quarta-feira, 31 de agosto de 2016

EMOÇÕES EM ITACOATIARA! (VELHAS LEMBRANÇAS)


Manoel Vieira da Costa (im memoriam), dono da Soltur e Roberval Vieira.


Como sempre me dizia o amigo e companheiro de jornadas pelo mundo afora, Dr. Mauri de Macedo Bringel – “a vergonha de quem pede está na resposta de quem nega” – telefonei para o companheiro e amigo Flávio Willer Candido, sócio da empresa Aruanã  Transportes, (hoje também advogado)  e lhe pedi uma passagem para chegar ao município de Itacoatiara, antes dos amigos que iriam depois, de carro.  Itacoatiara, ou “pedra pintada”, fica a 267  quilômetros de estrada cheia de buracos da capital do Estado.  Perguntou-me: “E para você, mesmo a passagem?”  ”É para mim!”. “Lógico meu querido. Procure a Rodoviária e se apresente ao atendente. Seu nome já estará lá”.  Fiz como o amigo de jornadas me orientou! Estava dentro do segundo ônibus da Aruanã do segundo horário (o primeiro perdi. Na Rodoviária de Manaus existem duas placas: uma de embarque de um lado e outra de desembarque do outro. Dentro, só existem 5 plataformas sem qualquer identificação e o ônibus estaciona onde não estiver ocupado o espaço) . O primeiro, perdi perdido por falta de orientações claras na péssima Estação Rodoviária de Manaus, Clovis Beviláqua, inaugurada pelo prefeito José Fernandes de Oliveira, há muitos anos.

Estava retornando ao Município no qualdezoito  anos antes confirmei a gravidez de minha esposa Yara Queiroz. Foi engraçado como fiquei sabendo. Viajaria de táxi para a casa do advogado Raimundo Silva.  Ao me despedi, falou-me: “estou desejando tomar uma cuba livre. Na viagem, você compra  uma garrafa de Rom Montila e eu, quando for, levarei a Coca-Cola. Ao chegar em Itacoatiara para encontra-lo, farei a Cuba Livre e tomarei”.  “Logico!”. Antes da gravidez confirmada com Cuba Livre de nosso primeiro e único filho, me dera vários notícias: “Acho que estou grávida”. “Acho que perdi nosso filho”.  Na confortável residência estilo japonês na qual sempre me hospedava no município, erguida majestosamente com vista ao passeio “Jornalista Aguinelo Oliveira”  tive a certeza:  tomou uma dose de cuba libre e desmaiou, com pressão baixa e suando muito frio! Estava confirmada! Devido a isso e a diversas outras lembranças acumuladas, a volta ao município representaria muito para  mim: reviveria um passado e reencontraria amigos, o que pensei que não seria mais ser possível porque o tempo voa e não corre como eu desejava que fosse e assim era na adolescência: não o via e nem o compreendia a complexidade do tempo e quase não o percebia passando por mim! Já tinha conhecido o município para onde meu pai Paulo Costa sempre viajava

Na  primeira vez  aos 16 anos, no dia 14 de novembro de 1976, na fatídica “viagem da agonia”, dos 39 passageiros que embarcaram no ônibus, só  quatro sobreviveram. O “Frescão” da Soltur, terminou sua viagem no leito do Rio Urubu, como descreveu a testemunha ocular da trágica história, o jornalista e escritor Roberval Vieira em sua obra “Memórias de um Repórter”. Por pura curiosidade de um futuro repórter que viria a me tornar anos depois queria ser testemunha da história também. O  companheiro do jornalista Roberval, tinha colocado o município na mídia da capital a só desejava testemunhar como se daria a sucessão política do fazendeiro Aurélio Vieira dos Santos aos  candidatos mais expressivos na época, o empresário Chible Abrahim e o médico Milton Amed.  A Arena e MDB, Itacoatiara não saíam da mídia na capital, principalmente no jornal A NOTÍCIA, onde Roberval Vieira também trabalhou..

