sábado, 30 de maio de 2015

NUTA PECHER, O MÁGICO DAS GARRAFAS!

Dr. Simão Pecher,, falando sobre o trabalho deixado por seu pai  ( http://www.youtube.com/watch?v=YYp8iTOyXn)



A cidade de BUKOWINA, hoje Ucrânia, perdeu um gênio, um cidadão do Mundo e o Amazonas ganhou um produtor de “Garrafas Mágicas” ou seriam apenas obras de arte em forma de barcos regionais, casas de caboclo, símbolos religiosos e jangadas? De 1980, quando conheci esse trabalho pela primeira vez, até os dias de hoje, não tenho certeza se eram “Garrafas Mágicas”, ou NUTA PECHER era o próprio mágico nas garrafas que as produzia em forma obras! A sua dedicação, maestria, precisão e competência eram tantos que conseguiu educar seu único filho, tornando-o médico. O cidadão NUTA PECHER, nasceu em 19 de março de 1908 e faleceu em 27 de fevereiro de 1996, em Manaus. Na época em que deixou seu país natal, ele era dominado pelo Império Austro-húngaro, invadido pelos nazistas após o assassinato do Rei Ferdinand, causa primeira da I Guerra Mundial!


 Quando o conheci como jornalista, no início de minha carreira,  no final  dos anos 70 e início 80, me pediu: “divulgue meu trabalho”. Eu fazia tratamento para queda de cabelo com a esposa do médico, Nina Pecher, com aplicação de luzes e injeções. Não adiantou. Meu caso era  genético e hoje estou a cara de meu pai e de meu avô: completamente calvo! Mas deixa isso para lá porque usei cabelo grande, e cacheados, no meio das costas,  durante 13 anos. Eu o amava, mas se rebelou como ocorre com a juventude, foi embora e não me disse adeus. Que ingratidão! Naquela época sem internet, redes sociais e tendo no máximo um jornal que ainda usava teletipo, máquina de datilografia e recebia fotos uma máquina ensurdecedora que apitava o tempo todo e mais ainda quando era concluída a transmissão da fotografia para informar que tinha chegado ao fim, para o Lucena “Pau Baru”, retirasse o papel do cartucho e a revelasse, não me foi possível. Agora, com o progresso tecnológico, a internet, as redes sociais, isso será possível diante de um mundo globalizado e conetado. Senhor NUTA PECHER, que deixou sua terra natal fugindo do Nazismo e veio morar no Brasil, naturalizando-se em 1950., estou cumprindo, mesmo atrasado, o seu pedido

NUTA PECHER aprendeu a arte do “OPUS IN VITRO” com seu genitor (Aron Pecher), na sua cidade natal, entre 1915 a 1925. No Brasil, naturalizado em 1950, fez curso de “Introdução à Arte Moderna Brasileira, Curso promovido pela FUNARTE e Instituto Nacional de Artes Plásticas- Projeto Arco-Iris, Manaus(AM), de 12 a 27/08/1982”. Fundou a Loja Maçônica “Duque de Caxias”, no dia 19 de novembro de 1948,  foi benemérito da Ordem da Grande Loja do Estado do Pará, em 29/12/1950. fundou a Associação Amazonense de Artistas Plásticos, em Manaus, em 1980 da qual se tornou depois membro de seu Conselho Fiscal, de 1981/85, foi membro do Conselho Consultivo do Comitê Israelita do Amazonas de 1991/95 e participou de inúmeras exposições, como a do Salão Aberto de Artes Plásticas “Luiz Naranjo”, promovido pelo Instituto Cultural Brasil-Chile, realizada em Manaus, no dia 18/09/79. Depois, participou de 5 a 16 de 10/1981, participou de exposições individuais na Galeria Afrânio de Castro, promovido pela Comissão do Patrimônio Artístico e Histórico do Amazonas, expôs na Galeria do Novotel, pela Superintendência Cultural do Amazonas em 1982. Também expôs suas “Garrafas Mágicas”, na Galeria Afrânio de Castro, de 4 a 17 de 11/1983 e também participou da Exposição “Pai e Filho”, do III Encontro Norte/Nordeste de Escritores, em Boa Vista, de 30/05 a 03/06/84, ao lado de seu filho médico Simão Arão Pecher, nascido no Estado do Pará em 10.01.1944, fruto de sua união com a senhora Syme Zagury Pecher , no dia 24/01/1940, matrimônio realizado em Belém.

Olhando para uma garrafa com a figura de um jangadeiro, nem imagino como devem terem se sentido se as pessoas que tiveram o privilégio de conhecer as obras de arte de seu NUTA PECHER, no Holocaust Center of Art, New Jersey, Estados Unidos ou nas sinagogas de Bat-Yam, Israel,  Montreal, , Botafogo, Rio de Janeiro, de Belém e Manaus e, ainda, no Centro Israelita do Rio Comprido e em outras Várias Sinagogas pelo Brasil e exterior. NUTA PECHER, possui acervos particulares no Brasil, França, Canadá, México, Israel e Estados Unidos. Também era versátil em outras artes e escreveu crônicas e contos, sendo colaborador assíduo da Revista HATIKVA (A ESPERANÇA), de 1984 a 1985 e para qual escreveu os artigos O HOMEM DE BARRO, CASO VERDADE, O FRANGO E O CASAMENTO. Também colaborou com a Revista NASCENTE, onde publicou o artigo UMA E MEIA DA TARDE.

O cidadão do mundo e do Amazonas, defendia a natureza em todos seus aspectos porque dizia que “a natureza sempre foi sábia e o homem tem que se adaptar ao meio em que vive, sem depender das dádivas do Criador”. Segundo seu filho Simão Arão Pecher, "suas “Garrafas Mágicas”, refletem a beleza  e o encanto da natureza (Ecologia), com a integração do homem ao meio (Ecossistema)”. Talvez esteja nessa explicação a beleza da arte do Cidadão do Mundo NUTA PECHER que, pela sua religiosidade, esculpia esculturas religiosas hebraicas e as colocava dentro de suas “Garrafas Mágicas”. Ou ele seria somente um mágico que transformava em garrafas em obras de artes belíssimas, como a que ostento em minha estante: um velejador em sua jangada, colocada peça por peça! Ou o barco regional que está em poder da família, montado peça por peça, nos mínimos detalhes. Não sei se  eram Garrafas Mágicas que o Senhor Nuta Pecher produzia ou se eram mágicas dentro de garrafas que o cidadão ucraniano da cidade  BUKOWINA conseguia reproduzir como obras de arte dentro delas.

De 1980 até os dias de hoje, essa dúvida me acompanha e me persegue porque passei várias horas conversando com seu filho médico e não consegui descobrir o mistério de trabalho tão meticuloso, preciso e dedicado e nem tirar a dúvida. Só sei que foi um belo presente que recebi, para o qual olho agora enquanto escrevo essa crônica, cumprindo uma obrigação e um dever que seu pai me pedira na década de 80, vendo o a jangada sumir de meu olhar, entrando no mar!

quarta-feira, 27 de maio de 2015

ACORDO COM O TEMPO


Se o tempo
andasse ao meu lado, 
com ou sem mãos dadas, como bons e velhos amigos,
permitiria que ele me 
envelhecesse, me enrugasse o rosto, pintasse os cabelos a cada ano,
mas lhe proporia um acordo:
Ele não correria atrás de mim  
eu naturalmente iria ao seu encontro,
porque essa é a ordem natural da vida: 
se ir ao encontro da morte!
Mas o tempo é ditador!
e vai me atropelando, me fazendo mais frágil, 
colorindo meus cabelos,
envelhecendo-me a cada dia 13 de fevereiro,
mas não conversamos sobre nada.
Pediria ao tempo que deixasse de me perseguir
e permitirei que me leve quando chegar a ora
porque sei que um dia nos encontraremos
em uma rua qualquer de em um tempo qualquer  
(só não sei quando!)
A morte é a única certeza que temos da vida:
O resto, são detalhes e não quero me incomodar
Mas me incomodam muito e não posso ficar calado!

terça-feira, 26 de maio de 2015

BIANOR GARCIA, O JORNALISTA DAS "MANCHETES PORRETAS"


crônica escrita com o apoio e colaboração de Bianor Garcia, funcionário da ALE/Am, que escreveu o livro FESTÃO DO POVO, sobre a vida de seu pai Filho, que escreveu um livro inédito 


                             
'NICOLAU LIBÓRIO CORRE COMO UM VEADO E GANHA O PRIMEIRO LUGAR EM BELÉM”. (estudante de direito Nicolau Libório, cronista esportivo e atual procurador de Justiça do Ministério Público) 

HOMEM DE PAU GRANDE ESTÁ EM MANAUS”. (O jogador Garrincha, que visitava Manaus, nascido na cidade nordestina de “Paula Grande”)

TREPADA COVARDE” (ônibus que bateu na traseira de um fusca no bairro da Cachoeirinha)

“ROLINHA ENTRA NO BURACO DE MÃRIO” (em jogo do Rio Negro e Nacional. Os dois nomes foram jogadores de futebol e um substituiu o outro)

“HOMEM ENGRAVIDOU UMA PORCA” (pescador que residia em um flutuante, sozinho, com uma porca, no Porto da Central de Abastecimento do Amazonas-Ceasa).

