Na terra das Cirandas, com
os Guerreiros Mura de um Lado e a Flor Matizada do outro, uma das estas mais lindas que já assisti com seus passos rápidos que deixam qualquer
pessoa tonta só em as bailarinas os executando em grande velocidade bailando freneticamente
de um lado para, ocorreu um episódio divertido no final quando o MEC – Manacapuru Esporte Clube, era o único
e melhor clube de dança e social do Município, frequentado pela elite da
cidade, muita pequena e com poucas ruas, na qual se destacava a Rua Eduardo
Ribeiro, que ia de um lado ao outro da cidade.
E foi para o MEC que me dirigi por indicação de pessoas do município depois
de ter deixado minha mochila no terceiro andar do Hotel JK, quando visitei pela
primeira, vez a ”Princesinha do Solimões”, aos meus 17 anos de idade. Também
foi a primeira vez que pedi uma dose pura de cachaça pura, na madrugada de um
dia qualquer de um ano de 1977, para em seguida voltar tudo de novo em forma de
bílis porque eu estava de estômago vazio.
Era o ano de 1977 e
Manacapuru era uma cidade calma, ligada a Manaus por uma estrada ainda não
asfaltada, aberta pelo sonho visionário de seu filho mais ilustre, o governador
do Amazonas, pelo Regime Militar (1975/1979), Henock da Silva Reis, nascido em 1907 e falecido no RJ em 1988.
Henock, ainda adolescente, veio para Manaus a fim de continuar seus estudos
iniciados em seu município, aos cuidados do então juiz do Município, André
Vidal de Araújo, confiado que lhe foi pelos seus pais Lázaro da Silva Reis, um
padeiro do município e Maria Agra Reis, doméstica. O ex-governador trabalhou
como estafeta na Prefeitura e chegou a ser prefeito e, formado em direito em
1941, se tornou Ministro do Supremo Tribunal de Recursos (1966/74), quando foi
indicado para assumir o Governo do Estado. Mas ele também foi promotor de
Justiça, em Manaus, professor de economia social na Faculdade de Direito do
Amazonas e juiz do trabalho e presidente da Junta de Conciliação e Julgamento de
Manaus, antes de assumir o STR.
Mas isso é história!
Na frente do Hotel JK, em
que o grupo decidiu se hospedar, ainda deve existir uma praça e um coreto,
dentro do qual deslizava com suavidade um pirarucu de porte pequeno, no coreto
que existe no entorno de uma pequena estátua do Cristo Redentor. Fomos
recebidos de braços abertos pelo Cristo Redentor e fomos procurar hospedagem no
hotel mais importante da cidade. Eu cheguei a subir as escadas até o terceiro
andar e apreciei a vista de cima e, quando vi o que existia dentro do coreto,
desci e fui apreciar os movimentos suaves do pirarucu que deslizava
elegantemente, sempre fazendo curvas, porque o espaço era muito pequeno para o
tamanho que o pirarucu poderia adquirir. Mas, ninguém desejava removê-lo do
local, porque o delegado Cruz era muito conhecido por sua competência e rigidez,
e ninguém ia querer ser preso por roubar um pirarucu de um coreto.
O grupo de batuqueiros da
Praça 14 de janeiro, entre eles o “Bida”, boleiro dos bons e o Dijé”, balconista
de drogaria - muitos outros que não lembro mais - deixou o ônibus e começou a
fazer um carnaval na praça, depois de deixarem suas mochilas no Hotel JK. Como
as pessoas começaram a deixar o MEC com destino à Praça para assistir a um show
de graça, alguém denunciou e apareceu o Delegado PM Cruz, dando voz de prisão
para os que faziam a festa, mas o grupo decidiu seguir com os prováveis futuros
detentos, e ficar preso em solidariedade aos outros. Mas na delegacia, que
funcionava em um prédio antigo e precário na Rua Eduardo Ribeiro, não haveria
celas nem espaço. A delegacia funcionava próximo à sede da Prefeitura. Devido
ao precário estado do prédio e da falta de espaço para todos, tínhamos certeza
que o delegado Cruz iria fazer outra proposta. E fez: ele não nos levaria
presos se trocássemos o Hotel JK por uma casa de madeira ao lado do cemitério,
antiga mas grande, com muitos quartos, também próximo a um bar na esquina que
também funciona com festas. Topamos na hora, entramos no ônibus e seguimos todos
para o novo local, que era quente demais e desconfortável também. O Cemitério
da cidade seria o lugar ideal para dormir em cima das tumbas. Foi à maior
farra! Um após o outro, todos pularam o baixo muro do cemitério e cada um
procurou sua melhor tumba para se acomodar. Era mais frio do que àquela casa
velha e antiga, até meio tombada para um lado. Mas, alguém que vinha do bar da
esquina cambaleante, ao ouvir vozes, gritou: “tem alguma alma penada precisando
de reza aqui? Eu vou já chamar o delegado Cruz para ver o que está acontecendo
aqui dentro”. Como sabíamos que o Delegado Cruz, na época, se fazia respeitar
pelo bem ou pelo mal, decidimos fazer silêncio e deixamos o cemitério e a casa
grande também, entro no ônibus e voltou para Manaus, sem esperar o delegado
Cruz.
No ano de 1982, voltei a
Manacapuru para lançar meu primeiro e único livro de poesias (DES)Construção..., na Casa da Cultura,
próximo ao colégio André Vidal de Araújo, ao lado da Igreja da Matriz da Cidade
e construí uma longa e duradoura amizade com o que se tornou o mais novo
vereador do Brasil, Pedro Palmeiras, aos 19 anos, que depois se tornou
empresário, construiu postos de gasolina, implantou rádio e viria a ser aos
seus 19 anos, o mais novo vereador do Brasil. Pedro Palmeiras seria homenageado
pelo ex-prefeito Angelus Filgueiras, com o nome de um conjunto habitacional
popular.
é era mesmo muita farra.Obrigada por relembrar
ResponderExcluirMaria Hirschi
Oberriet-CH