domingo, 20 de abril de 2014

UM MERGULHO NO MEU PASSADO



Do beco que me viu nascer, do bairro que me viu crescer correndo pelas suas ruas sem asfalto, da catraia que me transportou para pegar água do outro lado do Igarapé do 40, do depósito de açúcar onde apanhava a água em uma torneira colocada aos moradores, nada mais existe. O Beco São Benedito, no qual chorei pela primeira vez, o bairro por cujas ruas andava puxando carrinho imaginário compactador com meu amigo de infância João Couto da Silva, a catraia lenta e colorida que ligava os bairros Morro da Liberdade a Cachoeirinha foram, agora, substituídos por uma ponte, prédios, quadras, parques de diversão e o Igarapé do 40 foi quase aterrado e por ali só trafegam carros velozes. Não reconheci quase nada, apesar do motorista que me levava à Escola de Samba Reino Unido da Liberdade, Carlinhos Pucú fosse me dizendo “isso ficava aqui”, “aquilo ficava ali”, mas nada reconheci, exceto o antigo depósito de açúcar que ainda existe e resiste, mas também não é mais o mesmo. Era inútil o brincante da Escola ir me dizendo “isso ficava aqui, aquilo ficava ali”, porque pouca coisa eu reconhecia. Olhei para a casa de meus padrinhos, no início da Rua São Benedito, depois virei o rosto para ver se ainda conseguia ver a casa do Leônidas ou do João Couto da Silva, do outro lado da Rua, mas nada existia e tudo havia sido “engolido” pelas obras de melhorias sociais do Prosamim e cedido lugar a um progresso que constrói e destrói também!

O Beco São Benedito, agora é o “Beco dos Pretos”, a casa de muitos quartos, que depois da morte de meus padrinhos Natércia e Januário Calado, virou Escola, agora foi demolida e cedeu lugar às obras do Programa Prosamim  - Programa Social e Ambiental dos Igarapés de Manaus que, aos poucos, vem matando por sufocamento os mais tradicionais e importantes braços de rios de águas negras que cortavam minha Manaus, principalmente o Igarapé do 40. Para cruzar o antigo igarapé de minhas recordações, existe uma ponte ligando os dois bairros. Dentro do táxi, tocava uma música suave de uma banda regional de Itacoatiara. Eu escutava o excelente CD que o Carlinhos Pucú me disse o nome, mas esqueci, mas lembro de seu cantor porque já o vi no passado tocando. São muito bons todos os músicos. Escutava a suave música de uma banda regional de Itacoatiara e me admirava por não terem atingido o mesmo patamar de outros grupos que cantam com a “bunda” como dizia o deputado federal Clodovil Hernandez.

Da ponte, avistei as obras do Prosamim, e o Carlinhos Pucú continuava me dizendo “isso ficava aqui, aquilo ficava ali”, mas eu estava perdido em minhas lembranças do passado quando atravessava do Morro à Cachoeirinha para apanhar água, no depósito de açúcar do outro lado. Eu me perdia nas lembranças e recordava os bonequinhos correndo para um lado e para o outro como doidos, quando a TV em preto e branco de válvula era ligada para aquecê-las e esperar surgir a imagem na tela. Era uma época difícil, mas quem possuísse uma TV em casa, já podia ser considerado um rico porque os aparelhos eram muito caros, A sala na qual lembrava era toda pintada de azul com um lustre bem no centro, oval, simples e pequeno.

Emocionado por rever e não reconhecer mais o bairro que me viu nascer e correr por suas ruas empoeiradas, desci do táxi de Carlinhos Pucú e fui recebido por Ivan de Oliveira, ainda com    poucos cabelos brancos, talvez menos dos que os meus aos 54 anos e embranquecidos rapidamente por onze cirurgias no cérebro desde 2006, para tratar de um empiema cerebral. Deixei o hospital presenteado com duas bactérias hospitalares incuráveis, mas controláveis com antibióticos. Acho que sambar lhe fez bem ao amigo Ivan de Oliveira, e os medicamentos que me mantêm vivo fazem mal para mim, ou me deixam os cabelos rapidamente mais brancos! Estava retornando para conhecer e participar das festividades pelos três anos de existência do Instituto Reino do Amanhã, criado por Jairo de Paula Beira-Mar e presidido pelo advogado e funcionário do Tribunal de Justiça do Amazonas, Neilo Batista, de cuja união com Rita Castelo, lhe resultaram duas filhas, Maria Vitória e Maria Eduarda, que também integram os quadros da Escola, que estavam presentes na ocasião. 