No sábado à noite, lançaria na Academia Itacoatiarense de Letras, presidida por Ester Araújo.   a obra científica na área do serviço social,  “O CAMINHO NÃO PERCORRIDO – A TRAJETÓRIA DOS ASSISTENTES SOCIAIS MASCULINOS EM MANAUS (Ed. UFAM/2013)”, A presidente  foi buscar-me  na Estação Rodoviária do Município. Aliás muito limpa e bem sinalizada para um município de pouco mais de 100 mil habitantes. Depois do lançamento, o amigo Jeovan Barbosa, matou minha saudade e fui rever a comunidade do Varre-Vento, onde morei em minha adolescência até os 8 anos . Iria reencontrá-la 48 anos depois.  Pertencem-lhe as melhores lembranças de minha adolescência. Nasci em Manaus, mas a família de agricultores foi morar na comunidade que me viu menino. Na viagem de retorno às lembranças, também estava acompanhado do Dr. Alberto Valério, leitor das crônicas que publico no facebook..

Naquela primeira e fatídica viagem, embarquei meia noite na Rua da Instalação, em frente à Feira das Frutas. Talvez fosse a inauguração e primeira viagem do ônibus com ar condicionado, um dos primeiros a circular em Manaus. Devido ao excesso de propaganda em torno da campanha política  partiu meia noite, com lotação completa.  Agora, estava viajando em um confortável ônibus com ar condicionado da empresa Aruanã, na agradável companhia de Valderez da Cunha, que insistia em se dizer “cobradora” em vez de “rodo moça”, que é o correto. Depois que perdi o ônibus do horário das 8 da manhã, por falta de informações na precária rodoviária de Manaus. Voltei ao clichê da Aruanã, comuniquei o que ocorrera e um rapaz muito cortes e educado, me atendeu, pediu desculpas pelo transtorno e remarcou para depois do 10 horas o próximo embarque,  se prontificando a guardar os livros que portava dentro da sala da empresa e disse que me conduziria até o embarque. Não foi preciso a presteza do agente de passagem Daniel!

Dessa vez, além de lançar um livro científico na Academia e participar do lançamento da Revista ITA NEWS no Cinema DIB, estaria retornando também para rever amigos do passado, como o advogado e ex-juiz do trabalho e agora vereador Raimundo Silva, o fazendeiro João do Joca, que  conheci ha 40 anos, ainda seu porte atlético e firme. Ele ofereceu em sua fazenda um churrasco a todos que compareceram à inauguração da Junta no Município de Itacoatiara. O “desconhecido advogado ao Tribunal do Júri”, como foi descrito por mim em A NOTÍCIA, Raimundo Silva, agora vereador em sua terra, prestou homenagens à memória de pessoas ilustres como ao deputado estadual  João Valério de Oliveira, o jornalista Aguinelo Oliveira e, também, resgatou a memória da professora Raimunda Vasconcelos Dias, a primeira vereadora do Brasil, da tradicional  “Vasconcelos Dias” da “Velha Cerpa”. Raimundo Silva foi presidente da Câmara Municipal em seu município por dois mandatos, com todas as  contas aprovadas!

Estava dormindo dopado de remédios quando cruzei a ponte agora existente sobre o Rio Urubu, Mamoud Amed,  onde terminara a “viagem da agonia” de 2006. Na comunidade de Lindóia,  paramos para o almoço e Valderez apanhou-me à mesa.. Durante vários momentos da viagem, a leitora itacoatiarense Ivone Farage, que foi me conhecer durante o lançamento da Revista Ita News, no Cine Teatro DIB, que fechara por falta de público, foi se comunicando comigo por mensagens de whatsapp, perguntando se estava medicado e se estava bem...Nem sempre essa comunicação era possível, mas foi me acompanhando e foi quem me alertara que havia perdido o ônibus das 8 horas da manhã. Cumpridas minhas obrigações voltei ao Varre-Vento 48 anos depois.

Confirmei uma certeza: a comunidade que me viu menino, ainda não me deixou e permanece gravada em mim como se fosse uma tatuagem.  Não morrerá jamais em minhas lembranças.





quarta-feira, 24 de agosto de 2016

PESSOAS MARCANTES! (AMABENI, ARABEL, JOAQUIM E OSVALDO)


Amabeni Gonçalves Queiroz, sua irmã Arabel,  morena, modelo. Arabel trabalhou por pouco tempo na ACA. Casou com estrangeiro e foi morar na Inglaterra) Joaquim Lima Rodrigues e Osvaldo Viana de Souza, todos fazem parte de minha história de vida, por razões diferentes.

