À Clóvis Ático Filho
Como um peixe que já se pesca podre, fede e tem que ser jogado fora depois, assim poderá a ser a CPI da Petrobras, mais pela necessidade de mídia pelas eleições que se aproximam do que por necessidade e brasilidade dos políticos e, servirá, no máximo, também como holofotes eleitoreiros e vaidades pessoais, para ser jogado fora tudo o que vier a ser apurado pelos parlamentares. Lógico que toda a compra da refinaria de petróleo adquirida em 2006, nos Estados Unidos, por 370 milhões de dólares e concluída por mais de 1 bilhão de dores, um valor absurdo e suspeito para a época, precisa ser investigada e apurada - o que já estão fazendo os órgãos competentes do Governo, inclusive com a presidente da Estatal, Graça Foster, constituindo uma comissão -, além do que será apurado tecnicamente pelo Tribunal de Contas da União e o Ministério Público Federal. No máximo, a CPI, que entendo necessária, servirá para desfila posições pessoais de oposicionistas e de alguns descontentes do PT.
Logo depois da compra da refinaria, longe da época eleitoral e dos poucos rebeldes sem causa, porque não havia necessidade da criação de um factoide político, a oposição chegou a se movimentar para instalar uma CPI da Petrobras e apurar a compra da Reginaria de Passadena. Agora, com mais descontentes na base e as eleições se aproximando, a oposição conseguiu as assinaturas necessárias para dar início a uma CPI. Tudo voltou à tona mais uma vez, porque estão querendo passar aos brasileiros a imagem e a ideia de que a ex-presidente do Conselho de Administração da Petrobras, a hoje presidente Dilma Rousseff - com reeleição praticamente garantida,- não teria competência para gerir o país como tantas complexidades como o Brasil. Tenho restrições ao Governo Dilma, mas não vejo necessidade de explorar de forma ostensiva um problema que já virou passado. A fila anda, inclusive para o Brasil, só que muitas vezes anda para trás e não para a frente.
O que a CPI da Petrobras, devido ao excesso de luz e de vaidade pessoal que recairá sobre ela, será um retrocesso e já nasceu podre como o pescado que se tira de um rio e se deixa dentro de uma canoa pegando a claridade da lua cheia. Os políticos que assinaram à instalação dessa CPI desnecessária, mas oportuna no momento político que se vive no Brasil, buscam desesperadamente espaço para aparecer na mídia, principalmente em uma época eleitoral, porque isso também rende votos - um parlamentar vai querer aparecer mais do que o outro, principalmente se for um candidato em seus Estados à reeleição, só para mostrar serviço no apagar das luzes.
A maior empresa brasileira, referência de capacidade em prospecção em águas profundas, a Petrobras surgiu e se manteve representando o Brasil no exterior, a partir da campanha nacional “O petróleo é nosso”, frase famosa que teria sido pronunciada por ocasião da descoberta de petróleo na Bahia, pelo presidente Getúlio Vargas. O Centro de Estudos e Defesa do Petróleo, tanto promoveu essa frase, que terminou fazendo surgir a Petrobras, anos maias tarde a história desmente que a frase que se tornou famosa tenha sido criada originalmente por Getúlio Vargas e dá crédito de autoria a um professor e diretor do Colégio Vasco da Gama, no Rio de Janeiro e marqueteiro casual, Otacílio Rainho. Mas isso pouco importa nessa crônica, embora seja importante para a história.
No momento em que a Petrobras descobre e começa a explorar petróleo no pré-sal, depois de os pesquisadores terem vindo ao Brasil dizer que não existia petróleo no país, no momento em que as coisas começam a melhorar, fazendo surgir uma CPI desnecessária, só por questões políticas. Será que a CPI vai querer descobrir as duas “Cartas a Getúlio”, escritas por Monteiro Lobato em 20 de janeiro de 1935 e no dia 19 de agosto de 1937, endereçadas ao presidente Getúlio Vargas denunciando “manobras da Standard Oil para senhorear-se das nossas melhores terras petrolíferas. Ou será que descobrirão que decorreram 89 anos da primeira concessão à exploração de petróleo no Brasil até a criação efetiva da Petrobras. Ou ainda, não querer descobrir na CPI que a Petrobras foi originária da Cia Petróleos do Brasil?
Talvez queiram saber que a Petrobras nasceu cercada de pressões de argentinos, americanos e de outros países que já se aventuravam pelo caminho do petróleo e diziam que no Brasil esse tipo de produto que virou moeda de troca de disputadas territoriais e até de guerras, não existia em nosso território, ou, será, por último, venham descobrir que a CPI da Petrobras, cuja necessidade e oportunismo os políticos a estão explorando, seria desnecessária uma vez que outros órgãos do próprio governo estão fazendo o mesmo tipo de investigação que também farão os parlamentares nessa oportuna exploração política. Como garantiu o amigo virtual: a CPI já nasceu fedendo a tucunaré podre e não surtirá nenhum efeito prático porque tudo já está sendo apurado sem necessidade de holofotes e câmeras. No máximo, poderá surgir da CPI da Petrobras um relatório para que os mesmos órgãos que já investigam o assunto continuem investigando.
02/04/2014 12:10 - Lilian
ResponderExcluirO PT fez propaganda eleitoral o ano inteiro. E agora a oposição entrou na guerra . E foi bom porque se este assunto estava sendo investigado mas a maioria dos brasileiros não sabiam o que estava acontecendo. Hora de puxar a sujeira que está debaixo do tapete. Mas ninguém acredita mais na justiça brasileira. Bom texto.
02/04/2014 08:53 - paulo rego
ResponderExcluirCaro amigo e bravo jornalista, Carlos. O condimento principal para temperar esse caldeirão, pode crer, é a eleição. No caso em foco, deixa-se rolar o pacote desde 2006, para, só agora, "coincidentemente" com a proximidade das eleições, vem se desfraldar a bandeira da suspeição, quando o assunto poderia (e deveria) ter sido antes do bolo crescer a ponto de explodir como um vulcão. Creio, particularmente, que muita gente tenha levado um monte de grana para respaldar esse "negócio da China", para quem vendeu o que restou da refinaria. Mas, amigo, a hora é de jogar m... no ventilador; o nível da luta vai cair até a hora de vc pôr seu voto na urna (ou, melhor, digitá-lo. Vamos, nós também, baixar o porrete, porém mantendo a linha. gde abç