quinta-feira, 5 de novembro de 2015

SETOR PESQUEIRO DO AMAZONAS REGREDIU!


O setor pesqueiro no Amazonas regrediu nos últimos 33 anos com conversas inúteis, desculpas infundas e irresponsabilidades políticas da Prefeitura e do Governo do Estado. Não se pode justificar crise econômica para essa regressão vergonhosa com relação ao Frigorifico de Manaus. Os diversos Governos Estaduais e Municipais, se tivessem dado continuidade ao projeto iniciado há 33 anos passados sem promessas não cumpridas e verdadeiramente com ações concretas, ele já estaria pronto e funcionando. O único governo que se preocupou com o problema dos armadores de pesca, como se definem, foi o de José Lindoso, filho de Manicoré, que faleceu em 1983. Depois dele, nenhum outro deu importância ao assunto tão grave. Também é vergonhosa e grave a realidade precária do Porto de Barcos Regionais de Manaus que há muito tempo já deveria ter sido transferido para um local mais apropriado, que não sofresse a influência da seca e das cheias e oferecesse mais conforto, segurança e tranquilidade aos embarcadiços que navegam dias e noites pelos Rios, igarapés e lagos do Amazonas, até alcançarem seus destinos. A mudança de local, aliviaria o fluxo de caminhões de cargas e descargas, táxis, táxis lotação, carros de fretamento e outros na área na Rua Lourenço Braga, ou Manaus Moderna, no centro de Manaus.
Em princípio, a obra seria de responsabilidade da Prefeitura Municipal de Manaus porque todo o capturado é para atender à população da cidade de Manaus, mas poderia ser compartilhada pelo Governo do Estado. Contudo, nem a Prefeitura de Manaus, muito menos o Governo do Estado enfrentam o problema que cada dia se agrava mais e ficam usando desculpas que não convencem a ninguém para justificar seus descasos e nada resolvem. Enquanto isso, a população de Manaus compra peixe caro nas bancas de feiras porque os atravessadores recebem a maior parte, mais até do que os donos de barcos de pesca e, principalmente, dos pescadores que trabalham nos lagos abastecendo os motores com frigoríficos improvisados, feitos de madeira e cheio de gelos quebrados. As primeiras camadas de peixe congeladas, quase sempre ficam imprestáveis depois de 30 dias com o motor parado no lago. Estava iniciando minha profissão de jornalista em A NOTÍCIA, em 1982, quando comecei a receber, ler e pedir destaque para tudo que dissesse respeito à Construção do Terminal Pesqueiro de Manaus. Entendia que o Amazonas seria beneficiado. O Governo do Estado, era exercido, na época, pelo governador José Lindoso. A verba vinha a fundo perdido do Banco Mundial. O presidente da Colônia dos Pescadores Z-12 de Manaus era Alfredo Jacaúna. O presidente da Federação dos Pescadores não sei quem era na época, mas acho que já fosse o hoje deputado estadual Walzenir Falcão. Não tenho certeza dessa informação e não consegui confirmar.
Meu pai, Paulo Costa e meu tio, Armando Costa, alugavam motores de pesca pequenos. Quando retornavam para Manaus, depois de dias nos lagos, navegavam tranquilamente pelas águas límpidas e transparentes do Igarapé do 40, passando pelos bairros do Educandos, Santa Luzia e Morro da Liberdade e atracavam embaixo de uma árvore, no bairro da Betânia.. Caminhavam por uma rua reta de barro. Meu tio Armando Costa, ficava um pouco antes em sua casa e meu pai caminhava um pouco mais até atingir a Avenida Adalberto Vale, dobrar à direita, e entrar em casa, onde morava com a família. Devido isso, passei a ter interesse pelo assunto Terminal Pesqueiro de Manaus. De acordo com o projeto inicial, dentro dele existiria uma fábrica de gelo para abastecer os barcos, armazenaria todos os peixes mais comuns e abundantes na época da safra e seroam comercializados na época do defeso a um preço mais barato.. Via no projeto do Governo José Lindoso, essa possibilidade. Enquanto o terminal que nunca teve uma definição concreta de local seria construído, frigóricos eram alugados para receber, tratar, armazenar e congelar todo o peixe barato adquirido na época da safra de pescado. Tudo era comercializado na época da escassez, em sacolões, em bairros de Manaus, em carretas frigoríficas que o Estado possuía. Mas tudo isso desapareceu e foi sendo dilapidado nos últimos 33 anos de governos que entraram e saíram no Município de Manaus e no Governo do Estado. Chegou a se pensar no antigo abatedouro desativado de Manaus, o Frigomasa, porque já existia frigorífico pronto. Mas tudo parou! De vez em quando se houve falar sobre o assunto quando a produção de peixe é muito grande em Manaus e começam a jogá-lo no lixo! Depois, esquecem!
