sábado, 25 de abril de 2015

PROPAGANDA NO PROS NA TV CONTRARIA O ECA



Com veiculação em seu programa político de situações em que mostram adolescentes em situação de risco social que teriam se envolvido em atos infracionais e, ao final, perguntando: “e você é contra ou a favor da redução da maioridade penal?”, o Partido Republicano da Ordem Social (Pros), comete irregularidades que contrariam o que estabelece a integralidade do Estatuto da Criança e ao Adolescente – ECA. O adolescente não pode ser exposto à exposição pública, mas o Partido Republicano da Ordem Social, além de infringir artigos do ECA, presta um Desserviço à Ordem Social. A propaganda deve ser retirada das emissoras de TV e o Partido tem que pedir desculpas à Nação. Pelo descumprimento da integralidade do ECA com relação à reeducação dos menores durante os três anos de medida socioeducativa determinada,  defendo a redução da maioridade penal para 16 anos, nos casos de reincidência no mesmo tipo de crime.

Também defendo uma Educação voltada possam ingressar no mercado de trabalho e o Estado seria o responsável pela intermediação nesse processo, priorizando cursos e oferecendo algum incentivo que possa receber e manter em seu quadro esse ex-presidiário que seria acompanhado por uma assistente social do Estado, na empresa que o recebesse. Essa assistente social elaboraria um relatório social e o enviaria ao juiz da vara que o condenara à prisão, seja adolescente ou adulto. Infelizmente, isso não ocorre e nem existe qualquer iniciativa política nesse sentido. O jovem em situação de risco social só precisa de tratamento químico, curso profissionalizante e reeducação e não ficar em depósito de presos, meditando sobre seu próximo crime!


Em interessante estudo feito pelo advogado familista e presidente da Comissão de Direito da Família da OAB do Ceará, Marcos Duarte, também pertencente ao Instituto Brasileiro  da Família do mesmo Estado, com o título “Exposição de Crianças e Adolescentes e o Direito de Respeito” garante que “a inserção de no Facebook ou outras mídias não podem expor criança e adolescentes” em situação de risco social porque o ECA adota o princípio da especialidade das regras, sendo aplicáveis as normas da legislação comum do artigo 152 sempre que houver lacuna ou omissão no Estatuto.

O advogado cearense acrescenta, ainda, que sob qualquer ângulo, crianças e adolescentes não podem ser expostas em mídias porque “fere o Direito de Respeito destas pessoas em Desenvolvimento”. Garante o advogado que a Constituição do Brasil, em seu artigo 227 caput, “estabelece que é dever do Estado assegurar à criança e adolescente, com absoluta prioridade, o direito à educação, à dignidade e ao respeito, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação e opressão”.

Segundo o advogado Marcos Duarte, o Brasil priorizaria o respeito, no rol  da especial proteção e atendimento deferido à criança e adolescente. O artigo 4o do ECA diz que é dever da família, da comunidade e da sociedade em geral assegurar, a efetivação dos direitos referentes à dignidade e ao respeito para crianças e adolescentes.

Diante de tudo isso, a propaganda do Partido Republicano da Ordem Social (Pros) deve ser retirada do ar para não expor mais ainda crianças e adolescentes, mesmo que sejam atores a situações vexatórias e comprometedoras, mesmo que sejam só atores!



sexta-feira, 24 de abril de 2015

DE NOVO ANTICORRUPÇÃO, POR QUÊ?


Com muito atraso, mostrando prejuízos bilionários e anunciando que não pagaria dividendos aos seus acionistas, finalmente o balançado financeiro da Petrobras foi publicado, causando abalo nos setores políticos, desastres e estagnações no setor financeiro e levará alguns anos para que a Estatal brasileira de maior prestígio no mundo, volte a adquirir a credibilidade que tinha antes, porque também causou literalmente um balanço em toda a economia do Brasil. Diante de todo o escândalo político, econômico e social causado pelos 3% desviados em contratos, a Estatal paralisou algumas obras depois de investir muito dinheiro nelas. A refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, antes tida como um grande investimento da empresa de petróleo do Brasil, foi paralisada por erros de projeto. Por que esses erros não foram detectados antes e só depois de milhões de dólares investidos e expectativas econômicas geradas para todos os municípios de seu entorno?.Depois de todo esse catastrófico cenário quase apocalíptico, a presidente Dilma Rousseff, garantiu que a Petrobras pulou uma página negra de sua história e lançou, mais uma vez, um novo pacote anticorrupção! 

E o que acontecera com o que foi lançado pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva, em julho de 2005? Talvez, nada! A corrupção, aumentou e foi mais feroz ainda, destruindo a economia do Brasil, com a falcatrua bilionária nos cofres da Petrobras, antes um orgulho ao Brasil e aos seus trabalhadores. De uma hora para outra, porém, virou uma vergonha nacional! Os desdobramentos da Operação Lava Jato, encontraram outras modalidades de corrupção. Em todos eles, a origem está em pontos preocupantes que precisam ser corrigidos: nas doações “legais” de campanha por empresas privadas, incluindo a Estatal, mas com origem ilícita, o excesso de envolvimento político com a nomeação de diretores e o Poder Judiciário, que trabalha com as mãos atadas por um código atrasado e ineficiente, que obriga aos juízes o acolhimento de recursos protelatórios, muitos só protelatórios dos corruptos e corruptores, o que é um direito. Felizmente, o juiz federal Aldo Moro e o Ministério Público Federal estão agindo com isenção e cautela na investigação do Escândalo, considerado o maior da história recente do Brasil. Mas tem jeito: uma reforma na estrutura do Estado Brasileiro, que está com valores totalmente invertidos. A corrupção também existia entre os “subalternos” do regime militar, como costumava chamar o então Ministro do Interior, coronel Mário Andreazza, quando se referia a todos os oficiais de menor patente do Exército, mas várias vezes que o entrevistei. “Se escrever isso, eu negarei e quero ver se seu jornal vai circular” costumava dizer depois de revelar o que todos sabiam, mas não podiam divulgar porque havia censura nos veículos de comunicação, coisa que hoje não existe mais!

Usando a figura da “delação premiada”, em troca de redução de pena, com devolução do dinheiro desviado somando milhões de dólares, o juiz do Paraná decretou a prisão do tesoureiro do PT e de sua cunhada, que mentiu no depoimento negando que tivesse feito algum depósito na conta da esposa de João Vacari Neto. O tesoureiro do PT, João Vacari continua dizendo que o dinheiro de campanha foi recebido legalmente e declarado pelo partido, como se dinheiro entrado licitamente nos cofres do partido pudessem vir com a inscrição “sou de origem legal”. Com recibos legais, qualquer tribunal reconhecerá prestações de contas de partidos políticos, embora a origem do dinheiro tenha sido obtida de forma ilícita, com corrupção, lavagem e doado como se fosse legal ao PT. Entretanto, na reeleição de Fernando Henrique Cardoso foi feita com dinheiro das contas CC5 do Banestado. O escândalo foi  abafado pelo senador do partido, Antero Paes de Barros, também do PSDB que presidia a milionária a CPI, até àquele momento, considerado o maior escândalo financeiro e político da história republicana recente. 