O ex-policial civil que trocou tiros com bandidos, Jairo Beira-Mar, decidiu também trocar sua arma e suas balas por canetas e livros, incentivando um programa de apoio à leitura em parceria com escolas públicas do bairro, como o meu Adalberto Valle, que me viu cruzar de sandálias ou sapatos que mandava confeccionar no bairro de Educandos, seus portões de ferro por quatro anos seguidos, a Escola Paula Ângela e outras que aceitaram o desafio de incentivar crianças ao hábito de leitura através do projeto social “Samba Lê-Ler”, implantado por Ismar Machado, sócio proprietário da Escola e aposentado pela Petrobras. Projeto reconhecido internacionalmente pela UNICEF - Fundo das Nações Unidas para a Infância e a Adolescência e divulgado nacionalmente pela Rede Globo no projeto Amigos da Escola, mas, desconhecido, inclusive por mim, que comecei a trabalhar profissionalmente como jornalista aos 19 anos e muitas vezes recebi Ivan de Oliveira, no Jornal A NOTÍCIA para divulgar ensaios na Escola. Hoje sou assistente social, formado há 17 anos e não tenho desculpa e nem perdão por não conhecer, mas apenas reconhecer que esse projeto social de cidadania existe há pelos menos 32 anos, retirando das ruas através da música, leitura, capoeira, bateria mirim, crianças e adolescentes em risco social. 

Da Bateria Mirim saíram para a Bateria Principal, Igor Emanuel, Ricardinho e o Branner, tocadores de cavacos. Nada disso eu sabia, por isso não mereço ser perdoado! Como eu poderia desconhecer um projeto social de tamanha importância, criado há 32 anos dentro da Escola Samba Reino Unido da Liberdade, dedicado à infância, adolescência e juventude que tem tirado das ruas e vem transformando em cidadãos plenos, inúmeros meninos e meninas em situação de risco social e reconstruindo famílias? Como eu poderia desconhecer que o projeto recebera reconhecimento internacional da UNICEF?

Perguntei por alguns amigos de infância, como o moreno forte Leônidas, “O Leão”, como era conhecido, que protegia meus 28 quilos distribuídos em um corpo esquelético até meus 12 anos de idade. Soube que ele era sócio da Escola, mas não se fazia presente no local. Perguntei por dona Rosa, esposa de seu Raimundo Cunha que chegou a ser presidente do Olaria Esporte Clube, um clube social no bairro que se rivalizava de forma sadia com o Libermorro, outro clube que existe no bairro. Soube que Dona Rosa falecera como falecerei um dia, mas soube também, que seus filhos, Wiliam e Williana, com os quais estudei, casaram e deixaram de morar no bairro. O Ronaldson, que estudava com meu irmão Roberto Costa, hoje contador e professor universitário como já fora um dia, era o único que ainda morava, mas não pude vê-lo como gostaria! Talvez nem me reconhecesse mais porque não tinha muito contato com ele, mas o admirava muito quando passou a ser jogador profissional do Libermorro Futebol Club. O campo do Olaria, o Barirí, não existe mais. No local funcionam serviços médicos e sociais e um Clube de Mães. Também procurei ver a delegacia de polícia, mas nada consegui encontrar. Funcionou nos anos 80, inaugurada pelo Secretário de Segurança José de Matos Filho, no Governo José Lindoso. Fui apresentado a Clênio Franciné, filho da minha professora do Grupo Escolar Adalberto Valle, Célia Franciné, proprietária de uma das primeiras padarias existentes no Bairro do Morro da Liberdade. Agora, Clênio Franciné, também aluno da Faculdade de Direito, é compositor da Escola de Samba. Perguntei por Almeron e soube que o autor do Samba Enredo “Mãe Zulmira, o Amanhecer de uma Raça”, que deu o título de campeã à Escola em 1989 falecera há três anos aproximadamente, deixando de presente um verdadeiro hino ao Reino Unido, sobre a raiz negra do candomblé, a resistência da raça e suas tradições e cultura encentrais.