Nascido no município amazonense de Manicoré em 1928 e falecido em fevereiro de 1983, o governo José Lindoso se preocupou com o setor primário e contratou através da Secretaria de Estado da Produção Rural-Sepror, frigoríficos para armazenar o peixe pescado e depois revendê-lo depois. Um deles ficava na Rua Ponta Grossa, no bairro da Colônia Oliveira Machado, gerenciado por Jaith de Oliveira Chaves, outro era o da Federação dos Pescadores do Amazonas, no bairro da Betânia e se tinha mais algum, desconheço. Mas desses dois, tenho certeza, porque conheci pessoalmente naquela época o hoje deputado Walzenir Falcão e o depois diretor do Detran/Am, Jaith Chaves, porque os entrevistava para complementar informações recebidas do Governo do Estado através de “presas release” distribuídos iguais para todos os jornais e publicados em A NOTÍCIA. Dizia-se na época que o frigórico da Rua Ponta Grossa, pertenceria Grupo CCE da Amazônia. Depois, Jaith Chaves assumiu outros cargos políticos em diversos governos e falavam que era indicação do empresário Marcílio Junqueira. Se era verdade ou não, isso não importa agora. O deputado estadual Luiz Castro foi nomeado e tentou estruturar a Sepror com engenheiros e outros especialistas em pesca etc. Não conseguiu fazê-lo e pediu exoneração. Foi substituído pelo também deputado estadual, Eron Bezerra. Tudo parou de novo!
Trinta e três anos depois de todos esses episódios, existe apenas uma balsa encalhada servindo para atracação dos barcos de pesqueiros, no bairro de Educandos, no antigo local onde paravam os hidroaviões da Panner do Brasil, uma das primeiras e maiores empresas de aviação comercial na época. Foi nesse local que dois motores, afundaram com uma tempestade de raios e muito vento que ocorrera em Manaus na noite do dia 2 de novembro de 2015. Os proprietários perderam. No dia 1o de Maio dia do trabalhador, pescadores atracaram de uma só vez, 50 barcos na balsa que seria o Terminal Pesqueiro Inacabado de Manaus, reivindicando uma atitude séria por parte das autoridades e protestando contra sua retirada por falta de pagamento por parte do Governo do Estado. Como hoje não existe dinheiro para pagar o aluguel de uma balsa? Durante o Governo José Lindoso, muito mais pobre, não faltava dinheiro para pagar o aluguel dos frigoríficos!? O Estado sofria uma grave crise financeira com a elevada sonegação de ICMS, nas vendas de mercadorias sem emissão de notas fiscais, ainda preenchidas à mão e numeradas sequencialmente A Secretária de Estado da Fazenda da época, implantou um arcaico sistema e fez ampla divulgação e incentivando aos clietes a pedir a Nota Fiscal, e as trocava por cupuns para concorrer a sorteios de geladeiras, fogões e até automóveis. Um deles um automóvel “Santa Fé”, construído todo em vibra de vidro sobre um chassi de fusca chegou a ser queimado durante um sorteio ocorrido no Estádio Vivaldo Lima. O automóvel que estava em exposição para ser sorteado foi, queimado e foi destruído rápido. O presidente Itamar Franco, já falecido, que tinha adoração por fusca, os chamou de “verdadeiras carroças”. Depois disso, outros modelos e marcas começaram a ser produzidos no Brasil, mas a abertura para fábricas de automóveis estrangeiros produzirem no Brasil, ocorreu na presidência de Fernando Collor de Melo.
Lamentável e vergonhosa a regressão que ocorreu na construção do Terminal Pesqueiro de Manaus e pior ainda foi é a situação em que vive hoje todo o setor primário do Amazonas. O Estado é um dos maiores capturadores de peixe da Região Norte. O visionário senador pelo Amazonas, Evandro Carreira (1975/83), também filho do interior, decidiu lançar seu famoso “Recado Amazônico”, denunciando que o peixe estava acabando nos rios com a pesca predatória e defendia a criação em confinamento de tambaquis, jaraquis e matrinxãs e outros tipos. Foi incompreendido na época. Onde já se viu dizer que o peixe do Amazonas acabaria? Ele estava certo. O hoje deputado estadual Walzenir Falcão, eleito para representar e lutar pela categoria, discursando durante o lançamento de um Plano de Safra, disse que esperava que o programa ajudasse na busca de mercados internacionais e esperava o fim do desperdício de peixe no Amazonas
Hoje, toneladas de peixes são descartadas diariamente em lixeiras da cidade por falta de compradores, de frigorífico para armazená-los.
Sem frigoríficos para armazená-los, os preços são elevados. Isso tem que mudar!