Por esses motivos, defendo o aumento do mandato de presidente, mais facilidade para se tirá-lo por impeachment e o fim da reeleição em todos os níveis porque todos os políticos, sem excesso se elegem e já começam a trabalhar para os próximos quatro anos seguintes. Assim, nenhum plano anticorrupção não dará certo. O Governo fecha uma porta e os corruptos e corruptores invadem as janelas e brechar da Lei 8666/93 e continuam agindo sempre nos municípios mais distantes e, o pior, a Justiça atende aos apelos e recursos porque todo corrupto ou corruptor pode pagar bons escritórios de advogacia e pode se defender indefinidamente. Sentenças contra corruptos, corrutores ou quaisquer outros crimes devem ser cumpridas integralmente, até o limite máximo que a Lei brasileira permite: de 30 anos. Até hoje sou soube do presidiário João Acácio Pereira da Costa, assaltante e homicida, conhecido como o  “Bandido da Luz Vermelha”, que rendeu um filme policial em 1968, dirigido por Rogério Sganzeria, inspirado nos crimes que ele cometera, foi o único que cumpriu  seus 30 anos de reclusão e perdera os dentes e, totalmente, a identidade social.  Depois dele, presencio bandidos entrando e saindo pela porta da frente das delegacias, porque usam o dinheiro da corrupção para contratar excepcionais advogados, que cumprem o seu dever e encontram brechas na Lei para manterem seus clientes livres, leves e soltos, zombando de todos que pagam impostos que eles desviam.

Direta ou indiretamente, de forma legal a doação ou ilegal na sua origem, o Partido dos Trabalhadores participou do esquema de desvios na Petrobras, pouco importando a forma que o dinheiro entrou e foi usado pelo PT. Juridicamente, nasceu com vício de origem: a corrupção nos contratos da Petrobras. Isso é o que importa ser dito. Os 300 milhões de dólares que foram destinados às despesas de campanha do Partido é o que menos importa. A corrupção, porém, não atinge só o Brasil. Ela é globalizada e, igualmente, também ocorre em países como Espanha, Portugal, França, Alemanha, dentre outros com maior ou menor intensidade. Todos esses países possuem também problemas iguais e suas autoridades estão editando medidas para conter esse mal que assassina indiretamente pacientes, alunos, motoristas etc, porque o dinheiro desviado, faz falta em hospitais, escolas e rodovias é sempre depositado em um país neutro, principalmente em contas secretas em bancos suíços. Autoridades mundiais precisam se unir e agir em bloco para conter esse problema que é uma pura falta de caráter e de amor no coração, aliado à ganância pelo TER em detrimento do SER.

Esse é, dentre outros, uma das perversões da sociedade coletiva: o individualismo, o querer sempre mais, o se “dar bem”, mesmo que retirando remédios de pacientes, deixando hospitais inconclusos, fraudando licitações, matando pessoas indiretamente,  etc. Tem outros problemas que se escondem no rastro da corrupção: o financiamento privado de campanha! Em muitos países, quem financia campanha, não participa do governo e nem possui contrato com a administração pública, muito menos indica A ou B para qualquer cargo, ou forma cartel para dirigir licitações, o que não é difícil pela lei 8666/93, que exige apenas três ou mais empresas para cotar preços. Nesse esquema, funciona assim: a pessoa de uma empresa procura e convence vários laranjas para serem abertas empresas para “calçar” tomadas de preços ou licitações. 








quinta-feira, 23 de abril de 2015

A BELEZA NAS CIRANDAS DE MANACAPURU!



Era apenas um adolescente de 17 anos, com óculos pequeno estilo Jonh Lennon, cabelos encaracolados, sonhando concluir o curso de magistério e ser jornalista. Em 1977, visitei pela primeira vez a cidade de Manacapuru. Adorei visitá-la várias vezes como convidado, palestrante, escritor ou apenas para assistir a Festa das Cirandas, com passos acelerados que deixam qualquer pessoa tonta só em ver os passos rápidos das cirandeiras, como são conhecidas as dançarinas dos Guerreiros Mura, Flor Matizada, as duas principais que se digladiam no tablado onde se apresentam. Mas no final da década de 70, só existiam filiais de Lojas de Manaus, Souza Arnoud, hoje o MEC – Manacapuru Esporte Clube e a Importadora TV Lar, além de outras pequenas empresas locais.

Foi o primeiro lugar que conheci, acompanhado de um grupo de pagodeiros da Praça 14 de Janeiro. Ficamos hospedados no Hotel JK, A cidade, conhecida como a “Princesinha do Solimões”,  ontem era apenas calma e aprazível e hoje está bonita e gostosa de se viver, mas talvez esteja um pouco violenta pelos problemas sociais que caminham sempre com o progresso, depois da construção da ponte sobre o Rio Negro, ligando Manaus a três municípios antes pacatos e isolados. Uma das últimas vezes que visitei o município estava acompanhado do empresário José Azevedo e fiquei hospedado no seu apartamento do alto do prédio de sua TV Lar. Era uma cidade calma, ligada a Manaus por uma estrada não asfaltada, aberta pelo sonho visionário de seu filho mais ilustre, o governador do Amazonas (1975/1979), Henock da Silva Reis, nascido em 1907 e falecido no RJ em 1988, filho de um padeiro Lázaro da Silva Reis. Encantado com sua inteligência, o então juiz do município, André Vidal de Araújo, o trouxe para estudar no Colégio Dom Bosco, em Manaus. Nem imagino o que sentiu sua mãe Maria Agra Reis, doméstica, ao se separar de seu filho. Antes, Henock da Silva Reis trabalhara como estafeta na Prefeitura e chegou a ser prefeito da cidade. Formado em direito em 1941, se tornou Ministro do Supremo Tribunal de Recursos (1966/74), depois de ter sido promotor de Justiça, juiz do trabalho e presidente da Junta de Conciliação e Julgamento de Manaus e professor de economia social na Faculdade de Direito do Amazonas.

Na frente do Hotel de três andares JK, na época, o grupo de pagodeiros decidiu se hospedar. Dentro de um coreto, logo abaixo de uma estátua pequena do Cristo Redentor, deslizava para um lado e para o outro, un pirarucu de porte pequeno. Diziam que quando crescia, trocavam-no por outro, mas não se era verdade ou lenda, igual a muitas que correm de boca em boca nos municípios. Só sei que ele quase não crescia, nos anos seguintes em que voltei a Manacapuru. As cirandas ainda não existiam. Subi as escadas até o terceiro andar e apreciei a vista de cima notei o que existia dentro do coreto e desci para apreciar os movimentos suaves do pirarucu, sempre fazendo curvas, para contornar o chafariz. Era um espaço muito pequeno para o tamanho que o pirarucu poderia adquirir, pensei. Disseram-me que quando crescia, trocavam-no por outro, mas não sei era verdade ou lenda, igual a muitas que se escuta de boca em boca nos municípios do Amazonas. Embora em um minúsculo espaço dentro de um coreto pintado de azul, ninguém tinha coragem de removê-lo, porque o delegado PM Cruz era muito respeitado pela sua rigidez e ninguém ia querer passar uma noite preso por ter roubado o pirarucu de um coreto. Quase em frente, havia uma sorveteria e ao lado, na esquina, uma farmácia de dois andares.

