Todos os jovens com menos
de 19 anos hoje, não nasceram para viver e conviver com a época inflacionária.
Mas ela existiu no Brasil e foi terrível e começa de novo a amedrontar a todos porque,
como um cavalo que corre rápido pelo campo verde de um filme, a inflação está voltando, lenta
mais decididamente e se faz mais presente na hora de se pagar os alimentos do
mês no caixa do supermercado, onde falta dinheiro e sobram dias ainda para se
completar os trinta dias. Já vivi e vi como era a inflação no passado, e a
geração de hoje, com menos de 20 anos, nem sabe e nunca ouviu essa palavra
inflação. Mas que essa palavra apavora aos mais velhos, ah, isso apavora sim!
No livro “A História da Inflação e dos Juros no Brasil – A Evolução da Inflação
e a Mudança de Moeda no Brasil” (http://www.webartigos.com/articles/64195/1/A)
Mário
Ferreira Neto garante que durante muitos anos a inflação no Brasil
constituiu-se “num fenômeno que desafiou a economia nacional e cujo combate,
por fim, acabou por unir a população”, durante o Plano Real. Neto assegura que
o processo inflacionário teve início durante o Governo Vargas, com a
transformação do modelo agrário voltado a produção de produtos primários para o
modelo industrial. De acordo com o livro, a inflação prosseguiu como um
fantasma e só foi definitivamente debelada com o Plano Real, implantado há 19
anos, depois de várias outras tentativas de Planos e Medidas impopulares. O
autor garante que o Brasil “começou a experimentar o poder de um ciclo
inflacionário” porque o país importava todo e qualquer produto manufaturado e
pagava as importações com produtos primários. Acrescenta, ainda, o autor do
livro que, para incentivar a
entrada de divisas, o Governo teve que desvalorizar sua própria moeda e começar
a imprimir mais dinheiro para custear os gastos dos novos investimentos.
Assegura, ainda, Neto, que em 1942 o Brasil abandonou a moeda Real, usada desde os
tempos do Brasil Colônia e decide adotar o Cruzeiro. Mesmo com a troca da
moeda, Neto garante que a inflação voltou a ressurgir durante a administração
do presidente Juscelino Kubistchek de Oliveira, pelo prosseguimento da política
de industrialização no Brasil e de forma mais acelerada, criando o slogan “50
anos em apenas 5”. Em 1964, no início do Regime Militar, o cenário era de
paralisação econômica e aceleração inflacionária. “As obras grandiosas
planejadas pelos militares geraram uma conta a ser paga no futuro” garante Neto.
O Governo dos Generais decide implantar o Plano de Ação Econômica do
Governo com objetivo de diminuir a inflação que estava por volta de 7,65% ao
mês e o índice cai para 1,85% em 1968, mas volta a recrudescer mais tarde. O autor do livro A História
da Inflação e dos Juros no Brasil – A Evolução da Inflação e a Mudança de Moeda
no Brasil garante
que várias medidas mirabolantes foram tentadas por vários anos, mas a inflação,
que começa ressurgir, só foi debelada durante o Plano Real, há 19 anos
passados, durante o Governo Itamar Franco.
Mesmo assim, de 1969 a 1973, segundo o mesmo autor,
o Brasil vive um “milagre econômico”,
mas como resultado de investimentos internos, empréstimos no exterior “além da
súbita valorização dos produtos exportados”. Ainda assim, a inflação estava em
torno de 18% e a moeda seria rebatizada de Cruzeiro Novo, em 1968, voltando a
ser chamada de Cruzeiro, em 1972.
No final da década de 70, a inflação persiste e
alcança 94,8% e a economia do Brasil estava em completa estagnação. “O Brasil
estava literalmente quebrado no final do Regime Militar, com 211,02% de
inflação ao ano”, garante Neto. No primeiro Governo da Nova República, sob o
comando de José Sarney, tem início os “planos econômicos” e pacotes destinados
a combater a hiperinflação. Preços e salários são congelados, implanta-se o “gatilho
salarial”, mas a inflação alcança o índice de 414,8% em 1987. Outros planos
foram criados como o Bresser, em 1987 e 1989 a inflação atinge 1.793%, segundo o
autor.
No ano de 1990, Fernando Collor de Mello foi o
primeiro presidente eleito depois do golpe militar e decreta o confisco da
poupança e valores superiores a R$ 50 reais em conta corrente. Dezoito meses
depois, com Plano Verão, Collor e seguidos insucessos, finalmente, no Governo
Itamar Franco, tendo como Ministro da Fazenda Henrique Fernando de Melo, surge o
Plano Real implantado em 1994. O sucesso desse plano deu à FHC a condição de se
eleger presidente do Brasil, há 19 anos passados.
Portanto, nenhuma pessoa
que tenha hoje menos de 19 anos, vai se lembrar das maquininhas de remarcação
de preços dentro dos supermercados porque elas foram totalmente “aposentadas”
durante o Governo FHC. Os jovens nem sabem sobre o que estou escrevendo e a
preocupação que todos devemos ter com o recrudescimento inflacionário. O frango
que custava 1 real o quilo no início do
plano real e foi usado por muito tempo como prova de um sucesso no combate a inflação, hoje, custa
quase R$ 5,00 reais o quilo nos supermercados do Brasil e nem isso o pobre pode
mais adquirir!
Está certo que agora alguns
produtos sobem e outros caem de preços (antes, durante a inflação, só subiam e
nunca desciam), pela própria sazonalidade e do efeito da oferta e da procura.
Pelo menos esse processo continua existindo. Mas até quando será assim? Não sei
dizer e nem sou pitonisa para adivinhar ou fazer qualquer previsão sobre isso.
Muito menos sou economista; apenas, jornalista, assistente social e um membro
da sociedade!
Estou observando com certo
ceticismo algumas atitudes governamentais, como exemplo, o do Estado do
Amazonas que aumentou de um para dezessete por cento o imposto sobre vários
produtos da cesta básica “porque os empresários não estavam repassando esse
percentual de redução aos clientes”. Os produtos atingidos por essa decisão
dispararam e, ainda, a não redução no índice de ICMS incidentes nas contas de
luz em geral, que permaneceu o mesmo, muito embora o Governo Federal tenha
retirado vários impostos incidentes sobre o valor da energia para poder baixar
sua tarifa. Mas isso não foi acompanhado pelos governos dos Estados, como uma
contra partida no esforço de combate à inflação.
É um descalabro! A
população, por seus movimentos sociais, tem que tomar alguma atitude sobre
esses aumentos de preços. Quem paga a conta é a classe pobre, que já não come
quase nada, e agora vai comer menos ainda!
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