Como diz a composição da letra da musica, de Elba Ramalho,
também decidi voltar à comunidade do
Varre-Vento que me viu menino olhando para um mundo estranho e tentando
descobrir o que significaria para mim mais tarde. Enquanto
esperava esse mundo que não vinha,
observava “Cidades Flutuantes” -
como passei a chamar os navios da Enasa, Augusto
Motenegro e Lauro Sodré, - iluminando os meus olhos, piracemas descendo,
pescando pela janela da casa do meu rio Armando Costa, a mãe
caniçando sardinha e pacu e outros peixes no mar-mar que continua invadindo e
roubando terras desbarrancadas, destruindo
casas....Para rever esse cenário de minha infância até meus 8 anos, depositei os hoje, meus 56 anos de idade
dentro de uma lancha, entupido de remédios e zarpei às 10h30mim da manhã do porto de Itacoatiara.
Foi uma volta inesquecível ao meu passado!
Seguia para “meu aconchego”,
com o presidente JUMAM – JUNTA DE
CONCILICIAÇÃO E ARBITRAGEM DO AMAZONAS,
empresário itacoatiarense, Jeovan Barbosa, - e um dos primeiros a
implantar uma indústria no início da Zona Franca – essa volta às origens
interioranas, embora tenha nascido em Manaus.
Também estava acompanhado pelo leitor e amigo, Dr. Alberto Valério, graduado em Ciências
Sociais pela Universidade Federal Fluminense no RJ e doutorado em Sociologia do
Desenvolvimento pela Universidade de
Studgard, na Alemanha e proprietário da empresa de consultoria empresarial “Samaúma”. Depois de 2 horas e meio
dentro de uma lancha de 40 hp, desembarquei eu e o Jeovan Barbosa em terra
firma para conversar com alguém, na comunidade que tanto desejava rever. Sem
conhecer-me, entrei logo na casa de um COSTA, mas não sei se venha a ser meu
parente: Pedro Costa.
Durante a ida, registrava com meu celular sinais de alagações em árvores
que resistiram ao chamamento do rio-,ma,, em casas, imensos troncos de árvores tombados como suas raízes expostas parecendo um pedido de socorro aos homens,
muito mato descendo e a continuidade do desbarrancamento de tudo - um fenômeno
natural produzido pelas águas sempre impiedosas e igual como já vira no passado.
Durante um desses momentos de contemplação, o Dr. Alberto Valério pergunta: “Alguém saberia me dizer quem é o maior
ladrão de terras do Amazonas? Jeovan Barbosa que ia ao lado do piloto e eu
respondemos “não”. O autor da
pergunta respondeu: “É esse rio que rouba
nossas terras e as deposita no Golfo do México, assoreando-o”.
Comendo bolachas e sentindo o vento feliz de minha volta batendo em meu
rosto, o Rio Ladrão de Terras recebeu de presente o chapéu que voou da cabeça do
Dr. Alberto Valério e ele permitiu. Paramos em uma casa ao lado de uma Igreja e
desembarcamos. Fomos conversar. A casa de Pedro Costa já possui luz elétrica, parabólica, vindas do município
do Careiro da Várzea, um pouco mais
distante. Ele nos ofereceu água, contou que a casa dele alagara na última
enchente e que o “Rancho Grande” de propriedade do coronel de barranco
Valdomiro Lustosa, ficava mais uma meia
hora depois. Decidimos voltar, revendo as mesmas coisas da ida – não tinha mais
bateria e nem sinal no meu celular - e, de repente, um boto cor de rosa pulou
da água como se despedindo de nós!
Durante a ida e na volta, observei grandes navios carregados de madeira
em toras, containers, cheios de britas retiradas do leito da água doce do rio,
cobiçado pelo mundo e desconhecido pelos amazônidas! Na ida e na volta, em uma
comunidade maior, registrei a construção de uma ponte de ferro para permitir a passagem
pedestre e constarei que, 48 anos depois, pouca coisa mudara. Mas, quem sabe um
dia visite o Golfo do México e lá reencontre pelo menos os restos mortais dos
pés de cacau e as folhas da plantação de
tabaco para consumo próprio em do meu avô, ou, quem sabe, até pedaços da sepultura da minha irmã Ivete
Costa, falecida em tenra idade de uma febre e enterrada em caixão simples no
quintal da casa pelo pai Paulo Costa.. Foi
uma viagem inesquecível ao lado dos amigos Jeovan Barbosa e do Dr. Alberto
Valério. Matei a saudade e revivi a emoção porque estava “de volta ao meu aconchego/,trazendo
uma mala bastante saudade...”, como
escreveu a cantora e compositora Elba Ramalho.
Uma Vigem inesquecivel Com o Escritor Amazonense Carlos Costa a comunidade do VARRI VENTO acompanhado do Dr. ALBERTO VALÉRIO que ali estava para confirmar que o Rio Amazonas na que local é o que temos de melhor no mundo em Navegação de grandes portes.
ResponderExcluirPoética e eternecedora a crônica. Evidencia-se a alma de um genuino escritor amazonense cujo o pulsar da veia literária explode em seu cândido vernáculo. Parabéns.
ResponderExcluirParabéns pelo seu retorno à meninice e parabéns pela ex excelente crônica nareativa
ResponderExcluirdificilmente leio um texto longo, mais esse não sei o porque foi interessante acho pelo o contexto de uma saudade daquilo que te fez feliz
ResponderExcluirParabéns, Carlos Costa
ResponderExcluirLinda e emocionante crônica de uma época passada, presente e poderá ser futura também.
ResponderExcluirParabéns Sr. Carlos, moro em Itacoatiara, conheço a comunidade do Varre-Vento, belo lugar assim como Ita, lugar pessoas de coração bom.
ResponderExcluirParabéns e palmas para sua "Olá ao seu aconchwgo"
ResponderExcluirQue bom que você matou a saudade deste lugar que ficou marcado em lembranças da nossa infância. Deste rio que e também ladrão não só de terras como de vidas, meu irmão Tico que foi levado por ele e nunca encontrado, mas quem sabe um dia podemos acha-lo junto ao um pé de cacau levado por este rio.
ResponderExcluirOlá Carlos!
ResponderExcluirProcurando sobre a história de varre-vento, vi seu post e decidi dar uma olhada. Fiquei impressionada porque "acho" que podemos ser parentes...rs
Ainda possuo parte da família por lá e o seu Costa, faz parte da minha vida também.
Quem sabe...
Contudo, quero agradecer pelos textos muito interessantes.
Obrigada pela leitura.
Ola Carlos.
ResponderExcluirMuito linda e emocionante cronica,é bom sentir o cheiro da terra natal.Parabens.