Jairo de Paula Beira-Mar ficou emocionado ao receber a camisa de “Presidente de Honra do Instituto Reino do Amanhã” e contou que me via subindo a Rua São Benedito, com caixa de picolé no ombro ou um tambor de cascalho e um triângulo nas mãos, com uma sandália havaiana nos pés. Lamentou que o Beco São Benedito, onde minha mãe disse que nasci, ter sido engolido também pelo projeto Prosamim e ser conhecido hoje como apenas “Beco dos Pretos”. Tenho certeza que ele possa ter visto mesmo porque era policial civil e deveria trabalhar na Delegacia do Morro, em cuja frente sempre tinha que passar todos os dias para cumprir meu ofício porque não queria ser  apenas mais uma boca na casa de meus padrinhos, já tinham numerosos filhos como o Doca Calado, Chaguinha Calado, Gonzaga Calado, Emanuel Calado e muitos outros que o tempo me fez esquecer de seus nomes. A Delegacia do Morro, ocupou um pedaço do campo de futebol do Olaria, o campo do Barriri, em cujo local, nos finais de semana, assistia a muitas partidas de futebol com times uniformizados que se duelavam por uma bola e vibravam quando faziam um gol, em uma trave ou em outra. Eu estava na mesa com o diretor da Escola, João Tomé Mestrinho e sua esposa Kátia!

Deixei o Morro com sentimento de orgulho pelo trabalho social que o Instituto Reino do Amanhã realiza, mas frustrado quando o Neilo Batista cobrou do atual governador do Amazonas, José Melo, a promessa que o seu antecessor Omar Aziz fizera, exigindo que todas as Escolas de Samba do Grupo Especial de Manaus também desenvolvessem trabalho igual ou parecido de resgate social em suas comunidades, mas seu Secretário de Cultura Robério Braga, que mandou tecnocratas visitarem as Escolas de Samba de Manaus, disseram que no local não teriam condições de desenvolver nada, sendo excluída. A Escola de Samba Reino Unido da Liberdade terá uma nova sede, está em construção, com salas de aula e terá condições de desenvolver um excelente trabalho social e prosseguirá o que já realiza em silêncio há 32 anos. A sede e as salas de aula ficarão em uma área do Prosamim na antiga margem do Igarapé do 40, que engoliu uma parte de meu passado também. Meu sábado, dia 12 de abril, cheio de emoções fortes foi concluído prestigiando o lançamento do livro de Jan Santos, “Evangeline – Relatos de um mundo sem luz”, no Centro de Convivência da Família, Magdalena Arce Dou, em Santo Antônio. Posso garantir que foi um sábado perfeito, do jeito  que costumava acontecer antes de 2006.

28 comentários:

  1. É tão bom recordar o passado, isso é inerente ao ser humano. Porque recordar é viver, e isto é um ato que nos faz bem, voltar ao ponto de partida, e relembrar de tudo o que se viveu, naquele ambiente, naquele lugar e etc... E, isso você, meu querido amigo e cronista CC, sabe escrever como ninguém, és um mestre nesta arte das letras.. Deixo aqui, o meu forte abraço, para você e família!

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  2. José Roberto Pinheiro Pinheiro Carlos Costa, depois de viver seis dezenas de anos nessa cidade e ter residido em 9 lugares diferentes, a vivencia vai escasseando dando lugar às memórias. Comigo, o destino foi generoso, me colocou no Parque 10 (Rua 4) onde passei parte de minha infância, sobretudo nas férias escolares, quando varava com disposição e ligeireza de um calango, pelas cercas de arame farpado do balneário Las Palmas, de meus padrinhos Vasco Vasques e Zaira Vasques, pra ver as farinhadas numa roça, onde exatamente hoje, esta minha casa cercada e quase espremida no meio dos novos prédios M.P

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  3. Nirvana Beira-mar Embora tenha nascida no mesmo bairro e termos sentado na mesma mesa no dia do café da manhã, não o conhecia, mas depois de toda a história que vir a conhecer, fico feliz em você ser mais um menino do Morro, que se destacou na vida. Parabéns!

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  4. Keyla Maria Oliveira Silva Lindo, amigo, vou levar comigo!

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  6. Muito interessante esse mergulho no passado que, apesar de ter perdido o cenário, jamais se apagará. Parabéns. abraço

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  7. Muito boa essa lembrança . Sei onde fica o deposito de açucar.