O grupo de amigos batuqueiros da Praça 14 de janeiro, entre eles o “Bida”, boleiro dos bons e o Dijé”, balconista de drogaria – muitos outros que não lembro mais - deixou o ônibus e começou a fazer carnaval de graça na praça, contrastando com o carnaval pago que estava havendo no mesmo horário no MEC. Como as pessoas começaram a deixar o Clube pago  com destino à Praça para assistir ao show de graça, alguém denunciou e apareceu o Delegado PM Cruz que, ao chegar deu voz de prisão para os que faziam a festa.  Contudo, o grupo todo decidiu seguiria junto e ficaríamos todos presos em solidariedade. Na delegacia de polícia, na Rua Eduardo Ribeiro, próximo à sede da Prefeitura, não havia lugar para todos e tínhamos certeza que o delegado Cruz faria outra proposta. E fez: não nos levaria presos se aceitássemos ficar em uma casa de madeira ao lado do cemitério, desde que não fizéssemos mais nenhuma batucada. A casa ficava em uma esquina, próximo a um  bar em outra esquina, que também funciona com festas, ao vivo na época. Aceitamos, entramos no ônibus e seguimos todos para o novo local, quente demais e desconfortável também. O Cemitério  da cidade ficava ao lado da casa e seria o lugar ideal para dormir sobre as tumbas. Alguns foram, dentre eles eu. Foi à maior farra! Um após o outro, pularam ou passaram por baixo muro e cada um procurou sua melhor tumba para dormir. Sobre as pedras de granito, era mais frio que na casa tombada para um lado que o delegado Cruz nos ofereceu. Mas, alguém que vinha do bar da esquina cambaleante, ao ouvir vozes, gritou: “tem alguma alma penada precisando de reza aqui? Eu vou já chamar o delegado Cruz para ver o que está acontecendo aqui dentro”. Como sabíamos que o Delegado Cruz, na época, se fazia respeitar pelo bem ou pelo mal, decidimos fazer silêncio e deixamos o cemitério e a casa grande também, entramos no ônibus e voltamos para Manaus, sem esperar o delegado Cruz. 

No ano de 1982, voltei a Manacapuru para lançar meu primeiro e único livro de poesias (DES)Construção..., na Casa da Cultura, próximo ao Colégio André Vidal de Araújo, ao lado da Igreja da Matriz da Cidade. Foi quando conheci e construí uma longa e duradoura amizade com o que se tornou o mais novo vereador do Brasil, Pedro Palmeiras, aos 19 anos, que depois se tornou empresário, construiu postos de gasolina, implantou rádio e tudo começou atendendo em um flutuante de seu pai no Porto da Cidade. Pedro Palmeiras seria homenageado pelo ex-prefeito Angelus Filgueiras, com o nome de um conjunto habitacional popular. Mas não sei, se ainda vai ocorreu essa construção. Só sei que para mim, frequentar Manacapuru sempre me trouxe gostosas lembranças de um passado que vivi e ainda vivo com intensidade.

terça-feira, 21 de abril de 2015

CASAMENTO E INFIDELIDADE!



Casamento é um contrato social de interesses e objetivos comuns  com o propósito de perpetuar, desenvolver e transferir de pai para filho a raça e de realizar seus propósitos e objetivos conquistados ou não durante suas vidas” (CARLOS COSTA)


O casamento e a infidelidade caminham de braços dados com a vida moderna, cheia de tecnologias, possibilidades e virtualidades, com mais mentiras do que verdades! O casamento é uma procuração passada em branco a um advogado, sem regras e impedimentos: mesmo sem poder, o advogado pode usá-la para fazer o que quiser, embora não deva; mas faz. A procuração pode ser revogado, na a infidelidade já fora consumada. O homem é mais infiel do que a mulher! Infidelidade é é uma tentação da carne!

Casamento é como se fosse a ultrapassagem de um carro em alta pela esquerda e você se afastando um pouco a direita. Ao cruzar, quem está no volante, por curiosidade, dá uma espiadinha com o rabo do olho e deixa-o passar, sem retirar a atenção do volante para não derrapar e nem sair da pista. O carro passará e você seguirá tranquilamente seu caminho na velocidade recomendada na pista. Viver a dois, sem casar, por quaisquer que sejam os motivos ou as razões, o casal se anulará e sofrerá porque a desconfiança sempre se fará presente entre ambos. Casar, nem sempre é o melhor caminho para seguirem juntos, mas Deus os abençoará, e, abençoados, serão felizes ou infelizes, não para sempre porque o  “para sempre” não existe na vida moderna de muita velocidade e pouca confiança, consideração e respeito. Vivam felizes até que a primeira briga os separe a primeira pela traição ou o divórcio. A infidelidade, ao contrário, é a derrapagem na pista com um carro bonito  que passa ao seu lado, ultrapassa-o e você corre mais só para ver quem foi. Depois, se encanta e derrapa em seus planos!

A infidelidade, geralmente é do homem; mas nem sempre. Ela pode se dar por vários motivos ou razões: ou porque a mulher foi submissa demais ao companheiro; ou expansiva, ou outros problemas que se interligaram causando desgaste na relação. Nem um extremo e nem outro será salutar para se viver a dois porque em ambos os casos, conflitos surgirão inevitavelmente. Em toda relação, deve existir uma pitada de tempero que pode ser o ciúme moderado, mas que não pode e nem deve ferir o companheiro com palavras e agressões verbais. O ciúme moderado serve para dar  tempero na relação. Ambos podem concorrer para a infidelidade ou porque faltou ou sobrou excesso de tempero na relação. Tudo demais enjoa. Tudo de menos aborrece. Sal demais faz mal, faz mal. Sal de menos deixa sem sabor a comida. Tudo tem que ser no grau certo. Nem demais e nem de menos.

Assim é a relação a dois. 

A independência financeira pode ser uma justificativa para se viver sozinho? Não! Ninguém é uma ilha no meio de um oceano que nunca vá precisar de nada. Todos precisaremos de um ombro amigo no qual poderemos nos apoiar, desabafar, xingar e perdoar em seguida, cedo ou tarde porque isso é o que faz uma relação dá certo. Não existe relação perfeita; mas, aparentemente perfeita. A aparência social também importa muito para se viver em uma sociedade cada vez mais egoísta e individual. Mas, ninguém é totalmente feliz ou infeliz porque sempre existirá uma cobrança. Se  for moderada, será ótima; exagerada, horrível se tornará. Nenhum ciúme possessivo é, foi ou será  solução para qualquer tipo de conflito entre casais, mas também nenhuma permissividade excessiva na relação a dois será salutar;  nem mais, nem menos.  Essa é a receita para relações felizes e a solução de qualquer conflito familiar. Se um fala, o outro se cala, escuta, reflete e responde depois. Se um grita mais do que o outro, saia de perto e preserve sua relação. Mas a infidelidade sempre rondará sua relação, mesmo quando ela se apresenta perfeita. Desconfie: há algo errado no casal, porque não existe homem fiel, mas já vi e sei de mulheres que se anulam por um homem e se deixam desvalorizar.

sábado, 18 de abril de 2015

MELHOR IDADE, POR QUÊ? (só vagabundos para FHC)


A minha mãe Josefa Costa, pelos seus 80 anos e Francisco Januário Calado, de 87 anos!