Transcorria o ano de 1978 e entrava pela primeira vez no prédio de três andares, com poucas lojas na parte sua inferior, para ser entrevistado pela Gerente Executiva Amabeni, grávida de seu primeiro filho, hoje com 38 anos. .No momento da entrevista, se sentia dores do parto, não deu para perceber. No dia seguinte teve o filho Depois da entrevista, com a barriga enorme, levou-me  pelo elevador também centenário, ao  segundo andar do prédio, onde  passou a ser minha sala de trabalho, nas  divulgações  das administrações dos empresários do comércio José Lopes da Silva e Alberto Souto Loureiro. Amabeni apresentou-me Joaquim, que seria meu auxiliar, uma espécie de off boy. Osvaldo seria era um  faz tudo.  De tudo fazia um pouco.

Na Rua Guilherme Moreira, no centro de Manaus, estava com minha esposa Yara Queiroz, procurando a agência Manaus do Banco PAM. Como passava em frente ao centenário prédio de três andares da Associação Comercial do Amazonas-ACA, disse a ela: “ trabalhei aqui por seis anos como assessor de imprensa” e decidi entrar. Yara parou para olhar uma das várias lojas em seu térreo.  Veria se, se 38 anos depois, ainda encontraria antigos companheiros do passado  Logo a entrada, encontrei o Joaquim, com cabelos cor de prata, ao contrário de como costumava  vê-lo: jovem, vigoroso, atlético e prestativo, subindo e descendo as escadas para pedir alguma informação. Não existia interfone do segundo para o terceiro andar, onde despachava a Secretária Executiva da ACA Amabeni. Recebi um abraço forte do Joaquim. “Você ficou careca. Onde está seu vasto cabelo e sua barba?” perguntou-me. “Se rebelaram contra mim e me abandonaram”, respondi meio sem graça tentando um riso forçado dele. Ele também não riu como também não o faço há 16 anos por falta do meu lóbulo do humor. Hoje, apenas sorrio com o coração!

Não esperava encontra-los.  Osvaldo estava transportando garrafões de água pelo antigo e centenário elevador do prédio. Ele me cumprimentou. Como estava de camiseta e calção, decidi perguntar se a Amabeni continuava trabalhando na ACA.  Ela desceu com seus cabelos branco pela mesma escada pela qual tantas vezes alcançava o segundo andar para desenvolver o trabalho de Assessoria de Comunicação Social, em substituição ao companheiro na época, do Jornal do Comércio,  Osny Araújo,. O jornalista que me antecedeu  fizera um bom trabalho e era só   dar continuidade a divulgação de trabalhos desenvolvidos na centenária casa, sob as  administrações dos dois empresários do comércio com mandato de dois anos. Deixei minha função na ACA na gestão do empresário Carlos Alberto, diretor de uma empresa de aviação, VASP.

Trabalhei com os dois, na época em que o Governo ainda era militar. A ACA desenvolvia esforços e abraçou  lutas em favor da continuidade da atividade comercial no Amazonas que, durante o Governo Fernando Collor de Melo, sofrera um duro golpe com a abertura total do comércio de eletrônicos para o resto do Brasil. A Zona Franca entrou em crise e os empresários reagiram. Uma das lutas enfrentadas na época pela ACA  que liderava quase tudo  em defesa do modelo Zona Franca de Manaus,junto com a Federação das Indústrias da Zona Franca de Manaus-Fieam, na presidência do empresário João de Mendonça Furtado, foi a de trazer turistas para Manaus, unindo companhias aéreas, empresários de hotéis e do comércio, cada um dando descontos para compensar a vinda deles.  O comércio estava perdendo a competitividade comercial que tivera antes.  O produto mais vendido e contrabandeado era o vídeo cassete para TV, uma revolução na época e diziam que traria prejuízos aos  vários cinemas de Manaus, todos pertencentes ao empresário Adriano Bernardino, que também era envolvido e patrocinava vários conjuntos musicais famosos no passado.