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  8. Como são gratificantes todas essas recordações...Foi um prazer te ler.Abraços fraternos desde Portugal.

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  9. Que relato maravilhoso. Desperta os mesmos sentimentos que sinto quando na rua Afonso Pena , na Praça 14. Consigo lembrar de muitas coisas da.minha infância e juventude. Só me falta competência para colocar no papel, de forma tão brilhante, como vc sempre faz. Parabéns!!! Boa noite , meu amigo.

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  10. Carlos - eu também desconhecia totalmente esse trabalho social da Reino Unido da Liberdade até ser informado por você, por sua crônica...

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  11. Que o mergulho no passado possa fortalecer o presente e dar esperanças ao futuro. Belo texto. Um fraterno abraço.

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  12. Elizabeth Menezes Vasconcelos12 de abril de 2015 às 15:56

    Parabéns pelo texto. De repente me vi passeando por lugares onde nunca estive (na época em que você passou seus primeiros anos de vida) e entendendo o quê de nostalgia e decepção, talvez. Isso é História. Parabéns pelas lembranças registradas.

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  13. Amigo Carlos Costa essas suas cronicas deveriam virar filmes , são muito cheias de ação , e aventuras , gosto de ler cada detalhe !

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  14. Adelaide Reys/Maceió12 de abril de 2015 às 17:15

    Que linda crônica...
    Sempre são deliciosos esses nossos mergulhos num passado que alicerçou a nosso caminhar pois, crianças e adolescentes, ainda não sabíamos das perversidades que o mundo dos "grandes" é tão farto.
    Já estou em Maceió, e aguardo a chegada de vocês...
    Passei a Páscoa no "acampamento" em Paripueira mas um casal arranjou um freezer para melhorar as condições...
    Aos poucos irei dando acabamento à nossa casona ainda por terminar...
    Que tenham passado todo o período pascal com muitas alegrias, amor e paz!

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  15. Parabéns! Isso é que é lembrança viva. Requintadas de detalhes e pessoas vivas. Carlos Costa vc é um privilegiado por guardar tantos tesouros dentro de si. E de certa forma nos enriquece quando resolve dedilha-los fazendo chegar até nós, meros mortais. Você tem o poder de me enebriar com suas belas lembrancas. Tim tim a vida. Porque enquanto há vida, há esperancas.

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  16. Meu bravo jornalista Carlôs. Seu texto, uma verdadeira onda de recordações, enfoca um fenômeno cada vez mais presente na memória dos mais antigos. Acho até que talvez seja melhor não mais voltarmos às nossas origens, evitando, assim, a enorme tristeza que nos aflige sempre. Deixemos a visão ancestral como está, valendo sentir saudades do cenário, porém sem saber como é o novo, mesmo porque nada poderemos fazer para reverter o tempo. Gde abç

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  17. Anônimo18 de maio de 2014 15:48
    Prezado cronista:
    Acabo de ler "Um mergulho em meu passado". ,
    Acredito-o assim do meu tipo: puro saudosista dos tempos passados, senão bem distante ao menos o de agora, mais recentes, mais frescos e a boiarem a beira da mente criadora porque perscrutadora do antanho. Trazer o passado ao presente é tarefa ingrata, pelas decepções que sentimos ao ver que nada está como foi antes. Depois de 51 anos, retornei a Natal, RN. Lá morei ao bairro Alecrim - uma planta cheirosa que serve para chás e tempero e que emprestou o nome ao local onde era abundante a planta mencionada. Entrei aos arredores da cidade saudosa margeando o litoral, e meus olhos queriam rever antigos locais por onde andamos eu e meu colega de Ateneu Norte-rio-grandense, Cussy de Almeida, que vinha a ser irmão de Oriano de Almeida, pianista agraciado na Europa. Cussy chegou à direção musical de uma emissora de Tv em Recife; atualmente falecido, deixou saudades. Fui ao antigo bairro Alecrim. Morávamos a um sítio à Avenida Coronel Estevão de número 1556; ali passei momentos felizes e outros ferozes, mas sobrevivi. E cadê a casinha humilde e toda branquinha por dentro e por fora e em cuja sala não havia móveis às visitas, mas uma moenda de cana onde eu ia afogar meus desejos ao caldo, espumoso e doce, da cana caiana. Procurei o terreno de nosso sítio ancião e suas mangueiras, coqueiros, goiabeiras, cajueiros e pelo único pé da deliciosa fruta de casca áspera como lixa e a carne na cor marrom – sapoti - que os morcegos devoravam durante as noites, não sendo as referidas frutas ensacadas, uma a uma! O que encontrei foram dezenas de casas amontoadas por todo o terreno que ia de rua a rua, desde a Avenida 9 - a nossa avenida - à de número 10, aos fundos do terreno. Onde ficava a casinha branca de esquina, sabendo a caldo de cana, hoje se ergue um sobrado. Deixaram uma rua para trânsito aos moradores do loteamento que virou o nosso sítio, e a rua leva o nome de meu pai: Rua Vereador Martinho Machado. Em Parnamirim, onde ficava nossa fazendola, há outra rua de mesmo nome. Mas não posso comprometê-las a título de recordações; não existiam ainda ao meu tempo em Natal. As avenidas do bairro eram todas de areia como às das praias. Hoje, todas estão asfaltadas! Um crime hediondo! Essas vias públicas tinham seus nomes, mas chamadas de avenidas, e numeradas, por causa do tempo que levaram por lá os soldados do Exército norte-americano durante a II Grande Guerra. Ainda pegamos alguns cidadãos de fardas beije e sapatos nas cores marrons

