terça-feira, 30 de agosto de 2011

EDSON DE AGUIAR ROSAS, O ASISTENTE SOCIAL


   
Robert Atkins,  dizia que “se o açúcar fosse denunciado dos púlpitos” e se você tivesse tomado conhecimento desse escrito companheiro assistente social Edson de Aguiar Rosas, talvez não tivesses sido vítima da diabetes, doença silenciosa e maldita que tantos estragos causa nas pessoas.

Lembra-se Edson, da época em que ingressavas na redação de A NOTÍCIA com uma folha de papel datilografada na mão pedindo para ser publicada ao menos “uma notinha” sobre a tua luta para trazeres o CRESS para Manaus e criar uma nova Região?  Eu era apenas um jornalista tentando sobreviver!
Era o início dos anos 80 e muitas vezes nos cruzamos à porta da redação do jornal em que eu trabalhava. Mas pouco nos falávamos. Também não entendia a tua luta e nem os teus objetivos concretos.
Criticavas muito o fato de o Conselho do CRESS pertencer à 1ª Região em Belém; dizias que o Conselho Regional de Serviço Social já deveria funcionar em Manaus em razão do número de profissionais existentes na cidade; alguns atuando. Outros, não!
Na época, além de um jornalista tentando sobreviver, nada entendia de CRESS, de 1ª Região e de teu trabalho quando dizias que devia ser constutuído um Conselho próprio em Manaus.
Recordo de tua alegria quando um dia entrastes na redação do jornal dizendo que finalmente uma “delegacia” do Conselho passaria a funcionar em Manaus. A tua felicidade era tamanha e eu também não entendia o por quê. Aliás, não entendia de nada! Só do que eu fazia por dever e pelo dinheiro, que era pouco.
Hoje, Edson  de Aguiar Rosas, tenhas certeza companheiro assistente social, digo-te  que tua luta não foi em vão: o CRESS/15ª Região se tornou uma realidade!  
Ficou órfão, porém, a tua turma de 1957, com 14 homens e 11 mulheres, uma das raras com mais homens do que mulheres, considerando que à época a profissão era considerada feminina; Nesse ano, companheiro assistente social, onde tivestes como colegas de sala Álvaro César de Carvalho, Eureliano Carminé, Roberto Carvalho Leal, Ivanir Herculano Barroso, Ithuy Oliveira Lima, José Roberto Ribeiro de Araújo, João Bosco Evangelista, Edson César Mello, José Geraldo Garcia Guedes, Raimundo da Costa Santos, Rui Melo Ernando Dantas, Randolpho de Souza Bittencourt e José Luiz de Araújo  Ribeiro,  alguns ainda vivos; muitos, falecidos, Os ainda vivos ficarão com saudades de tua partida, companheiro.
Mas não quero falar necessariamente dessas lembranças do passado, companheiro assistente social.  Se soubesses que Robert Boisler, tinha escrito há muitos anos  que “a (...)  fabricação do açúcar nos trouxe doenças inteiramente novas”  porque . “o açúcar nada mais é do que um ácido cristalizado que está provocando a degeneração dos seres humanos”, talvez o amigo tivesse se cuidado um pouco melhor e não  ficasse quase cego por causa dessa maldita doença que te levou, companheiro.

Não quero falar dessa maldita e silenciosa doença chamada diabetes que te levou de nós, companheiro, de nosso convivo, mas das tuas qualidades de honradez, persistência, tenacidade e determinação quando lutavas por uma “delegacia” do nosso CRESS no Amazonas. Tu que exercias o Direito, ficou quase esquecido no seio de teus pares, mas eu te reconheço como um grande guerreiro companheiro!

DIGO NÃO!

Digo não à falta de políticas sociais públicas e perenes;
Digo não à corrupção;
Digo não à qualquer tipo de droga lícita ou ilícita.
Digo não agora para não dizer não mais tarde
Quando já será tarde demais e a sociedade já
tiver sucumbido em meio ao cáos!
E as famílias estiverem se matando
com as armas que a sociedade lhes passa como exemplos!
Digo não ao ter,
Digo sim ao ser
porque ainda podemos fazer alguma coisa para salvar
o resto de nossas famílias quase destruídas!