Todas essas manchetes do Jornal A NOTÍCIA, nasceram da cabeça do jornalista Bianor Garcia, nascido em Silves, no interior do Amazonas, falecido cedo aos 58 anos de idade, no dia 17 de janeiro de 1990, vítima de infarto. Convivi durante 6 anos com Bianor Garcia, um autodidata que fora office boy no comércio da J. Soares Ferragens, corretor de câmbio, mas se tornou um jornalista “das manchetes porretas”, depois de escrever para o jornal “O Centro”, do antigo Ginásyo Amazonense D. Pedro II, atual Colégio Estadual do Amazonas. 

Nos dedos do jornalista, a máquina de escrever também pensava. Casos simples, banais e corriqueiros, eram transformados em “manchetes porretas” pela mente criativa de Bianor Garcia na primeira página do jornal, mas remetendo-a sempre para páginas internas, sem nada postar depois da manchete, atiçando a curiosidade dos leitores. Escrevia e publicava a coluna diária REDATOR BIÔNICO, que apoiava abertamente a campanha de Gilberto Mestrinho ao Governo do Amazonas, no ano de 1982, mas também tecia muitas críticas, muitas que envolviam pessoas importantes da pacata cidade de Manaus.

Nessa época, havia  “batismo” de jornalista novato. O meu era tomar banho pelo menos umas três vezes ao dia, para ver se saía o  “CC” (Carlos Costa), do corpo. Uma jornalista recém-formada fazendo um teste para trabalhar no jornal, pediu café para passar seu sono. Sem que Bianor Garcia soubesse de nada, Gabriel Andrade decidiu pregar uma peça na moça: 

-Só quem tem café é aquele senhor, baixo ali dentro, mas você precisa chegar lentamente até a sala e gritar no seu ouvido bem alto, porque além de ser surdo, usa aparelho auditivo! - apontando para a sala do Bianor. A jornalista iniciante abriu a porta de vidro com todo cuidado e, ao chegar perto do jornalista, gritou: “Bianor, você tem café?”. Bianor se assustou com o grito, deu uma batida em sua mesa de vidro e respondeu aos gritos: “Eu não sou surdo não, para você dar um grito desses no meu ouvido!!!!”. Sem entender nada, a moça saiu da sala aos prantos, pegou a bolsa, foi para casa e nunca mais voltou. Depois, Bianor Garcia saiu de sua sala, foi ao centro da redação e perguntou:

- Vocês viram? Ela entrou na minha sala, gritou em meu ouvido e quando eu disse que não era surdo, ela saiu chorando!!!!”. O Gabriel e eu, autores da brincadeira, ficamos rindo, fingindo que não tínhamos visto nada! Depois, retornou à sala e continuou escrevendo sua coluna que seria publicada no dia seguinte. Nesse momento, entrou na redação um comerciante, perguntando quem era o Bianor Garcia, que o criticava tanto, um dia sim e outro também. Apontamos e ele seguiu para a sala, aos fundos do jornal. Tirou da cintura um revólver e colou em cima da mesa de vidro do jornalista disse: “Bianor, você é um rato!!!!!”. Calmamente e concentrado, Bianor ouviu o que o comerciante lhe dissera, mas continuou escrevendo sua coluna, usando um óculos pequeno que tirava e colocava no rosto. Depois que o comerciante pegou seu revólver de cima da mesa, deixou a sala de Bianor e saiu da sala de Bianor, o jornalista chamado de rato. Perguntou ao jornalista e seu amigo Gabriel Andrade.

- Você viu, o que aconteceu? Ele entrou em minha sala, colocou um revólver em cima da mesa e me chamou de rato e pensando que isso me ofenderia. Depois parou, pensou um pouco e gritou: “Segurem esse f...da p...porque ele me ofendeu. Gabriel Andrade e eu que via tudo de minha mesa, não entendemos nada e perguntamos ao mesmo tempo: “Ele apenas lhe chamou de rato e isso não é ofensa”. Bianor, com a maior calma do mundo, começou a meditar consigo mesmo, fazendo analogia: 

“Rato come queijo, o queijo vem do leite, o leite vem da vaca, a vaca é mulher do boi e o que o boi tem na cabeça? Chifre! Ele me chamou foi de corno e isso não aceito. Não deixem ele sair”.

Interfonamos à portaria, mas o comerciante já havia saído e a partir desse dia, Bianor Garcia nunca mais falou contra o comerciante. Com a popularidade que passou a ter, entrou na política, se elegeu vereador de 1982/1988 (prefeito Amazonino Mendes, indicado por Gilberto Mestrinho, a quem apoiava) e faleceu cedo. Hoje é esquecido por todos, principalmente os políticos mais novos que não o conheceram e nem tiveram a oportunidade que tive de conviver com esse ícone do jornalismo do Amazonas, o jornalista das “manchetes porretas”, como ele costumava dizer em suas conversas com o jornalista Gabriel Andrade.  Como jornalista, começou a trabalhar no Jornal do Comércio, contratado pelo jornalista Miranda Braga que lhe ofereceu o primeiro emprego como repórter, quando conviveu com Plínio Ramos Coelho, a partir de 1953, que substituíra Álvaro Maia, no Governo Amazonas depois por 25 anos. Trabalhou como repórter ao lado de Miranda Braga, Júlio César da Costa, Cláudio “Marrecão”, Raimundo Parente, Benedito Azevedo, Isaías Reis Filho, José Cidade, Petrarca Vieira. Também trabalhou com Phillipe Daou, em O Jornal. 

Bianor Garcia foi o criador do Festival Folclórico do Amazonas e trabalhou também no Diário da Tarde.



sexta-feira, 22 de maio de 2015

SABEDORIA DOS VELHOS


Desejo  receber  e merecer a 
sabedoria dos velhos para entender e 
viver o mundo dos jovens. 
a paciência dos velhos 
para compreender e entender o que pensam os jovens. 
Enfim, quero ser jovem para pensar como um velho
e, quando for um velho, quero e desejo 
pensar e refletir como um novo para
concluir que minha velhice não foi em vão!

quinta-feira, 21 de maio de 2015

UM JOGO DE APARÊNCIAS


Tudo o que se vê é uma aparente mentira, resultado de uma aparente política, um mero jogo de poder e interesses, mas o que se sente na vida prática diária é uma terrível verdade, resultado de uma verdadeira ilusão em um país chamado Brasil, que teria tudo para dar certo, mas só ficará quando também ficar livre do fisiologismo dos partidos políticos que se movimentam conforme seus interesses e não aos interesses do Brasil, enfrentando a presidência da República e a colocam na parede! Ou faz o que os políticos decidem, ou não governa o país!

São promessas de solução para quase tudo, que já está dando nojo! Todas as promessas de solução, porém, não passam de um jogo, onde os brasileiros são as peças de xadrez colocadas em um tabuleiro e vão sendo movimentadas ao bel prazer dos jogadores e quem jogará melhor, vencerá, mas poderá destruir o país, que está paralisado, desengrenado, andando para trás. É um jogo de aparências e nada mais do que aparências. Ou seja: tudo o que dizem que é, e anunciam como solução, não será!

Reduziriam ou acabariam os sequestros relâmpagos, os golpes contra pacientes internados em hospitais, se houvesse mais verdade e menos promessas de solução para o dia seguinte, o mês seguinte, o ano seguinte. Essas promessas, passados anos, nunca cumpridas. É uma mentira só para ganhar tempo, a começar pelos bloqueadores  de celulares que seriam instalados dentro das prisões e bloqueariam as ligações dos presos, de onde parte maioria delas, impunemente. Os presos,  verdadeiros atores, deveriam ser contratados para novelas, tal é o verdadeiro que conseguem produzir em suas incautas vítimas, geralmente frágeis ou se tornam frágeis porque se trata de um parente seu que está sendo sequestrado ou precisa de algum atendimento médico. Como os bandidos conseguem informações de dentro dos hospitais e sobre os pacientes, é um mistério! A genialidade dos presidiários é tamanha que cada vez inventam um golpe novo, sempre contando com o poder das suas capacidades de teatralizações e improvisações.

