Na comunidade amazonense de
Varre-Vento (não sei o porquê desse nome, quase não ventava em “Varre-Vento”) todos
a pessoas a chamavam de “mão de pilão”. Mas o que viria a ser uma “mão de pilão”?
Na realidade não existia uma
mão de verdade, mas sim uma pesada madeira com uma parte grossa, mas fina em
seu meio, ligando dois lados, cuja parte mais pesada era utilizada para bater
dentro de um tronco de árvore cavada, às vezes meio queimado pelo fogo “para
facilitar o corte”, como dizia meu pai...
Mas, para que serviria essa
tal “mão de pilão” e qual a seria a sua utilidade?
Essas perguntas sem
resposta me fundiam a cabeça e eu a olhava desconfiado, sempre de lado, para
àquela “coisa” parada em um canto, sempre dentro de uma grande tora de madeira oca.
Mas para que serviria?
Só tive a resposta – mas não
a certeza - quando minha mãe Josefa chegou do roçado, suada, ofegante, com
marcas de carvão no rosto - ela limpava o suor que lhe escorria ao rosto com a
manga grossa de sua camisa quando se dirigia ao roçado de milho, sempre com um
chapéu em sua cabeça “para me proteger do sol”.
Ganhava vida a tal “mão de
pilão” nos braços frágeis de minha mãe, mulher que encarava desafios variados
sempre ao lado de meu pai Paulo. Deviam perguntar: “como uma mulher tão frágil,
consegue bater tão forte no pilão?”
Pacientemente minha mãe
colocava milho dentro do buraco do “tronco cavado” na madeira de tronco de
árvore e começava a bater com seus braços pequenos e mão magra devido à “lida”
do roçado na comunidade Varre-Vento, local aonde residi até meus oito anos de
idade, no interior do Amazonas.
Anos mais tarde, residindo
em Manaus, vendo minha mãe moendo milho em um moinho de ferro, colocando milho pela
sua boca para transformá-lo em xerém para pintos, depois de minha pergunta, ela
me explicou a que se destinava a tal “mão de pilão”.
- Ah, então, era para moer
milho?
Fiquei sem resposta, mas
entendi que o silêncio de minha mãe significava: “servia para “bater” o milho e
produzir o xerém, seu burro!”.
Mesmo assim, fiquei sem
entender direito essa resposta dada com o seu silêncio porque “mão de pilão”,
para mim, não fazia o menor sentido na inocência dos meus oito anos porque não
existia uma mão de verdade que quebrasse o milho, e sim uma espécie de porrete
para bater! Por que era chamada de “mão de pilão”?
Nunca saberei e nem quero
mais descobrir a razão a origem ou a etimologia da palavra “mão de pilão”!
Fez-me recordar os tempos vividos em fazenda aqui em Minas. Mão de pilão era usada nas fazendas para socar arroz, café torrado, amendoim torrado, etc.
ResponderExcluirParabéns pelo registro cultural. Maridok
nao sei tudo isso faz lembra-me de mulher batalhadoura.Parabens faz bem suas cronicas
ResponderExcluirHirschi Maria
Ch
Esse belo texto me prendeu até o ponto final com interesse, Parabéns e um forte abraço.
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