terça-feira, 22 de janeiro de 2013

'BATISMO" DE JORNALISTAS NOVOS!




Todos os jornalistas novos que ingressavam no Jornal A NOTÍCIA, na década de 80, tinham que passar por um “trote” ou um “batismo”. Passei pelo meu também. O meu devido, ao meu nome ser Carlos Costa, passei a ser chamado de “CC” entre muitos colegas e, me foi aplicado pelo jornalista Francisco Monteiro de Lima: tomar quatro banhos no próprio jornal para tirar o meu “CC”. Cumpria fielmente meu “batismo” e ainda tirava “sarro” dos colegas, pedindo que me cheirassem depois de sair de cada banho.

Levei na esportiva a brincadeira. Mas narrarei nessa crônica do “batismo” de uma colega que veio recomendada por um amigo do dono do jornal, Sr. Andrade Netto:

Um dia, uma jornalista nova foi treinar na redação e redigia um texto nas velhas e sambadas máquinas marca Olivetti. Estavam na redação, eu, o jornalista policial Luiz Octávio Monteiro, barbaramente assassinado pela própria polícia, o Editor Geral Gabriel Andrade e, ao fundo, como Editor Responsável pela primeira página, o jornalista Bianor Garcia, um homem de estatura baixa, relativamente obeso e que chegou a ser vereador na Câmara Municipal de Manaus, autor de fantásticas manchetes de primeira página na época. Todas as manchetes de primeira página tinham que passar por ele nessa época.

De tão baixo que era,  Bianor  quase conseguia se esconder em sua grande poltrona de trabalho. Era exigente o Bianor, mas eu o agüentava com suas rabugices porque eu também estava começando na profissão.  O Bianor sentava aos fundos da redação e o que o separava  dos outros jornalistas era apenas uma parede de vidro.

- Ei, vocês têm café aqui, perguntou a jornalista novata, em experiência.

- Temos, respondeu alguém - acho que o jornalista Gabriel Andrade - e acrescentou: “Só que você vai ter que pedir daquele jornalista baixinho e gordo que está lá dentro” e apontou para a sala do  Bianor Garcia, um excepcional jornalista por convicção mesmo.

Não satisfeito, o Gabriel ainda recomendou: “Mas entre devagar na sala dele e grite diretamente em seu ouvido, quando estiver perto dele: “Bianor, o senhor tem café?!!!!!”

A que poderia ter sido uma nova colega de profissão, foi pé ante pé, se postou atrás do jornalista Bianor e perguntou, aos gritos, como tinha sido orientada. O jornalista pulou de sua cadeira com o susto que tomara e respondeu bem alto:

- Tenho não, sua f.d.p. E também não precisa gritar que não sou surdo, não! Também não uso qualquer aparelho para surdez! – respondeu Bianor Garcia aos gritos também, mais alto até do que o grito da jornalista, que foi ouvido em toda a redação. Na redação, por trás dos vidros, ficamos rindo com o susto do Bianor, que quase caiu de sua poltrona!

A que poderia ter sido nossa nova futura colega baixou a cabeça, saiu chorando e nunca mais voltou a pisar em A NOTÍCIA. Uma pena!

Ficamos sem uma colega, mas eu tive que concluir o texto dela usando sua mesma máquina Olivetti, línea 98. E não é que ela escrevia até bem! 

Um comentário:

  1. Keyla Maria Oliveira Silva kkkkkkkkkkk, seria cômico se não fosse trágico!

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