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

JAPÃO, UM BELO EXEMPLO DE HONESTIDADE!



Mesmo depois das tragédias que quase varreram do mapa várias cidades do Japão devido a um  Tsunami,  o 7º maior dos terremotos já corridos no mundo, depois das explicações e busca de causas e estratégias capazes de amenizar esse terrível acontecimento, o Governo da Província de Fukushima, devolveu o equivalente ao valor de 180 milhões de reais à Cruz Vermelha Mundial, doado às famílias que perderam suas casas em um dos maiores terremotos registrados em março de 2010, pois o valor foi superestimado ao número de casas e à destruições causados.
O Tsunami causado pelo terremoto de 8,9 na escala que mede esses tremores, pareceu até cena do filme 2012 como se fosse resultado de efeitos especiais catastróficos com terror, pânico e desespero, nos mostrou o exemplo proporcionado pelo Governo da Província de Fukushima, que só merece ser aplaudido de pé pelo mundo inteiro, porque o Governo da “terra do sol nascente” mostrou ao mundo um dos maiores exemplos de honestidade que se teve notícia nos últimos anos.
O governo tomou decisão de devolver o dinheiro porque recalculou o número de vítimas e concluiu que era menor do que se pensava, e por isso vai o devolveu. Sem contar com o excepcional capacidade de superação do povo jáponês.
Se isso fosse em um certo país da América do Sul, os governantes e administradores públicos de norte a sul – com raríssimas exceções - teriam inventado vítimas, mais casas a serem “construídas” e embolsariam o que sobraria.  Alguém tem  alguma dúvida? Eu não tenho!
Segundo o site de buscas wikipédia, o Jápão é um país insular da Ásia Ocidental, localizado no Oceano Pacífico, formado por 6.852 ilhas, com montanhas e muitos vulcões, como o Monte Fuji. O Japão possui a décima maior população do mundo, com cerca de 128 milhões de haitantes.
Apesar de tudo isso, a terra do “Sol Nascente” de milenar cultura, mandou devolver o dinheiro que recebeu a maior da Cruz Vermelha  para a reconstrução de suas cidades. Se isso fosse no Brasil, jamais devolveriam o dinheiro. O teriam embolsado e ninguém ia ficar sabendo. Parabéns ao povo japonês pelo Governo honesto que tem, como pela capacidade e o exemplo de superação!
 Os governantes japoneses, em quaisquer níveis, quando são pegos mesmo em pequenas corrupções, chegam até a se matar pela vergonha a que serão expostos publicamente. No país da América do Sul a que me refiro, os corruptos se vangloriam do feito, abrem seus sigilos fiscais e telefônicos e posam de honestos, recorrem até a última instância possível e impossível na esperança de postergar sua já provada culpabilidade, mesmo que sejam mais sujos que “pau de galinheiro”.

domingo, 28 de agosto de 2011

ALEXANDRE MAGNO, O REI, UM EXEMPLO QUE NÃO É SEGUIDO



Alexandre Magno, o Rei da Macedônia, à hora de sua morte  chamou seus mais importantes e confiáveis generais e  exigiu que fossem cumpridos seus três últimos desejos: – que seu corpo fosse conduzido pelos melhores médicos de seu reino; que todos os seus tesouros conquistados em batalhas – ouro, prata e pedras preciosas fossem colocados no chão, fazendo caminho até sua tumba; que suas mãos fossem colocadas para o lado de fora da ataúde, balançando para mostrar que ele não estava levando nada. Estranhíssimo isso, não? Não para quem a partir de 345 a.C., substituiu seu pai, Felípe II e  foi discipulo de Aristóteles, considerado o principal filólofo de sua época.

Com esses pedidos, aparentemente estranhos, Alexandre Magno queria transmitir que nem os melhores médicos de seu reino tinham qualquer poder sobre a morte; que os bens materiais de nada valiam depois da morte; e que viemos de mãos vazias e vazias elas partem. Uma excelente lição de filosofia, mas que não é seguida por alguns dos muitos políticos atuais que elegeram o “ter” como o valor mais importante do “ser” ético e moral.

Eles se acham e se pensam deuses; além do bem e do mal. Acreditam que os bens materiais acumulados, o “ter” pela corrupção são valores mais importantes que a ética e a moral e o “ser”; que quanto mais acumulam bens materiais, mais se tornam importantes.

