sexta-feira, 17 de maio de 2013

DOS MISTÉRIOS DO AMOR



(texto extraído do livro CRÔNICAS COMPROMETIDAS COM A TUA VIDA – 2ª Edição, Ed. Nacional – PA, 1990), realizada com o apoio cultural de George Barreto e David Fernandes Júnior – da empresa Intercontinental (instrumentos musicais).

 
 
Tentei um dia, escrever sobre os mistérios do amor.
 
Às quatro horas da manhã a angústia me invade e, como louco, minha mente fica a te buscar...
 
Eu a via ao meu lado, na rua, em qualquer lugar. Não havia lugar onde ela não pudesse estar que eu não estivesse ao seu lado, olhando-a, amando-a. A ânsia de tê-la era tanta e forte que prendê-la em meus braços era o que eu mais queria. Era o que mais me faltava. Ela.
 
...tateio o travesseiro e rolo na cama, sei que não estás comigo e isso me deprime ainda mais...seria tão bom ter-te agora!
 
Minhas buscas nem sempre eram em vão. De tão perfeita e de tão natural, por poucos minutos eu a tinha. Eram minutos eternos e íntimos e nós nos dávamos por inteiro...Ah, que noite triste! Se não estás comigo, isso é um sonho!
 
Minha luta desesperada revela uma verdade: a extrema de tudo, da presença dela, dos beijos, dos abraços. Entre eu e ela existe uma diferença, uma barreira, um tempo transponível graças às nossas lutas, nossas guerras. Era eu aqui e ela lá, sozinha, pensando em mim. Ela também era triste...
 
...desfaço-me em lágrimas e delas nascem as estrelas, a lua, a noite...Dos mistérios do amor, tudo era ela!
 
Ah, como era gostoso lembrá-la! Uma mulher me olhando, acariciando, me vendo no fundo dos meus olhos e dos seus olhos brotando o amor...
 
...alguém me tem neste momento. À noite. Com olhos imóveis ela me observa. Tenho certeza. Como eu, ela também me quer. Ah, como é triste essa distância...!
 
E fora a única verdade conseguida. Uma mulher também me amava, de qualquer maneira, em qualquer lugar. Esse amor que adormece os homens e os faz triste, resiste quando há vontade. Só a certeza de que ele é verdadeiro é suficiente para que a luta continue, não importando as barreiras. Ao poeta mais pobre não seria dado o direito de tê-lo, possuí-lo. O poeta, ah, o poeta...! Ele é louco porque a musa também o é. Ela olha pelo espelho d’água e vê meu rosto dentro dele. Ah, que certeza...!
 
...veio a aurora, entretanto, eu te diviso, ainda tímida, inexperiente entre meus braços, tremendo de medo, talvez.
 
Só eu e tu nos amamos a noite toda, sob um único lençol. Eu aqui, sozinho, e tu aí, pensando em nós dois.
 
...não é dado ao poeta mais pobre entender a força desse nosso amor.
 
O sol estava alto. Fui ao banheiro. Lavei o rosto e deixei sair  lágrima que teimava em permanecer em meus olhos. E aí, eu a vi, mais uma vez.

Um comentário:

  1. A saudade,lembra em revertir o sublime que mata aos poucos muitos semtimentos nao por um ser mas por sentimentos.Lembranças-

    Maria Hirschi
    Oberdorfweg-CH

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