segunda-feira, 16 de novembro de 2015

MEDO DE TUDO

Enrolado em uma toalha, nosso filho deixou a sala de banho, dizendo “não vou tomá-lo aqui porque está cheio de bichos” e se dirigiu a outro banheiro. Decidiu que também não tomaria banho, porque também tinha muitos bichos voando. No dia seguinte, entrei no banheiro e vi que os “bichos” descritos pelo nosso filho, não passaram de cupim que de asa que sempre aparecem e se proliferam rápido depois de uma chuva. No dia anterior e na hora que nosso filho se dirigiu ao banheiro, chovia muito.

Do dia seguinte, ao ver “os bichos”, mortos na parede, imediatamente comecei a rir sozinho na sala de banho e lembrei como o Carlos Costa Filho tinha medo de muitas coisas quando era pequeno: de borboleta, de folhas etc. Tudo para ele era “bicho, pai”.

Com pouco mais de um ano de idade, decidimos levá-lo pela primeira vez para cortar seus lindos cachos que lhe alcançavam a altura dos ombros. Tivemos o cuidado de explicar-lhe que o cabelo cortado lhe cairia nas costas, mas que não deveria se assustar porque eram apenas seus cachos sendo cortados. Ele repetia sempre: “não tem bicho lá, não, né, pai”. “Não, meu filho, não existirá e eu, sua mãe e a ”Mira”, vamos acompanhar-lhe” .

Carlos Filho parecia um anjo: todo cheio de cachinhos e com sorriso que lhe não saia do rosto, do acordar ao dormir. Tudo era motivo para risos! 

Todo confiante e cheio de si, seguiu feliz ao barbeiro. Foi colocado em uma cadeira que imitava um carro Ferrari de fórmula 1. Ele Sempre gostava de assistir corrida de fórmula 1, deitado em meu obro. Era uma cena linda: ele deitado em meu braço e assistindo corrida pela televisão na época de Aírton Senna como piloto. Carlos Filho não entendia muito de corrida  e eu lhe explicava, sempre que me perguntava.

Contudo, quando começou a cortar seu cabelo, gritava a cada vez que o cabelo lhe  caía em seu ombro e, olhando para mim e para a mãe e para a Mira, gritava “bicho, pai, bicho mãe., “Mia!”, como se estivesse pedindo socorro. Sua babá Miraceli Ferreira, a sua “Mia”, dos primeiros anos tirou-lhe do carro e o agraçou, parando o choro. Nos olhávamos um para o outro, apenas.

A sua babá “Mia”, ou a mãe 2 como era conhecida nos consultórios pediátricos porque a mãe biológica nem sempre podia fazer presente, que não saía de perto dele, vendo que nada faríamos e percebendo  o desespero do Carlos Costa Filho dentro do carrinho, retirou-o sem pedir permissão para que ele parasse de chorar. Estava com pena por vê-lo e gritar  a cada vez que algum dos seus cachos cortados lhe caia sobre os ombros. Retirado, parou de chorar e a “Mia” conversou muito com ele para convencê-lo a voltar ao lugar de onde fora retirado.

Também tinha medo de folhas, que dizia serem  borboletas. 
Carlos Costa Filho, também tinha pavor de borboletas! 

Só não tinha medo de levar seu dedinho rumo à tomada de energia, olhando para sua “Mia” e dizendo “não pode, né Mia, neném pega choque”. Como continuava levando o dedo rumo à tomada, Miracelli dava uma palmada na mão dele e dizia que não podia. Mas nosso filho era reimoso. A cachorra  pastora alemã “Madona” era mansa, dócil e não fazia mal nem a uma mosca, mas pulava e pegava passarinho que voava baixo no quintal de nossa casa. O Carlos Costa Filho não tinha medo de abir sua boca e enviar a cabeça dentro dela. 

A “Mia”, corria desesperada para socorrê-lo!




8 comentários:

  1. Lindo emocionante

    ResponderExcluir
  2. Meu neto, quando era pequeno, para cortar cabelo, chorava tanto que um dia o policial parou na porta do salão, ele no meu colo, a mãe aflita (minha filha).

    ResponderExcluir
  3. Kkkkkk.doces memórias né amigo?coisas k sempre estarão no presente mesmo. Sendo passado

    ResponderExcluir
  4. o medo das crianças ... eu tinha medo de aranhas... até hoje "sei" que uma caranguejeira passeava no meu berço... rsss

    ResponderExcluir
  5. João Batista Filho/BH17 de novembro de 2015 às 07:06

    Oi Carlos, que boas lembranças de nossos filhos e nossas também, quem de nós que na infância não teve medo de algum bichinho ??? Muito boa esta sua cronica..
    Eu morria de medo é de aranha, por menor que fosse, até hoje sou cabreiro com elas kkk

    ResponderExcluir
  6. Coisa boa estas lembranças!

    ResponderExcluir
  7. Walmor Zimerman/Parana18 de novembro de 2015 às 05:33

    Parabéns pela cronica.
    Chama atenção do começo ao fim.
    Abraços.

    ResponderExcluir