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Como podemos considerar pessoas com 60, 70 ou 80 anos ou até mais, como se vivessem “a melhor idade”, a “terceira idade” ou “a idade com cabelos cor de prata”, se já foram até tachados de vagabundos pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, ao implantar o Fator Previdenciário? Tecnicamente, a afirmação está correta; socialmente, não! Os aposentados com o fator previdenciário, passaram a ser achatados. Será que eles podem mesmo ser considerados como se estivessem vivendo suas melhores idades? Não! As pessoas que alcançaram essa idade gozando de boa saúde, certamente ganharam mais experiência, adquiriram nova forma de olhar para a vida presente e ver a passada; a futura, não sabem se viverão porque o futuro não passa de um ponto de interrogação em suas cabeças. Eles aprenderam que o tempo, tudo resolve a seu tempo, enquanto caminham lentos, porque nenhum nasceu e viveu na era da modernidade, dessa louca tecnologia que se inventa e se reinventa com uma velocidade espantosa. Tudo muda com muita pressa, inclusive os valores sociais, morais e éticos da sociedade!

Essa uma moderna e nova tecnologia assusta aos idosos que a veem como se tudo fosse um devorador de lembranças de seus passados. A maioria dos aposentados, entretanto, não goza de boa saúde e gasta muito dinheiro em drogarias para  sobreviver com um pouco mais de dignidade. Todos os da idade da “vagabundagem” como disse o ex-presidente, escutavam rádios AM com chiados, músicas eram em Lps que furavam ou arranhavam por tantas vezes colocadas em eletrolas Nivico. Todos se levantavam para trocar o canal da TV em preto em branca, ligar rádios e se movimentavam mais do que os jovens de hoje com seus celulares modernos, tabletes, TVS de plasma, LCD, LED com controle remoto e engordam muito rapidamente, sem saber os motivos. Muitos que alcançaram a idade da vagabundagem, usaram relógios automáticos que se utilizavam do movimento dos braços para continuar funcionando. Caminhavam muito os antigos jovens que alcançaram a terceira idade. Hoje, os relógios se modernizaram e usam baterias! 

O desodorante era mistral, se perfumavam com bond street, conhecido pela maioria de “bonne strit”, esperavam horas e horas para se completar uma ligação telefônica de um Estado para a outro via telefonista com cabos e cabines para atendimento para quem não tinha telefone em casa. No canto de muitas casas, ainda existiam as Nivico, que também passaram a servir de móveis, geralmente cobertos com pano....enfim, eram felizes e sobreviveram, mesmo sem tecnologia digital de hoje, facilmente dominada pelos jovens e difícil de ser aprendida pelos idosos. Os brinquedos de pilha, no máximo, eram usados por quem atingiu a idade dos cabelos cor de prata, que também usavam brinquedos de madeira. No passado, muitos pobres se imaginavam e arrastavam carros de luxo feitos de lata de leite cheio de areia, como eu fazia, me imaginando dirigindo um possante carro! 

A limpeza da casa era feita com creolina dissolvida na água e o salsar era só para dar o perfume, o aroma e o toque final da limpeza da casa. Todos viveram e sobreviveram  sem internet, telefone celular, TV de LED, Plasma, whatsapp, redes que tanto aprisionam os casais jovens de hoje. Algumas pessoas, como eu,  tiveram que se adaptar aos novos tempos, outros ainda os vêm com desconfiança, como se fosse coisa do outro mundo. Os sacos eram de papel e serviam para embrulhar quase tudo, Existia o papel manteira e, como é óbvio, embrulhava a manteiga tirada de latas grandes de 5 quilos, geralmente cabeça de touro, com uma pá de madeira. Não havia sacos plásticos, hoje despejados na natureza, entupindo bueiros e causando enchentes Também não existiam garrafas PET, copos descartáveis e todos sobreviveram e muito bem, em um período em que nem sonhavam com toda essa modernidade louca que aprisiona e torna os jovens em escravos tecnológicos. 

Talvez, por isso, tenham chegado a idade de 60, 70 e 80 anos, como sobreviventes de uma era feliz e podem ser chamados, mas foram chamados de vagabundos de uma idade que se passou a chamar de “a melhor idade”. Como melhor idade, se as leis são eram respeitadas, as escolas ensinavam e todos sobreviveram em um mundo real, com as relações humanas definidas, falando sempre o olho no olho,  contato pele a pele,  mão na mão. Era tudo mais gostoso. Hoje, vive-se em um mundo politicamente correto, mais virtual do que real. Os valores foram invertidos e subvertidos. O que honra no passado agora é caretice, o que era moral virou burrice, o que era natural, passou a ser estranho, enfim, o que era não é mais. Talvez, por isso, os membros da terceira idade que se sentem deslocados dentro desse novo mundo, possam mesmo ser chamados de “melhor idade”, porque é um mundo estranho para todos os idosos, mete medo, apavora e faz tremer. 

Depois que a pessoa atinge a idade da aposentadoria sofre redução em seu salário, mas também é quando a pessoa aposentada mais precisa tomar mais remédios, consultas médicas etc. Contudo, é quando o seu Plano Privado de Saúde aumenta de preço, o governo não reajusta seus proventos, os partidos políticos mentem e enganam anunciando que lutarão pelo fim do fator previdenciário, mas o mantém, inclusive se ridicularizam fazendo acordo com o Governo, não derrubando o veto da presidente Dilma Rousseff ao reajuste aprovado pela Câmara Federal, com um índice maior aos aposentados. Para piorar mais ainda a situação, o reajuste no valor dos medicamentos autorizados pelo Governo, mesmo abaixo do índice da inflação, torna a situação dos idosos mais grave porque essa despesa não abate no  IR, cuja tabela de descontos foi reajustada abaixo do índice da inflação. Os custos dos remédios não deveriam ser abatidos na voraz arrecadação do Governo Federal, porque os idosos aposentados podem ser mais considerados, menos ser tachados de vagabundos e considerados vivendo as suas melhores idades! 

Não é o caso de minha mãe Josefa Costa, que recebeu a todos seus convidados  esbanjando saúde, vitalidade e recepcionou sete membros vivos de sua família, quatro homens e três mulheres, meus tios e o de meu padrinho Francisco Januário Calado, que me recebeu com o mesmo carinho de outrora e que vive com filhos, netos, bisnetos e tataranetos, todos embaixo do mesmo seu novo teto, no Conjunto Nova República e não mais no Morro da Liberdade, por cuja Rua São Benedito, hoje Rua Dona Mini, eu corria como se fosse um louco. Não conheci a todos os irmãos de minha mãe, mais o tio Magno, que sempre o visitava, reconheci. Os outros, quase nenhum deles os conheci. Mas conheci muitos agregados de meu padrinho.

