sexta-feira, 3 de maio de 2013

FARRA EM MANACAPURU EM FINS DOS ANOS 70!



Na terra das Cirandas, com os Guerreiros Mura de um Lado e a Flor Matizada do outro,  uma das estas mais lindas que já assisti  com seus passos rápidos que deixam qualquer pessoa tonta só em as bailarinas os executando em grande velocidade bailando freneticamente de um lado para, ocorreu um episódio divertido no final quando  o MEC – Manacapuru Esporte Clube, era o único e melhor clube de dança e social do Município, frequentado pela elite da cidade, muita pequena e com poucas ruas, na qual se destacava a Rua Eduardo Ribeiro, que ia de um lado ao outro da cidade.  E foi para o MEC que me dirigi por indicação de pessoas do município depois de ter deixado minha mochila no terceiro andar do Hotel JK, quando visitei pela primeira, vez a ”Princesinha do Solimões”, aos meus 17 anos de idade. Também foi a primeira vez que pedi uma dose pura de cachaça pura, na madrugada de um dia qualquer de um ano de 1977, para em seguida voltar tudo de novo em forma de bílis porque eu estava de estômago vazio.

Era o ano de 1977 e Manacapuru era uma cidade calma, ligada a Manaus por uma estrada ainda não asfaltada, aberta pelo sonho visionário de seu filho mais ilustre, o governador do Amazonas, pelo Regime Militar (1975/1979), Henock da Silva Reis,  nascido em 1907 e falecido no RJ em 1988. Henock, ainda adolescente, veio para Manaus a fim de continuar seus estudos iniciados em seu município, aos cuidados do então juiz do Município, André Vidal de Araújo, confiado que lhe foi pelos seus pais Lázaro da Silva Reis, um padeiro do município e Maria Agra Reis, doméstica. O ex-governador trabalhou como estafeta na Prefeitura e chegou a ser prefeito e, formado em direito em 1941, se tornou Ministro do Supremo Tribunal de Recursos (1966/74), quando foi indicado para assumir o Governo do Estado. Mas ele também foi promotor de Justiça, em Manaus, professor de economia social na Faculdade de Direito do Amazonas e juiz do trabalho e presidente da Junta de Conciliação e Julgamento de Manaus, antes de assumir o STR.

Mas isso é história!

Na frente do Hotel JK, em que o grupo decidiu se hospedar, ainda deve existir uma praça e um coreto, dentro do qual deslizava com suavidade um pirarucu de porte pequeno, no coreto que existe no entorno de uma pequena estátua do Cristo Redentor. Fomos recebidos de braços abertos pelo Cristo Redentor e fomos procurar hospedagem no hotel mais importante da cidade. Eu cheguei a subir as escadas até o terceiro andar e apreciei a vista de cima e, quando vi o que existia dentro do coreto, desci e fui apreciar os movimentos suaves do pirarucu que deslizava elegantemente, sempre fazendo curvas, porque o espaço era muito pequeno para o tamanho que o pirarucu poderia adquirir. Mas, ninguém desejava removê-lo do local, porque o delegado Cruz era muito conhecido por sua competência e rigidez, e ninguém ia querer ser preso por roubar um pirarucu de um coreto.

O grupo de batuqueiros da Praça 14 de janeiro, entre eles o “Bida”, boleiro dos bons e o Dijé”, balconista de drogaria - muitos outros que não lembro mais - deixou o ônibus e começou a fazer um carnaval na praça, depois de deixarem suas mochilas no Hotel JK. Como as pessoas começaram a deixar o MEC com destino à Praça para assistir a um show de graça, alguém denunciou e apareceu o Delegado PM Cruz, dando voz de prisão para os que faziam a festa, mas o grupo decidiu seguir com os prováveis futuros detentos, e ficar preso em solidariedade aos outros. Mas na delegacia, que funcionava em um prédio antigo e precário na Rua Eduardo Ribeiro, não haveria celas nem espaço. A delegacia funcionava próximo à sede da Prefeitura. Devido ao precário estado do prédio e da falta de espaço para todos, tínhamos certeza que o delegado Cruz iria fazer outra proposta. E fez: ele não nos levaria presos se trocássemos o Hotel JK por uma casa de madeira ao lado do cemitério, antiga mas grande, com muitos quartos, também próximo a um bar na esquina que também funciona com festas. Topamos na hora, entramos no ônibus e seguimos todos para o novo local, que era quente demais e desconfortável também. O Cemitério da cidade seria o lugar ideal para dormir em cima das tumbas. Foi à maior farra! Um após o outro, todos pularam o baixo muro do cemitério e cada um procurou sua melhor tumba para se acomodar. Era mais frio do que àquela casa velha e antiga, até meio tombada para um lado. Mas, alguém que vinha do bar da esquina cambaleante, ao ouvir vozes, gritou: “tem alguma alma penada precisando de reza aqui? Eu vou já chamar o delegado Cruz para ver o que está acontecendo aqui dentro”. Como sabíamos que o Delegado Cruz, na época, se fazia respeitar pelo bem ou pelo mal, decidimos fazer silêncio e deixamos o cemitério e a casa grande também, entro no ônibus e voltou para Manaus, sem esperar o delegado Cruz.

No ano de 1982, voltei a Manacapuru para lançar meu primeiro e único livro de poesias (DES)Construção..., na Casa da Cultura, próximo ao colégio André Vidal de Araújo, ao lado da Igreja da Matriz da Cidade e construí uma longa e duradoura amizade com o que se tornou o mais novo vereador do Brasil, Pedro Palmeiras, aos 19 anos, que depois se tornou empresário, construiu postos de gasolina, implantou rádio e viria a ser aos seus 19 anos, o mais novo vereador do Brasil. Pedro Palmeiras seria homenageado pelo ex-prefeito Angelus Filgueiras, com o nome de um conjunto habitacional popular.  



Um comentário:

  1. é era mesmo muita farra.Obrigada por relembrar

    Maria Hirschi
    Oberriet-CH

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