terça-feira, 8 de abril de 2014
DESENVOLVIMENTO SOCIAL X DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
Se o povo brasileiro passar a entender desenvolvimento social como a “evolução dos componentes da sociedade (capital humano) e na maneira como estes se relacionam (capital social),” ou se passar a entendê-lo pela simplória, mas profunda e lógica definição do pensador Augusto de Franco de que “todo desenvolvimento é desenvolvimento social”, ou ainda, se passar a considerar desenvolvimento econômico como um “processo de enriquecimento dos países” fácil e fatalmente constará que no Brasil esses dois tipos de desenvolvimento caminham um opostamente ao outro e não nunca se encontram ou se cruzam pela estrada porque se de um lado o país cresce em termos econômicos; de outro, as políticas sociais públicas encolheram, se recolhem e se apequenam diante dos grandes e urgentes necessidades de um país continental das dimensões do nosso.
Se mensalmente, os brasileiros contribuem com mais de 37% em impostos, o mínimo que poderiam exigir e esperar, era um retorno social próximo ao valor que pagam, em forma de serviços públicos de qualidade. Só que isso não acontece e o povo quando vai às ruas exigir direitos sociais, quebra tudo. No Brasil de hoje, o que mais se denuncia são obras públicas paradas, que começam, mas nunca terminam, outras que começam sem projetos básicos detalhados e são embargadas por órgãos de fiscalização do dinheiro público, muitas que nem começam porque o dinheiro foi desviado para fins particulares. Escolas e hospitais, que deveriam ser prioridades públicas são onde mais se desviam verbas públicas ou em construção, ou em compra de equipamentos ou em aquisição de remédios.
Como exemplo, cito a questão da seca no Nordeste que se arrasta desde de a época do império de D. Pedro II e não se resolve nunca. Mais recentemente, vi, li e ouvi que os interesses de programas como PAC, PAC I e PAC II nunca saíram do papel porque os recursos foram desviados, as construtoras faliram e muitas outras desculpas. Mais recentemente, ainda, vi que o programa social “Minha Casa, Minha Vida”, para resolver a terrível falta de habitação popular no Brasil, começou a ser utilizado como cabo de guerra por políticos, com fins puramente eleitoreiros, sem contar com a total ausência do Estado Nacional com oferta de serviços sociais junto com esse programa. Aonde ele existe, não funciona ou funciona eleitoralmente!
O que está faltando é uma gestão pública e vontade política porque o povo brasileiro está farto de promessas que nunca serão cumpridas.
Para a leitora Keyla Maria Oliveira Silva, de Brasília, desenvolvimento social e desenvolvimento econômico tem início quando também se muda a mentalidade e se volta tudo para a educação, mas passando por uma conscientização do povo e escolha de seus representantes. Reconheço que também passa por isso, mas tem mais coisas porque só entendo desenvolvimento econômico quando ele caminha junto com a distribuição dessa riqueza ao povo, em forma de benefícios em saúde, habitação, segurança pública, saneamento e tudo que está garantido na Constituição da República.
Para Kal Marx, o desenvolvimento econômico também ocorre quando o crescimento da produção nacional é recebida pelos que participam da atividade econômica, ou seja, o desenvolvimento econômico seria um processo pelo qual a renda real de uma economia aumentada ao logo de um período de tempo mais a renda nacional do produto do país de bens e serviços finais, expresso em termos monetários, também chegam em qualidade de serviços sociais ao povo. Mas não é exatamente isso o que vem ocorrendo no Brasil porque se por um lado temos a inclusão de uma nova classe de consumo pelos programas de Transferência de Renda a uma população carente, por outro lado faltam condições mínimas de segurança, habitação, educação, saúde e saneamento.
Em recente pesquisa entre os 30 países que tem a maior carga tributária do Mundo, o Brasil foi o que teve a pior colocação em termos de retorno dessa mesma carga tributária ao povo, em forma de serviços públicos, por vários motivos e razões. Esse ranking foi feito com base no Índice de Retorno de Bem Estar à Sociedade, criado pelo Instituto com resultado de cálculo que levou em consideração a carga tributária, segundo a tabela da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) de 2010 e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), conforme dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), com a previsão do índice para 2011. Quanto maior o valor do IRBES, melhor será o retorno da arrecadação dos tributos para a população, segundo os dados da pesquisa.
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Seria o mínimo que teria que acontecer, mas porque num país de proporções continentais como é o nosso existe tanta desigualdade social. E porque esses programas sociais não vem acompanhados de ofertas de serviços sociais para a população. Creio que devemos questionar as atitudes dos que dizem que representam o país, pois um país com uma carga tributária pesada, não haver qualidade nos serviços públicos é no mínimo vergonhoso. Não se investe em escolas de qualidade, com treinamento para os professores, planos de carreira definidos, nos hospitais o contingente de profissionais não dá conta de atender a tantas pessoas. Programas de habitação não são vinculados a programas de qualificação profissional para famílias carentes. Como pode ser dizer que há desenvolvimento se a área social está jogada às baratas? E assim cria-se um círculo vicioso de enganadores e enganados. Só haverá desenvolvimento econômico se ele estiver caminhando lado a lado com o desenvolvimento social. Marx estava certo, mas quais alternativas existem? Vamos questionar??
ResponderExcluir09/04/2014 10:24 - Athos de Alexandria
ResponderExcluirBom dia Carlos. Bem, penso que um partido governante precisa ter um líder que entenda um país como uma família numerosa. O partido deve, tem que querer bem a todos os filhos, não odiar e culpar a uns e privilegiar outros, e, ainda por cima, promover a discórdia entre os irmãos. Jamais deve ensinar e passar este ódio que trás dentro de si à parte dos irmãos, promovendo a separação e a desunião da família. Isso não é gerir e muito menos administrar, pois a toda ação provoca uma reação de igual intensidade mas em sentido contrário. É lei da física e ela não foge também das relações sociais. Governo que é governo e quer a solução do sociail, tem que iniciar estruturando a saúde, a educação, o combate à fome e a desfavelização do país. Resolver de vez o problema de reforma agrária e acabar para sempre com o problema das invasões de terra que geram ódio. Não precisa ninguém invadir se há realmente vontade política em fazê-la. Há que se reformar e dobrar o tamanho e equipar todas as Santas Casas e Hospitais Públicos do país. Precisa-se construir mais muitos outros de porte, otimizando sua presença em lugares de maior densidade populacional. Outros de menor porte de propriedade do SUS, também estrategicamente locados em regiões de menor densidade. Voltar-se à desfavelização da nação, dando dignidade às famílias que vivem como ratos, à margem de tudo nas grandes cidades e nos morros do Rio de Janeiro. Porém, as casas precisam ser dadas, de graça, porque eles raríssimas vezes tem carteira assinada e uma renda segura e certa. Estamos dando milhões de bolsas famílias à pessoas que não precisam, que tem casa, carro e emprego formal. E, o programa Minha Casa Minha Vida, é razoável, mas não é um programa voltado para a pobreza visceral. Premia quem tem renda fixa e apenas ajuda a fugir do aluguel. O pobre paupérrimo está à míngua e quem os sustentam é o tráfico. Pense o escritor e o leitor. O governo faz isso? Não! Faz Copa e Olimpíadas. Abração!