Nada do que acontece atualmente no Brasil, aconteceria nas mesmas proporções de hoje, se houvesse compromisso sério com o país, se existissem operadoras de telefonias móveis preocupadas em bloquear as ligações de dentro das prisões. Mas o que todas as operadoras desejam é vender seus telefones celulares. Já se criou cadastro para telefones pré pagos, mas as mulheres de presos passaram a adquirir em seus próprios nomes e foi para o brejo essa medida do Governo Federal, via agências reguladoras. Já se criou sinais sonoros para identificar as operadoras. Se criou a feliz portabilidade e acabou o sinal, enfim. Tentativas de solução existem, mas nunca chegam a um final. Então, que se dane a sociedade que sofre os problemas!

O faz de conta é tamanho contra o povo, que fica sempre na pior! Mas é melhor para as operadoras de telefonia celular que continuam vendendo seus aparelhos sem se preocupar com mais ninguém, hospitais que continuam praticando superfaturamento na compra de remédios, bandidos que usam sem preocupação seus aparelhos móveis dentro das prisões e seguradoras vendendo segurança e ganhando dinheiro com o medo da população. De tudo prometeram e já fizeram: vigilância, detectores de metais, revistas pessoais, fiscalização por raio-X, mas tudo foi tirado de letra pelos bandidos, que sempre são mais espertos que as autoridades e pensam sempre na frente. Ou seja, as medidas que foram cumpridas nunca deram certo, porque enquanto o Governo pensa em solução, os bandidos presos e sem fazer nada, têm tempo de sobra para pensar em como enfrentar as decisões governamentais. Só a promessa dos bloqueadores de celulares nunca foi testada na prática, porque até a tornozeleira eletrônica para monitoramento de presos, tidas como solução para presos em cumprimento de penas alternativas, em casa, já foi parar no pescoço de uma galinha no Rio Grande do Sul! Diante de tudo isso, as promessas são balelas e nada é sério no Brasil do faz de conta!

Até o ex-vice-presidente de Luiz Inácio Lula da Silva, o empresário têxtil José de Alencar, quase caía em um golpe do falso sequestro. Desde antes disso, já se fala em bloqueador de celular em presídios etc., etc. É tudo um jogo de faz de conta em todos os setores. Um faz de conta que cobra; outro, que cumpre ou vai cumprir em breve! Só que esse breve nunca acontece. Isso é ridículo! Se quisessem mesmo resolver o problema, para tentar pelo menos reduzir os sequestros relâmpagos, os golpes de falsos médicos, já teriam conseguido, porque a tecnologia se renova a cada dia. A questão, porém, é que todos dizem que farão e ninguém faz absolutamente nada e, tudo fica o dito pelo não dito.

quarta-feira, 20 de maio de 2015

MEMÓRIAS E SAUDADES DE A NOTÍCIA!


Demitido da Saga Publicidade pelo seu diretor e proprietário Alberto Castelo Branco, por incompetência, da função de chefe de mídia, lembrei do jornalista de A NOTÍCIA, Luiz Octávio que, ao visitar-me no escritório do advogado Carlos Abner de Oliveira Rodrigues, no Edifício Cidade de Manaus, onde trabalhara antes como office boy, sempre me pedira para fazer um teste no jornal em que trabalhava: “Já que você gosta tanto de escrever, por que não procura o Editor, o jornalista, Gabriel Andrade e pede para fazer um teste e trabalhar lá?”. Com a proximidade do início do curso de Comunicação Social e desempregado, fui fazer o teste porque como “incompetente” e ex-funcionário da Saga já tinha feito alguns contatos com o Editor, para saber porque determinada mídia programada não saíra no jornal!

De nome, já o conhecia, porque também havia sido Editor de Jornalismo da Rádio Rio Mar e gostava de ouvir quando o locutor dizia ao final da Edição: “Redação, jornalista Gabriel Andrade”. Era meu ídolo sem mesmo saber que eu existia. Com um óculos redondo de grau estilo Jonh Lennon, desempregado e chamado “incompetente”, entrei na Redação e, ao primeiro que encontrei escrevendo uma máquina de escrever, perguntei: “quem é o Gabriel Andrade?”. Dirigi-me até a sua mesa, quase ao final da sala, me apresentei. Disse que era recomendado do jornalista Luiz Octávio e que gostaria de fazer um teste e me propus trabalhar sem receber durante todo o período que durasse o teste. Ele avisou: “em média, dura 90 dias para se medir a capacidade de um calouro novato e, se você estiver disposto, está aceito para começar a trabalhar amanhã”. No dia seguinte, bem cedo, estava lá sem saber o que fazer. O jornalista chegava um pouco tarde porque também ficava até tarde junto com o Editor Geral Bianor Garcia, fazendo as manchetes que todos leriam no dia seguinte e que também já tinha lido quando fui jornaleiro nas ruas de Manaus. Esperei. “O que tenho que fazer?” “Vá para a rua, pegar matéria”. Rua? Onde? “Procure órgãos públicos”. Fui e me apresentava em cada local. 

“Eu sou foca do Jornal A Notícia, estou em teste e vim pegar notícias”. Alguns riam  de “um foca” inexperiente e destemido e outros me indicavam como fazer. O experiente e competente jornalista Oscar Carneiro, do Jornal do Comércio, foi um deles. Primeiro, procurei a Central de Polícia, o “Casarão”, na Marechal Deodoro, onde conheci o Sr. Joia, (mas não sei se era mesmo esse o nome dele). Como era próximo, em seguida, me dirigi a pé ao Comando-Geral da Polícia Militar e me anunciei. Mandaram procurasse o tenente Assante, chefe da Comunicação Social da PM. O tenente Assante, sempre sorridente, era um gordo bonachão e me recebeu muito bem abrindo o livro de registros da PM e, mais tarde, junto com Oscar Carneiro, me fez credenciado da 5a seção junto ao Comando-Geral e  me deu uma credencial que no verso dizia: “Senhores comandantes, o portador pode ter acesso a todas as informações dessa Unidade”. Naquela época, existiam o Comando-Geral, o Comando de Rádio Patrulha, a Companhia de Trânsito e a Companhia de Guarda, Unidades Militares que mais frequentava, para “pegar matérias”. Não foi preciso trabalhar de graça. Em dez dias tive a CTPS assinada e recebi meu primeiro salário. Talvez rissem porque estava começando a usar cabelos grandes, encaracolados e  usava barba, o que emprestava o ar de sujeira.

Depois disso, passei a voltar para a Redação no horário da tarde e produzir as sete matérias e algumas vezes até mais do que isso, porque sempre “apanhava informações” pelo telefone com o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas, João de Mendonça Furtado e o Secretário de Planejamento no Governo José Lindoso, Sérgio Pessoa Figueiredo, os únicos que me davam e confiavam entrevistas pelo telefone. Sabiam que no dia seguinte leriam o mesmo que haviam  dito. De A NOTÍCIA, diziam que se expressem sairia sangue, porque o jornalista Bianor Garcia criava manchetes estapafúrdias de simples fatos. De A CRÍTICA, nada falavam. E assim, fui aprendendo mais com os erros do que com os acertos que cometia, afinal, era meu nome que estava em jogo! Com o passar dos anos ganhei  espaço e já era editor da própria página do Judiciário que editava. Ocorreu, nessa época, um Encontro Nacional de Juristas, no Tropical Hotel e viria também o polêmico juiz de menores Alírio Cavalieri, a quem eu admirava. Decidi conhecê-lo e fui assistir a palestra. Depois, com a ajuda do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, no Amazonas, José Paiva Filho, fui entrevistá-lo, seria um furo de reportagem!