A melhor idade seria só a “Utopia” escrita por Platão, que sonhou com uma sociedade igualitária? Talvez sim porque não se pode explicar ou justificar que pessoas ganhem tão pouco quando mais precisam para garantir o resto de suas vidas com dignidade, cheios de doenças e precisando para comprar remédios. E o dinheiro é o que os idosos aposentados ou vagabundos para o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, não possuem!

quinta-feira, 16 de abril de 2015

VIVI...A VIDA QUE VIVI!


Vivi bem a vida que já vivi
(brinquei, estudei, cresci, casei, estudei de novo, casei mais uma vez
 amei, desamei, enganei, sofri...)

Se ainda viverei a vida que virá
Só Deus poderá responder por mim!

Arrependo-me só do deixei de fazer porque
e do não terei mais tempo para fazê-lo!

Vivi a vida que DEUS me permitiu
E vou realizando o que posso!
Se faço bem ou mal, a humildade 
não me permite que me julgue!
Os outros me julgarão 
e julgarão meu trabalho no futuro!

quarta-feira, 15 de abril de 2015

RETORNO AO MEU PASSADO II (homenagem aos Calado)



Embora tenha me emocionado várias vezes, não permiti que as lágrimas contaminadas por remédios lavassem as lembranças que guardo no coração da gratidão que tenho pela família Calado, especialmente meus padrinhos. 

Reencontrei Francisco Januário Calado, aos 87 anos de vida, viúvo de Natércia Calado, a “Nega”, como ele a tratava e a chama até hoje, embora falecida em 1995. Nascido em 1928, aos seus 87 anos de idade, hoje com problemas de audição provavelmente pelos anos em que fora tratorista no Departamento Estadual de Estradas de Rodagem – Der-Am,  ele continua morando com parte de seus filhos, noras, genros, netos e bisnetos e tataranetos, mas em outra casa no Conjunto Nova República porque teve que deixar a sua Rua São Benedito, onde morou durante 50 anos de vida. A sua casa foi desapropriada pelo progresso e indenizada pelos aterradores do Igarapé do 40, no qual tomava banho e nadava nas suas águas brancas, transparentes e com areia no fundo. Era lindo!

Dos 11 filhos que teve com Natércia Calado, fruto do amor que começou quando se casaram, ela, ainda jovem, com 18 anos de vida, o patriarca Calado continua cuidando de sua grande família, mas o percebi meio triste, talvez com saudade de sua companheira. Nas poucas vezes que frequentei o bairro do Morro da Liberdade, procurava reencontrar a casa onde morei na infância, transformada em Escola depois do falecimento de Natércia Calado, mas nada reconhecia. O beco São Benedito, onde nasci, hoje é uma rua. A Rua São Benedito também mudou de nome e hoje se chama Rua Dona Mini, em homenagem à mãe do empresário Clodoaldo Santos, proprietário de uma transportadora, que passou a residir no bairro anos mais tarde. Por que não colocaram Rua Natércia Calado? 

Talvez tenha sido porque minha madrinha tivesse uma vida pacata, com pouco dinheiro, nunca se envolvera em política e só cumpria o dever do voto imposto para não perder seus direitos civiis de alguns privilégios e nem pagar multa à Justiça Eleitoral! Seus últimos quatro anos de vida – e sempre que a via, ela estava deitada em uma rede, mas mantinha uma beleza que só ela sabia ter, uma beleza de alma, de coração e de espírito. Nunca a via triste, mesmo na rede. Francisco Calado me disse que ela comandava a casa toda mesmo deitada. Recordo-me sentado no sofá da sala, depois das 15 horas, pedindo para ligar um aparelho de TV preto e branco que só transmitia o Canal da TV Ajuricaba. Ficava intrigado com os pontos negros na tela correndo para um lado e para o outro como se loucos fossem. Mas não eram. Depois aparecia o símbolo do índio, as músicas e, em seguida, começava a programação com filmes seriados: Rintintin ou Zorro, geralmente. 

Reencontrei meu padrinho no portão de sua casa, nos abraçamos, dei-lhe um beijo no rosto e esbocei com um princípio de choro emocionado. Depois, Francisco Januário Calado me mostrou um “retrato” em preto branco, de sua “Nega” aos seus 18 anos,  restaurado devido o tempo. Ela era linda.  

Minha convivência com os Calado – Doca, que me chamava de “vestibulando”, Cosme, Doroteia, Conceição, Chaguinha, Gonzaga, Manuel, os mais frequentes, começou em 1968, quando deixei a comunidade do Varre Vento para estudar em Manaus. Dormia no mesmo quarto  “Chaguinha”, o “Xaxá”, como todos os chamavam, inclusive eu, aos 8 anos de idade. “Eles são do mesmo ano, diferença de um mês e vão se dar bem”, lembro da Doroteia ter me dito isso, à mesa do almoço. Naquele ano, cheguei à casa dos Calado, de táxi, entregando o endereço ao motorista e perguntando se ele sabia onde era porque eu não sabia, acompanhado com uma maleta de madeira construída pelo meu pai Paulo Costa e, dentro dela, meus poucos pertences. 

Vinha para Manaus para estudar no Grupo Escolar Adalberto Vale. Natércia Calado, providenciou a matrícula e não devo ter sido dos piores alunos do Grupo, embora fosse um pouco peralta, ter quebrado a testa pulando a janela, na quarta série, ter sido socorrido no carro da diretora Alda Figueira Pérez, considerada linha dura e ter medo do barulho vindo do “Batuque da Mãe Zulmira”, que ficava próximo ao Grupo. Aliás não era medo, era pavor mesmo, tantas as histórias que meus colegas contavam sobre sacrifícios de animais e outras fantasias infantis. Mas nada era verdade! 

Durante meu reencontro com meu padrinho, almoçamos juntos e ele voltou a falar de sua “Nega” e novamente lágrimas cheias de remédios que tomo há 10 anos, teimaram em embaçar meus olhos, não o suficiente para não me permitir me ver correndo como um moleque serelepe, empurrando “carros compactadores”, com meu amigo João Couto da Silva, que não o vejo há muitos anos também, imaginando os tratores que meu padrinho transportava, ouvindo o estridente barulho de seus motores, possível razão de sua surdez parcial. Cosme Calado já tinha me avisado desse problema e pediu que eu falasse sempre alto perto dele, mas não foi necessário porque nunca recuperei totalmente meu tom de voz depois das 11 cirurgias a que fui submetido no cérebro desde 2006. Lembro que eu e o João Couto da Silva corríamos para cima e para baixo, só para deixar a areia do campo do Bariri, bem compactada. O campo e o time do Olaria, eram comandados pela família de Dona Rosa, uma comerciante da  Rua. Puxar carros compactadores, empurrar aros de bicicletas com um arame ou pneus de carros, eram nossa principal diversão. Sempre fazia isso, me imaginava não ser ninguém, me imaginava sempre despreocupado e livre, me imaginava sem qualquer responsabilidade. Só queria saber de correr feito louco e estudar. Afinal, não fora para isso que vim para Manaus? 

