segunda-feira, 6 de março de 2017

NUNCA QUEIRA SER O QUE NÃO É...! (para Rosana Silva)


Nunca queira ser além do que você realmente é!

Tive mais certeza disso. Sou apenas alguém que viveu, sofreu , aprendeu, dividiu, ajudou e exigiu muito. Nunca tive propósitos individuais e sempre desejei o melhor para todos os que me cercavam. Rosana Silva, foi minha aluna  do primeiro ano do antigo do segundo grau do Colégio Padre Pedro Gislandy, em Manaus. Depois de receber Rosana Silva, no facebook,  ela escreveu e me surpreendeu: “meu querido professor, é com muita alegria que lhe encontro e gostaria que soubesse que você, talvez, sem perceber, me deixou um exemplo de superação que trago comigo até hoje...lhe sou grata por tudo e ainda sou capaz de lembrar cada palavra sua em sala de aula... Meu mestre, muito obrigada por tudo e que Deus o abençoe”. É bom receber elogios, mas não me deixou mais ou menos orgulhoso. Contudo, remeteu-me ao ano de 200 e me vi entrando na Escola Padre Pedro Gialandy, no bairro Alvorada, para ministrar aulas de Língua Portuguesa e Literatura Amazonense.   

Em frente à escola, funcionavam vários bares e os alunos “matavam” aulas para beber. Fui um professor rigoroso, exigente, duro, mas justo e coerente nos propósitos: queria vê-los  se superando na Faculdade e lhes repassava assuntos que teriam que enfrentar no curso superior. Ensinava-lhes a faz redação, ditado, enfim. Não seguia muito o conteúdo programático.  O considerava inadequado, sem muito propósito a ensiná-los para a vida. Fazia palestras uma vez por mês. Os próprios alunos escolhiam os temas e me repassavam uma semana antes. Contudo, ao observar que falavam muitas palavras OBS (FORA), CIENA (CENA), pelos corredores da Escola anunciei “Esse mês, falarei sobre palavras obsciencinas ou  palavrões que vocês falam muito pelos corredores da Escola na hora do recreio”.  Pesquisei a origem da palavra no teatro grego, juntei com as invasões bárbaras na Península Ibérica, a criação de novas palavras para fugir ao domínio dos invasores e elaborei aula de português, falando sobre prefixo sufixo e radical de cada “palavrão”. No dia da palestra, o auditório da Escola estava cheia e todos escutaram em silêncio.

Também desenvolvi trabalhos de literatura e consegui livros de escritores amazonenses para formar a biblioteca da Escola.  Revoltados pelas  cobranças que lhes fazia, danificavam o retrovisor do carro Monza preto que possuía na época. Recolocava no lugar. Era só o encaixe que haviam retirado do lugar. Rosana Silva agora  me encontrou pelo facebook. Ela e Acadêmica de Serviço Social.  Hoje, também  é técnica em encefalograma, trabalha com revisora  na Masa Eletronics da Amazônia,  no Distrito Industrial, em Manaus.   Ah, que saudades...

Voltei ao tempo e senti saudades dos professores Valdir, de Física, Elijando, de Religião, Moreira, de História, Moyses, de Geografia, Joaquim, de Matemática, Nakayama, de Biologia,  Francisco Calheiros,  de língua portuguesa e literatura brasileira. O diretor era o professor Eldon. Ah, se o tempo voltasse e pudesse reviver tudo de novo. Elogios, agradecimentos, reconhecimentos para todos nós cumprimos nossos deveres e tenho consciência que também o fiz bem....

Fui exigente, duro, mas quis o melhor para todos, como o fiz também como diretor do SEST/SENAT, por 12 anos. Hoje, quem me substituiu na direção da Unidade Manaus Francisco Saldanha Bezerra. Grece Melo, que contratei apenas com o segundo grau para ser responsável pela prestação de contas dos convênios públicos que o órgão mantinha a fiz passar por várias áreas, setores e hoje, com curso superior de administração de empresas me substitui com louvor. Talvez nem ela tenha percebido que a estava preparando para me suceder um dia. Dava chances para quem queria crescer na carreira, através do estudo. Tenho orgulho do que fiz e sinto-me feliz por isso! Rosana Silva disse que tudo o que levou para a vida acadêmica foram os ensinamentos que todos nós professores, lhes repassamos.  Isso me basta!


4 comentários:

  1. Luiz Castro - deputado estadual6 de março de 2017 às 13:11

    Meus aplausos!

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  2. Eu li, e postei na minha página.
    O que você escreveu não foi só lembranças, foram fatos que marcaram nossas vidas. Também voltei ao passado. E fico muito grata.

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  3. Celia Calado /Professora6 de março de 2017 às 14:07

    Parabens, professor!

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