E onde fica a moral, a ética e a impessoalidade? No lixo, talvez depositados em uma lata qualquer e se passa por cima de tudo e de todos em nome  de um poder, nem que para alcançá-lo sejam usadas  mentiras, como prometer melhorar a vida do povo investindo em saúde, educação, segurança e outras coisas mais que não cumprem depois de eleitos.

Depois de eleitos e empossados, as licitações são direcionadas, os “acordos” e as “corrupções” se tornam normais e tudo o que prometeram em campanha e o que deveria ser efetivamente cumprido, são jogados no lixo. Decidem que exemplos de impessoalidade, moralidade e ética ficaram esquecidos em alguma gaveta de suas mesas.

A lição magnifica deixada pelo maior e mais famoso estrategista da Antiguidade, que exerceu e deixou uma influência benéfica para seus súditos, que fez suas primeiras campanhas contra os Trácios, os Gregos e os Lírios, de profunda sabedoria, também foi jogada no lixo. Alexandre, desde o princípio de seu reinado, sucedendo seu pai que foi assassinado, não deixou de lutar.

Mas tudo o que Alexandre Magno conseguiu em suas batalhas, repartiu entre seus amigos e súditos e deixou um belo exemplo de esperança, franqueza, honestidade, ética, impessoalidade e moral.

Conta a história que completando sua magnífica obra, Alexandre Magno autorizou os macedônios a casar-se com mulheres persas e ele mesmo se casou com Estatira, filha do rei persa Dávio e recebe embaixadores de várias partes do mundo em sua casa favorita, na Babilônia.

É uma pena que alguns políticos de hoje se acham deuses; outros, que estão além do bem e do mal, mais alguns, mesmo depois de condenados por desvios de verbas públicas, juram inocência.

Enfim, não há o que comparar entre Alexandre Magno de ontem, com muitos políticos de hoje, porque do passado histórico e do presente, nada ficou na cabeça das belas lições do mais importante Rei da Macedônia. Mas como diz o escritor Eduardo Bueno em suas rápidas aparições no canal History Chanel, “se você não quer que os próximos 500 anos do Brasil repitam o passado, conheça mais a nossa história”.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

IMUNIDADE, IMPUNIDADE E O FIM DA IDELOGIA PARLAMENTAR.