Considero-me um irresponsável porque cresci, casei aos 20 anos pela primeira vez em 1980 e, em 1998 pela segunda vez, com Yara Queiroz, com quem tenho um filho em comum de 17 anos, mas nunca esqueci as brincadeiras infantis correndo pela rua que hoje se chama Dona Mini, mas para mim e para muitos, continuará sendo Rua São Benedito, porque poderia ser Rua Natércia Calado, que viveu seus últimos quatro anos de vida deitado em uma rede, administrando a vida de seus filhos e fazendo-os de todos homens e mulheres professores, ganhando péssimos salários! 

Ser professor é uma vocação como ser padre também o é. Mas será que não poderiam ter um salário mais digno no exercício de suas atividades para se dedicarem ainda mais. Hoje, um professor com mestrado e doutorado ganha menos do que um assessor com o segundo grau nos principais cargos do Congresso Nacional. 

Será que isso é certo?

segunda-feira, 13 de abril de 2015

"VEM, VAMOS EMBORA" (APOIAR A DEMOCRACIA?)


Na passeata em 24 Estados e vários municípios do Brasil, 33% protestando contra a corrupção e 11% pedindo o impeachment da presidente Dilma Rousseff, percebi pessoas descontentes, mas “caminhando e cantando e seguindo a canção”,  Fora Dilma, como fala na letra da música “Pra não Dizer que não falei de Flores”,  do compositor e cantor Geraldo Vandré, terceira colocada em festival de música no Maracanazinho, em 69 mas, censurada pelos militares, tornou-se a música de protesto mais cantada em manifestações de jovens que protestavam contra a Ditadura de 69. O cantor foi vaiado e aplaudido durante o festival. Só que agora, na manifestação democrático que jamais seria permitida em um regime de exceção, gritavam “Fora Dilma”, “Fora Dilma” e alguns empunhavam faixas pedindo mais uma vez a intervenção militar no Brasil.

Esse tipo de manifestação só ocorrera no Brasil, no início da abertura política do Governo Figueiredo, durante as manifestações de apoio as “Diretas Já!”,  projeto de autoria do deputado federal falecido, Dante de Oliveira, quando milhares  se reuniram no Vale do Anhangabaú, em SP, cantaram o hino nacional e a música de Geraldo Vandré, para marcar posição. Depois, Tancredo Neves foi eleito pelo Colégio Eleitoral, tendo como vice José Sarney, pondo fim ao regime militar. O presidente Tancredo Neves não assumiu e ficou em seu lugar José Sarney e o resto é história de pacotes, aumentos de preços, promessas e a inflação subindo tipo balão de gás até atingir mais de 900% no último ano do Governo! As manifestações em todo o país eram sempre vigiados por agentes do Exército e da Polícia Federal, que se infiltravam e se disfarçavam no meio da multidão.

Na passeata contra Dilma Rousseff, tinham muitos jovens das “escolas (…), campos, construções, caminhando e cantando e seguindo canção” “Fora Dilma! Fora Dilma!” Mas será que alguma das pessoas que participava da manifestação do dia 12 e pedia a volta da ditadura militar, vivera o período da Ditadura Militar, regime de exceção que jamais permitiria manifestação pacífica, ordeira, democrática, sem incidentes ou vandalismo, como ocorreu no Governo Dilma? Alguns, talvez sim! A maioria de jovens, não! Ainda não tinham nascido nesse duro e negro período de nossa história recente. Como aposentado por invalidez e com reajuste abaixo de todos os outros reajustes concedidos, não tenho motivos e nem razões para defender o Governo Dilma Rousseff. Mas não penso pelo meu lado individual de aposentado, mas no coletivo porque não moro sozinho no mundo e nem no Brasil. Meu partido é o da democracia! O Governo do PT  está ruim? Está sim! Mas só se concerta o que está ruim com mais democracia e não com Ditadura Militar! 

Os manifestantes têm razão em querer o impeachment de Dilma Rousseff. Juridicamente, porém, não existe processo contra a presidente até agora, como existia contra o ex-presidente Fernando Collor de Mello, em período bem recente de nossa história política, que sofreu impeachment, perdeu direitos políticos por sete anos e hoje é senador por Alagoas, pelo voto do povo. Com respeito e responsabilidade, dentro do Regime Democrático, pode-se dizer o que quiser, pedir o que achar que tem direito, reivindicar, mas lembro que historicamente, em todo processo de ruptura constitucional no mundo, o povo é sempre usado como “bucha de canhão” e, ao final, sempre fica descartado pelos líderes oportunistas que assumem o poder! Como se fosse um profeta da história, a música de Geraldo Vandré, terceiro colocada no Festival de Música  tornou-se um hino de protesto contra o Governo Militar porque dentre suas várias estrofes, uma dizia “esperar não é saber/Quem sabe faz a hora/Não espera acontecer”.

Seria a hora de tirar uma presidente eleita democraticamente e trocá-la, por uma ditadura militar? Não, porque  ainda existem  “pelos campos há fome, em grandes plantações/ Pelas ruas marchando/ Indecisos cordões/ Ainda fazem da flor/Seu mais forte refrão/ E acreditam nas flores/ Vencendo o canhão/ Vem, vamos embora”, apoiar a Democracia, com quem quer que venha a ser o próximo presidente da República. Vamos apoiar a Democracia e fazer reforma política, acabando com as coligações partidárias, apoiando o financiamento público e não privado de campanha, reduzindo o valor das atuais campanhas milionárias em todos os níveis, reduzindo o número de ministérios, os tributos, reformando a Justiça em todos os níveis. Tudo isso pode ser feito dentro da Democracia, não precisando de Ditadura Militar para impor ordem na casa. Admito, aceito e não contesto que o PT e o Governo Dilma Rousseff se desgastaram muito em 100 dias de mandato. 

Ah, mais uma coisa: vamos acabar com a releição porque hoje no Brasil de inúmeros partidos, todos se resumem a somente dois: o que está governando e combate a corrupção herdada de outros governos e todos os outros que querem chegar ao poder para talvez continuarem sendo corruptos e encontrando outras formas de fraudar que não sejam através das contas CC5 do Banestado na reeleição de FHC e nem do Mensalão ou dos contratos superfaturados da Petrobras. Vamos pensar nisso em vez de ficar marcando nas ruas sem saber o motivo e fazendo abaixo-assinado para pedir a renúncia de Dilma Rousseff. Sabem quando a presidente renunciará? Nunca! A popularidade dela ainda cairá mais ainda porque como disse o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, “tenho certeza que o segundo mandato da companheira Dilma, será melhor que o meu” ou como disse o ex-prefeito Paulo Salin Maluff ao indicar Celso Pitta para ser seu sucessor: “se Pitta não fizer uma administração melhor do que a minha, não me reelejam mais a nada” e continuou se candidatando e sendo eleito deputado federal por São Paulo!

domingo, 12 de abril de 2015

"NUNCA NA HISTÓRIA DESSE PAÍS"...A CORRUPÇÃO FOI ENFRENTADA!



