“NEGO ANGOLA ASSALTA DE NOVO”. “CHUPA CHUPA POUSA EM FAZENDA E MATA GADO;'. “MOTOR AFUNDA NO RIO SOLIMÕES E NÃO HÁ SOBREVIVENTES”. 'PESCADOR É ABDUZIDO POR LUZ FORTE”. ''MÃO BRANCA ARROMBA CASA E NÃO DEIXA VESTÍGIOS”'. “HOMEM ENGRAVIDA PORCA EM FLUTUANTE NO PORTO DA CEASA”.
Durante o fim dos anos 70 e início dos anos 80, essas eram algumas das manchetes que aterrorizavam Manaus de pouco menos de 700 mil habitantes, na mesma época em que até acidente de trânsito virava notícia. Mas quase todas as manchetes era resultado da criação dos jornalistas policiais já falecidos, Luiz Octávio Monteiro, de A NOTÍCIA e Altair Rodrigues, o “Capitari”, de A CRÍTICA, que se rivalizam na preferência de venda aos leitores e também nas mentiras que conseguiam produzir. Nesse mesmo tempo um jornalista não podia entrar na redação de A CRÍTICA porque seria considerada espião. As comunicações eram precárias, as rádios AM faziam sucesso apesar dos chiados e as FM estavam iniciando com força porque eram limpas. Na Delegacia Geral, se anotava do grande livro de registro policial, as notícias que gentilmente o Sr. Joia permitia o acesso de jornalistas copiassem dos registros policiais. A delegacia Geral funcionava em um casarão antigo, na Rua Guilherme Moreira, onde hoje funciona a sede do Banco do Brasil. Diziam que existiam muitas celas lá, mas nunca as vi.
Os dois profissionais eram baixos e quase da mesma estatura e eram amigos. Se reuniam sempre para discutir os furos que um daria no outro, nos dias seguintes, como se dizia na época quando um jornal publicava uma notícia sozinho, sem que o outro pelo menos imaginasse. Devido a essa rivalidade, os jornalistas de um jornal eram proibidos de entrar nas redações dos jornais! Octávio foi barbaramente assassinado supostamente pela polícia, crime até hoje não julgado e Altair Rodrigues morreu em acidente de trânsito na BR, vindo de Presidente Figueiredo, em missão profissional para o político Deusamir Pereira que era candidato ao Governo do Amazonas e agora é professor do Ciesa.
O encontro dos dois amigos se dava geralmente as sextas-feiras, depois das 20 horas no Bar da Dra. Letícia Teles Guimarães, localizado no início da Rua Tarumã, quando a advogada criminal servia caldeirada de tucunaré para aos profissionais de comunicação, sempre depois das 20 horas. Nesse encontro, algumas vezes se faziam presentes os também jornalistas Francisco Pacífico, “O Cachacinha” e Mílton Ferreira, o “Mílton Cabeça de Porco” , pelo formato estranho do corte de seu cabelo, o que lhe dava um aspecto estranho por ser sempre raspado na parte de trás da cabeça, Os dois eram repórteres policiais do JORNAL DO COMÉRCIO; O também jornalista do Jornal do Comércio, Oscar Carneiro, raramente aparecia nesse encontro, mas quando se fazia presente, eu gostava de ouvir as histórias que contava, da época em que ele chegara a dormir no Casarão da Delegacia Geral, para conseguir um “furo de reportagem”, noticiando alguma informação que ninguém mais. Me tornei amigo e admirador desse profissional que também já partiu, com o qual eu sempre nos encontrava na 5a Seção da Polícia Militar, comandada pelo tenente Alfredo Assante Dias. A temida PP2 da PM era comandada pelo tenente Ferreira Lima, a Auditoria Militar estava sob a direção da Dra. Helena Galvão, juíza que aprendi a admirar e a respeitar Era um tempo bom! Nessa época, ocorriam poucos crimes em Manaus, mas os dois jornalistas, decidiam dar nomes para os furos de reportagem e tudo virava notícia. Nessa época, foram exterminadas pela PP2, as quadrilhas mais ativas em Manaus, como as do Abílio, do Alan, do X-9, a prisão do traficante Padeirinho e outras. Também nessa época, sete motoristas foram ser assassinados e desovados em um ramal na Estrada Manaus Itacoatiara, os quais ficaram conhecidos como os “Crimes do Varadouro da Morte”. Uma cabeleireira que morava no Conjunto Jardim Brasil, Zilda Azevedo de Souza, foi presa, julgada, condenada a 47 anos pelos crimes, mas, em segundo julgamento, foi absolvida por 7 X 0 pelo Tribunal do Júri. No dia do julgamento, escrevi e publiquei matéria assinada perguntando ZILDA: CULPADA OU INOCENTE, de investigações que havia feito como repórter credenciado no poder judiciário. O advogado Armando Freitas, adquiriu vários exemplares e distribuiu aos membros do Juri. Eu remetia todos os crimes para uma participação de um ex-Chefe do Comando de Policiamento da Capital da PM, jã falecido por cirrose hepática, que seria amante da cabeleireira Zilda e a envolvera com os crimes. O promotor desse caso foi Yano René Pinheiro Monteiro, que nunca recorreu porque o processo desapareceu!
