DE VOLTA AO ESTADO NATUREZA E DA BARBÁRIE!
Pelos últimos
acontecimentos sociais, estou firme na opinião que a sociedade como um todo
está voltando ao seu primeiro estágio do Estado de Natureza e à barbaria porque
incêndio a ônibus, invasão e fogo em apartamentos do projeto federal “Minha
Casa Minha Vida”, enfrentamento e resistência à decisão advinda do Aparelho
de Estado da Justiça e a realização de justiça pelas próprias mãos, tudo isso é
reflexo da sociedade apodrecida, sem rumo, que não confia nas instituições que
lutou para representar a sociedade coletiva, mas que não está dando certo ou,
se está dando, lhe falta alguma coisa, algum ingrediente, ou para mais ou para
menos.
No século XII, pensadores
decidiram implantar uma sociedade civil de bem estar social para evitar todos
esses conflitos, em nome de um Estado que deveria intermediar a solução de
conflitos e problemas. Mas parece que esse processo não está dando certo,
precisando ser reestudado, repensado porque a sociedade está retornando a
situação pré-social, “na qual os indivíduos existem isoladamente” e
esquecendo totalmente as duas concepções da transição perfeita do “Estado de Natureza” ao Contrato Social e à formação do Estado
de Bem Estar Social, no qual todos os membros da sociedade civil deveriam
se fazer presentes na atual sociedade tecnológica do Século XXI. ((in Marilena Chaui.Filosofia. Ed. Ática, São
Paulo, 2000. Pag. 220-223).
Os pensadores do século
XII, diziam que “os indivíduos vivem isolados e em luta permanente,
vigorando a guerra de todos contra todos, ou seja, o homem sendo lobo do
próprio homem, reinando o medo e, principalmente, o grande medo: o da morte
violenta. A vida não tinha garantia e os homens inventavam armas e cercaram
terras, atitudes inúteis, garante a professora de filosofia da USP, Marilena
Chaui, autora de diversos livros,
porque “sempre haverá alguém mais
forte e ocupará as terras cercadas”. Como a vida não tinha qualquer valor, como também ocorre hoje, percebo
que a sociedade está se desenvolvimento para o nada, regredindo e voltando a
viver como no século XVII, em pleno século XXI, fazendo justiça com as próprias
mãos. A posse e a vida humana também não
possuem qualquer valor ou reconhecimento, sendo motivo de agressões. Estamos
vivendo no Estado de Natureza do
primitivo passado, que a sociedade recusou, mas está voltando a aceitar
de forma pacífica.
No século XVIII,
Rousseau, afirmou que os “indivíduos
vivem isolados pelas florestas, sobrevivendo com o que a natureza lhes dá,
desconhecendo lutas e comunicando-se por gesto, pelo grito e pelo canto, numa
língua generosa e benevolente”. Na concepção de Rousseau, “esse estado de felicidade original (...)
fazia os humanos existirem sob a forma do bom selvagem e inocente”.
“A única lei é a da força do mais forte que pude
conquistar tudo quanto a força bruta lhe
permitir”, garante a professora Marilena Chaui e eu acrescento
com o uso da arma de fogo pelo mais
forte, com tiro, fogo, bomba, coquetel molotov e pedradas. Segundo essa teoria
social, o problema da sociedade teria se iniciado com a propriedade privada, a
posse, o meu e o teu. Por que estou escrevendo sobre isso hoje? Por que cansei
de ver cenas de selvageria, vandalismo, brutalidade praticada por membros da
sociedade dita tecnológica do século XXI, contra propriedades privadas, bancos
e contra possíveis infratores que foram espancados, amarrados, chutados até que
a polícia aparecesse, em Goiânia. Contra isso, a OAB de Goiás reagiu e chamou
os atos de a volta da barbárie, quando se praticava a Lei do Talião, do
dente por dente, olho por olho.