Sem máquina fotográfica, caderno de anotação, caneta ou gravador, encontrei com meu ídolo na piscina do Hotel Amazonas, ladeado pelo advogado José Paiva Filho, que a tudo observava de perto. Começamos a conversar e fui memorizando tudo o que o juiz ia me contando. Rápido voltei para o Jornal e comecei a escrever a matéria que não me foi dada oficialmente. No dia seguinte, saiu a manchete com foto de arquivo do juiz e todas suas palavras que me foram ditas no meio da conversa, sem que eu anotasse nada. Dias depois, recebi um telefonema do presidente da OAB do Amazonas, dizendo que o juiz ficara impressionado com o poder de assimilação e síntese e que tinha gostado da entrevista. Fiquei feliz! Trabalhei mais de 6 anos no jornal A NOTÍCIA ao lado de competentes profissionais como, Ray Cunha, Sebastião Reis, Roberto Augusto, Manoel Marques, Lucena “Pau Baru”, Carlos Aguiar, Bianor Garcia, Ivânia Vieira, Terezinha Soares, Luiz Octávio (que se surpreendeu ao ver-me escrevendo matéria). Ivânia Vieira e Terezinha Soares, a primeira ganhadora feminina do prêmio Esso Regional de Jornalismo e Ivânia Vieira, carinhosamente chamada de “Madre Tereza de Calcutá”, porque sempre fora ligada à divulgação de temas da Igreja Católica, andavam sempre juntas; eu e Luiz Octário, também. Com Luiz Octávio, trabalhava o motorista e fotografo, Plutarco, que se dizia, na brincadeira entre amigos e em rodadas de cervejas, que ele seria o “filho da Pluta”, para rizada geral de todos. Mais tarde, outros companheiros também ingressaram, como Antônio Correa. De A NOTÍCIA,  diziam que se espremesse sairia sangue. Aceitei convite do empresário Guilherme Aloísio de Oliveira e Silva e me transferi como Editor Geral para o Jornal do Comércio, aos 26 anos, depois de ter sido Editor de página e publicado crônicas e muitas páginas  assinadas, inteiras ou duplas. Depois de pouco mais de 3 anos, me transferi para o Diário do Amazonas também como Editor Geral, no qual passei quatro anos, trabalhando de domingo a domingo e sem ter uma falta. Dois ex-senadores pelo Amazonas, João Bosco Ramos de Lima e Fábio Lucena de Pereira Bitencourt, trabalharam em A NOTÍCIA e se transferiram para o Jornal A CRÍTICA. O dono de A NOTÍCIA e ex-deputado federal, Andrade Netto, os considerou como inimigos, porque era  quase impensável naquela época se mudar de um jornal para outro, principalmente se fosse para A CRÍTICA, com o qual A NOTÍCIA rivalizava na preferência dos leitores.  Havia uma “briga” pela preferência entre os Jornais A NOTÍCIA, com suas manchetes escandalosas  e A CRÍTICA, mais conservadora.

terça-feira, 19 de maio de 2015

AMOR INÚTIL,INÚTIL AMOR!

Explicação:

Aceitei o desafio do escritor Carlos Lopes, de Pernambuco,editor do Blog Gandavos, onde esse conto encontra-se publicado (http://gandavos.blogspot.com.br) e decidi escrever meu primeiro conto.
Eis o trabalho, mas não é o estilo que gosto porque só escrevo crônicas.

                                                           À Mágida Hauache

                                                  Depois de mais de 30 anos vivendo um amor inútil, dividido com outra mulher, Luana entrou no banheiro, abriu o chuveiro e tentou inutilmente remover de seu corpo tudo o que a fizesse lembrar de Evandro. Mas era inútil a tentativa porque não se arranca por um banho tudo o que ficara gravado de lembranças em sua memória, desde que o viu pela primeira vez em uma repartição pública e se apaixonara em um segundo olhar. Mas estava tentando! Depois de seu primeiro e segundo marido, que lhe presentou com filhos que os criou sozinha, encontrou um terceiro companheiro com quem dividira sua cama por anos e sem conhecê-lo direito. Já esperava, mas ficou surpresa quando lhe dissera que ela não passava de uma velha e que tinha encontrado uma menina mais nova e com dinheiro. Luana teve a certeza que seu príncipe encantado que pensava que fosse, não passava mesmo de um gigolô, certeza que lhe foi reforçada quando seu pai contara que Evandro lhe havia pedido uma lancha de presente com a herança que receberia em breve e este tinha lhe prometido que daria.


“Ainda bem que me abriram os meus olhos para a realidade porque mulher apaixonada fica igual à deusa da justiça: nada vê, a não ser o que o que deseja ver e lhe é mostrada como prova pelos advogados envolvidos na lide processual”, pensou durante o demorado banho e disse para ela mesmo: “isso não é para mim, chegou ao fim! Basta! Vou recomeçar de onde parei, mas passando por outros caminhos porque não se pode voltar ao passado”.

Depois do demorado banho, telefonou para algumas amigas e doou tudo o que lhe fizesse lembrar Evandro: panelas, presentes e tudo o que adquiriram com o dinheiro que ela também lhe dava, mas sua decisão não extirparia todas as lembranças boas de sua vida . “Chega”, dizia de novo para si mesmo enquanto a água talvez contaminada pelo que estava tentando retirar de Evandro, escorria pelo ralo do banheiro. Luana se livrava de todos os objetos que adquiriram juntos, por doação e não venda. “Se for vender, ninguém vai comprá-la. É melhor doar tudo sem cobrar nada”, Luana continuava dizendo para si mesma, enquanto fazia a entrega dos objetos que lhe faziam lembrar de seu ex-amado. Não doou o colchão em que dormiam porque não teria aonde dormir em seu condicionador de ar naquela noite. No colchão, Evandro lhe dissera muitas mentiras de amor, mas “isso ficará no passado porque passarei a ser outra mulher a partir de agora”.

Mesmo já tendo rompido a barreira dos “enta”, Luana ainda era uma mulher atraente, mas não estava disposta a procurar homem com desespero, porque já tinha sido casada duas vezes e vivia seu terceiro relacionamento. Lembrou com saudades de sua juventude, quando viajava a serviço da empresa da família em que trabalhou como diretora comercial, pelos municípios do Estado. Nesse período, embora não procurasse, mas por ser muito bonita e paquerada, talvez pela posição que ocupasse ou pelo destaque e importância que o cargo tinha, conheceu e se relacionou com pessoas de bom caráter. Contudo, “mas isso era passado”, dizia para si mesmo. “Tenho que viver meu presente porque o passado já passou e não voltará mais”. Desejou entrar em uma máquina do tempo e voltar aos seus 20, 30 anos: talvez não tivesse casado como fez a pedido do pai, aos 15 anos, não tivesse casado uma segunda vez aos 27 e, depois, não tivesse perdido tanto tempo ao lado de um homem que ajudou a criar seus filhos, educando-os nos momentos mais difíceis da juventude e rebeldia deles. Mas, isso, também já era passado. Certa vez, seu companheiro de jornada pela vida queria levá-la a um psicólogo, achando que tivesse algum problema. Ele era diabético e ela não tinha nada. Tinha certeza que nada tinha. Luana só tinha medo de pegar doenças sexualmente transmissíveis do companheiro. Ela nunca fora promíscua, ao contrário de Evandro, que se banqueteava com vários pratos, em corpos diferentes. Luana sabia de tudo, mas fingia que de nada sabia e o aceitava de volta, sempre!

Ah, quantas lembranças e quantas saudades tinha. As decepções que tivera com todos seus maridos e companheiro. Essas coisas tinham transformado Luana em uma mulher determinada. Voltou à Faculdade por duas vezes e estava decidida: “não quero mais ninguém, não vou procurar ninguém, mas se aparecer, não dispensarei, afinal, ainda sou mulher e tenho desejos, não tanto como antes, mas ainda não estou morta”, continuava dizendo para si mesmo, como querendo compensar os anos de ilusão que vivera. Mas não foram tempos totalmente perdidos, mas apenas amores que não a compreenderam. No fundo, Luana se achava e era uma excelente pessoa, com amigos com os quais ela podia contar.

Enquanto tomava novo banho para tentar livrar-se do resto que ainda achava tinha impregnado de Evandro dentro de seu corpo, Luana continuava dizendo para si mesmo: “tudo que não fiz na minha adolescência, com medo de doenças sexualmente transmissivas, e me anulei por casar muito jovem, farei agora porque adoro danças, gosto de martini com cerejas e decidi voltar à vida boemia na data do meu aniversário, porque gosto de boa companhia e ninguém jamais vai se me segurar”. Do banheiro onde tentava se livrar dos últimos resquícios de Evandro, o CD a música de Cauby Peixoto, “...ah, como é cruel cantar assim...e no fundo do salão, os homens a se rasgar por mim...” era ouvido e Luana, passava sabonete em seu corpo ainda jovem e repensava toda sua vida ainda jovem e, chegara à conclusão que os homens bons que namorara no passado estavam todos casados com o passar dos anos e concluiu que eram todos trigos no meio do joio e ela teria que separá-los para encontrar um que ainda tivesse na esquina!

sábado, 16 de maio de 2015

LEMBRANÇAS DO PASSADO! (homenagem aos rotarianos do Brasil)

Parte das 642.492 mil pessoas que residiam em Manaus em 1980, trabalhavam nas fábricas do Distrito Industrial e eram transportados pelos ônibus especiais da empresa Ohana Transporte, pertencente aos irmãos Moisés e Arão Ohana. A Ohana Transportes, uma das pioneiras do transporte especial no Distrito, possuía mais de 500 ônibus e todos se destinavam ao serviço de fretamento às fábricas e faziam filas quando saiam das fábricas, engarrafando a Rua Buriti. Muitas vezes, encontrava o empresário Arão Ohana, no alto da Praça Francisco Pereira da Silva, ao lado de seu automóvel Laudau, carro da moda para quem tinha dinheiro, no Amazonas, admirando a fila que seus ônibus faziam quando saíam ao mesmo tempo das fábricas, devolvendo trabalhadores aos seus lares. “Lindo, não é”, ele me dizia quando me via, porque não era sempre que parava na  Praça Francisco Pereira da Silva, quando deixava a redação de A NOTÍCIA.