Depois, também encampou a luta em defesa da implantação da fábrica de cimento Poty, em Manaus e venceu!





segunda-feira, 22 de agosto de 2016

FIM DOS JOGOS OLÍMPICOS. COMEÇARÃO AS OLIMPIÁDAS DO BRASIL


No Rio de Janeiro, terminaram os jogos Olímpicos, com ou sem medalhas, todos foram vencedores.

Com ou sem problemas, o Brasil mostrou ao mundo que é capaz de promover grandes eventos, apesar de suas questões políticas internas. Aos que vaiavam e torceram o nariz contra a realização dos jogos, aos que criticaram os gastos e foram contra a promoção do evento, meus aplausos. Os jogos olímpicos não conseguiram esconder ou apagar todas as mazelas sociais do país enfrentava e as continuará enfrentando.

Com as almas e lavadas e os peitos pesados de medalhas conquistadas honestamente, o Brasil dará início o JOGO DE XADREZ DAS OLIMPÍADAS DA VIDA POLÍTICA NACIONAL, nem sempre muito honestas em seu todo.  Com a realização das Propagandas de candidatos rumo às prefeituras e câmaras municipais de todo o país,  coligações  estranhas e sem qualquer ideologia programática ou programática, começam a se formar, além  tudo de “alianças impostas de cima para baixo, restaurando  aos eleitores confirmar ou não esses blocos que buscam unicamente o poder a qualquer custo.

No início das Olimpíadas, baixei um decreto de recesso olímpico e o cumpri integralmente como vem fazendo o deputado federal e ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que vem recorrendo contra a votação pela perda de seu mandato.,  Meus dedos ficarem irritados comigo e pedindo para que não o cumprisse ou recorresse contra minha própria decisão, não fazem como  políticos que se deixam corromper facilmente  para ganhar dinheiro à custa dos outros. Não ganho dinheiro escrevendo e nem quero ser político, com todo respeito aos poucos que ainda são honestos na vida pública e visam sempre o ideal coletivo e não individual.. Enfim, eu me venci à tentação de escrever como um louco.

Mas vamos ao que importa. A Olímpiada no Rio de Janeiro acabou. Se vai deixar legado ou não na área do esporte, não sei dizer. Mas deixará um legado de persistência a todos os que lutaram, treinaram e competiram pelo orgulho e prazer em ganhar uma medalha de ouro, prata ou bronze, não importa. O importante foi a lição deixada: só vence quem persevera na vida, abre mão de sua vida participar e troca tenacidade e sacrifício pela ociosidade e falta de objetivo na vida!  A todos saíram do anonimato à gloria, miséria à herói nacional, dos projetos sociais direto para o poio olímpico, meus sinceros parabéns.

Mesmo política partidária não se misturando com esporte, deu para ver em um dos jogos de vôlei da seleção brasileira, um cartaz solitário de “fora Temer” no meio da multidão que aplaudia o esforço dos atletas. Será que a consciência da pessoa que portava o solitário cartaz  era tanta que foi ao evento só para mostrar essa sua revolta solidária? Ou seria apenas uma pessoa se aproveitando de um momento para mostrar seu protesto isolado. Pode também não ser nada disso ou pode ser tudo isso, não sei!

Como eu disse, as Olimpíadas do Rio de Janeiro foram encerradas, mas  começarão, agora,  as competições pelas OLIMPIÁDAS PELO PODER POLÍTICO NO BRASIL real, com eleição de prefeitos e vereadores das capitais e dos municípios!


E seja o que Deus!  Nas olímpiádas dos choros e medalhas de felicidade pela boa ou de frustração pela péssima escolha que os eleitores farão em outubro, estão começando!

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

A ROSA, O TEMPO E A VIDA...! (reescrita, repontuada e reposicionada no blog para Yara Marilia, nos 15 anos de casados, em 2 de agosto de 2012)


quinta-feira, 2 de agosto de 20 
A rosa, o tempo e a vida se fundem em uma coisa só!

