terça-feira, 16 de outubro de 2012

REDAÇÃO DE JORNAL; SAUDADES DE UM TEMPO ROMÂNTICO!



(em homenagem à Wilson, linotipista, Raimundo Cardoso e Raimundo Holanda, copy desk em A NOTÍCIA e Veríssimo, diagramador no DIÁRIO DO AMAZONAS)    

Como saídas de um sonho, em uma antiga redação de jornal, depois de o jornalista escrever suas palavras, novamente letras mágicas caíam da imensa máquina de linotipo, usada por profissionais linotipistas, que reproduziam a beleza dos textos jornalísticos e crônicas e amanheciam estampados graficamente em papéis de jornais no dia seguinte.

Tudo começava um pouco antes, nas redações dos jornais.

Depois que o profissional de comunicação produzia o texto em antigas, mas consideradas modernas máquinas de escrever, seguia para o copy desk – tive dois, Raimundo Holanda e Raimundo Cardoso, em A NOTÍCIA, já falecido, irmão de uma amiga da família, a funcionária aposentada da ALE, Lourdinha, – no Diário do Amazonas, o Veríssimo, diagramador da página, gente boa e brincalhona que, com réguas e cálculos verificava,  conferia e somava as letras e ao final,  colocava tudo dentro de um espaço marcado com a régua na página, com código em cada matéria.

Depois, enroladas as matérias separadas dos títulos, codificadas também, tudo passava para a sala da linotipia, com várias máquinas  que suportavam letras cunhadas em chumbo – uma espécie de máquina de escrever, só que em tamanho gigante.

Os linotipistas das antigas máquinas - hoje  existentes só como peças de museus – era os que davam a verdadeira dimensão e perfeição aos textos jornalísticos. Nada podia ser modificado. Os profissionais dessa área eram uma espécie de copistas do que o jornalista escrevia, nem por isso tinham menos importância.

Copiados em chapas de raio X, revelados, cortados os espaços para as fotos, seguia tudo para a máquina de impressão. As primeiras eram uma espécie de repetidora e imprimiam uma a uma as páginas. Depois, as mais modernas, possuíam cilindros onde eram colocados os filmes e por isso ganharam o nome de rotatórias. As tintas eram imprescindíveis nessa etapa e os jornais consumiam muitas latas.

Os primeiros jornais eram difíceis de serem lidos. As letras eram difíceis de serem produzidas uma a uma e ficavam desalinhadas nas frases. Todas tinham que ser colocadas em espaços específicos das máquinas de linotipos, para permitir que letras mágicas caíssem uma a uma e ocupassem seus lugares, formando palavras, frases e parágrafos.

Hoje, tudo está moderno, os cálculos, espaços, contagem de letras, manchetes de páginas...tudo passou a ser feito diretamente no computador. A época romântica do jornalismo desapareceu e tudo ficou mais chato, apesar de mais moderno.

A profissão de linotipista desapareceu! Como acredito que irão desaparecer as profissões de “copy desk” e de diagramador de jornais, pois tudo agora é feito pelo computador. Só não desaparecerão os homens para executar esses trabalhos, felizmente!

Um comentário:

  1. Lembro bem do Veríssimo, trabalhei com ele em A Crítica, lá por 1977 ou 1978.

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