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  18. Continuando: ....A moeda desse tempo era, já, o cruzeiro, usada ao sul do país. Em Natal, usávamos a moeda antiga do tempo da monarquia ou da Primeira República: o cruzado; valia, ainda. De posse de um cruzado eu comprava meio quilo de raiva - um biscoito redondo, esfarelento e delicioso, feito do polvilho doce. Desmanchava a boca! Lá, ainda à Avenida 9, procurei outros antigos vizinhos e colegas. Nem suas casas estavam mais de pé. Foi triste, pesada e dura a decepção. A Vila dos Suboficiais e Sargentos da Marinha se achava cercada por altos muros. Cadê meu Alecrim dos anos 1947 a 1953? Cadê minha Natal de casas baixas, ruas largas, casebres com quintais e muitas mangueiras, cajueiros e jenipapos? Cadê a minha gente - tios, tias, primos? Nem passei ao cemitério onde meu pai foi sepultado aos sete dias de setembro de 1952. Estaria de pé, ainda, o seu jazigo? Nem quis saber, tal a minha imensa e dolorosa decepção. Está lá ainda o antiqüíssimo prédio do meu colégio Atheneu norte-rio-grandense, hoje repartição pública. O Largo do Mercado do Colégio, e o seu prédio, o Quartel de Infantaria, ao qual serviu meu pai quando jovem sublevaram-se, não sofrendo reformas. É núcleo turista! Nem o marco em pedra, existente desde priscas Eras, foi derrubado. Está lá, ainda, a resguardar o lugar histórico. Lá se encontra também o antigo prédio da Prefeitura e a sua sala de julgamentos aos criminosos de morte. Preside à velha Praça do Palácio do Governo, qual sentinela a resguardar o local tranqüilo. De lá, carreguei apenas saudades de uns tempos desmanchados. Voltar nunca é bom. Melhor que nos fiquem os antigos perfis dormindo às nossas mentes preguiçosamente. Gostei de sua primeira crônica; a outra terá minha atenção mais tarde, após o descanso do almoço hoje retardado. Fraternos abraços

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  19. Escola de Samba Reino Unido da Liberdade12 de abril de 2015 às 17:25

    "Um Mergulho no Meu Passado", crônica escrita por Carlos Costa, um jornalista, assistente social, escritor, cronista, poeta... que nasceu e teve sua adolescência nas ruas, até então sem asfalto, do Morro da Liberdade, em Manaus-AM., e que depois de tantos anos sem ter contato com ele, tive o prazer de reencontra-lo por aqui, nas paginas do Facebook, e convida-lo para revisitar o nosso Morro da Liberdade dos tempos de hoje, principalmente em um evento que marcaou o reinicio das atividades do Instituto Reino do Amanhã, braço social da Escola de Samba Reino Unido da Liberdade, para 2014. Obrigado Carlos Costa pelo belíssimo texto, o qual divido com vocês. Com Neilo Batista, Osmir Medeiros, Fabio Rodrigues, Reginei Rodrigues, Junior Rodrigues, Junior Rodrigues, Nirvana Beira-mar, Júlio César Cruz, Junior Layout, Helen Belem, Mestre José Roberto Pinheiro Pinheiro, Professor José Melo, Waldívia Alencar, Cristiane Mota Mota, Cristiane Martins, João Thomé Mestrinho, Joao Tatuagem, Prefeito Arthur Neto, Anik Sena, Jairo de Paula Beira-Mar, Leno Silva Calado Calado, Clenio Franciné, Tadeu Silva, Katterine Suano, Rita Castelo, Neuza Rita, Ivan Felipe, José Jose Rogerio, Hilo Greicy, Evilene Santos, Francisco Cabral, Ivan de Oliveira, da Escola de Samba Reino Unido da Liberdade.

