Costumava frequentar a
Igreja de São Lázaro na adolescência e cheguei até fazer parte do “Grupo de
Jovens”. Gostava de comparecer ao local, principalmente durante as Festas
Juninas no mês de junho, porque apareciam as “meninas mais bonitas” do bairro.
Na verdade, algumas nem eram tão bonitas assim! Mas eu as admirava,
principalmente uma que nunca descobri o nome que
colocava roupa de couro, usava bota acima do joelho e devia ter uns 14 anos
como eu. Morava a duas casas antes do muro da Igreja de São Lázaro e eu gostava
de vê-la “fantasiada” para frequentar os arraiais que se desenvolviam local,
aos finais de semana.
Durante a semana, o serviço
de alto-falante da Igreja de São Lázaro, onde também havia uma quadra de
futebol de salão e eu era goleiro no time de futebol do adolescente Adriano
Bernardino, filho do empresário Adriano Bernardino, dono dos cinemas que
existiam em Manaus, como o Guarany, Ipiranga, Éden, Odeon e Palace, entre
outros que se transformaram depois em
lojas, bancos e igrejas pela força do dinheiro.
Não era o dono da bola, das
camisas, das chuteiras, como possam pensar. Era tudo oferecido aos adolescentes
pelo Adriano Bernardino, filho do dono dos cinemas mais importantes que
existiam em Manaus. Eu era apenas um goleiro que gostava de jogar sob as
balizas das traves e era mediano no futebol de salão, onde sai depois para
agarrar em outros gols, com outras camisas até me tornar semi-profissional e,
depois, reserva em alguns times profissionais de Manaus, encerrando a carreira
anos depois, ao quebrar os dois pulsos
ao defender um pênalti com a mão aberta durante um jogo treino no campo do
Colégio Militar de Manaus. Ficou curado; mas nunca mais voltei a jogar porque
perdi a confiança em mim mesmo embaixo das traves!
Voltando à narrativa da
crônica, eu gostava de frequentar festas juninas para admirar as garotas que
achava bonitas nessas ocasiões. Mas um dia, ao visualizar àquela garota usando
roupas de couro, botas longas, me entusiasmei e mandei colocar um aviso no alto falante da Igreja dizendo assim:
- “A você que está atrás de um
carro Kombi, usando jaqueta de couro marrom e bota marrom à altura do joelho,
alguém que se encontra neste arraial
também, mas com os quatro pneus arriados por você, precisando de alguém para
ergue-lo do chão em sua paixão, lhe oferece essa linda página musical...O rapaz
que lhe oferece essa linda página musical usa cabelos grandes, está usando calça
pantalona e está com uma jaqueta jeans”.
O locutor leu meu recado, a
música tocou, mas a moça de meus desejos descarados continuou me ignorando,
talvez porque eu fosse muito feio, desengonçado
e meio nerd também! Mas fiquei sem saber a real causa da pessoa que fazia bater
meu coração mais acelerado, porque ela não apareceu e nem me procurou, nem
antes e nem depois do bilhete lido com emoção e impostação de voz...!
Hoje, não sei nem dizer se
a quadra ou as festas ainda existem porque deixei de morar no bairro da
Betânia, fronteira com o bairro São Lázaro, onde se localizava a igreja, há
muito tempo. Mas as lembranças daquela época nostálgica de um momento excelente
de minha juventude permanecem vivas dentro de mim, me martelando o coração com
saudade!
DOCES RECORDAÇÕES...
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