sexta-feira, 13 de março de 2015

CRÔNICA DE NATAL - "NÃO SABIA QUE DOÍA TANTO"


Natal é Natal, a verdadeira! 

Mas João Pessoa tem lá seus encantos que não encontrei em Natal, como Coroa Vermelha e as Praias do Coqueirinho e do Beça, entre outras que já as tinha conhecido em viagem anterior e voltaria a rever, principalmente para tentar uma outra foto da Praia do Coquerinho,  que usava como tela de descanso em meu celular, mas a perdi. A foto mostrava os coqueiro e o mar ao fundo. Desejava voltar e fazer uma outra foto no mesmo ângulo. Voltei, mas não consegui, já estava escurecendo quando nos chegamos e a primeira foto fora tirada pela manhã, com beleza exuberante que todos para quem mostrava ou viam ficavam admirados.

Pensando nisso, cruzei e aprecie a decoração do Restaurante Camarões, no qual o ex-presidente da UBE/RN, Eduardo Gosson, já me aguardava à porta e conduziu-me conversando. Dele, recebi o livro de crônicas “Crônicas da Família Gosson,”. À mesa, era aguardado por vários outros escritores, com livros seus para me presentear. Recebi vários, mas escolhi dois para lê-los de imediato, em Natal e, no carro, rumo a a João Pessoa: os do sensível cronista e poeta Eduardo Gosson e “No Ventre do Mundo”, ensaio premiado do professor Paulo Caldas Neto, com muitas citações filosóficas., ganhador de um prêmio de literatura naquele recanto de intelectuais. 

O livro “Crônicas da família Gosson”, narra a ascendência de sua família no Líbano, passando por Maranguape/CE, fala de mortes de membros da família em Natal e termina quase sempre com a frase “eu não sabia que doía tanto”.  Contudo, a obra é cheia de vida e não monótono como pensei sê-la no início. A linguagem do autor é suave, gostosa, mesmo quando narrando seus infortúnios que a vida lhe deu de presente. “Eu não sabia que doía tanto”, perder um filho! Ainda lhe dói no peito uma dor invisível e só quem a sente é que sabe o quanto dói na alma. É uma inversão de sentido da vida: o filho deve estar sempre preparado para enterrar os pais, mas “doe demais” o pai sepultar um filho, ainda jovem! Nas mesas dos bares de praia por onde passei, ficaram gravadas a frase “eu não sabia que doía tanto”,  porque eu não sabia que doeria tanto deixá-los amigos queridos que conheci pessoalmente.  Continuei lendo mesmo sabendo que me doeria tanto a despedida, de João Pessoa e tive que fazer releitura em Manaus.  

Deparei-me com detalhes da saga de homem guerreiro que ficou órfão muito cedo, criado por parentes, formando em direito, perdeu membros de sua família e um filho gêmeo muito jovem ainda e, agora, prestes a se aposentar, teve seu salário reduzido, prejudicando-o, mesmo tendo recebido gratificação de 100% por mais de cinco anos no TJ/RN. “No ventre do mundo”, com muitas citações filosóficas, não consegui concluir a leitura da obra em solo potiguar e nem deixei marcas no ventre das mesas pelas quais passei em João Pessoa, tomando água de coco, apenas. Deixei-a para ler com calma em Manaus. 

Não lhes presenteei com nada porque em minha primeira viagem à Natal e João Pessoa, em janeiro, não consegui conhecê-los pessoalmente e não levei nenhum livro para presenteá-los, mas recebi vários: “Do Picadeiro ao céu: o riso no teatro de Ariano Suassuna”, de Paulo Caldas Neto, “Jornal da Saudade - Natal do meu tempo de menina”,  de Casi Cortez, “15 poetas do RN” – Concurso de Poesia Luís Carlos Guimarães; “ANL Revista – Câmara Cascudo na Revista de Cultura Brsileleña”, de Afonso Bezerra, (Revista da Academia Riograndense de Letras n. 41, de outubro-dezembro/2014: “Ressaca”, de Águeda Maria Mousiubo Zerôncio, 