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  20. José Roberto Pinheiro12 de abril de 2015 às 17:28

    "Caro jornalista Carlos Costa, seu texto me emocionou. O comentário do professor Alvadir é nosso porta-voz e coroou suas palavras, honestas e verdadeiras.Abraço. M.P."

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  21. Muito grata meu amigo Ivan de Oliveira. Você é um grande amigo e mora no meu coração.

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  22. Alvadir Assunção Carolino Da Silva Silva12 de abril de 2015 às 17:33

    Com autoridade de quem vivenciou os primórdios do bairro, trazendo no subconsciente as imagens vivas do sitio que embalou seus sonhos de menino guerreiro, predestinado a furar estratos sociais e sair vitorioso, o jornalista e escritor Carlos Costa, artífice da palavra escrita, tece com carinho e amor, a moldura onde está encravada a coroa de esmeraldas cravejada de brilhantes que ilumina o Morro e seduz o mundo do samba. Parabéns, jornalista Carlos Costa, a nossa Reino Unido é mesmo uma Escola de vida.

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  23. Muito bom viajar no tempo com vc e melhor ainda saber que vc está bem e que continua a escrever. Saudades bjs na família

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  24. Ivan de Oliveira (Escola de Samba Reino Unido da Liberdade)12 de abril de 2015 às 17:45

    "Um Mergulho no Meu Passado", crônica escrita por Carlos Costa, um jornalista, assistente social, escritor, cronista, poeta... que nasceu e teve sua adolescência nas ruas, até então sem asfalto, do Morro da Liberdade, em Manaus-AM., e que depois de tantos anos sem ter contato com ele, tive o prazer de reencontra-lo por aqui, nas paginas do Facebook, e convida-lo para revisitar o nosso Morro da Liberdade dos tempos de hoje, principalmente em um evento que marcaou o reinicio das atividades do Instituto Reino do Amanhã, braço social da Escola de Samba Reino Unido da Liberdade, para 2014. Obrigado Carlos Costa pelo belíssimo texto, o qual divido com vocês. Com Neilo Batista, Osmir Medeiros, Fabio Rodrigues, Reginei Rodrigues, Junior Rodrigues, Junior Rodrigues, Nirvana Beira-mar, Júlio César Cruz, Junior Layout, Helen Belem, Mestre José Roberto Pinheiro Pinheiro, Professor José Melo, Waldívia Alencar, Cristiane Mota Mota, Cristiane Martins, João Thomé Mestrinho, Joao Tatuagem, Prefeito Arthur Neto, Anik Sena, Jairo de Paula Beira-Mar, Leno Silva Calado Calado, Clenio Franciné, Tadeu Silva, Katterine Suano, Rita Castelo, Neuza Rita, Ivan Felipe, José Jose Rogerio, Hilo Greicy, Evilene Santos, Francisco Cabral, Ivan de Oliveira, da Escola de Samba Reino Unido da Liberdade.

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  25. Raí Heliandro Sá zvalente14 de abril de 2015 às 04:30

    Bonita crônica sobre o seu passado amigo Carlos Costa. Lembro quando você ia lá no cartório do meu pai que funcionava ali atrás do prédio do Tribunal de Justiça na Av. Eduardo Ribeiro, com o seu caderninho de anotações para buscar informações sobre os processos criminais que eram distribuídos para as varas competentes. Parabéns pela sua crônica. Abraços!

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  26. Boa noite meu Amigo que sua noite seja de bons sonhos muito amor paz e um bom descanso deus te proteja todos os momentos de sua vida beijoss

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