Mas o tempo faz brotar o perfume da rosa, lentamente, arrancado de suas pétalas. Os espinhos e transformando-a em coisa indefinida, indefesa e triste  diante da implacável rotina de um casal. Mesmo assim, ainda prefiro sentir o perfume da rosa em vida, depositadas sob meu corpo, em cima de meu caixão do que depois de morto inerte,que o tempo destruirá também!

Nos quinze anos de vida em comum, o cristal foi se quebrando aos poucos. Remendamos com as esperanças que nos restaram, mas a cola está sendo fraca.  De vez em quando um novo pedaço se esvai...pelas inquietudes de nossos temperamentos fortes, as desconfianças que restaram de um passado que não se repete mais!

Embora o cristal esteja com fissuras e, a rosa com seu corte penso que ainda exala um perfume. Também, os erros do passado embora sejam sempre ingratos e nos perseguindo pelo resto da vida, ainda me resta esperança...Mas, hoje não há espaço para tristeza. Alegrias ainda nos sobram, como quando  a reencontrei dentro de um vestido amarelo, na cantina da Faculdade, cursando biblioteconomia. Logo a perdi para o seu Curso de Direito! Deixei de vê-la no lanche, onde sempre nos encontrávamos.

Não era um desconhecido para você. Nem você era para mim. Conversamos rapidamente: você tinha que voltar para o seu curso de biblioteconomia e eu para a sala do curso de serviço social. Estávamos diferentes, mas continuávamos os mesmos. As pedras que enfrentamos na vida nos produziram dores e nos fizeram sofrer pelos caminhos que trilhamos...Mas resistimos e nos reencontramos.

Decidimos nos casar. No início, tudo foi maravilhoso! Depois, começaram a aparecer os defeitos e as provações.  Cometemos pequenos deslizes (mais meus do que de você), superados pela força do amor. Restou-nos, ao final, um amor forte e verdadeiro, às vezes, fragilizado, porém. Unimos novamente nossos cacos, reconstruímos nossos pedaços e formamos novo vaso de cristal. Seguimos em frente e hoje completamos 15 anos de casados.

Eu errei; você errou, mas o perfume da rosa continuou expelindo sobre nós o perfume da gratidão, do perdão e um sentimento mais forte, surgiu: o amor puro e verdadeiro, perfumado pela rosa e pelo tempo!  Não foi fácil vivermos quinze anos juntos, mas sabíamos que seria difícil a convivência por todo esse tempo, como está sendo...mas pelo menos estamos recebendo o perfume das flores que nos restaram e não das dores que semeamos pelos nossos caminhos.


Construídos pelo amor, mesmo regado pelo ciúme e alimentado pela esperança. 

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

"DE VOLTA PARA MEU ACONCHEGO": VARRE-VENTO!


Como diz a composição da letra da musica, de Elba Ramalho, também decidi voltar à comunidade do Varre-Vento que me viu menino olhando para um mundo estranho e tentando descobrir  o que  significaria para mim mais tarde. Enquanto esperava esse mundo que não vinha,  observava “Cidades Flutuantes” - como passei a chamar os navios da Enasa, Augusto Motenegro e Lauro Sodré, - iluminando os meus olhos, piracemas descendo, pescando pela janela da casa do meu rio Armando Costa,   a mãe caniçando sardinha e pacu e outros peixes no mar-mar que continua invadindo e roubando terras desbarrancadas,  destruindo casas....Para rever esse cenário de minha infância até meus 8 anos,  depositei os hoje, meus 56 anos de idade dentro de uma lancha, entupido de remédios  e zarpei às 10h30mim da manhã do porto de Itacoatiara. Foi uma volta inesquecível ao meu passado!

Seguia para “meu aconchego”, com o presidente  JUMAM – JUNTA DE CONCILICIAÇÃO E ARBITRAGEM DO AMAZONAS,  empresário itacoatiarense, Jeovan Barbosa, - e um dos primeiros a implantar uma indústria no início da Zona Franca – essa volta às origens interioranas, embora tenha nascido em Manaus.  Também estava acompanhado pelo leitor e amigo,  Dr. Alberto Valério, graduado em Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense no RJ e doutorado em Sociologia do Desenvolvimento  pela Universidade de Studgard, na Alemanha e proprietário da empresa de consultoria empresarial “Samaúma”. Depois de 2 horas e meio dentro de uma lancha de 40 hp, desembarquei eu e o Jeovan Barbosa em terra firma para conversar com alguém, na comunidade que tanto desejava rever. Sem conhecer-me, entrei logo na casa de um COSTA, mas não sei se venha a ser meu parente: Pedro Costa.