Na época, era lindo, sim, porque a capital Manaus de poucos automóveis, a maioria fuscas antigos como o meu, era uma cidade pacata, com vendas de cachorro quente em carros lanches no meio da praça, mas hoje não é mais. A cidade com mais carros do que vias de circulação, engarrafamento de qualquer tipo que seja, passou a ser motivo de nervosismo no trânsito da cidade com mais de 2 milhões de carros nas ruas e quase as mesmas vias de circulação. Seria um terror o engarrafamento que os ônibus faziam ao descerem em fila indiana, uma atrás do outro e o dono da empresa no alto da praça só vendo tudo!

Um pouco antes, fora fundado e passou a se reunir todas as quartas-feiras, o Rotary Clube do Distrito Industrial, no horário do almoço, na sala de reuniões no Novotel Manaus, na qual era servida o almoço. A Unimed Manaus, foi fundada na década de 80 passou a comercializar seus planos de saúde aos membros do Rotary, querendo chegar aos trabalhadores. Os planos, no início, eram quase todos individuais e não coletivos, como hoje. Era uma novidade! Um plano específico e mais barato foi oferecido para os membros do Rotary e eu fiz o meu, mas hoje sou dependente do plano coletivo de minha esposa Yara Queiroz. Os planos individuais do passado quase não existem mais, como no início da Unimed Manaus. De boca em boca, a nova Cooperativa Médica do Amazonas ia se fazendo divulgar. Hoje, tudo mudou para pior, infelizmente!

Na década de 80 também, os irmãos médicos Edson Sarkis e Edmilson Sarkis, se uniram e fundaram em uma pequena casa na Avenida Ayrão, a Clínica Santa Júlia e passaram a frequentar as reuniões no Rotary do Distrito Industrial, anunciando a clínica aos companheiros rotarianos. Hoje, a Clínica Santa Júlia ocupa quase um quarteirão inteiro da Avenida Ayrão e é uma das melhores de Manaus, mas os irmãos separaram a sociedade e só um deles é dono do hoje Hospital Santa Júlia. O médico Mário Ewerton e os irmãos gêmeos e ambos engenheiros Paulo Ney e Pauderley Avelino, então donos da Pan Costura, uma fábrica de roupas do Distrito Industrial e hoje donos da Construtora Capital/Rossi, também passaram a frequentar as reuniões de quarta feira, divulgando o que produziam. Levado pelo empresário Cristóvão Marques Pinto, dono de uma fábrica de poliestireno no Distrito Industrial, também passei a frequentar as reuniões do Rotary, primeiro como convidado e depois já inserido entre os companheiros. 

Como era apenas um repórter do Jornal A NOTÍCIA e ganhava pouco, comentei com o Cristóvão que não teria condições de frequentar todas as reuniões das quarta-feira, porque não teria como pagar depois. “Não se preocupe, eu pago e ainda mando buscar você”. Todas as quarta-feira, o carro Ford Landau, entrava pelo portão do jornal para pegar-me e me transportar direto à reunião do Rotary ou para me encontrar com o empresário Cristóvão Marques Pinto, na fábrica de poliestireno, que gostava de mostrá-la aos convidados, que eram muitos. No Rotary, era bem recebido pelos companheiros, Oto Fleck e Sérgio Guiller, diretores geral e comercial da Indústria Gradiente, Nizardo Rebouças Chagas, da empresa CAP Processamento de Dados e muitos outros que o tempo e as 11 cirurgias no cérebro desde 2006, me fizeram esquecer, embora queira lembrá-los um a um, mas se saibam que escrevo essa crônica pensando em todos os que conviveram comigo.

Durante as reuniões no Rotary, o companheiro Cristóvão Marques Pinto, ficava irritado quando diziam que ele era dono de uma fábrica de isopor, mas tirava na brincadeira e respondia: “Não é isopor! É poliestireno, um polímero resultante da polimerização do monômero de estireno”, explicava e completava,  sempre rindo, que só “é chamado de isopor depois que passa pela prensa de termoplástico e é usado para embalar os produtos que vocês produzem”. O empresário Massariko Watahabe, diretor uma indústria de eletrônicos do Distrito Industrial viajara à Brasília para uma reunião com o então Ministro do Interior, Mário Andreazza e era  aguardado na quarta-feira da reunião. Todos os empresários queriam saber como tinha sido seu encontro com o Ministro do Interior, coronel Mário Andreazza. Massariko deixou o Aeroporto Eduardo Gomes e seguiu direto para o Novotel, onde o aguardavam para saber e todos queriam saber como ocorrera seu encontro com o Ministro.

- Sabem quando um cachorro grande late o que acontece com um cachorro pequeno?

- Não sabemos, respondeu Cristóvão Marques Pinto, conte:

- Pois é: ele rosnou alto e eu coloquei o rabo entre as pernas, peguei minha pasta e sai de fininho da sua sala,  quase me urinando, acuado e nada falei do que queria falar!

Todos riram, inclusive Oto Fleck, que presidia o Rotary Distrito Industrial e voltou a presidi-lo por diversas outras várias vezes.

quinta-feira, 14 de maio de 2015

IDEOLOGIA PARA QUÊ, SE O FISIOLOGISMO É MAIS FORTE?


Ou o partido é de apoio incondicional ao Governo ou é contra o Governo, de forma moderada, em nome da governabilidade do país, seja lá qual o partido que esteja exercendo o poder. Não pode e nem deve fazer parte de uma colisão de apoio, pensando em seus próprios interesses corporativos, exigindo cargos depois de aprovar medidas controversas como compensação pelo “esforço”. Comprovo que a ideologia não existe mais; foi substituída pelo fisiologismo puro e simples, com partidos políticos que se dizem da base de sustentação ao Governo, sendo também fisiologistas. O Governo aprovou os ajustes fiscais relativos à aposentadoria, mas em troca de mais de 30 cargos no Governo.

Com isso, chegará o dia em que Dilma Rousseff terá que criar cargos para colocar indicados entrando “pelo ladrão”, sem concurso público, só pela força do QI (Quem Indicou) e saindo como “ladrões”, como vem ocorrendo ultimamente na Petrobras. Foi, no mínimo, ridículo o pedido de mais de 30 cargos no governo, feito pelos partidos que votaram a favor da medida em favor da Previdência Social.. No mínimo é ridícula, também, essa força do fisiologismo descarado que continua se mantendo e se perpetuando! Se foi justa ou injusta a aprovação, é discutível em muitos aspectos! Mas à total falta de comprometimento com a governabilidade do país foi bem pior! Ideologia para quê, se a força do fisiologismo político continua sendo a prática mais comum de todos os partidos políticos de sustentação ao Governo da presidente Dilma Rousseff. É mais ridículo, ainda, é líderes políticos que representam partidos tidos de oposição e defenderem os trabalhadores, anunciarem publicamente, falando direto aos interessados, que “ficaremos ao lado dos trabalhadores e votaremos contra essa medida que retira benefícios do trabalhador”. Mas será que no caso do Seguro-Desemprego, retirou alguma coisa dos trabalhadores mesmo, ou só vai melhorar o mercado de trabalho? 

Demagógicos, sem ideologia ou postura de brasilidade, os partidos fisiologistas talvez tenham aprovado o Ajusto Fiscal do Seguro-Desemprego com uma pequena margem de votos, porque tinham a certeza que poderiam chantagear o Governo em troca de cargos ao aprovarem o resto das medidas, mas como ex-presidente da Comissão Estadual de Emprego, no Amazonas, analiso que se retirou votos de partidos demagogos que supostamente falam em nome dos trabalhadores e votam em bloco por lideranças partidárias, melhorará o mercado de trabalho porque muitos trabalhadores, com ou sem cursos oferecidos pelo FAT, estavam retornando ao mercado e não permitindo que seus empregadores assinassem  suas CTPS, só para continuarem recebendo o benefício do Governo e, também, das contratantes, como se fosse serviços prestados, de forma autônoma.

O aumento de prazo para a concessão do benefício do seguro-desemprego também foi positivo porque reduzirá a rotatividade de mão no mercado de trabalho, com pedido de acordo depois de 90 dias. Garanto isso como empregador também: era mais fácil receber o seguro-desemprego e depois “arranjar um bico por fora”, do que desempenhar uma atividade com carteira profissional assinada, tendo que cumprir regras e bater ponto. Era um vício e, talvez reduzirá porque, o trabalhador pensará duas vezes antes de pedir para sair de uma empresa!

