sábado, 17 de outubro de 2015
PROFESSOR NÃO ENSINA A FAZER BOMBA!
O professor, na “pátria educadora”, sei que ainda ensina a transformar o impossível em razoável e, na medida do comportamento dos alunos e por puro interesse de abnegados e pessimamente renumerados profissionais que por amor ou por teimosia, se mantêm por pura vocação em sala de aula, ainda conseguem transmitir ao alunado como é possível para se viver em uma sociedade coletiva, com todos os respeitando as instituições reguladoras do viver, de forma igualitária, comunitária, sem egoismo, com respeito mútuo entre todo. Os professores da “pátria educadora”, hoje sem muita educação ética, moral, social, política e ou de planejamento a curto, médio e longo prazos, sei que não ensinam a produzir e a arremessar bomba, queimar bens públicos, invadir passeata pacífica e usar máscara para esconder o rosto das câmeras no big show de câmaras que regularam tudo no viver em sociedade. Para que isso? Não sei, mas deve ser por culpa do próprio comportamento irracional demonstrado durante a passeata de protesto pacífico contra uma mudança no modelo de educação que deseja fazer o Governo de São Paulo.
Tudo isso de vandalismo e sandice ocorreu na manifestação dos professores contra mudanças no processo de ensino/aprendizagem proposta pelo governo paulista. O protesto começou às 8 horas no Largo do Batata, criticando a gestão do governador Geraldo Alckmin. Portando cartazes de protestos, a manifestação pacífica teve início às 10 horas. Estudantes saíram em caminhada e fecharam a Avenida Faria Lima, meia hora depois interditaram a Marginal Pinheiros, que foi liberada pela PM 30 minutos depois. As 12:15 chegaram ao Palácio dos Bandeirantes, sede do Governo estadual. Ás 13 horas, mascarados começaram a jogar pedras e rojões contra a sede do Palácio e contra os policiais militares, que revidaram com bombas de gás lacrimogênio. Depois, “alunos marginais”, seguiam reunidos em frente a portaria 2 do Palácio, na Avenida Morumbi e começaram a chutar e balançar os portões.
Não tenho elementos suficientes para afirmar ou negar se o que o Governo do Estado esteja certo ou errado no que está desejando fazer, o que está propondo fazer no setor educacional do Estado, ou se a medida causará fechamento de Escolas ou não. Não tenho elementos para analisar as medidas, mas versões conflituosas do Sindicato dizendo que sim; do Governo, dizendo que não, foi o motivo da passeata pacífica que terminou em baderna.. De uma coisa, porém, estou certo: os professores da “pátria educadora” sem muita educação, respeito, condições de trabalho não ensinam em sala a produzir e arremessar bombas, muito menos usar máscaras para esconder seus rostos das câmeras. Ah, isso não. São todos supostamente alunos “marginais mascarados” que arremessaram bomba no jardim do Palácio do Governo..
Os mestres, que já foram respeitados no passado, tanto no aspecto salarial como moral e eticamente, hoje trabalham mais amor ao ensino e nem sempre muita competência. Todos são pessimamente remunerados, enfrentam violência e ameaça direta em sala de aula. Exercem suas atividades em muitas escolas com piso de barro, sem muita ventilação, com falta de diversos itens. Ah, tempo bom em que se usava mimeógrafo para imprimir provas usando álcool. Mesmo fazendo cotas para compra de papel A-4, os alunos não reclamavam porque tinham prazer em estudar.
Depois das provas impressas, os professores tinham o maior cuidado para a prova não vazasse aos alunos. Tudo era destruído, queimado inclusive a prova datilografada no papel do mimeógrafo. Não se podia descartá-la no lixo porque os preguiçosos alunos vasculhavam-no em busca de “alguma pista” para se dar bem na prova. Ah, tempo bom quando o aluno entrava em sala só para estudar! Esse tempo não volta mais, ficou no passado. A realidade agora é outra: muito direito e poucos deveres e responsabilidades aos alunos. A cópia, o ditado, a tarefa para casa desapareceram, foram abolidos não sei por qual razão ou motivo didático que justifiquem sem extermínio sem dor nem piedade.
Hoje, os alunos reclamam e protestam contra tudo, até contra o que não conhecem profundamente, exercendo seu protagonismo juvenil, simplesmente. Lembro-me o episódio de um professor do Solon de Lucena, fora preso, levado para a antiga DOPS. O advogado e deputado estadual respeitado até os dias de hoje, Francisco Guedes de Queiroz, ao retirá-lo da prisão perguntou ao mestre, descendo a imensa escadaria do prédio onde se localizava a extinta polícia política chamada de Delegacia de Ordem Política e Social, se alguma vez ele já tinha lido a Lei de Segurança Nacional, contra a qual discursava na Praça da Matriz: “ainda não a li. Mas como todos são contra, eu também sou”. Queiroz apenas riu e continuou descendo a escadaria, levando o professor e recomendando-o: “vá para a casa e esqueça tudo porque eu cuido disso!”
