sábado, 16 de março de 2013

"RANCHO GRANDE"!



(em homenagem ao meu pai, Paulo Torres da Costa, que ainda vive!)

De canoa, cavalo ou mesmo a pé, meu pai, Paulo Costa, se deslocava a pé, na década de 60, da comunidade de “Varre-Vento”  ao “Rancho Grande”,  nas proximidades do Paraná da Eva, a uma distância aproximada de 8 a 10 quilômetros. O “Rancho Grande” era um comércio sortido de propriedade do empresário Waldomiro Pereira Lustosa, administrado pelo seu velho pai “Lustosa”. Comprava-se de tudo, até madeira e se vendia ovos, galinhas, peixe na salmoura ou salgado.

No “Rancho Grande”, meu pai fazia as compras necessárias e imprescindíveis à sobrevivência familiar - açúcar, farinha, sabão, querosene, etc., pagando à vista com o pouco dinheiro que circulava na comunidade. Dependendo do meio de transporte utilizado, chegar ao “Rancho Grande” podia demorar meia hora em cavalo; hora e meia a pé ou duas horas remando contra a correnteza e olhando os pássaros que voavam para o infinito e o vento lhe lambendo o rosto.

Malária era a principal doença existente, mas era tratada com remédios ofertados pelo Governo Federal, sempre em pílulas, em um plástico, mas que pareciam ser sempre iguais. Muitas eram jogadas fora e desciam pela correnteza do rio ou terminavam boiando no meio do rio Solimões, como  também era conhecido o Rio Amazonas, com a largura de um mar sem ondas em muitos pontos.  Os navios médicos da Marinha eram difíceis de aparecer e a comunidade, sempre esquecida, se virava como podia, até que embarcações do Governo do Estado, com os remédios, aparecessem na comunidade.

de meu pai e soubemos que se tratava de um comércio muito sortido que vendia até madeira também; era construído em terra firme, próximo à margem do rio, mas ainda dentro da comunidade de “Varre-Vento”. Mas tudo o que ele comprava, era com a dificuldade de um agricultor esquecido pelos Governos federal e estadual!

Meu pai vivia de caça, pesca e agricultura, mas conseguiu dar educação a todos os seus nove filhos vivos. A Ivete, de cabelos louros, diferente de todos os outros irmãos morenos e de cabelos escuros,  porque parecia ser apenas um anjo, faleceu aos três anos de idade e deve ser hoje mais uma estrela no céu ou talvez tenha virado um anjo de verdade.

Era assim a vida na década de 60, comunidade de “Varre-Vento”, onde o vento lá só se fazia presente de vez em quando!

5 comentários:

  1. Eu fico deslumbrada, lendo as suas narrativas,e contos de sua família. Porque você tem um toque, todo especial, de contar as suas histórias.
    Parabéns, o seu talento é esse, é escrever para encantar os seus leitores.

    Meu cordial Abraço.

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  2. vaya papa debe de estar muy orgulloso de este hijo- así como demuestra estar usted de su papa- muy pero que muy linda historia- aun pienso que si vivía mejor en estés años-si valora-va mejor las personas y la vida.gracias por compartir mi querido amigo que la vida continué brillante para ti.

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  3. Aqui está uma homenagem bem merecida,cheia de orgulho e gratidão por seu progenitor!E com a poesia entre frases..."remando contra a correnteza e olhando os pássaros que voavam para o infinito e o vento lhe lambendo o rosto...Lindooo!!!Aqui fica meu carinhoso abraço português.

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  4. Fiquei encantada em ler sua cronica. Eu morei em Manaus por 10 anos. Aprendi a amar a cidade, sua gente, sua cultura e a admirar os moradores chamdos ribeirinhos que mesmo com as dificuldades educam seus filhos. A voce melhoras em sua saúde. Com certeza voce ainda tem muito o que escrever eu quero vencer o cáncer para poder lé-los.

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  5. Grande lição de vida

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