Ah, irmão nordestino, por
que será que sua sina é viver na eterna seca, eleger políticos que prometem em campanha a
solução para o problema, presenciar seu gado também morrer por falta de água e
sede e, ainda, morrer na cheia, ao primeiro sinal de chuva
forte?
Não sei responder, mas devido
ao descaso do Governo Federal e a irresponsabilidade do Ministério da
Integração Nacional em não fiscalizar e acompanhar de forma competente e séria
as obras fantasmagóricas da transposição do Rio São Francisco, com a construção
de 600 quilômetros de concreto, cortando os Estados de Pernambuco, Paraíba,
Ceará e Rio Grande do Norte, os nordestinos continuam vivendo na miséria
extrema, isso vem ocorrendo. Mas só a
seca, porque a cheia controlada por canais e adutoras, que ficou de chegar ao
sertão, até agora continua sendo só uma promessa, mas você ainda espera!
Antiga e polêmica obra, o
projeto de levar água do Rio São Francisco aos nordestinos, alcançando os
municípios mais pobres de quatro Estados que seriam beneficiados no chamado
pomposamente pelo Governo Federal de “Projeto de Integração do Rio São
Francisco com Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional”, está provocando
desespero a todos os sertanejos que enfrentam o fenômeno da seca desde os
tempos do Império quando Dom Pedro II determinou a construção de açudes durante
a primeira grande seca até então registrada na região, que durou de 1877 a
1879.
De 1877 para cá, de acordo com dados do
Ministério da Integração Nacional, do Governo Federal, existem 70 mil represas
construídas no nordeste, acumulando 37 bilhões de metros cúbicos de água. Com
essa água toda, por que o nordestino reclama tanto da seca? Por que o gado
morre de sede e fome por falta de pasto? Por que por dentro do canal bilionário
da transposição jorra tanto escândalo? Por que a obra iniciada em 1977
encontra-se parada? São tantos os porquês que não sei a razão de estar
perguntando novamente por que isso e por que aquilo! Se tantos açudes já foram
construídos e tanta água pode ser acumulada em seus reservatórios, a região
nordeste poderia ser hoje o maior detentor de volume de água represada do
Brasil, e não ver sertanejos com lata de água na cabeça em cima de burros, rumando
léguas e léguas para apanhar uma água ruim, cheia de lama, imprópria para o
consumo humano! Mas é isso o que ocorre,
em vez de ser o contrário. Se todas as
verbas disponibilizadas para resolver a questão da seca cíclica e conhecida no
nordeste tivessem sido aplicadas verdadeiramente em um objetivo fim, os bravos
nordestinos teriam do que se orgulhar. Mas sentem vergonha! Ah, meu irmão
nordestino, juro que eu também não entendo isso!
Dos bilhões de reais “investidos” ao longo
dos anos na região, outros bilhões mais foram desviados para eleger políticos
inescrupulosos e manter o “status quo” da dependência desnecessária aos que
prometem “resolver e lutar” da seca que
se repete, mas nada fazem. E o sertanejo renova esperança todos os anos em
santos, com rezas mansas ou brabas e só que só esperam cair uma gota de chuva
para molhar a terra seca para iniciar o plantio de feijão, capim e manter sua
subsistência. Hoje, os nordestinos poderiam ser exportadores de água para o
resto do mundo e não ficar lamentando por continuar na miséria!
Dados do próprio Ministério da Integração
Nacional confirmam que 525 municípios decretaram ao longo dos últimos anos,
estado de emergência e sempre esperam por avaliação da Secretaria Nacional de
Defesa Civil. Diante dessa verdade, a pergunta que se faz é: se existe tanta
água acumulada em barragens, por que a seca atinge tão fortemente a população
mais pobre? O bravo homem nordestino é
um herói que trabalha a terra ao primeiro sinal de chuva, que planta e colhe
seu feijão, que cria cabeças de gado para sustentar sua família e que morre de
fome pela miséria extrema, de sede mais um pouco e que olha desolado suas
poucas cabeças de gado também morrendo de fome por falta de capim e de sede por
falta de água,
Diante da burocracia governamental, populações
de áreas pobres continuam convivendo com a seca extrema, enquanto assistem gado
morrendo de fome por falta de pasto e de sede, por falta de água, enquanto milhões e
milhões de reais continuam jogados dentro do canal que deveria levar água para
ser bombeada em nove estações que também seriam construídas ao longo dos 600
quilômetros de desperdícios de dinheiro público. Diante do fiasco e
incompetência gerencial do Ministério da Integral Nacional no processo
gerencial de fiscalização das obras com o dinheiro público, muitos trechos
prontos e abandonados terão que ser refeitos porque não servem mais para nada.
Depois que findar o coronelismo e o jugo do “status
quo” da dependência política aos que prometem água para o povo, talvez os
pobres sertanejos possam sorrir felizes pela sua liberdade total, sem depender
de chuvas e de falsas promessas que duram desde da época do império, no ano de
1877.
parabéns pela bela cronica, o problema do nordeste não é a seca falta apoio e projetos politico pra ser desenvolvido e trabalhado pelo nordeste, vontade politica.
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