Segui para João Pessoa, na Paraíba e hospedei-me na casa da amiga Joseane Farias. Durante a tumultuada partida, marcada para as 9 horas, conseguimos alcançar a BR-101, próximo ao meio dia. Durante a viagem, os meus óculos 7,5 graus que transportam um corpo envelhecido pela doença, conseguiram observar poucas e distantes passarelas para pedestres na Rodovia BR-101. Ouvindo músicas de bolero e pensando que seria recebido com um cuscuz de milho preparado no capricho com verdura e ovo, pela dona da casa, Joseane Farias, lia o livro de Gosson e me encantava com cada palavra e cada frase. Ao narrar infortúnios de cada morte na família, o autor concluía com a frase “não sabia que doía tanto”. Não fui recebido com o cuscuz com verdura e ovo que pensava, só Joseane sabe fazer, mas com muito carinho pela papagaia que cantava “loura” sempre que me via. Talvez, com saudades, também fez sua festa particular e ficou em minhas costas, depois saiu.  Como Joseane prepara o cuscuz para ficar tão molhadinho ensinou, mas nossa secretária Maria Joaquina não acertou fazer igual. Joseane, qual o segredo que você coloca no preparo, além de amor e carinho por mim e pela minha esposa Yara? Seria só um pouco mais de carinho e mais amor, mesmo? Desconfio que não seja só isso, mas deixa para lá! Um dia descobrirei o seu segredo, se é que possa existir maior segredo do que amor e carinho, para se viver bem!

Lentamente, degustarei todos os livros que recebi de presente no Restaurante “Camarões”, sentindo o gosto de cada palavra porque por trás de cada autor, existe uma história de vida e de cada história de vida, transforma em palavras, mas deixarei de apreciar a que obra do “poeta del mundo”, ensaísta e fotógrafo, Consultor de Desenvolvimento Estratégico e Cônsul de Lisboa, do Ministério do Interior e professor universitário aposentado Carlos Moraes dos Santos, porque não a recebi como prometera fazê-la. Mas leu para mim do livro que não lerei, um verso! Disse-me que quando deixar a vida material quer que seu corpo seja cremado e as cinzas sejam jogadas no Mar de Natal e de Portugal, para ele continue vivo e surfando em ondas poéticas. Diferente de mim, aposentado por invalidez devido ao empiema cerebral que sofri em 2006, aos 46 anos, sem ter idade, acredito que meu xará cônsul de Lisboa, se aposentou por tempo de serviço, podendo morar seis meses em Natal ou, no bairro Ponta Negra e seis meses em Algés, em Lisboa, o que pretendo fazer depois da aposentadoria de minha esposa Yara, morando seis meses em Natal ou João Pessoa e seis meses em Manaus.

3 comentários:

  1. Uma bela crônica amigo Carlos Costa, meus parabéns!

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  2. Joseane Farias/João Pessoa13 de março de 2015 às 16:16

    Meu amigo Carlos Costa, admiro.muito suas Crônicas, essa em especial quando fala de meu Nordeste e de minha Paraíba, sempre.estarei.de braços.abertos a lhes receber você e.minha amiga irmã Yara Marília Queiroz sua amada esposa, só fico triste pq sua passagem por aqui são rápidas, pois a responsabilidades lhes chaman,você não.calcula como mim entristece quando.chega o dia de viajarem, mas algo.dentro de diz: fica calma que logo logo eles.estarão definitivamente morando por aqui, isso tenho esperança questão de tempo; portanto.amigo fica com Deus e parabéns por mais um excelente Trabalho.

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  3. Muito interessante essa cronica,tenho um sonho de morar,6 meses aqui e sair desse frio.E seis meses na minha cidade,natal (Mao),onde o calor,nunca é demais e durmo sem arcodicionado so deliciando,a temperatura.Conheço um pouco do nordeste e o pouco que conheço,sempre falo aqui, para quem quer informaçoes,que o nordeste para o turismo e viver é maravilhoso,o povo é traquilo e isso nao é defeito e sim um estilo de vida,aqui temos um catao que o povo,tem estilo e cultura,e os Suiços,fazem muita gozaçao,assim como muitos fazem,com os nordestinos no Brasil.So que aqui,rimos depois,dessas gozaçoes.Acredito que a terra,Natal e aquela cidade que meu coraçao,bate mais forte e pode ser uma duas ou tres.....,o importante vale a felicidade e traquilidade no coraçao.E tudo vai dar certo se Deus,quizer.Essa,cronica é profunda e realista.

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