Quando o jornal A CRÍTICA publicava a manchete MOTOR AFUNDA NO RIO SOLIMÕES E NÃO HÁ SOBREVIVENTES, muitas vezes vi o Luiz Octávio sendo repreendido pelo dono do jornal A NOTÍCIA, Andrade Neto, por ter levado um “furo” do jornal concorrente e ele se explicando: É mentira do Capitari, seu Andrade”! O Octávio já estava se preparando para dar o troco no dia seguinte e em A NOTÍCIA, saia uma manchete assim: “CHUPA CHUPA ATACA FAZENDA E MATA VACAS”. O “Chupa Chupa” vinha sempre antecedido de uma luz branca, muito forte de uma nave espacial. Ou então, o Luiz Octávio atacava com a manchete “Negro Angola assaltou de novo”. O temido Negro Angola, na verdade era um angolano que era garçom no bar da Dra. Letícia e ele se divertia muito ao se ver envolvido nesses boatos que eram tidos como reais.
O golpe mais rasteiro que Luiz Octávio deu no Altair Rodrigues ocorreu quando ele criou o lendário “Mão Branca” que assaltava residências e não tinha impressão digital. Outro golpe baixo foi quando Luiz Octávio publicou que um pai de santo teria revelado para ele quem teriam sido os assassinos do “Varadouro da Morte” e ainda lhe teria revelado as motivações de cada um dos crimes, inclusive de um motorista da Suframa cujo corpo nunca fota encontro. Tudo isso aterrizava a Manaus pacata do passado recém-saída dos anos 70, ainda com pouco menos de 700 mil habitantes. Mas sem querer, também aprontei das minhas.
Ficara responsável pelo fechamento da primeira página em A NOTÍCIA, mas inutilmente esperei uma notícia bombástica, como se dizia na época, para a fazer a manchete principal do jornal que circularia no sábado. O telefone da redação tocou e eu o atendi. Era um homem ligando e informando que em um flutuante no meio do rio, só ele e uma porca e que ele teria engravidado o animal, que fora levada para ao Veterinário. Chamei o fotógrafo Plutarco, que ficara na redação do plantão comigo, peguei um fusca amarelo WW e o dirigi ao local do acontecido. Chegando, não havia mais ninguém exceto alguns poucos curiosos que permaneciam comentando o ocorrido e o fato de a porca estar com uma barriga muito grande, o que sugeria uma possível gravidez do animal. Mas, como, se não havia porco no flutuante? Só o homem e a porca! Todos especulavam, anotei o nome de algumas pessoas, tomei algumas informações e retornei para o jornal porque teria que escrever a matéria e entregá-la ao jornalista Bianor Garcia, que fazia as manchetes.
No dia seguinte, saiu a manchete:
“HOMEM ENGRAVIDOU A PORCA NA CEASA”!
No domingo, a manchete repercutiu em um outro jornal sensacionalista da Inglaterra, que queria comprar os direitos da matéria e pagar muito bem. Foi designado para continuar o levantamento da matéria. Voltei para a redação e falei
- Bianor, vamos ter que matar a porca porque ela só tinha um grande mioma!
Insistindo na história e para manter a fama do jornal que na época diziam que se espremesse, sangue saía de dentro de suas páginas, o editor geral e autor da manchete sugeriu :
-Escreva a matéria, mas diga que a porca morreu ao dar a luz! Mas não informe nada sobre o que ela tinha porque se não o nosso jornal ficará desacreditado. Mesmo contrariado, escrevi a continuação da matéria, afinal, eu era recém-contratado e precisava do primeiro emprego como jornalista profissional. Não me orgulho dessa notícia que escrevi e nem da manchete dada pelo jornalista Bianor Garcia.
traficante padeirinho ainda é vivo e milionario enclusive tem um hotel 5 estrelas em miami
ResponderExcluirkkkkk vai casar a filha dele com um grande empresario da cidade de Manaus.........o engraçado é que niguem prende o sujeito..porque??amazonino,artur e a velharada politica sem falar em juizes e desembargadores beberam dessa fonte......
ResponderExcluirOlá, estou fazendo uma pesquisa sobre jornalistas assassinados, e esse blog é um dos poucos lugares na internet a fazer menção a Luiz Octavio Monteiro. Podemos conversar um pouco mais sobre o assunto?
ResponderExcluirSou filho do jornalista Altair Rodrigues "Capivari".
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ResponderExcluirnao moro mais em manaus mas nos anos 80 ouvi falar muito no nome desse famoso traficante ''padeirinho'' e ouço que ainda hj (2016)é vivo e muito rico (provavelmente abandonou o negocio e trabalha com atividades licitas)
ResponderExcluirMuito boa, parabéns!!
ResponderExcluirGostaria de informações sobre as matérias que falavam do chupa-chupa e do mão branca
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