Durante a ida, registrava com meu celular sinais de alagações em árvores que resistiram ao chamamento do rio-,ma,, em casas, imensos troncos de árvores  tombados  como suas raízes expostas  parecendo um pedido de socorro aos homens, muito mato descendo e a continuidade do desbarrancamento de tudo - um fenômeno natural produzido pelas águas sempre impiedosas e igual como já vira no passado. Durante um desses momentos de contemplação, o Dr. Alberto Valério pergunta: “Alguém saberia me dizer quem é o maior ladrão de terras do Amazonas? Jeovan Barbosa que ia ao lado do piloto e eu respondemos “não”. O autor da pergunta respondeu: “É esse rio que rouba nossas terras e as deposita no Golfo do México,  assoreando-o”.  

Comendo bolachas e sentindo o vento feliz de minha volta batendo em meu rosto, o Rio Ladrão de Terras recebeu de presente o chapéu que voou da cabeça do Dr. Alberto Valério e ele permitiu. Paramos em uma casa ao lado de uma Igreja e desembarcamos. Fomos conversar. A casa de Pedro Costa já possui  luz elétrica, parabólica, vindas do município do Careiro da Várzea,  um pouco mais distante. Ele nos ofereceu água, contou que a casa dele alagara na última enchente e que o “Rancho Grande”  de propriedade do coronel de barranco Valdomiro Lustosa, ficava mais  uma meia hora depois. Decidimos voltar, revendo as mesmas coisas da ida – não tinha mais bateria e nem sinal no meu celular - e, de repente, um boto cor de rosa pulou da água como se despedindo de nós!


Durante a ida e na volta, observei grandes navios carregados de madeira em toras, containers, cheios de britas retiradas do leito da água doce do rio, cobiçado pelo mundo e desconhecido pelos amazônidas! Na ida e na volta, em uma comunidade maior, registrei a construção de uma ponte de ferro para permitir a passagem pedestre e constarei que, 48 anos depois, pouca coisa mudara. Mas, quem sabe um dia visite o Golfo do México e lá reencontre pelo menos os restos mortais dos pés de cacau e as folhas da plantação  de tabaco para consumo próprio em do meu avô, ou, quem sabe,  até pedaços da sepultura da minha irmã Ivete Costa, falecida em tenra idade de uma febre e enterrada em caixão simples no quintal da casa pelo pai Paulo Costa..  Foi uma viagem inesquecível ao lado dos amigos Jeovan Barbosa e do Dr. Alberto Valério. Matei a saudade e revivi a emoção porque estava “de volta ao meu aconchego/,trazendo uma mala bastante saudade...”,  como escreveu a cantora e compositora Elba Ramalho.

terça-feira, 2 de agosto de 2016

O SILÊNCIO E A SAUDADE... (À Yara Queiroz, 2 de agosto/2016, pelos 19 anos de casados)

OBSERVAÇÃO:

Desde 2006, quando sofri empiema cerebral em sala de aula na Faculdade, perdi noção de tempo, data e outras coisas mais relacionados à números. Por isso, peço desculpas por ter grafado 18 anos de casados. Na verdade, em 2 de agosto, completamos 19 anos de casados.

Minha Yara Queiroz, além de esposa, também passou a ser minha memória temporal.
Peço desculpas aos leitores





O silêncio das horas de espera
Também fala, grita e se desespera!
Surge no meio do silêncio,  a saudade,
Conversa com os cabelos do pensamento.
Buscam  e olham para uma cama vazia!
Chora pelo coração
As magoas e os medos do passado,
Escorrem em forma de
Lágrimas de sangue e diamante dos anos vividos!
Molham o colchão.
Desejo que o diamante nunca quebre,
Contudo, a saudade e a solidão de ti,
 Cortam e doem muito!

 Criando um vazio dentro de mim!