Eu e minha esposa Yara Queiroz
tiramos o final de semana, para visitar o município de Iranduba, do outro lado
da ponte Rio Negro, com o propósito de verificar o que teria acontecido com aquele
local que, em 2007, passou a compor a Região Metropolitana de Manaus, juntamente
com mais outros, durante o Governo Eduardo Braga. E por que Iranduba, e não
qualquer outro município da mesma região metropolitana? Porque todos os focos
iniciais de desenvolvimento apontam para o município do outro lado do Rio
Negro, em frente a cidade de Manaus, cuja distância ficou pequena depois da
inauguração da ponte. Antes de ser transformado em Município, era chamado de
Cidade Hortifrutigranjeira de Iranduba, criada pelo prefeito Jorge Teixeira
para aproveitar a “terra preta de índio”
e que, desde sua implantação, há muitos anos, abastece Manaus com seus produtos
do campo.
Minha esposa, dirigindo com
cuidado, e eu, sentado no banco ao lado, chegamos ao outro lado da ponte Rio
Negro, construída com pouco mais de três quilômetros de distância e muito
dinheiro investido na obra. Em pouco mais de seis minutos, seguindo na
velocidade indicada para o local, de 60
km por hora, alcançamos o outro lado do Rio Negro. Mas, enquanto Yara Queiroz
dirigia, eu analisava e via o primeiro sinal de progresso da engenharia: da
travessia de balsa pelo Rio Negro, com vento batendo ao rosto, cheiro ruim da
fumaça e o barulho estridente do motor a diesel. Agora, estávamos passando sobre
a Ponte Rio Negro, sentindo apenas barulho do motor do automóvel e o frio do ar
condicionado e olhando a paisagem, a imensidão do Rio Negro, sentindo o vento que
vinha da ponte e admirando as praias e, ouvindo o barulho suave do atrito dos
pneus sobre a ponte de concreto.
Do outro lado, encontramos
os primeiros sinais de desenvolvimento imobiliário e retrocessos sociais de
infra-estrutura, pela falta de internet banda larga de qualidade, prometida em
2007, impedindo que restaurantes à margem da Estrada AM-070, funcionem como
deveriam, aceitando cartões de crédito ou débito direto. Hoje, é perigoso se andar com dinheiro no bolso, mas o deputado estadual
Chico Preto divulgou que acionou o Ministério Público para que parte dos 20
bilhões do fundo de telecomunicações mantida pelos usuários de telefonia seja
investida no Amazonas. Mas, enquanto isso não ocorre, o dinheiro de plástico
não é aceito, salvo em poucos locais que fizeram investimentos por conta
própria.
Tenho informações de que
pelo menos umas 70 indústrias do pólo industrial de Manaus migrarão para o Município
do outro lado da ponte, mas esperam mais que as melhorias prometidas se tornem
reais e permitam possível essa mudança. A
falta de internet é uma delas e talvez a principal, porque hoje o mundo não
funciona sem uma internet de qualidade e a um preço justo! O Governo iniciou a
construção da chamada “Cidade Universitária”, um grande
complexo da Universidade Estadual do Amazonas – UEA, a duplicação da Estrada
Manoel Urbano também começou até o
município de Manacapuru, 70 km à frente, seguindo depois para Novo Ayrão, o que
permitirá aos turistas o encantamento da beleza dos botos vermelhos que recebem
alimentos nas mãos das pessoas e apreciar as “Anavilhanas”, o maior
complexo de ilhas do mundo, em frente à sede do município. Ao lado e em frente à entrada da “Cidade
Universitária da UEA”, dois empreendimentos imobiliários estão sendo erguidos,
visando receber a demanda de alunos que estudarão no Campus. Mas, a estrada Manoel
Urbano, ou AM 070 continua com muitos buracos na pista e ainda permanece
estreita e perigosa. Depois do almoço, no Restaurante “Sabor da Terra”, que
investiu dinheiro para ter telefone e internet e aceitar cartões de crédito e
débito, entramos no município de Iranduba, para retirar dinheiro em um Caixa 24
hs, e fazer pequenas compras na estrada.
Motociclistas
irresponsáveis com até três pessoas ocupando o veículo de duas rodas, sem uso de
capacetes ou qualquer outro equipamento de proteção às suas vidas, passavam em
alta velocidade ao nosso lado e em frente ao posto policial da PM, na saída da
cidade, sem que fossem ao menos parados ou fiscalizados. Será que no município,
o trânsito ainda não foi municipalizado porque não conseguimos ver guarda de
trânsito municipal nas ruas! Se já foi, a falta de fiscalização de motos ou
carros não existe porque andam em elevada velocidade pela estrada aberta e
melhorada, mas que não possui radar ou placas de sinalização de trânsito!
A estrada de acesso à Iranduba
continua quase sem buracos, ficou mais
larga, diminuindo o perigo das curvas, mas aumentaram os problemas de
prostituição infantil, tráfico de drogas, invasões de terras, motociclistas sem
capacetes transportando famílias inteiras, inclusive crianças entre os adultos,
sempre em alta velocidade e outros males que chegaram junto com o progresso e a
Ponte. Será que as autoridades municipais estão se preparando para receber o
progresso que chegará tão rápido?
Acho que não, mas não tenho
certeza, porque o antigo promotor de Justiça do Município, hoje procurador do
Ministério Público, Mirtinho Fernandes, que liderou campanhas contra o “motocídeo”,
movimentos em defesa da construção da ponte, defendeu a cidade dos problemas
sociais que começavam a surgir promovendo atividades em da cidadania e
conscientização dos moradores, exercendo atividades inerentes à atividade do
Ministério Público, já não está mais para testemunhar essa falta de vontade de
viver dos motociclistas irresponsáveis e de outros problemas sociais que ainda
se apresentarão como resultado do progresso!
Fico sempre feliz quando você me diz que saiu para um passeio ou viagem.Pelo que conta,Iranduba é um município em expansão e,portanto, com todos os defeitos e qualidades de um/a jovem adolescente. Desfrute,simplesmente...Abraços
ResponderExcluirCarlos, Peguei carona nesse passeio tão aprazível. É o momento para se analisarem os problemas que vêm junto com os programas de desenvolvimento, como se diz por aqui - um olho no gato e outro no rato. Ótima crônica, útil e agradável. Maria do Carmo/BH.
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