José Coelho Macial escreveu: Carlos você fez uma importante reflexão da sociedade e do governo que perde as rédeas e controle na gestão pública, por inépcia e incompetência em gerir a coisa pública. Todo projeto de governo, que deveria ser um projeto social de nação transforma-se em um projeto político de governo e de poder, porque é assim que é colocado nos veículos de propaganda de massa, quando nem deveria, já que o que faz deveria ser normal como parte de seu trabalho porque para isto é que o povo o elegeu, não para servir de trampolim eleitoral. jm
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ExcluirJosé Rodrigues Lobato resumindo: a barbárie existe desde que o início da civilização...a luta do presente e do futuro é a vida num tipo de sociedade onde ela não seja latente e presente o tempo todo!!!
ResponderExcluirPor Fernando Lobato_Historiador
ResponderExcluirO homem é o lobo do homem ou é o bom selvagem? Quem está certo, Hobbes ou Rousseau? Hobbes argumenta que o homem tem uma natureza igual a dos lobos. É uma ameaça constante porque deseja tirar vantagem de tudo e de todos. Eis porque, segundo o autor de “Leviatã”(1651), o estado é não apenas um mal necessário, mas fonte de paz, segurança e liberdade coletiva. É um mal que se transforma em bem ao submeter e controlar os “lobos”. Jean Jacques Rousseau, filósofo iluminista da democracia, dirá, 111 anos depois, que a maldade não está no homem, mas no estado absolutista que o pervertia e corrompia. O homem, a bem da verdade, diz o autor do “Contrato Social” (1762), nasce bom e livre. É a ordem política, com seus valores artificiais e equivocados, que o aliena e afasta de sua natureza original. E assim, Hobbes vê o estado forte e interventor com um ser merecedor da proteção geral, apesar da feição monstruosa. Rousseau, por sua vez, o vê como monstro a ser domado e controlado pela vontade popular.
Esse debate, apesar de velho, merece ser promovido e ampliado. E, ao fazê-lo, vem a tona a questão em torno da natureza humana em sociedade. Eis porque parabenizei o filósofo e amigo Adilson Maia por ter promovido essa discussão num debate recente na internet (VER AQUI). Particularmente, acho que tanto Hobbes quanto Rousseau cometem equívocos e acertos em suas análises. O homem não é nem santo nem demônio. Seu livre arbítrio é que o torna uma coisa ou outra. Concordo, porém, que a ordem política exerce influência sobre o mesmo, seja para o bem seja para o mal. O Estado pode e deve funcionar como promotor da liberdade e segurança coletiva e a luta por mais democracia – centro da tese de Rousseau - deve ser sempre nosso objetivo. Há casos, porém, em que os “lobos” precisam ser domados por um estado forte e interventor. O poder excessivo das corporações privadas é um exemplo cabal dessa necessidade nos tempos atuais e Hobbes merece todo o nosso crédito. Hobbes, inclusive, usa a imagem do lobo pensando na obsessão pelo lucro na Inglaterra de sua época.
Estado forte, mas progressiva e profundamente democrático é o que precisamos nos tempos atuais. Um estado que não seja frouxo e inexistente como o estado liberal burguês. Um estado que dome os lobos quando isto se fizer necessário, mas que também esteja amplamente domado e controlado pela sociedade civil. Estado de exceção ou totalitários são uma excrecência que não deve mais se repetir na história da humanidade. É um equilíbrio difícil, mas que precisa ser buscado e operacionalizado através de inovações e aperfeiçoamentos na estrutura já erguida e em funcionamento do chamado estado democrático de direito.
Este comentário foi removido pelo autor.
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirArnaldo100m CO - M Sc&rto." Boa tarde caro amigo Carlos Costa! Concordo em gênero, número e grau. Tenho pensado também ultimamente exatamente isso! Da forma que está não pode ficar. Estamos indo para um abismo que não se sabe onde vai dar. Parece que está faltando muito pouco para termos aqui a guerrilha urbana! CONCORDO!!! Isso já foi longe de mais"! abraços e um feliz inicio de semana!
ResponderExcluir