terça-feira, 18 de junho de 2013

"COM OS QUATRO PNEUS ARRIADOS"...!


Costumava frequentar a Igreja de São Lázaro na adolescência e cheguei até fazer parte do “Grupo de Jovens”. Gostava de comparecer ao local, principalmente durante as Festas Juninas no mês de junho, porque apareciam as “meninas mais bonitas” do bairro. Na verdade, algumas nem eram tão bonitas assim! Mas eu as admirava, principalmente uma que nunca descobri o nome que colocava roupa de couro, usava bota acima do joelho e devia ter uns 14 anos como eu. Morava a duas casas antes do muro da Igreja de São Lázaro e eu gostava de vê-la “fantasiada” para frequentar os arraiais que se desenvolviam local, aos finais de semana.

Durante a semana, o serviço de alto-falante da Igreja de São Lázaro, onde também havia uma quadra de futebol de salão e eu era goleiro no time de futebol do adolescente Adriano Bernardino, filho do empresário Adriano Bernardino, dono dos cinemas que existiam em Manaus, como o Guarany, Ipiranga, Éden, Odeon e Palace, entre outros que se transformaram  depois em lojas, bancos e igrejas pela força do dinheiro.

Não era o dono da bola, das camisas, das chuteiras, como possam pensar. Era tudo oferecido aos adolescentes pelo Adriano Bernardino, filho do dono dos cinemas mais importantes que existiam em Manaus. Eu era apenas um goleiro que gostava de jogar sob as balizas das traves e era mediano no futebol de salão, onde sai depois para agarrar em outros gols, com outras camisas até me tornar semi-profissional e, depois, reserva em alguns times profissionais de Manaus, encerrando a carreira anos depois, ao  quebrar os dois pulsos ao defender um pênalti com a mão aberta durante um jogo treino no campo do Colégio Militar de Manaus. Ficou curado; mas nunca mais voltei a jogar porque perdi a confiança em mim mesmo embaixo das traves!

Voltando à narrativa da crônica, eu gostava de frequentar festas juninas para admirar as garotas que achava bonitas nessas ocasiões. Mas um dia, ao visualizar àquela garota usando roupas de couro, botas longas, me entusiasmei e mandei colocar um aviso no  alto falante da Igreja dizendo assim:

- “A você que está atrás de um carro Kombi, usando jaqueta de couro marrom e bota marrom à altura do joelho, alguém que se  encontra neste arraial também, mas com os quatro pneus arriados por você, precisando de alguém para ergue-lo do chão em sua paixão, lhe oferece essa linda página musical...O rapaz que lhe oferece essa linda página musical  usa cabelos grandes, está usando calça pantalona e está com uma jaqueta jeans”.

O locutor leu meu recado, a música tocou, mas a moça de meus desejos descarados continuou me ignorando, talvez porque eu  fosse muito feio, desengonçado e meio nerd também! Mas fiquei sem saber a real causa da pessoa que fazia bater meu coração mais acelerado, porque ela não apareceu e nem me procurou, nem antes e nem depois do bilhete lido com emoção e impostação de voz...!

Hoje, não sei nem dizer se a quadra ou as festas ainda existem porque deixei de morar no bairro da Betânia, fronteira com o bairro São Lázaro, onde se localizava a igreja, há muito tempo. Mas as lembranças daquela época nostálgica de um momento excelente de minha juventude permanecem vivas dentro de mim, me martelando o coração com saudade!

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