quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

COM A CADEIRA NA CABEÇA, LÁ VAI MARIA...


Com uma cadeira de balanço na cabeça, “lá vai Maria”, sem conseguir o que o que queria. Poderia ser a música “Lata D'Água”, composta há muitos anos pelos geniais letristas Luís Antônio e Jota Júnior, gravada pela cantora Marlene, mas não é! Em meio a tantas péssimas notícias – relatório do desperdício de água no Brasil, sátiras inteligentes e bem-humoradas de execuções de presos como uma advertência ao Ocidente, um surpreendente pedido de clemência da Indonésia - depois que executou e não aceitou o pedido de clemência feita em favor de um brasileiro  - à Arábia Saudita, presos mandando nas cadeias, usando celulares, facões, drogas como se estivessem em liberdade, apagões de energia sem explicações ou com muitas explicações contraditórias e sofríveis, com ameaça de demissão do Ministro das Minas do Governo Dilma, empossado há 22 dias Eduardo Braga – uma informação específica de uma mãe que acordou de madrugada, foi esperar ficha na porta de uma Escola em Manaus, voltou para casa sem conseguir matriculá-lo na Escola perto de sua casa, me chamou a atenção, primeiro porque ela não conseguiu acordar mais cedo e ser uma das primeiras da fila, depois pela insistência das Secretarias de Educação do Estado e do Município de aconselhar os pais a procurarem vagas na internet, como se todos tivessem acesso a essa ainda precária e cara ferramenta de comunicação,  me chamou a atenção. Pode uma coisa dessas?


Essa cena aconteceu em Manaus, na porta de uma Escola, onde havia uma fila de cadeiras de balanço e outras de vários tipos, inclusive com os nomes das proprietárias. Mas poderia ter acontecido em qualquer outra parte do Brasil, em qualquer porta de qualquer Escola, porque o problema é sério e as mães são apenas “Maria's” pobres, sem muita cultura e preferem madrugar na porta das Escolas, lutar por uma senha para não serem atendidas com respeito e dignidade. Frustradas por não conseguirem vagas perto de suas casas, colocam as cadeiras na cabeça e voltam para suas casas, subindo as ruas, levando a “pela mão a criança”, tendo que explicar aos pobres inocentes e indefesos que não conseguiu a vaga que queria, principalmente em creches que não existem e aumentou muito a necessidade depois da criação da Lei das Domésticas. Como explicar a uma criança que quer estudar essa decepção?

São mães que, como diz a composição da música, que voltam no dia seguinte as mesmas Escolas em todo o Brasil, mas que vivem como domésticas “lutando pelo pão de cada dia/ sonhando com uma vida  (digna), no asfalto/que acaba/Onde o morro principia”. Essa verdade, é o que menos importa, porque o que importante é o voto delas nas urnas e manter a total bagunça que se tornou o processo de renovação de vagas nas Escolas Públicas e muitas particulares também do Brasil. No passado, além de se respeitar mais a Educação, o aluno só era obrigado a trocar de Escola quando não houvesse mais a série que ele faria. Agora, não! Nada é automático e todo ano os pais e as mães têm que renovar matrícula. Se for em Escolas particulares,  pagando preços caríssimos, o que poucas famílias podem honrar.

Na década de 70, mudei do Grupo Escolar Adalberto Vale, no bairro do Morro da Liberdade, onde cursei as primeiras quatro séries do antigo curso primário para a recém-inaugurada Escola Dorval Porto, no antigo Crespo e cursei até a antiga 8a série (hoje Ensino Médio), mas só confirmei a matrícula em uma lista datilografada que já se encontrava na secretaria da nova Escola. Como na Escola só tinha até a 8a série, me transferi para o Gynásio Amazonense, na Avenida 7 de Setembro, onde cursei meu primeiro ano do 2o Grau e novamente optei pelo ensino profissionalizante de magistério e terminei concluindo-o para ser professor de 1a a 4a série no Instituto de Educação do Amazonas. Entrei no curso de Comunicação Social em seguida e tornei-me professor universitário, teórico social e autor de vários livros de crônica, científicos, filosóficos

Hoje, em plena era da tecnologia, onde tudo pode ser feito pela internet, não entendo porque famílias são obrigadas a dormir na fila, em cadeiras de balanço ou qualquer cadeira que tenham em casa, colocar seus nomes em placas como se fosse uma reserva de local, enfim, enquanto as Secretarias de Estado e do Município insistem em mandar os pais reservarem as vagas pela internet. Das duas uma: ou nossos gestores educacionais vivem em outro planeta onde tudo funciona na velocidade da luz ou perderam a noção do ridículo: se fosse tão fácil usar a internet, por que não cruzariam os dados dos alunos, identificariam qual a Escola mais próxima da casa do aluno e fariam as matrículas automaticamente? Ou será que não confiam na qualidade da internet que mandam os pais e as mães usarem? Pode ser! 

