quinta-feira, 17 de abril de 2014

O POETA, O CANTOR NACIONAL E A GOZAÇÃO!



O ano, não lembro mais. Mas década era início dos anos 80.

Eu,  escritor iniciante e apenas com um livro de poesias publicado, (DES)Construção, em 1978, mas com certo prestígio na mídia local; o poeta nacional Jorge Tufic; o cantor amazonense lançando seu primeiro LP, Edney Sander; o cantor Odair José, que fazia muito sucesso naquela época e mais o Ronaldo Tiradentes, então Secretário Estadual de Comunicação e hoje empresário de comunicação estávamos dentro de uma pequena aeronave nos deslocando do “Eduardinho” com destino à terra do Guaraná, a convite do então prefeito de Maués, Carlos Esteves. Fomos convidados para a “Festa do Guaraná”, mas antes teríamos que compor uma mesa e participar como jurados em um evento cultural. 

Dentro da aeronave com vários paletós brancos sob o braço, Edney Sander, em sua primeira apresentação na famosa festa do município, começou a perguntar à atração nacional Odair José, como fazia para manter sua voz sempre em forma. Entrando na onda e pensando que fosse apenas uma mera brincadeira de cantor principiante e empolgado, Odair José respondeu:

- Gargarejo com água morna.

- Mas isso dá certo mesmo?

- Lógico que dá e se eu fosse você, começaria a praticar agora mesmo!

Edney Sander se levantou, entrou no banheiro da pequena aeronave, colocou água fria na boca, “iniciando” sua tarefa para fazer sua primeira apresentação. Dentro do avião eu, Jorge Tufic, Odair José e Ronaldo Tiradentes começamos a rir. O Jorge Tufic riu tanto que passou a sentir dor nas costas e o Edney Sander, fazendo gargarejo no banheiro da aeronave, não sabia de nada, principalmente que o cantor de quem Edney Sander também era fã, estava tirando sarro dele. Depois de mais de 30 minutos gargarejando com água fria mesmo, o cantor amazonense saiu   e voltou a perguntar ao cantor Odair José:

- Será que eu gargarejei o suficiente? Acha que preciso praticar um pouco mais, afinal, vai ser minha primeira apresentação! Por isso trouxe esses doze paletós brancos. Você que já é um cantor famoso, acha que serão suficientes? Odair José olhou para os paletós e nada respondeu, mas ficou com olhar de desaprovação.

- Acho que não! Melhor o amigo continuar fazendo seu gargarejo, afinal, o cantor se apresentará antes de mim e não deve fazer feio e nem pode ter problemas de voz – aconselhou o cantor Odair José, agora tirando sarro de Edney Sander.

Descemos no Aeroporto. Um jipe do prefeito foi nos apanhar. Eu, Jorge Tufic, com certa dificuldade devido a dor nas costas, Ronaldo Tiradentes e o cantor Odair José entramos no jipe. Edney Sander, com seus paletós brancos no braço, disse que não entraria, pois outro carro deveria vir buscá-lo. Como isso não aconteceu, o cantor amazonense foi até hotel reservado na orla de uma praia da cidade,  na Ponta da Maresia, caminhando a pé mesmo. Chegou cansado e suado! 

O hotel era de um ex-garimpeiro que ficou rico no então Garimpo Santa Rosa e foi construído com uma escada lateral para quem decidisse subir para o segundo andar, mas sem qualquer cobertura. De noite, o Ronaldo Tiradentes decidiu preparar uma panela de caipirinha, construir uma barraca para pescar tucunaré e dormiu na praia, mas não fisgou nenhum peixe. Amanheceu com o rosto muito vermelho e com cara de resseca.

No hotel, o poeta Jorge Tufic perguntou se havia alguém na cidade que viesse fazer uma massagem nele. Apareceu uma enfermeira. Ao final, Jorge agradeceu, dizendo:

- Nunca fui massageado por uma enfermeira tão gentil antes!

- Também nunca havia massageado um poeta tão famoso – respondeu a enfermeira!

Na hora do show musical, a praça lotada à espera da atração nacional Odair José, que cantaria depois, Edney Sander entrou no palco com seus paletós brancos no braço e começou a cantar. Conseguiu errar até letas de música de seu próprio LP, sendo aplaudido de forma discreta. Depois ovacionado por gritos, assobios e palmas, entrou no palco quem todos queriam ver: Odair José. Depois das apresentações, um jipe, mais uma vez, foi nos apanhar e novamente o cantor amazonense se recusou a entrar no carro com seus paletós brancos. Entramos eu, o poeta, o cantor nacional e o secretário de comunicação. 

Mais uma vez Edney Sander não entrou no carro e foi andando até o hotel, com todos seus paletós brancos no braço, porque ele só usou o que estava vestido. Chegou hotel cansado, suado e todo sujo de lama.

8 comentários:

  1. Muito bom seus contos, enriquecem nos conhecimentos. Nossa imaginação floresce.
    Parabéns Carlos!

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  2. Rsrs... um grande "mico" de Edney Sander!!!
    Fico imaginando a reações de cada um!!! Rsrsrs...
    Muito boa a crônica!!!

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  3. [25tacoatiata: Kkkkkk.essa foi boa
    ipo de coisas que sempre rimos ar

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  4. Itália Jimenez/Cantor25 de junho de 2016 às 19:41

    12 é um número profético , então pelo menos nisso o Sandler acertou!!!

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  5. Luiz Castro/Deputado Estadual27 de junho de 2016 às 03:27

    Boa noite, Carlos. Gostei de sua crônica.
    Que fim levou esse cantor Edney Sander?

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  6. Boas recordações...gostei

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  7. Esse mesmo EdneY Sander eu contratei para alguns eventos em Itacoatuara e era mais comico que Cantor..... e como em Naués todos aplaudian......Sempre com sua vestimebta Imponente e Branca ........Ficou em Itacoatiara e virou Galã..

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