Alguns deputados estaduais e federais estão confundindo iminuidade parlamentar, instrumento criado na época do Governo Militar para blindar os políticos de oposição que criticavam o Governo, por ideologia e se mantinham fieis aos seus princípios, com a figura da imunidade para desviar verbas públicas, matar, estuprar, traficar e ficar inpunes para o resto da vida em que detiverem mandatos. 
Também confundiram imunidade parlamentar com imunidade para trocar de partido a qualquer hora só porque não gostaram dos olhos negros dos presidentes de seus partidos ou porque acordaram de mal humor!
Afirmo isso porque no ano de 1974, o deputado estadual Francisco Guedes de Queiroz, um dos mais importantes e íntegros políticos que já existiu no Amazonas e o vereador Fábio Lucena, também da mesma estirpe, teceram críticas pesadas ao então governador nomeado do Estado do Amazonas, coronel João Walter de Andrade, chamando-o de corrupto e outras coisas mais.
A Auditoria Militar em Belém aceitou a representação contra eles e os dois foram impedidos de concorrer, um à reeleição (Queiroz) e o outro à Camara Federal (Fábio Lucena).
Francisco Guedes de Queiroz, impedido por uma representação,  concorreu à Câmara Municipal sendo eleito, enquanto o vereador Fábio Lucena indicou, apoiou e fez eleger à deputado federal o desconhecido advogado José Mário Frota para substituí-lo na chapa do MDB – Movimento Democrático Brasileiro, por onde ambos militavam desde sua fundação.
Lembro também o que aconteceu com o político “campeão de votos pelo MDB”, o ex-deputado federal Joel Ferreira da Silva que trocou de partido, concorreu pela  ARENA e não se relegeu à deputado federal onde já militava a quase 20 anos.
Trocou de partido e perdeu uma reeleição certa só porque queria ver seu irmão, o juiz Daniel Ferreira da Silva, indicado desembargador para o Tribunal de Justiça do Amazonas. Depois, com o apoio da ARENA, foi indicado e nomeado ministro do Tribunal de Contas da União, em cujo cargo foi aposentado.
Relembro esses fatos históricos porque agora os deputados federais precisaram votar a Lei da Ficha Limpa, originária de uma manifestação de revolta popular que impediria em tese, a candidatura a qualquer cargo eletivo de pessoas condenadas em primeira ou  única instância por meio de denúncia recebida em Tribunal em virtude de crimes graves como racismo, homicídio, estupro, homofobia, tráfico de drogas e desvio de verbas públicas.
Mas vamos aos fatos: na época do bipartidarismo – MDB e ARENA – bastava uma representação de um governador para que a pessoa fosse impedida de se candidatar a qualquer cargo eletivo. Agora, mesmo a pessoa condenada por qualquer motivo, exercendo um legítimo direito recursal, se for preciso vai até o STE para ver seus propósitos reconhecidos.
Agora, com o excessivo número de partidos, muitos funcionando apenas como siglas de aluguel, troca-se de partido sem qualquer hora por qualquer motivo. Não existe mais ideologia, comprometimento e todos os partidos, novos ou antigos, anunciam que só querem o melhor para o povo. É preciso, chegou a hora de se  rever essas mudanças, pelo menos impedindo a candidara dos  mudarem de partido ou a perda do mandato se não houver um motivo de alta relevância para essa troca.
O deputado Francisco Guedes de Queiroz, embora tenha feito seu discurso no Plenário da Assembléia Legislativa do Estado, mesmo exercendo um legítimo direito de opinião, foi impedido de se candidatar novamente.
Na Câmara, onde o vereador Fábio Lucena, sem imunidade parlamentar, fez repercutir o discurso de Francisco Queiroz, a simples representação de um governador foi suficiente para os impedir em suas pretensões políticas.
Hoje, com  os eleitores  manipulados pelos políticos de ocasião e a miséria reproduzindo a miséria e elegendo os candidatos corruptos, conchavistas, assassinos, traficantes, pedófilos, racistas e desviadores de recursos públicos contumazes, principalmente da área de educação, têm que se esconder por trás de um mandato para não responderem como qualquer cidadão pelos seus crimes.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

O MST HOJE MANDA NO BRASIL!

Como assistente social e jornalista, eticamente sou favorável a todo e qualquer movimento social que vise o bem coletivo e o comum para todos.  Mas não é isso que vem ocorrendo com o Movimento dos Trabalhadores sem Terra, sem rosto, sem dono e que está se transformando em quase uma ação de guerrilha em favor de terra por pessoas que a querem não para plantar e produzir nada porque quando a conseguem,  vendem, transferem e ganham dinheiro com isso.
Em época bem recente, o presidente João Goulart foi deposto, por apoiar os movimentos sociais no nordeste com idéias marxistas de reforma agrária. O político Francisco Julião Arruda de Paula criou as “Ligas Camponesas” em Pernambuco e defendia a Reforma Agrária. O presidente deu apoio e os militares deram o Golpe de 64.
O MST dita as leis, determina quem tem ou não fazendas produtivas no Brasil e as invadem, destruindo tudo que encontram pela frente; queimam casas, saqueiam, e o movimento vem se constituindo em uma verdadeira “guerrilha rural” em nome de uma “reforma agrária” que não a desejam na prática,  porque muitos nem sabem como produzir na terra.
Com a inversão de nossa ordem jurídica e o quase total apoio do Governo, o MST vem se transformando em um verdadeiro terror no campo para quem quer produzir e abastecer o Brasil com seus produtos tirados da terra. Isso é o que têm provado os registros feitos e documentados em muitos assentamentos já  feitos pelo Incra em vários Estados do Brasil, onde o que não faltam são denúncias de vendas e transferência de terras, sem contar com invasões por imobiliárias em áreas litorâneas!
Muitos dos integrantes do MST se aproveitam da ingenuidade do povo pelas suas próprias necessidades, o usa como “massa de manobra”  em nome de uma Reforma Agrária, invasão de prédios públicos e outros atos que, na prática, são de terror legalizado e aceito pacificamente.
Legítimos são os movimentos sociais que têm criação, estrutura, organização, controle, objetivo e ideais. Reconheço que no Brasil, muitas políticas públicas só são realizadas e implantadas depois de mobilizações, debates, encontros, desencontros e apresentação de idéias, propostas e leis.
A Reforma Agrária precisa ser feita pelo Incra, sei disso! Mas o MST não pode invadir e destruir plantações em fazendas privadas e nada lhe acontecer porque esse estado de coisas é uma completa inversão que vem se conhecendo há séculos na propriedade privada a qual o Governo deveria protegê-la, mas não o faz. São várias lideranças do MST no Brasil  para que a Justiça não os alcance por mais que tente através de seus meios legais.
Está virando uma vergonha a apatia dos órgãos públicos do nosso país e o MST, com suas invasões seguidas, ditando o que podem e o que não podem fazer; invadir, destruir, pilhar e queimar.
Não é Reforma Agrária que o MST deseja. Tem muita gente por trás desse movimento, além do próprio Governo quando libera recursos públicos para as “Escolas” e ONGs do MST. Em todas as invasões, logo aparecem tratores, caminhos e carros novos nos locais. Aonde uma pessoa que quer terra para produzir pode apresentar essas coisas abertamente? Ou a Lei passa a ser cumprida ou fecham o Brasil para balanço e contabilizam os cacos!