Pode uma coisa dessas?

14 comentários:

  1. Por aqui o site só fica fora do ar e nas creches e escolas tem vaga, mas só pode matricular virtualmente. Abç.,,

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  2. Falta de respeito com o povo que paga impostos e mantém esse país funcionando

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  3. Essa falta de respeito e de eficácia nas matrículas das escolas públicas é um sintoma de nosso sistema público cartorial, atrasado e injusto - incapaz de absorver os novos instrumentos tecnológicos com verdadeiro sentido de inclusão social.

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  4. BOA TARDE QUERIDO AMIGO Carlos Costa QUE LINDO BEIJOS!

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  5. Valéria Corrêa de Melo22 de janeiro de 2015 às 13:47

    É um desrespeito total com o ser humano, onde os mínimos sociais não são garantidos a classe desprovida ,acerca de seus direitos. ...#revoltada com a pouca vergonha na educação do nosso país.

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  6. Manolo Olimpio/produtor cultural22 de janeiro de 2015 às 14:23

    Este é o Brasil que merecemos, não buscamos melhorias, e sim igualdade ou melhor a continuação de um governo de merda, no nosso estado e no Brasil.

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  7. Existe má vontade para ajudar nosso povo, você tem toda razão, para o sistema escolar seria fácil arranjar vaga e matricular o aluno.

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  8. E amigo Carlos as coisas estao mais complexas do que imaginava! E i nfelizmente isto nun ca ira modificar ja virou um ciclo vicioso Politicos e politica sao fedidos tanto quanto um corpo em extremo estado de decomposiçao

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  9. Esse é o nosso Brasil.

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  10. Boa Tarde !!! Carlos . Uma triste verdade mesmo . Seu comentário é muito pertinente . Se vc quiser transformar seu comentário em um Artigo ,mande por Aqui mesmo que teremos prazer em publicar

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  11. Araí Santos/Escritora23 de janeiro de 2015 às 12:24

    Oi amigo, Carlos!
    Quanto essa sua crônica, sei que ela se encaixa de uma maneira globalizada em território Nacional, mas sempre há as exceções. Acho que aqui em Campo Largo, região Metropolitana de Curitiba, talvez esteja mais satisfatória essa demanda de vagas e não tenho conhecimento dessas filas. Nos Centros de Educação Infantil sempre há listas de espera. Porém, ao ser chamado o que está na vez, muitas vezes ele já está frequentando outra Instituição.
    Consegui copiar e colar seu comentário lá na AVSPE..
    Seu parecer me é muito valioso.
    Desejando-lhe que continue com determinação e coragem dando sua grande contribuição no meio literário e jornalistico,
    Subscrevo-me,
    Araí

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  12. Verdade amigo! Haja paciência... e muita das vezes um pouco de sorte... pra conseguir uma matricula na rede publica.

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  13. Ola,Carlos,
    Voce deve imaginar,se na cidade de Manaus acontece,essa falta de responsabilidade e desordem os interios do Amazonas sao totalmente esquecidos e abandonados em todos os ramos. e sentidos é de chorar.Enquanto isso temos que encinar as Donas Maria`s nao ir mais as urnas votar nos memos,cangurus.eles so querem pessoas sem ,intruçoes,justamente para obter votos.O Povo do Amazonas tem que um dia acordar,parece que ainda estao, deitado em uma rede esperando o peixe,fisgar.
    Obrigada Carlos, por publicar esse, assunto , educaçao ainda nao é para todos,em alguns bairros de Manaus
    .

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  14. Oi boa noite
    Nossa em plena era da tecnologia ainda existe esse tipo de problema em nosso país isso e culpa dos nossos governantes que até agora não fizeram nada pelo povo brasileiro isso é falta de organização e interesse dos nossos governantes quem sofre com isso são os menos faborecidos que necessitam de escolas públicas e tem que se sujeitar a essa baixaria culpa de quem isso todos sabemde de quem é aculpa
    Se todos se mobilizassem e procurasse os seus direitos seria bem melhor não adianta só um querer oBrasil todo tem que tomar consciência de fazer valrr os seus direitos etc

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