Adolescente sonhador e
deslumbrado com a vida imaginava que me banhando demoradamente em baixo do
chuveiro no dia 31 de dezembro, todas as sujeiras do ano velho se iam ralo abaixo,
e eu sairia leve de todas as maldades humanas depois disso, sem nenhuma
impureza para, todo de branco, esperar a entrada do ano novo, limpo, esperando
as novas sujeiras do novo ano, preparadas pelos homens sem amor...
Sempre que entrava no
chuveiro para o banho no último dia do ano, passava longos minutos, porque em minha
inocência sonhadora via nitidamente a sujeira de meu corpo descendo pelo ralo,
durante o banho. Depois, me aprontava e esperava pacientemente o novo ano
chegar.
Também imaginava um velinho
carregando um saco às costas, pesado com todas as nossas maldades e um
garotinho faceiro chegando carregando um saco vazio para ser colocado tudo de
novo dentro. Doce ilusão infantil a minha! Essa cena foi retratada pelo
chargista Miranda, no Jornal “A Crítica”, em Manaus, reforçando ainda mais
minha crença que a “troca” do ano velho pelo ano novo era exatamente o que eu
imaginava, mas não era.
Hoje, na burrice de meus
quase 53 anos de vida, não consigo fazer
meu filho tomar banho, usar sandálias aos pés ou pentear o seu vasto cabelo.
Ele me pergunta: “Pai, quando o senhor começou a ficar careca?”
–
Eu respondo: “Depois de
meus 26 anos de vida, mas você me parece que puxará para seu avô materno, que
tinha só ligeiras entradas, mas não era totalmente careca como eu sou. Além
disso, embora a calvície seja genética – meu avô e meu pai biológico são
carecas – acho que você não puxará para ninguém de minha família, exceto pelo
excesso de pelos no corpo”, respondo, para tranquilizá-lo, mas acho que meu
filho também ficará calvo muito novo também, embora nada me confirme essa
hipótese.
Mas voltemos ao tema de minha
crônica, em minha a época atual:
Durante o banho, me
esfregava com sabão cutia, passava a esponja e derramava água diversas vezes em
meu corpo. Só parava com esse ritual idiota quando me sentia limpo de tudo,
inclusive das molecagens que fazia com meus colegas de rua e me sentia leve
como uma pluma, pronto para voar e pensar em outras bobagens como essa, que só
tinham sentido em meu íntimo porque, bem no fundo, eu já sabia que as maldades
do mundo continuariam acontecendo sempre, que os impostos continuariam
elevadíssimos no Brasil e que a corrupção pública continuaria muito elevada em
todos os anos futuros, embora, mais uma
vez, eu tenha repetido o mesmo ritual do banho de minha adolescência, no dia 31
de dezembro, mas já sem esperar grandes resultados!
Seria muito bom,se esse seu exemplo,fôsse imitado por muitos por aí, de fazer uma auto-reflexão dentro de suas consciências. Varrendo tudo que fôsse, inadequado na Administração de um Governo e etc... E,transformando o Mundo, através da renovação de suas mentes.
ResponderExcluirExcelente crônica.
ResponderExcluirUm forte abraço!
Roberto Fraga Jr
Tomei banho de uma tal de sabonete liquido de cupuacu,que comprem em Belem.Deus nos salve!!!!!!!!!!!!
ResponderExcluirMaria Hirschi
Oberriet
Suiça