Como costuma dizer o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, “nunca na história desse país”, se viu tanta corrupção ser enfrentada com determinação e se prender tantos envolvidos por causa dela, como no Governo Dilma Rousseff. Mas uma andorinha só não faz verão! A Justiça continua mandando prender e soltar bandidos do colarinho branco, empresários, empreiteiros, executivos, políticos e ex-políticos  que passam a fazer uso de tornozeleiras eletrônicas, mas com pouca eficiência, eficácia e controle. A presidente Dilma Rousseff aperta de um lado, cumprindo seu discurso de posse, de que mandaria apurar tudo, “doa a quem doer”. A polícia federal cumpre mandatos de prisão expedidos pelo juiz federal Aldo Moro, agora para apurar indícios de fraudes em outros contratos de publicidade firmados pela Caixa Econômica Federal e não mais diretamente envolvidos com o Escândalo de Corrupção na Petrobras. 

Nesses contratos existe a suspeita de que um ex-deputado cassado por envolvimento no escândalo do Mensalão, estaria envolvido também nesse novo escândalo de corrupção. O Brasil vive em um regime democrático anárquico, onde todos mandam, poucos obedecem, ninguém se entende e, políticos sem ética, gananciosos, inescrupulosos transformam seus gabinetes na Câmara Federal em balcões de negócios para pagar despesas milionárias de campanha, mas também enriquecem da noite com o dinheiro público, ficando a sensação de que a queda de braço entre a ação do Governo Federal em mandar apurar, a Polícia Federal em investigar e a Justiça que manda prender e depois soltar, arrebentará para o  lado do mais fraco: a sociedade. 

Com os desdobramentos da décima primeira fase da operação lava jato, o juiz federal Aldo Moro, decretou a prisão de mais sete pessoas, incluindo três ex-deputados federais, Luiz Argôlo (SDD-BA), Pedro Corrêa (PP-Pe),  ex-deputado que já cumpre prisão pelo mensalão do PT no Centro de Ressocialização do Agreste (CRA), em Canhotinho (PE), mas agora voltará ao regime fechado e André Vargas (sem partido) que, locupletados com empresários, mas sem envolvimento direto com o esquema de desvios na Petrobras, teriam desviado recursos de contratos publicitários da Caixa Econômica Federal e do Ministério da Saúde. André Vargas, ex-deputado federal, pelo PT, foi preso em Londrina; Leon Vargas, irmão do ex-deputado paranaense preso em Londrina; Luiz Argôlo (SDD-BA), ex-deputado, preso em Salvador, em regime semiaberto; Élia Santos Hora, secretária de Argôlo, presa em Salvador; Ivan Mernon da Silva Torres, ex assessor de Pedro Corrêa, preso em Niterói e Ricardo Hoffmann. 

De acordo com a polícia federal, a agência de publicidade dirigida por Ricardo Hoffmann era a contratada da Caixa e do Ministério da Saúde e subcontratava serviços de empresas inexistentes dirigidas por Leon e André Vargas, repassando 10% do contrato firmado com a empresa principal. Esse percentual era desviado dos cofres públicos, segundo garantiu o delegado federal Igor Romário de Paula. Tanto o Ministério da Saúde quanto a CEF disseram que colaborarão com todo o processo de investigação de um esquema que existia desde 2010 e se estendeu até 2014, mas ainda seria cedo para estimar os prejuízos causados, porque a Polícia e a Justiça Federal continuam investigando.

André Vargas estaria envolvido no desvio de 2,4 milhões de reais, recebidos do doleiro Alberto Youssef através da emissão de notas fraudulentas pela empresa IT7, que ainda possui contrato com diversos órgãos públicos, no valor de 50 milhões no ano de 2013. Dentre as provas apresentadas pelo Ministério Público Federal para a prisão de André Vargas, está um pagamento de R$ 2,4 milhões feito por Youssef em dezembro de 2013. Para justificar o recebimento, teriam sido emitidas notas fraudulentas em nome da empresa IT7, que ainda possui contrato com diversos órgãos públicos, dentre eles a Caixa Econômica Federal, no valor de R$ 50 milhões no ano de 2013. Como seria de se esperar e sem qualquer surpresa, o advogado de defesa dos irmãos André e Leon Vargas disse que seus clientes são inocentes e que dará entrada no pedido de habeas corpus contra suas prisões, que ele diz desconhecer a motivação. Leon Vargas foi preso temporariamente por cinco dias, mas a prisão preventiva dos outros será por tempo indeterminado ou até que a Justiça os solte por falta por decurso de prazo ou os absolva por falta de provas. O estranho e surpreendente seria se o advogado de defesa dissesse que os dois políticos eram culpados. O advogado do ex-deputado, por sua vez, orientará seu cliente a entrar no programa de delação premiada em troca da possível redução da pena. Se ele fará isso, é porque Pedro Corrêa ainda tem muita coisa para jogar no ventilador da corrupção e envolver mais gente que se julgava acima de qualquer suspeita!

O Brasil vive um período de democracia anárquica com muitos mandando e o povo se ferrando por falta de justiça. Mas nunca aconteceu antes na história desse país, a prisão de tantos envolvidos em atos de corrupção de uma só fez, como no Governo atual. Contudo, uma andorinha só não faz verão e a sociedade civil organizada precisa apoiar a presidente Dilma Rousseff, que recebeu aceitou, e está enfrentando a corrupção em seu governo!

quinta-feira, 9 de abril de 2015

PERDIDOS EM SALINÓPOLIS!


Um farol construído por André Vidal de Negreiros, em 1656, para indicar aos navios a presença de arrecifes e a  uma estátua de uma Santa construídas no centro da cidade nas proximidades de um posto de gasolina, eram nossas referências para também chegar a pousada “Recanto do Sal” (www.recantodosol.com.br), comandada pelo proprietário Geraldo Nazaré e sua família. A pensão ficava nas proximidades dessas duas referências quando saíamos para visitar as Praias do Atalaia, para nos bronzear ou do Maçarico, em uma área de mangue. O município era o de Salinópolis ou Salinas, em uma cidade turística distante a 220 km de Belém pela Rodovia BR-316,  despreparada para receber turistas. Tem na praia de areia branca do Atalaia, sua melhor atração, com águas do mar de tonalidade verde acinzentada. Alcançamos a Pousada na Rua Assis de Vasconcelos, usando o GPS do celular, mas paramos aos fundos da Câmara Municipal de Salinópolis, porque seria o endereço indicado pelo mecanismo de localização.. Estávamos na rua certa, mas não havia uma única placa  para nos localizarmos e ficamos sem saber se era o local correto. Perguntamos. A pessoa disse que não sabia se era a mesma rua que queríamos saber se seria. Para turistas perdidos, é a pior coisa que existe, a falta de placas.

