Não mais se ouvirão nos
morros e favelas do RJ, foguetes e rojões estourando das lajes de casebres
miseráveis ou papagaios de papel bailando no ar com maestria e graça nem luzes
piscando em lugar de “estrelas que furavam os zincos dos poetas”
como diz a linda música “Chão de Estrelas”, uma das mais belas composições da MPB, dos
poetas Silvio Caldas e Orestes Barbosa, gravada em 1937. Mas para que nada disso
volte a se repetir como antes, será preciso que os Aparelhos de Estado, em
todas as suas esferas, ocupem social e
verdadeiramente todos os locais e espaços com serviços sociais essenciais à comunidade,
especialmente educação, saúde e segurança.
Caso contrário, os morros e
favelas do RJ voltarão a ser ocupados pelo sangue derramado e o pó branco
comercializado pelo tráfico, as luzes das pedras de crack, que clareiam as
noites escuras das favelas e se processam livre e impunemente. Uma dura
realidade social que ocorre no RJ e em todos os Estados e municípios
brasileiros, de forma assistida pelos poderes públicos que patinem nas
propostas, mas nada realizam de forma concreta por falta de estrutura de
atendimento para dependentes químicos!
Foguetes, rojões, papagaios
empinados em lajes de miseráveis casebres da favela, ou luzes das casas
piscando formavam “em um estranho festival” em nada lembrando a nostálgica música
“Chão
de Estrelas”, na qual poetizavam ser “(...) um palhaço de perdidas ilusões...”.
Essa fantástica canção foi regravada mais tarde por vários outros cantores no
Brasil e algumas no exterior, narrando a vida de um barracão no Morro do
Salgueiro, onde roupas simples penduradas, davam a impressão de bandeira, “com
a lua furando nosso zinco, salpicando de estrelas
nosso chão...”
Hoje, a realidade dos
morros é bem diferente: não há mais como manter “a porta do barraco (aberta)
sem
trinco”; não dá mais para “pisar nos astros distraida...”. Infelizmente,
nos morros de hoje os barracos não são mais simples e nem “alegres viveiros”, e não
existem”roupas comuns” e também não ficam mais “dependuradas parecendo estranho
festival”. Nem não existe nos morros “feriado nacional”;
apenas toques de recolher determinados pelos bandidos que desfilam armados
pelas ruas, becos e vielas!
Hoje, a poesia dos morros
foi trocada por balas perdidas; as “cabrochas” viraram “popuzudas”
ou no “bonde do tigrão”, “show das poderosas” ou no“descendo
até o chão dos bales fanks”. Lamento informá-los meus poetas que hoje não
existem mais “luar e nem violão”. Só quando estouram rojões no céu,
anunciando um novo carregamento de drogas entrando nas favelas e, também,
agora, o sol, serve somente para empinar
papagaios, se bronzear nas lajes ou soltar foguetes em códigos usados pelo
tráfico. Nada mais para comemorar o “feriado nacional”,, como vi muitas
vezes pela janela do apartamento do prédio residencial “Pedra Bonita”, em São Conrado, no Rio de Janeiro, quando estive em
férias no local e visitei com minha esposa e filho a Rocinha, na condição de
curioso turista.
É...poetas, nos “morros
mal vestidos” do passado agora existem morros “bem vestidos”, de branco
pelo tráfico e venda de cocaína, e em caixões de defunto parecendo “um
estranho festival” de degradação social, moral e humana e com balas
perdidas correndo soltas no “chão de estrelas”, imaginado pelos
poetas, manchando de sangue casas e destruindo
famílias!
Hoje, só existe “feriado
nacional” quando os traficantes anunciam “toque de recolher” e os
rojões estouram no ar para anunciar que a “ordem” foi cumprida. Vamos esperar e
torcer, agora, que os trabalhos sociais comecem a entrar na Favela da Rocinha e
que os bandidos não voltem.
Caro Carlos,
ResponderExcluirTem duas coisas que eu gosto muito: cidades e o Rio de Janeiro. Estudando um descobri o outro. E vice-versa. O Rio é uma cidade protagonista e intelectual. E isso é perigoso. Em 1570 haviam três escolas: Rio, Salvador e Pernambuco. As três são perigosas.
O problema do Rio é o mesmo de Moscou na época dos Czares, de Calcutá na época dos Inglezes: a mudança de capital. E o problema no Rio é um problema para o Brasil.
Essa junção entre problema geográfico e histórico de concentração de uma minoria feliz que explora o restante fazendo o jogo de interesses internacionais desenvolvo no link abaixo e proponho o uso da dialética marxista para o problema.
POr isso, mesmo não sendo minha cidade natural, defendo a volta da capital para lá.
abs,
http://www.cbtu.gov.br/monografia/2009/monografias/monografia_01.pdf
Parabéns pela bela crônica social, atual e pertinente. Meu fraterno abraço.
ResponderExcluirMuito interessante e bem esclarecedor.Abraços de além-Mar
ResponderExcluirAdelaide Reys Fantástica essa sua crônica.
ResponderExcluirQuando estiver usando o meu próprio computador, farei o devido comentário!
Francisco Vasconcelos Que beleza, amigo. Parabéns! .
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