Até o PMDB, partido de Michel Temer, anunciou que se não recebesse o seu quinhão nesse “esforço” para aprovar o ajuste fiscal que beneficiou a Previdência Social, também viraria oposição, mas resta saber contra quem já que o seu maior expoente é o atual vice-presidente do Governo Dilma Rousseff. Isso já virou uma chantagem política que a sociedade não merece receber! Fisiologismo maior e mais descarado que esse nunca tinha “visto antes na história desse país”, como dizia o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 

Uma vergonha, um Governo ser vítima desse tipo de chantagem política em nome de interesses corporativos e partidários pessoais e não em nome da governabilidade do Brasil!

domingo, 10 de maio de 2015

MINHAS MÃES!




À Josefa Costa, Dra. Dulce Costa e Yara Queiroz, mãe do meu filho!

Na minha vida, três mães me acompanham: 
a biológica, a adotiva e a mãe de meu filho
delas, recebo carinho, amor, respeito e admiração.

I – Josefa Costa, mãe biológica

Cambito, terçado em suas mãos calejadas,
chapéu na cabeça,
camisa de manga longa, mesmo rasgada, 
descia as rústicas escadas de madeira 
ia para a lida do campo na comunidade do Varre-Vento, 
(acompanhado (nem sempre) pelo seu companheiro inseparável de jornada, 
o Téu, um cachorro vira latas
que não lhe abandonava)
Usava a manga da camisa para enxugar o suor de seu rosto!
Essa foi e é minha mãe, 
uma guerreira destribalizada Mura, de Autazes 
que fazia o que lhe dava prazer 
e sustentava a família, ainda não tão numerosa:
caniçar, coivarar, queimar roçado, arrancar mandioca...ordenhar, 
Criava periquito  (se suicidou, por ciúmes).
de meu nascimento, minha mãe dizia
“batia as roupas em pedras que existiam 
nas águas límpidas no Igarapé do 40”
Mário Alberto nasceu, (in memoriam)
ouvia no seu ventre, os cantores nacionais
Bertô Galeno, Ângela Maria, Pinduca, Pin,
Aguinaldo Timóteo, Odair José, Diana, César Sampaio e Sérgio Sampaio, 
os amazonenses Costa de Aquino e Abílio Farias, in memoriam
enquanto suas mãos calejadas davam troco , em Manaus! 
(na época que uma caderneta em poder do cliente 
era o símbolo da confiança do fiado para pagar no final do mês


II – Dra. Dulce Costa, mãe que “adotei”

Uma roupa branca levava diariamente, 
elegante, sorridente, maquiada, vaidosa e feliz
E, a peruca, (estilo da época: bolo de noiva)
Entrava no Hospital Dr. Fajardo, para exercer seu ofício  (diretora
do hospital infantil). 
voltava e almoçava em casa,
todos eramos felizes! 

II Yara Queiroz, mãe de meu filho!

Dos olhos, lágrimas escorriam
e molhavam o piso por onde corriam crianças 
no Maternal Floresta Encantada
(quando deixava nosso filho de 3 anos).
O retiraria: ele sofria muito.  
Yara Queiroz sofria muito mais que Carlos Costa Filho.
(17 anos depois,  sozinho vai para 
a escola em tempo integral).
Sentimos sua falta!
guerreiros de um mundo de paz
destruindo medos e temores!
(e construindo seus sonhos!)
Somos felizes!

sábado, 9 de maio de 2015

CARTA AMIGO CLAUDIONOR SANTOS! (9.05.2015)


Não permitiu Deus que a senhora Lúcia de Fátima Santos vivesse ao menos até o Dia das Mães para receber o último carinho de seu esposo, filhos e netos. Como ela ajudava e era prestativa e acostumada a servir a todos. Talvez, por isso, DEUS tenha mandado chamá-la na véspera do segundo domingo de maio,  porque precisasse dela junto a Ele, para organizar sua festa no Céu. 

Nunca esquecerei da cena entre a senhora Lúcia e seu Clau  como ela o tratava - abrindo a janela de seu apartamento e gritando: “sobe, Clau, teu almoço já está pronto!” E meu amigo Claudionor Santos respondendo apenas, “tá, Fá, já vou” e subia, andando lento, da piscina do Condomínio Florença Residencial Park,  onde costumávamos ficar juntos até seu apartamento para almoçar e voltar depois! Na saída, me dizia: “não vai embora que voltarei para continuarmos ouvindo os CDs do Zezo”. Eu o aguardava e ele voltava e continuávamos a escutar nossos boleros! Embora com pouca visão, o amigo Claudionor conhecia, pelo tato, todos seus imensos arquivos de CDs de bolero e outros gêneros. Presentei a ele com dois CDS de Boleros adquiridos no Aeroporto de Brasília, quando viajava a trabalho.

Também não esqueço que conheci seu Claudionor no condomínio e ele convidou-me para visitar seu apartamento e a dona Lúcia de Fátima abrindo a porta e ele dizendo para ela: “esse é meu novo amigo do Sistema S, como você” e ela me estendendo a mão. Daquele dia até hoje, já se passaram 16 anos, mas mandei fazer o forro de gesso de meu apartamento 204 no Bloco 2 A no Condomínio, com sanca e luzes no teto, coberta por um vidro leitoso, porque gostei de ter visto o forro feito no apartamento do meu “novo amigo” e decidi copiá-lo no estilo, apenas. No passado, sanca em apartamento era bonito. Agora saiu de moda e caiu em desuso! Eu, diretor-geral do SEST/SENAT na Região Norte;  ela funcionária do SESI. 

É, seu Claudionor, tudo isso ficará em minha lembrança para sempre, como também as nossas festas memoráveis na piscina que realizava com a colaboração dos moradores e a dona Lúcia me ajudando a fazê-las e trazendo doações que sua Fá, mandava fazer: eu, como Síndico que fui e o senhor como morador, apenas. Mas sua “Fá” foi chamada por Deus e não abrirá mais a janela de seu apartamento, com vista para a piscina como é o meu agora, no Mundi. O destino pega peça na gente de forma curiosa: nunca nos havíamos encontrado antes, mas nossa química foi imediata como também de seus filhos e neto Thiago, que ensinou meu filho Carlos Costa Filho a nadar!

Muitas vezes minha esposa Yara Queiroz descia para tomar cervejas e ouvir música na piscina do condomínio. Eu tomava meu wisk e subia. Muitas festas fizemos e sua Maria de Fátima Santos sempre a olhando pela janela de seu apartamento, preocupado porque o senhor perdeu parte de sua visão vítima de toxoplasmose. Mas, antes, fora um zagueiro cobiçado de times profissionais de Manaus, como também fora goleiro o nosso companheiro Luis Rocha, que mandou esquentar a mamadeira para meu filho de dois anos, porque estávamos nos mudando para o apartamento que adquirimos por um consórcio imobiliário,  esposo de dona Fátima, que participava de nossas festas.

Ah, seu Claudionor Santos, sei que a partida de sua Maria de Fátima Santos, lhe abalará, mas o senhor precisa ser forte e merece atenção mais do que redobrada de seus filhos e netos. A sua filha, professora Cláudia Santos, que criou o filho Thiago muito bem e já o deixou encaminhado, ficarão do seu lado nesse momento de dor e provação de Deus. Sei que o senhor desejava que sua Fá ficasse entre nós pelo menos até o DIA DAS MÃES para receber o carinho de seus filhos e netos, mas o câncer que a matou foi e continua sendo cruel com a vida!

Era a vontade de Deus, que abraçará sua Maria de Fátima Santos com todo amor porque ela cumpriu bem sua missão na terra e foi agora cumprir sua missão espiritual junto ao Pai! 

quarta-feira, 6 de maio de 2015

AS REVOLTAS!


Lenta ou rapidamente a revolta sempre surge e cobra em dobro tudo o que lhe levaram! Igualmente como os empresários que emprestam recursos aos candidatos e voltam para cobrar com juros e correções monetárias, mesmo que sob contratos superfaturados, obras contratadas,  não realizadas, mas pagas assim mesmo! Isso revolta!

As águas dos Rios Negro e Solimões estão invadindo municípios do Amazonas e devolvendo o lixo podre e mal cheiroso que despejaram em seus leitos! No Brasil, municípios e Estados do Amapá, Fortaleza, Natal, Pará e outros que também desrespeitaram a aparente frágil natureza - que pede socorro  -, a maré reivindica em dobro tudo o que lhe levaram sem pedir autorização, se defendendo de construções irresponsavelmente autorizadas em praias, dunas, faixas de areia que foram transformadas em ruas, casas de veraneio, mansões calçamentos, praças, tudo em nome de um progresso que só conhece o poder do dinheiro e desconhece que a natureza é frágil, mas também deve ser respeitada.  

