quinta-feira, 18 de junho de 2015
CABELOS BRANCOS...
A Antônio Carlos de Castro Paiva e in memoriam de Roberto Valin
Depois do falecimento do administrador do Condomínio Mundi, Roberto Valin, fiquei com um sentimento de responsabilidade de apoiar com critérios e mais criticamente, o Síndico do Mundi, advogado Antônio Carlos de Castro Paiva ou Antônio Paiva ou “companheiro”, como o trato. Porém, sempre que vou à administração como membro do Conselho Fiscal Eleito em AG, para despachar, assinar cheque ou analisar prestações de contas do balancete ou Fundo Fixo, vejo o “companheiro” com mais cabelos brancos na cabeça. Sinto-me na obrigação moral e funcional de apoiá-lo porque pedi para que assumisse o comando da Administração de tudo e lhe prometendo que se aceitasse, entraria e me candidataria a membro do conselho fiscal e o ajudaria.
Hoje, contudo, sinto-me abalado com a morte do companheiro administrador do Condomínio Mundi, o mineiro Roberto Valin, falecido vítima de câncer em SP aos 63 anos de idade. Confesso, que ao olhar os cabelos brancos do Síndico, aos 42 anos de idade, sinto-me um pouco desmotivado porque sempre que entro na sala da administração, vejo uma mesa vazia, em um canto e lá sentava ele, o senhor Roberto Valin, sempre puxando as calças para cima e dizendo às colaboradoras Fabíola Néris e Elizandra Batista, com as quais trabalhava diretamente “garotas, garotas”. Ah, que saudades do meu companheiro de “jogar conversa fora”! Desmotivado por quê? O avisei que a função de síndico seria a arte de engolir cobra e defecar sapos, mas Paiva perguntou: “contarei com seu apoio?” “Sim, contará”. Companheiro Antônio Paiva, não o abandonarei, o apoiarei de forma crítica sempre me voltando ao interesse coletivo dos moradores. Mas fico preocupado porque ser síndico não é fácil, como lhe avisei que não seria. Fui Síndico por longos anos, em vários condomínios em que morei e aprendi que ser síndico não agrada ninguém, porque terá que cumprir e fazer cumprir o Regimento e sei o quanto é desgastante essa tarefa.
No dia 16/06/2015, fomos aprovados na nossa primeira prova de fogo e tivemos aprovados os balanços da gestão. Fizemos muito. Mas ainda não fizemos nada. Condomínio sempre trabalha com inadimplências elevadas. Mas foi positiva a criação do Fundo Fixo para pequenas despesas emergentes. Lentamente, as falhas no Fundo Fixo foram ajustadas porque em administração condominial, o uso do Fundo Fixo não é para pagar salário, mas se destina às despesas menores como compra de combustível para as cortadoras de grama, a motocicleta que recolhe o lixo, fechaduras para portas das áreas comuns e outras despesas correntes. Brinco com o também microempresário Antônio Paiva, repetindo que ser síndico é a arte de engolir cobra e defecar sapo. Ele ri e diz, “já percebi.” Digo-lhe também que nunca um condomínio vai ser 100% positivo se não houver registros de ocorrências nos livros próprios, porque se não há registros, é como se tivesse sempre tudo normal será sempre como se nada tivesse acontecido, o que é de se estranhar que em um Condomínio com 3 etapas, 11 torres e 740 apartamentos, formando quase uma cidade com aproximadamente 3.700 pessoas e quase 1.850 veículos circulando. É impossível que algo de anormal nunca aconteça. Sem registros, porém, a administração do Mundi Resort nada pode fazer porque será sempre como se estivesse tudo funcionando normalmente e isso não é próprio de um condomínio do tamanho e a complexidade do Mundi.
Proprietário de duas unidades autônomas no Mundi Residencial Resort, conheci Antônio Paiva quando fizemos parte na comissão responsável pela leitura e modificação do Regimento Interno, tendo o Sr. Roberto Valin, como coordenador e dirigindo os trabalhos, na época representando a empresa Dinâmica, a primeira a administrar por contrato o Condomínio. O Sr. Roberto Valin compareceu diversas vezes ao Mundi, quando explodiu a subestação de energia, modificaram o processo de entrada e saída de pessoas e automóveis e em diversas outras ocasiões e por outras razões diversas, também. Tudo ele acompanhava de perto. Depois, deixou a Dinâmica pediu-me apoio, como membro do Conselho eleito em AG, para trabalhar no Condomínio, que tanto amava. Estava em experiência uma administradora mulher. Depois de 90 de contato e por não corresponder ao que se esperava de seu trabalho, foi desligada e o Sr. Roberto Valin assumiu. Nossa amizade ficou mais estreita e passamos a ser mais próximo porque deixava a academia suado, com a toalha e garrafa de água na mão, caminhando lento pelas calçadas floridas e bem cuidadas e sentia prazer em visitá-lo para ouvir suas histórias e contar as minhas como jornalista.
“É preferível um silêncio consciente do que uma palavra inconsequente” escrevi ao síndico essa observação pessoal e a substituição foi feita sem problemas. Mas tudo que estou escrevendo é para dizer-lhe Antônio Paiva, que fico cada vez mais preocupado com seus cabelos brancos e também para lembrar-lhe que quando o presidente Barack Obama assumiu seu primeiro mandato como presidente dos Estados Unidos, não eram visíveis cabelos brancos em sua cabeça, mas quando assumiu seu segundo mandato, já se faziam presente e comentei com minha esposa Yara Queiroz “ele, agora, está cheio de cabelos brancos” pelo peso da responsabilidade que carrega e que também nos faz mais velhos. Ao rever minhas fotos antigas, recordo que aos 26 anos assumi pela primeira vez Editoria Geral de Jornal em Manaus e permaneci em Editorias Gerais de jornais diferentes até os 35 anos de idade. Mudei de profissão. Passei a ser Assistente Social e assumi por doze anos a Direção da Unidade Manaus “adm. Francisco Saldanha Bezerra” e só a deixei aposentado por invalidez e onze cirurgias no cérebro de março de 2006, até hoje. Envelheci muito também, amigo e companheiro Antônio Paiva, mas ganhei experiência, formei uma equipe de profissionais competentes, que hoje me orgulham porque aprendi com o tempo que a verdadeira arte da felicidade é aprender com quem deseja ensinar e ensinar a quem deseja aprender. Durante todo esse período, meus cabelos e a barba que uso até hoje foram sendo pintados em cor prata.
Fiz isso, sempre e nunca me arrependi; apenas, envelheci. Mas sou feliz porque a felicidade sempre morou ao meu lado, mas era cego e não conseguia vê-la; queria sempre mais do que a Deus e a vida me davam sem cobrarem nada em troca de minha felicidade, que pensei que não tivesse! Mas a tenho!
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Caro. Que Roberto esteja calmo e tranquilidade na nova dimensão existencial. grande perda humana e para o condomínio que realmente gostava tanto. Travei com ele alguns papos bacanas. Que sua tenha aceitação para o fato inexorável da vida que é a morte. viva o Roberto! Luz!
ResponderExcluirMuito bem e isso ai!
ResponderExcluirBelo texto e homenagem!
ResponderExcluirProfunda sua cronica!
ResponderExcluirBonita amizade e sentir a presença dele depois de sua partida!
ResponderExcluirapenas recordaçioes e saudades Carlos
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