5 comentários:

  1. Um alerta Geral.....JB
    A retirada de petroleo e gas tem levado a diminuição dos reservatórios Naturais o rios a baixarem seus niveis. no Amazonas ao pre-sal no Rio e em s
    São Paulo....Temos que PARAR todas as Esplorações de imediato. porque a agua custa nais que o valor do petróleo....Deus nos Ajude a pedir dos governantes que parem as explorações e coloquem uma Politica de Voltar a produção e criação no Municipios Brasileiros.......JB

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  2. Luiz Celso Santos de Oliveira5 de novembro de 2015 às 12:36

    Falta gente que pense em soluções viáveis, ou ideias que convirjam em um consenso possível.

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  3. João Batista Filho/BH9 de novembro de 2015 às 11:52

    Olá Carlos, Mais uma vez voce no permite conhecer um pouco mais sobre a historia de sua Manaus e parabenizo não só pela sua bela narrativa de fatos passados como tambem pelas suas considerações sobre a situação presente de sua cidade. Continue assim se sensibilizando e mostrando os problemas que acontecem na sua região, para que estes fatos possam estar sendo conhecidos por toda sua sociedade e assim se tente sensibilizar seus governantes a tomarem alguma atitude. Parabéns,,

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  4. Enquanto as soluções virem de cima pra baixo nada será feito. Os trabalhadores do setor pesqueiro precisam ser ouvidos. Enquanto isto não for feito amigos, canetada de gabinete nunca resolverá absolutamente nada. Deus ajude os trabalhadores da feira da Panair e a população.

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  5. Grande amigo Carlos Costa, te peço perdão por ter me ausentado por um tempo... mas verdadeiros amigos nunca se separam, por mais que o tempo e a distância insistam em nos afastar de vez em quando...
    Sei que vc vai entender. Tenho estado num tempo bem importante da minha vida, vou precisar ter muita paciência e principalmente sensibilidade pra encontrar o amor debaixo de um oceano de emoções... essa fase é delicada, precisamos mostrar muita força e todas as nossas habilidades são postas à prova. Acho que vc sabe bem como é isso.,.
    Elielcio me ama e eu o amo! Mas desafios se apresentaram aos nossos olhos e mãos. Ele, com a deficiência dele, eu com minhas dificuldades... Tenho fé e muita paciência para transpor essa fase difícil...
    Espero que vc esteja bem... hoje terminei de ler suas crônicas e poemas, como sempre leves, carregados de saudade e reflexões sobre a vida. Amei especialmente o TURBILHÃO DE LEMBRANÇAS!, a citação de Heráclito... Amigo, aprecio demais seu talento!
    Não se preocupe em morrer... A questão de Jó continua em sua história! Você tem muita vida dentro de si, vc ainda vai ver seus netos cercando vc e vc os ensinando a viver uma vida cheia de felicidade e sabedoria!
    Agora me sinto mais leve, pois falei com vc! Saiba que não me esqueço da nossa linda amizade!

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