De uma coisa, contudo, estou certo: no calor das discussões, há exaltações de parte a parte, mas não é caminhando rumo ao confronto, ao enfrentamento, à baderna, que se chegará a uma conclusão: os dois lados podem estar certos ou errados. Implantar o que o Governo estudou por técnicos burocráticos nem sempre com muito esmero, deve merecer ponderações dos professores que estão na ponta do processo educacional, para não existir confronto e ninguém depois venha dizer “viu como estava certo”, ou “viu como eu disse que não daria certo”.
O diálogo é o melhor caminho!
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Concordo com tudo que vc escreveu.
ResponderExcluirLendo acima, me DEU UMA SAUDADE do meu tempo de estudante , Grupo Escolar Machado de Assis. Saudades mesmo, copiar o ponto, decorá a tabuada, cartigo na Diretoria, brigas com coleguinhas, "vou te pegar lá fora" tempos bons. A professôra era MT respeitada, aí de quem n respeitasse, castigo em pé durante toda aula, em um canto da sala, saudades dos velhos tempos...a prova era um acontecimento, a sala era toda separada, silêncio total. Aí q saudade me dá!!! Os coleguinhas tudo hj na minha recordação...
ResponderExcluirEm seguida fui p o IEA, PRESTAR EXAME DE ADMISSÃO, nossa coisa MT séria. Eu morava em Educandos, próximo ao porto de catraia, lembro como se fosse hj, mamãe me ensinou a ir p o IEA, VC pega a catraia, segue nas rua dos Andradas....vai pela rua tal e tal, qdo chegar na Eduardo Ribeiro, olha lá p o fim da rua, daí VC ver um prédio grande azul, é lá o IEA.
Minha vida no IEA, foi uma história a parte, mas o estudo era puxado, tinha a ispetora, a saia tinha q ser 4 dedos acima do joelho, a ispetora medía. Enfim tudo era MT sério. O respeito c os professores era gde. Enfim hj só saudades, e nós dessa época demos MT certo.
Boa crônica.
ResponderExcluirCarlos Costa , como você me deu autorização. Compartilhei , essa sua publicação. !!!
ResponderExcluirA Secretaria de Educação desmentiu o que os professores da Apeosp estão espalhando aos 4 cantos. Muita gente não sabe que a Presidente da Apeosp é filiada ao PT e que os outros sindicatos sérios de São Paulo não aderiram a greve da Apeosp que parou 2 meses de dar aula porque pediam coisas absurdas como um aumento de 85% nos salários. Os outros sindicatos de professores sérios de SP também não participaram dessa passeata e nada falam a esse respeito. Graças a Deus que meus filhos não tem aulas com professores da Apeosp porque eles fazem mais greves do que trabalham e parecem mais terroristas. O governador disse que vai contratar mais 6000 professores
Infelizmente não dá para confiar em todos professores. Quem vai ingressar na Universidade de São Paulo USP precisa se vacinar contra a lavagem cerebral feita pelos intelectuais de esquerda conduzidos pela Marilena Chaui. Eles fizeram um manifesto absurdo há poucos dias dizendo que há duas décadas o Brasil ganhou projeção internacional por causa do PT. Eles fazem questão de tratar os brasileiros como burros. Nas ultimas décadas o Brasil ganhou projeção Internacional por causa dos escândalos de corrupção, das obras superfaturadas da copa e do 7x1 e por causa das bundas das brasileiras. Boa crônica
ResponderExcluirCom certeza!
ResponderExcluirLecionei na zona rural e as provas eram feitas a mão.
Hoje são felizes e não sabem.
Caro Senhor cronista,
ResponderExcluirA mudança no "modelo de educação" que deseja fazer o governo de São Paulo pode ser resumido em "fechamento de escolas públicas".
Ao longo de toda a minha vida como estudante - ainda sou - estudei em escolas públicas. Imagina que, se fechassem quaisquer das escolas em que estudei - acho que uma pessoa calma e cordata como sou - até mesmo eu desenvolveria técnicas de guerrilha.
Em todos os meus anos como professora de História e de Educação de Jovens e Adultos, sonhei com alunos que fossem às ruas cobrar pelo que é seu. A violência do Estado não pode fazer do Estado a vítima.
Desculpe-me pela sinceridade.