porque não existirá nunca “sol de primavera” não se abrirão “as janelas do meu peito para a lição que sabemos de cor” como diz a música, porque a lição de pescar pacus meu pai sabia e sabe ainda muito bem e nada nos restará a aprender.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

NOVA PROPAGANDA DA PEUGEOT

Depois de ter sofrido “esmagamento” na propaganda despropositada, ridícula, infantil e preconceituosa da Peugeot, o “estagiário” está de volta de forma triunfal: agora aparece atendendo à uma senhora acompanhada da neta, linda moça e depois, junto com ela, sai para almoçar em um carro da marca.

A propaganda foi refeita um pouco tarde, porém, com  a empresa espalhando argumentos, distribuindo notas de esclarecimentos e, com isso, tentando justificar o injustificável para muitas pessoas, mas felizmente voltou atrás e percebeu que tinha desenvolvido uma campanha publicitária chamada de “o estagiário”, que poderia ter sido bem intencionada mas, ao mesmo tempo,  se tornou ofensiva à classe de estagiários.

Sobre a propaganda anterior, contra a qual escrevi, quando o “estagiário” era “esmagado” pelos prováveis compradores de carros da marca que se aglomeravam a porta da loja esperando-a abrir, já me manifestei e agradeço as congratulações e a crítica recebida, felizmente uma só, que fiz questão de mantê-la em minha página,  para ridicularizar meu crítico.

Quanto à nova propaganda, os mesmos protagonistas da infeliz propaganda anterior, usam o mesmo argumento, mas o “estagiário” atende a neta muito bonita de uma provável compradora e depois sai no carro para almoçar com a moça. Menos mal, apesar de ter sido refeita um pouco tarde!

Em todos meus blogs onde publico, recebi mais de 4 mil leituras e mais de 80 comentários contrários à propaganda, taxando-a de preconceituosa, irracional  e outros adjetivos superando, em muito, crônica que escrevi sobre à falta do uso de cinto de segurança pelos policiais que dirigem viaturas, inclusive pelo próprio motorista que pratica  uma direção ofensiva.

Embora com muitos comentários, alguns esclarecimentos, muitas ofensas, os motoristas de viaturas policiais continuam dirigindo sem usar o cinto de segurança e parece que tudo é permitido, mesmo para os agentes da Lei que deveriam servir de exemplo à sociedade.

Recebi nota de esclarecimento da Peugeot e a publiquei em meus blogs.

Na nota, informava à Peugeot que à época em que dirigi uma instituição, a qual fui diretor por doze anos consecutivos, também mantinha parceria com o CIEE e que possuía uma política de valorização de estagiários no quadro, mas parece que a Peugeot ou foi convencida ou forçada a promover outra campanha com relação ao uso correto, consciente e responsável do “estagiário”.

Difícil é entender como os órgãos que regulam as propagandas na TV permitiram que a propaganda do “estagiário” continuasse  tanto tempo sendo veiculada mas agora querem proibir o clipe de uma música do cantor negro Alexandre Pires, que usa uns “macacos” fantasiados, por considerá-la racista e preconceituosa contra as mulheres!

Mais eróticos de que alguns programas no horário da tarde nas TVs abertas, durante o dia, impossível!

O poeta, cronista e critico social Paulo Rego, que publicou crônica no Recanto das Letras também comentando a propaganda da Peugeot e criticando, ainda, um comentário ofensivo e desmerecido de uma pessoa  anônima deixado em minha crônica – talvez seja da agência de publicidade que elaborou a campanha .

A pessoa anônima que mereceu a enérgica repulsa do poeta Paulo Rego só conseguiu demonstrar toda sua falta de caráter para assumir o que escreve porque eu fiz uma crítica séria, tão séria que a propaganda fora modificada usando os mesmos atores.

Parabéns à nova propaganda da Peugeot usando os mesmos atores como personagens e dando à chance ao estagiário “esmagado” de almoçar com uma atriz linda, sensual e muito atraente.