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

A ESPERANÇA



Depois daquele morro que se avista à frente, cercado de verde por todos os lados, e que ao fundo possui um lago tranquilo, existe uma cidadezinha, construída há muitos anos, mas que insiste em permanecer no mapa.

Dela, poucos se recordam com precisão e são raros os que dela sabem o nome – Esperança. Esse nome tem uma origem curiosa e ninguém afirma ao certo se o nome nasceu com a cidade se se passou existir desde que descobriram uma antiga moradora, talvez a última que insistia em permanecer no local.

Durante muitos ans aquela cidade viveu da esperança de um trem maria-fumaça que teimosamente passava por lá. Trazia notícias da cidade grande, gente curiosa e visitantes também. Levava de cá gente triste com a partida e deixava, na estação, além do barulho ensurdecedor da fricção das rodas do trem com os trilhos e do seu apito estridente, lágrimas teimosas dos que ficavam e dos que partiam. Também levava acenos de braços cansados e de mãos que abanavam chapéus e de braços longos que seguravam os lanços brancos.

Tudo era motivo de tristeza: a chegada de alguém para aquele fim de mundo e a partida de outrem em busca de melhorias na capital. A chegada era triste para os que chegavam da cidade grande e se deparavam com uma cidade calma, pequena, onde o tempo não passava e onde as coisas pareciam se repetir sempre.

Com a desativação da linha de trem, a cidade foi perdendo a razão de existir e as pessoas  começaram a ir embor.A rua rincipal estava
deserta, o cemitério estava abandonado e a igreja não abria mais. Era uma cidade quase fantasma, não fosse a existência de uma moradora que ainda restava em Esperança – se é que ele era o verdadeiro nome da cidade.

Na antiga estação de trem em ruinas, uma senhora de grande idade olhava  todos os dias para o relógio que ainda marcava a hora da chegada do trem e, talvez, a hora que marcou a sua última viagem.

- A senhora mora sozinha aqui? – perguntei, sem esperar uma resposta convincente.
- Não, eu não moro sozinha. Você mora aqui também, ou não mora.
- Não, eu não moro aqui – respondi.
- Você também veio esperar o trêm?
- Que trem?
- O trem que todos os dias vem aqui me trazer notícias da cidade, ora!
- Não há mais trem aqui. Ele deixou de vir há muito tempo!
- Como não há mais trem? Todos os dias eu o vejo chegar, sempre na mesma hora que o relógio ali – e apontou para o relógio, está marcando. Ele traz e leva pessoas daqui.
- A senhora espera alguem em especial?
- Sim. Eu espero a esperança?
- Quem é a esperança?
- Esperança, você não conhece a esperança? De onde  veio que não conhece a esperança?
- Desculpe-me, senhora, mas  não sei quem é essa esperança!
- Aqui todos conhecem a esperança. Ela é quem nos mantém vivos.
- Ela é o médica do lugar?
- Ela é mais que a médica do lugar. Ela é a vida desse lugar. Se não fosse a esperança nós não poderíamos viver!
- Afinal senhora, quem é essa esperança?
- Ela é quem nos guia, nos dá rumos, nos orienta, nos faz acreditar no futuro, nos faz acreditar que Deus existe e é poderoso, nos faz pensar em dias melhores...
- Continuo não entendendo quem é essa esperança que a senhora tanto espera.
- Desculpe-me moço, mas agora tenho que ir...
- O que aconteceu? O trem já chegou ou a esperança não veio?
- Ora, moço, como você é estúpido! O trem passou mas não parou porque enquanto eu conversava, você me fez perder a esperança e é sempre assim.  Se a gente esquece a esperança, as coisas passam em nossa vida e nós nem as sentimos!
A senhora idosa virou-se de costas, caminhou rápido e desapareceu  rápido naquela cidade quase fantasma.
Eu fiquei parado sem conhecer a esperança, ou melhor, eu também perdi a esperança!