O mar devolve em forma de peixes mortos, o lixo descartado irresponsavelmente em suas águas resultantes das construções erguidas em encostas, praias, ilhas, areias, em dunas ou resultado de desastres não tão naturais. A natureza está sendo despertada para os impactos que o homem produz e causa em troca de uma suposta beleza e aparente conforto. O homem que derruba encostas, constrói contenções, mas a maré o está despejando sem processo judicial demorado e burocrático! Para quê processo? Construções irregulares erguidas em praias poluídas devem ser derrubadas ou pela lei ou pela revolta da natureza mesmo! Depois, todos reclamam contra a sujeira, o mal cheiro, a poluição, a destruição causada pela maré e cobram providências dos poderes públicos.

Nas ruas, o povo está cobrando providências para minorar as catástrofes naturais,  que matam, dizimam e sepultam vivas pessoas soterradas. Na política, protestam contra a presidente Dilma Rousseff e cobram o fim da corrupção na Petrobras e outras coisas. As marés estão cobrando seus espaços perdidos para o homem, de forma mais violenta que podem. É a natureza cobrando em dobro tudo o que lhe fizeram e continuam fazendo, sem a menor preocupação com o que acontecerá depois. Muitos, a invadem por pura necessidade social de moradia, outros pela vista privilegiada que passarão a ter e alguns pelas possibilidades que terão para ganhar dinheiro com o aluguel de seus barracos para turistas. Em Macapá, Salinópolis, Fortaleza, Natal, Recife e outros locais em que invadiram e destruíram os arrecifes naturais e construíram artificialmente novas obras em seu lugar e proteger as construções autorizadas, não impede que a natureza se revolte e derrube tudo. Especificamente em Salinópolis, a areia da praia, cheia de construções e barracas, a maré não recua mais como ocorria em anos anteriores. Sumiram também os vários canais que se formavam no passado e permanecendo uma faixa de areia à vista. Agora, devido a ação maléfica do homem, não fica  mais nada e o mar avança de forma mais violenta e rápida, embora o horário de descida e subida da maré permaneca o mesmo!

Nas ruas do Brasil, desfilam tranquilamente adolescentes protegidos pelo ECA, usando drogas e nada é feito em favor deles. Decidiram, então, discutir a redução da maioridade penal, sem pensar que outras pessoas sem educação, instrução, também possam ser arrastadas para a marginalidade, por falta de Escolas de qualidade! Previa isso quando implantaram o Estatuto da Criança e Adolescentes: menores de 16 anos passariam a ser usados para assumir crimes por maiores, mas fingem não saber de nada. Reduzir a maioridade penal, sem investir na melhoria da Educação, será o mesmo que convidar outros menores como menos idade ainda para assumirem crimes pelos maiores. A recuperação de dependentes químicos é possível, transformando as penas privativas de liberdade de 3 anos em três anos de Curso Profissionalizante, acompanhado pelo Estado. Isso é plenamente possível, mas juntando educação, esporte e, principalmente, tratamento contra a dependência química e retorno à sala de aula. Por que, então, não apenar os infratores ao cumprimento de três anos de medida socioeducativa, acompanhada pelo Estado, pelo crime cometido, em fez de reduzir a maioridade penal para 16 anos? Talvez seja porque o Estado já tenha a certeza de que não cumprirá essa obrigação social, como também não cumpre com várias outras obrigações constitucionais!

No caso do lixo depositadonas águas e trazidos pelas águas dos rios do Amazonas e dos mares, como se fosse um presente no lugar do qual nunca deveria ter saído – embaixo das casas dos “porcalhôes” de plantão, agora reclamam do mal cheiro e cobram das autoridades! Por que o lixo não é descartado nas águas depois que colocam perfume para o receberem com cheiroso na devolução? Seria ótimo, mas muito caro e provavelmente exigiriam que o poder público colocasse perfume no lixo antes de  o descartarem nas águas dos rios e dos mares!

Ninguém é culpado e nada e todos são culpados coletivamente, ou seja, a sociedade coletiva é a única culpada por tudo, embora cobre do poder público uma solução!

terça-feira, 5 de maio de 2015

CONSELHOS SÃO INEFICIENTES E DEPENDENTES!


A denúncia apresentada pelo Fantástico mostrando as dificuldades enfrentadas pelos Conselheiros Tutelares, pela falta de recursos financeiros e de estrutura física para desenvolverem seus trabalhos, foi apenas a ponta de um iceberg no mar da realidade que é o Brasil. As coisas ainda são bem piores porque a transferência de responsabilidade do Governo à sociedade civil organizada, aparentemente democrática, termina sendo uma catástrofe, infelizmente, literalmente e atinge também a outros tipos de organizações cujo controle fica na mão da sociedade, mas dependendo de nomeação dos Governos Estaduais ou das Prefeituras.

Como ex-presidente por duas vezes da Comissão Estadual de Emprego no Amazonas, viajei por parte de alguns dos municípios do Estado, propondo a criação de Comissão Municipal de Emprego e a pergunta inicial que recebia dos administradores municipais era se criando-as recebiam mais verbas ou se poderiam nomear parentes para compô-las. Como as respostas eram sempre NÃO, me perguntavam para quê, tantas Comissões? Respondia, para melhor controle dos recursos federais. Consegui criar poucas, algumas em consórcio com outros municípios que se juntavam, o que se tornou inviável para a realidade do Estado, onde as estradas são os rios e os membros das comissões nada recebem por esse serviço e lhes são negadas verbas de 2%  prevista na Constituição, para exercerem com independência seus papéis de fiscalizadores. 

A resposta que mais recebi dos prefeitos quando dizia NÃO, era “não tenho interesse e também não entendo para que a necessidade de tantas comissões...” As Comissões deveriam servir para fiscalizar e cobrar atos dos prefeitos e não serem nomeados pelos prefeitos durante seus mandatos. Como podem funcionar com independência e autonomia se fiscalizarão os próprios prefeitos os nomeou? Também não existem atos jurídicos para se afastar um prefeito por descumprimento do que deveriam cumprir e não o fazem. Nem mesmo intervenção municipal não funciona porque depende do judiciário e este normalmente não autoriza, mesmo se pedido pelo Ministério Público. Como explicar que os membros das comissões nomeadas fiscalizarão os próprios prefeitos? Nunca haverá independência porque se ao menos os Conselhos recebessem o dinheiro a que teriam direito pela Constituição que lhes destina 2% das verbas do Fundo Municipal?

Caso não exista forma de mudar esse processo, seria melhor o governo federal repensar todo o processo e nomear diretamente os conselheiros tuteladores, os membros de Comissões, de Fundo Estadual ou Municipal, de forma piramidal, a fim de que possam ter autonomia para fiscalizar os recursos financeiros destinados aos municípios, principalmente os destinados ao Fundebe, que são mais facilmente desviados pelos gestores municipais.

Da forma que estão hoje, Comissões, Conselhos e tudo o que for criado para fiscalizar a aplicação do dinheiro público, tornam-se ineficientes e dependentes de boa vontade de quem os nomeou, ou seja, em outras palavras, serão capachos!

segunda-feira, 4 de maio de 2015

MEMÓRIAS E SAUDADES....!



Para os amigos que conviveram e me conheceram de verdade. Em especial aos advogados Antônio Paiva e minha esposa Yara Queiroz, por conviverem e aceitarem  a chatice e as cobranças!


Ainda me sinto no corpo o leve peso de meus oito anos de idade, correndo com 22 quilos pelas ruas do bairro Morro da Liberdade, onde nasci, puxando carros imaginando serem tratores do Departamento de Estradas de Rodagem do Amazonas, operados pelo meu padrinho Francisco Januário Calado. Agora, sou apenas um saudosista prisioneiro sem algema das bactérias hospitalares borrelia e serrátia, cheio de lembranças, memórias e saudades para contar em um corpo de 72 quilos! Deixo minhas lembranças fluírem livremente e percebo que sinto saudades de tudo o que vivi e meu Beco São Benedito que agora se chama Beco dos Pretos e nada mais é como fora antes: o progresso chegou, matou minha infância e todas minhas lembranças, construindo novos sonhos em seu lugar. Ah, como tenho saudades de tudo!

