(Homenagem ao amigo fotógrafo
Antônio Neto, que usava máquina Yaschica de 120 mm, no bairro de Educandos, em
Manaus, e hoje é empresário do ramo fotográfico)
- Como você vai querer a
foto? 3 X 4; 5 X 7, de corpo inteiro?
Era o retratista “lambe-lambe”,
também conhecido por fotógrafo à lá minute ou de sapataria,
categoria profissional em extinção, segundo a Wikipédia, a enciclopédia livre, me
perguntando sobre como desejava a foto. Depois, se encaminhava rumo ao “quadripé”
que apoiava a máquina fotográfica Yaschica 6 X 6 ou de 120 mm, entrava embaixo de um pano escuro, focava no cliente (a foto aparecia de cabeça para baixo) e
depois retornava para arrumá-lo mais um pouco, caso entendesse que a posição não
era a melhor. Dizia depois: “fique assim, nessa posição. Não se mexa, vou “bater
seu retrato””, como os fotógrafos chamavam as fotografias no passado.
Segundo a enciclopédia
livre Wilkipédia, existem diferentes explicações para a origem do nome “lambe-lambe”,
mas a mais aceita é porque “lambia-se a placa de vidro para saber qual era o
lado da emulsão ou se lambia a chapa para fixá-la”.
Mas isso não importa para a crônica. Dentro
de circos, principalmente, existiam os monóculos para “registrar” o momento
quando o fotografo, sem se fazer perceber, “tirava a foto” e depois a trazia
dentro dos monóculos, espiando-o para encontrar quem havia sido fotógrafo,
receber seu dinheiro e entregar foto. Diante do resultado, quase ninguém
recusava se adquiri-los depois dentro de um circo, mesmo que fosse só para
mostrar aos colegas e amigos!
A foto que queria fazer era
de corpo inteiro, ao lado de uma colega de aula, escorado em um chafariz em
cima de uma grama, que por muitos anos existiu na Praça da Matriz, ladeado por
palmeiras imperiais e um imenso aquário e viveiro de pássaros e animais silvestres
que, por muitos anos, funcionou embaixo da escadaria que leva a igreja
principal de Manaus, a Catedral, onde, segundo diz a história, teria iniciado a
cidade, mas há controvérsias. Também era o máximo ser fotografado sentado na
grama, em cima de um lençol branco que o próprio fotógrafo “lambe-lambe” se
encarregava de encontrar. Não era meu
caso!
Estava de cabelos longos,
ainda sem barba, com uma bolsa de coro e uma calça “boca de sino”. Estava me
considerando o “rei da cocada preta” e queria eternizar o momento e o traje de
uma época gostosa. Era moda até o final da década de 70, esse tipo de
vestimenta, seguindo a moda lançada pelo conjunto musical “Os Incríveis”, menos
a barba e a bolsa que usei durante toda minha vida de jornalista. Eu queria eternizar
para história o momento ao lado de uma colega! Fiquei escorado no chafariz, ao
lado de minha amiga e não nos movemos nem um milímetro sequer da posição
pedida.
Depois que o retratista “lambe-lambe”
voltou para debaixo de seu pano e disse “já”: uma lâmpada forte seguida de uma
fumaça branca se fez presente no local. “Daqui
a uma semana, passe para buscar sua foto”. Felizmente ela não queimou como era
muito freqüente nessa época, para a decepção do fotografado e azar do fotógrafo
que teria que fazer tudo de novo.
E não é que estava
igualzinho!
De vez em quando, ainda
revejo essa foto em preto e branco em meu “álbum de retratos antigos”, muitos
já amarelados pelo tempo e desbotados pelas vicissitudes, amarguras e desafios da
vida! Depois, com novas máquinas, lançamentos digitais, todos viraram fotógrafos
e cinegrafistas, mas sem o profissionalismo, a perfeição e o glamour das fotos
em preto e branco!
agora vc precisa escanear essa foto e mostrar! Quero ver! E eu também me lembro dos lambe-lambes...
ResponderExcluirOlá Carlos!
ResponderExcluirGostei muito do artigo e fez-me viajar no tempo... Lembrei-me de quando era criança e tirava fotos no lambe-lambe na Praça das Nações, em Bonsucesso no Rio de Janeiro. Tempos bons que não voltam mais...
Fiquei muito curiosa em ver "o rei da cocada preta", naquela época rsrsrsrsrsr
Que tal escanear e mostrar a foto?
Att,
Eliamara Braz
http://dni-dinheironainternet.blogspot.com.br
Amigos, as fotos já foram escaneadas e estão em meu álbum, com o título "adolescência/juventude", inclusive a foto descrita aqui.
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