terça-feira, 23 de agosto de 2011

MENORES EM FÚRIA OU FALTA DE LIMITES...?


Menores em fúria: assalto a um hotel, policiais apanhando, destruíção de Conselho Tutelar, de Distrito Policial, enfim, um dia de terror foi  o que promoveram menores com menos de doze anos!
De acordo com o ECA, menores com menos de doze anos sequer podem ser detidos e, por isso, elegeram a rua como local de morada.
É a verdadeira sociedade brasileira mostrando quem são seus legítimos filhos, tudo por falta de política pública que lhes ofereça tratamentos dignos e adequados por serem vítimas de uma geral desestruturação da sociedade em termos morais, políticos e educacionais. Elegeram as ruas em vez das Escolas por falta de atrativos, para viverem e se sentirem livres como passarinhos, para fazerem o que bem quiserem e a hora que quiserem!
Mas por que isso ocorre?
Em meu livro “A CIDADANIA COMO FATOR DE RESGATE SOCIAL”,  (http://carloscostajornalismo.blogspot.com/) descrevo como conseguimos (eu e uma equipe multiprofissional) a recuperaração de  799 jovens na maioria infratores envolvidos com drogas, prostituição, alguns com homicidios, outros latrocidas, enfim. Só um dos 800 alunos do projeto coordenado por mim foi assassinado na porta da Escola por traficante.  Muitos hoje, com os cursos que receberam, estão trabalhando com CTPS assinada e todos os direitos lhes sendo garantidos.
Além de cursos técnicos profissionalizantes obrigatórios, foram introduzidas aulas extra curriculares de natação, futebol de salão, teatro e outras formas lúdicas de recuperação. Era palestrante de Direitos Humanos e, lembro-me de ter passado o  filme de Mel Gibson, “A Paixão de Cristo” no auditório da instituição e, ao final, perguntei o que os jovens tinham gostado ou não gostado.
- Cristo sofreu tudo isso mesmo, professor? – foi a primera pergunta que recebi de um aluno.
Respondi que o mesmo que Cristo tinha sofrido antes de sua crucificação, alguns dos menores presentes faziam até pior por pertencerem a galeras que matavam sem motivos também; destruiam obras públicas sem motivos, jogavam pedras em ônibus sem razão, enfim.
Fazia de tudo para que os menores se espelhassem dentro das palestras e dos filmes que  passava dentro do auditório.
- Não acredito nisso professor! – o mesmo aluno voltou a dizer.
Respondi que alguns menores presentes ou esperando para entrar no Auditório onde ouviam palestras variadas, faziam mais do que o filme havia lhes mostrado porque o que falta é uma escola comprometida com valores de cidadania e limites, coisas que os jovens só passam a entender depois que lhes são mostrados coisas como exemplo. E depois, discutido entre eles mesmos!
Ou seja, o que faltava para os menores em fúria era noção de limites, do que pode ou não pode ser feito, de escolas preparadas para recebê-los, educá-los e devolvê-los à sociedade, de famílias estruturadas, de um Estado que verdadeiramente invista em políticas púbicas em todas as áreas de sua competência e responsabilidade.  Não vi menores em fúria; mas somente menores protestando contra tudo o que lhes faltam! Nada mais do que isso. Com limites, é claro!