Demos volta em torno do prédio da Câmara e a pousada ficava um pouco mais abaixo. De 2003, quando estive pela primeira vez, conheci uma Salinas com ruas sem asfalto. Ao voltar para matar a saudade e passar a Semana Santa, acompanhado pela esposa advogada Yara Queiroz e as amigas, Francisca Rocha Anunciação, administradora de empresas e Eleonora, a “Noca”, advogada militante, a encontrei  limpa, bem cuidada, tranquila, mas sem placas indicativas com nomes de ruas ou pessoas preparadas para prestar informações aos turistas. Deixando a pousada, sempre por uma rua, passávamos por um lago e revi prédios em sua volta e muitas melhorias em termos de infraestrutura urbana, com supermercados com estacionamentos para bicicletas, lojas para venda de roupas de banho, as redes de lojas Y. Yamada e a farmácia Big Ben, também se faziam ver. Contemplei com espanto, os estacionamentos para bicicletas, confirmando ser uma cidade ainda tranquila, asfalto nas áreas do que fora antes um condomínio de casas de veraneio, quase no meio do nada. A cidade de Salinas foi formada a partir de uma fábrica de sal e a praticagem na Ilha do Atalaia e tem hoje 38.552 habitantes, segundo dados do IBGE, mas é o destino preferidos dos municípios que compõem a Região Metropolitana de Belém, quadruplicando sua população em época de férias escolares. Como éramos turistas perdidos e sem muitas informações, nossas únicas referências passaram a ser a Estátua da Santa e o Farol, que também serviam  para nos indicar o caminho da pousada para não naufragarmos na falta de informações e estrutura turística. a Com carro alugado no Aeroporto, chegamos ao endereço, mas erramos a estrada ao parar em restaurante para almoçar. Retornamos por dentro de um município de rua esburacada e voltamos à Rodovia BR-316. 

O município foi fundado reunindo um pequeno grupo de famílias no alto de um barranco de uns 20 metros de altura, onde existe hoje um Farol para alertar embarcações da proximidade dos arrerecifes. Para nós, turistas perdidos, também nos serviu como de Farol  “Dos Turistas Perdidos” nos indicando o rumo da pousada Recanto do Sal, na qual ficamos hospedados por 4 dias, recepcionados por todos, com muita atenção, tendo à frente o proprietário Geraldo Nazaré e sua esposa Adriana. No domingo à noite, fomos à missa na bonita e simples Catedral da cidade. Na volta, depois de irmos à Praia do Maçarico para tomarmos sorvete Cairu e comer sanduíche, ficamos perdidos de novo, rodando e sem ninguém nas ruas para prestar informações. Recorreremos ao ao farol e acertamos de novo o caminho da pousada. O prefeito Paulo Henrique Gomes, (PSDB/2013-2016), deveria se preocupar também com a da falta de sinalização e informações turísticas em sua cidade. Apesar disso, Salinópolis ou Salinas é uma cidade aconchegante, iniciada pelos jesuítas, mas não está preparada para recepcionar turistas.

Antes da separação do Maranhão e do Pará, em 1774, Salinas pertencia a Capitania do Caeté, criada pelo Decreto-Lei de 25 de fevereiro de 1652, segundo informa o relatório do ouvidor do Maranhão, de 1751, o bacharel João Aônio da Silva Diniz. A Capitania começava no rio Gurupi e se estendia 50 léguas até o Rio Guamá. O município possui 217,865 Km2 e, segundo o Censo do IBGE de 2013. Sua economia gira em torno do turismo e pesca. Na praia do Atalia, a maré não desce mais tanto quando recuava em 2003, não formando mais a mesma quantidade de lagoas naturais de águas salgadas, como existia antes. Carros ainda alcançam e estacionam nas areias duras da praia depois das 10 hs da manhã e começam a ser retirados em torno das 16 horas, quando a maré começa a subir, entrando pelos canais das lagoas naturais. A maré é forte, grande e rápida. Ao contrário do que observei em 2003, não vi mais carros guinchos ou veículos de turistas sendo pegos desprevenidos presos pela maré. 

Na praia do Atalia, visitamos diversas barracas, do David e, por indicação da filha da dona que fazia uma pesquisa para um empreendimento de um apart-hotel na estrada do Atalaia, visitamos a da Dona Deusa. A diferença de preço entre as barracas, chegava a ser elevada. Nas barracas, servem refeições, sem colocarem lanços de papel nas mesas ou sacos para recolher restos de alimentos que os turistas produzem. Deixando a cidade, observei uma placa de um avião, o que dá a ideia de um provável aeroporto. Em Belém, fiquei sabendo que a placa que vi, seria um “bairro do Aeroporto” loteado há mais de 30 anos, mas nunca chegou a funcionar nada, nem Aeroporto para receber turistas. O turismo gera investimentos, que resultam em impostos e todos ganhariam, principalmente a economia de Salinópolis. Só que junto com o progresso, caminham também os problemas sociais de uma grande cidade!

quarta-feira, 8 de abril de 2015

BARCOS REGIONAIS QUE TRANSPORTAM SONHOS! (crônica reposicionada)

Grávidos de redes e dentro das quais engravidam mulheres também, os barcos regionais zarpam do porto de Manaus, a qualquer hora do dia e da noite e cruzam os rios Negro e Solimões, transportando homens, mulheres e crianças tristes por constatarem que na capital não é mais local para realização de sonhos, por culpa do desemprego nas indústrias, violência, falta de saneamento básico e grande riqueza das indústrias que exploram a mão-de-obra dócil e barata, sem qualquer contrapartida social.


Em meio à quietude e escuridão do Rio Negro e das barrentas e violentas águas do Rio Solimões, os barulhentos barcos regionais, sob as bênçãos de Deus, deslizam sob o olhar atento da lua e das estrelas, transportando a desilusão da ilusão de pessoas que buscaram realizações profissionais na capital e que retornam com a certeza de suas frustrações pela falta de oportunidade de emprego, ainda vivos diante da violência que mata sem perguntar nada, livres das drogas ou envolvidos com elas, mas tentando abandoná-las. Enfim, é uma cena triste, mas real e os barcos apenas ajudam a transportar passageiros sem lhes fazer quaisquer perguntas.

Durante o dia, botos navegam acompanhando os barcos regionais, mas, ao contrario das lendas, não se transformam em homens elegantes de branco e não engravidam moças incautas que apenas sonharam com seus príncipes encantados que não os encontraram como desejavam entre os jovens que conheceram e namoraram na cidade grande! A esperança poderá estar no próximo porto, no próximo namoro – quem sabe não seja um príncipe encantado de verdade?

Muitos se perderam pelos caminhos tortuosos dos vícios, nas vielas sombrias, fedorentas, escuras e esburacadas da capital e derraparam em seus sonhos. Decidiram retornar para terem as mãos calejadas em suas terras, fugindo da agressão da polícia em despejos de terrenos realizados quase sempre com uso da força; é melhor um calo na mão de um cabo de terçado ou machado do que viver correndo da polícia na capital em busca de um pedaço de terra que podem chamar “de meu”.

Chorosos, com mãos vazias, levam saudades e certeza de que o sonho acabou antes de ser iniciado, acenando para pessoas tristes pela partida, com os sonhos desfeitos transportados dentro dos motores regionais.

Na escuridão das noites, as luzes derradeiras da cidade grande ainda clareiam o barco regional que vai deslizando com suavidade e sem afundar nos rios não balizados, tristes por transportarem pessoas tristes também.

Um sonho acabou;  mas, outro poderá começar no próximo porto!