Não vi passar o tempo e estou vivendo em um corpo de 55 anos, andando lento no Condomínio Mundi, parecendo ser mais um espectro de gente por trás de um grosso óculos bi-focal e sem lateralidade na visão, mas vendo tudo, criticando e cobrando. Aliás, o tempo é invisível aos olhos e só é sentido no corpo e no coração, que teimosamente fica recordando as coisas. As boas, gosto de relembrá-las. Das ruins, tratei de esquecê-las há muito tempo, deletando-as de minha memória, como se diz no mundo de hoje. Como se diz no mundo digital de hoje, minha memória já foi muito boa, mas agora está um pouco prejudicada demais com as 11 cirurgias a que fui submetido no cérebro, enfrentando UTIS e CTIS. As poucas lembranças ruins que tenho, ainda me perseguem. Do Morro da Liberdade de meu passado, também não existem mais o mercadinho Três Irmãos, a Casa Leão, muito menos o Igarapé do 40, onde nadava e apanhava água para beber no depósito de açúcar em um prédio branco, que diziam ser de um tal Aguiar. Minhas lembranças boas foram engolidas pelo progresso que constrói sonhos e destrói memórias e lembranças e nada deixando para as novas gerações verem como já foi linda minha Manaus. Uma pena! A Rua São Benedito, por onde corria no passado, estranhamente passou a se chamar Rua Dona Mini, por obra e graça de um político que decidiu homenagear a mãe de um provável financiador de sua campanha, mas não sei quem foi a homenageada e, mesmo com o nome  oficialmente decidido por decreto, o povo do Morro continua chamando-a de São Benedito. Por que não poderia ter sido Rua Natércia Calado, que morou 55 anos na mesma rua e já faleceu? Não sei dizer! Acho que ela não tinha importância para a política e nem dinheiro para gastar com investimentos em campanhas cada vez mais milionárias em troca de homenagens futuras! Minha madrinha, tinha importância emocional para mim e todos que tiveram a felicidade de conviver com seu sorriso e sua prestatividade desinteressada, mesmo quando passou anos em uma rede por motivo de doença!

De minhas sandálias havaianas que usava e ainda hoje não as tiro do pé nem para tomar banho, subia apenas a poeira atrás de mim, quando corria pela Rua São Benedito. Eu era em meu corpo de menino de 22 quilos, puxando carros imaginários ou empurrando pneus e aros de bicicleta, com arame, imaginando-os como se fossem meus futuros meios de transportes. Só consegui adquirir a primeira bicicleta velha e sem frio aos 12 anos em 1972 e, em 1979, com economias da venda de jornais pelas ruas de Manaus, adquiri meu primeiro carro fusca 1962. Mesmo inabilidade e menor de idade, o dirigi da Rua 24 de Maio, no centro de Manaus até a Av. Adalberto Vale, estacionando-o feliz da vida na casa de número 68 da rua. Esse carro, que transportou minha namorada, uma professora de inglês do Colégio Dorval Porto, deslizou sem freio e se acabou, com perda total, dentro do “Buraco da Vovó”, sem residência alguma e, onde, mais tarde, passou a residir a namorada de meu amigo de Grupo Escolar Adalberto Valle, Willian, irmão da Williana e filhos da Dona Rosa, que tinha uma mercearia no Morro da Liberdade. Depois de três dias sem dar notícias, apareci em casa e vendi a sucata do tinha sido um dia meu carro, para um morador do bairro.

Tantos amores vivi, tantos amores perdi, tantos anos se passaram e hoje me vejo aprisionado por duas bactérias hospitalares, caminhando lento e sem visão lateral pelo Condomínio, onde resido atualmente e faço parte de seu Conselho de Administração. O tempo é ingrato com todos e foi ingrato comigo mais ainda porque duas bactérias que se alojaram em meu cérebro e, mesmo tomando antibióticos desde 2006, não me livrei delas. A última convulsão que sofri e que tive que ser hospitalizado, mas não internado e sem cirurgia, ocorreu em 30 de novembro de 2002. Ah, como sinto saudades de tudo o que vivi: picolé com o sanduíche de ovo que comia na merenda da Escola, do triângulo de cascalheiro em minhas mãos, batendo como se fosse um louco e anunciando que tinha um tambor maior do que eu em minhas costas, da caixa de picolé no ombro que carregava, do jornal que transportava embaixo e deixavam tintas em minhas roupas, das palmeiras imperiais que existiam na Praça da Matriz, dos trilhos de bonde retirados do mesmo, derrubadas pelo ex-prefeito Jorge Teixeira de Oliveira para dar lugar a primeira estação de ônibus, das ruas calçadas de paralelepípedos, no centro de Manaus. 

Das corridas que dava quando criança livre, leve e solta e sem pensar em nada! De tudo tenho saudades, mas cresci, passei a ter responsabilidades, casei duas vezes, ao terminar a faculdade de Jornalismo e depois Serviço Social.

Se saudade matasse, tenho certeza que já estaria morto!

sábado, 2 de maio de 2015

LIBERDADE...!


LIBERDADE NÃO É UMA PALAVRA ABSTRATA, MAS CONCRETA E DEVE SER PRECEDIDA DE RESPONSABILIDADE! VIVA A SUA LIBERDADE COM RESPONSABILIDADE, LEMBRANDO SEMPRE QUE AONDE TERMINA A SUA, COMEÇA A DO OUTRO!  (CARLOS COSTA)


Qualquer que seja o tipo de liberdade com ou sem corrupção, será sempre melhor que qualquer ditadura que engana, mente e impõe sua vontade e a de quem está no Poder! Na liberdade democrática pode-se corrigir rumos; na ditadura, só com o uso da força, sequestros, saques, assaltos em busca da liberdade perdida, usurpada. Contudo, toda liberdade sempre vem precedida de uma responsabilidade, exercendo livremente sua cidadania, com respeito, ordem e reivindicando direitos.

De uma forma simplória e filosófica, a palavra “liberdade” significa a condição de um individuo não ser submetido ao domínio de outro. A liberdade, contudo, tem outros significados mais amplos. O teórico jurídico Kelsen, defendeu que toda força impositiva se justifica pelos atos que promove na condução de um Poder, mesmo usurpado, mas não é bem assim! A liberdade é a ausência total de submissão, servidão e determinação. É a total e responsável independência do ser humano! Por isso, com todo respeito, não aceito a teoria do jurista, embora em poucos casos, se justifique esse terror. 

Na prática, liberdade é um conceito tão genérico e ao mesmo tempo concreto que transcende o entendimento de muitos que entendem a liberdade como o ato de depredar, destruir patrimônio público e privado, incendiar etc. Também entendem como o direito de bater em professores em greve, negar que acessem a casa do povo, que não é mais tão do povo assim porque a Justiça nunca está do lado de quem deveria, Mas se isso é liberdade, o que seria, então, uma prisão sem grades? Em sentido inverso, seria a mesma coisa! Liberdade não é só o direito de agir sobre seu livre arbítrio, porque antes precede de uma obrigação, um dever, uma jurisprudência, qualquer coisa. Liberdade por liberdade pura e simplesmente é anarquia e na anarquia sem responsabilidade, seria igual a uma prisão sem grades porque a anarquia é um processo que também vem precedido de responsabilidade.

A liberdade é histórica e foi criada em 1793, criada pela Revolução Francesa, que adornou em sua bandeira as palavras “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”, porque sozinha, isolada, a liberdade não é nada. Ela teria que vir com igualdade e fraternidade entre as pessoas. No Brasil do individualismo, do ter por ter, do querer sempre para si sem pensar nos outros, a palavra liberdade sem ser precedida de responsabilidade, é ainda um dos maiores problemas que dificultam a condução de um país próspero, responsável e desenvolvido, porque existe liberdade sim, mas faltam a igualdade e a fraternidade! Sem isso, a liberdade não passa de um sonho e o Brasil está sonhando, infelizmente, porque nada do que ocorre foi idealizada por pensadores e filósofos como Sartre, Descartes, Kant e Marx que disse “se a aparência e a essência das coisas coincidissem, a ciência seria desnecessária” ou, ainda, “se uma pessoa ama sem inspirar amor, isto é, se não é capaz, ao manifestar-se uma pessoa amável, de tornar-se amada, então o amor dela é impotente e uma desgraça”.

Que quis dizer Karl Marx? Liberdade de agir, amar, se doar, respeitando a liberdade do próximo e, respeito, é o que ainda falta muito para o povo brasileiro aprender porque, infelizmente, a liberdade continua sendo, na cabeça da grande maioria do povo, um conceito utópico porque quando se a tem, não se usa para o fim do bem e também porque permanece questionável se realmente os indivíduos têm a liberdade que dizem ter, se as mídias realmente existem livres ou não!

Eticamente, a liberdade também está relacionada ao conceito de responsabilidade, o que mais está em falta no Brasil das revoltas, dos professores sendo enfrentados pela polícia, sem poder entrar na casa dos parlamentares que elegeram....Isso é ridículo! Como já se viu liberdade sem liberdade? Concluo essa crônica com as palavras do Hino da República, escrito por Medeiros de Albuquerque: “Liberdade! Liberdade! Abre as asas sobre nós!” porque os indivíduos manifestam sua liberdade em grupo, criando seu próprio mundo e defendendo seus próprios interesses e não os coletivos, como deveria ser.