sábado, 8 de agosto de 2015
CORRIDAS DE RUA EM MANAUS - "CUMPRIMOS NOSSAS PAUTAS!"
Cumprir pauta na linguagem jornalística, é quando algum profissional é designado para escrever uma matéria sobre qualquer assunto! Foi o que aconteceu! Cumprimos nossas pautas.
Eu, por ser credenciado de A NOTÍCIA junto a 5a Seção de Comunicação Social da Polícia Militar, fui designado para cumprir pauta e escrever matéria sobre uma corrida clandestina que ocorreria na Avenida Djalma Batista, nas 8 pistas, a Avenida mais larga e deserta de Manus naquela época. O jornalista Luiz Octávio Monteiro, repórter policial no mesmo jornal foi cumprir sua pauta na Estrada da Ponta Negra, cobrindo outra corrida de rua, coisas comuns naquela época e que rendiam matérias. Na década de 80, com poucos fatos, até batida de carros sem vítimas, virava notícia!
Manaus era só uma pequena cidade onde viviam 642.492 mil famílias. As mais abastadas podiam desfilar com seus carrões do ano em (Fuscas, Chevettes, Maverikes e Corcel I (e alguns poucos outros importados), pelas ruas. Em plena avenida Eduardo Ribeiro, mulheres desfilavam com bobes e lenços nas cabeças, deixando o salão de beleza da Messody's. Os jovens das poucas famílias endinheiradas “envenenavam” os motores dos seus possantes para participar e vencer as corridas de rua. O envenenamento para ganhar mais potência nos motores a combustão, era feito em uma oficina de um famoso mecânico que funcionava na Avenida Costa e Silva. As áreas da Avenida Djalma Batista e a Estrada da Ponta Negra, eram as preferidas para essas disputas. Adolescentes subiam nuas nos carros e se apresentavam perigosamente aos espectadores. Ao final, eram aplaudidas pela coragem e sangue frio que tinham e os motoristas, reconhecidos e apontados nas ruas como “fera”.
A Avenida Djalma Batista, com suas oito pistas construídas com aterros de igarapés que serviam de balneários desapropriações de parte de alguns terrenos pelo prefeito coronel Jorge Teixeira de Oliveira, serviria naquela tarde para uma disputa clandestina entre jovens. Era uma farra! Por que estou escrevendo sobre corridas de rua? Porque vejo pela TV irresponsáveis corridas de motos e carros em rodovias do Brasil e sempre relembro do que ocorria em Manaus também e guardo na memória como se fosse uma fotografia em preto e branco, precisando ser pintada. Eu estou dando um colorido na foto.
Dentro do Quartel do Comando-Geral da PM, em uma área lateral do atual Palácio Imperial, na Praça Heliodoro Balbi, funcionava a Companhia de Polícia de Trânsito- Ciatran e combatia essas corridas. Também naquela época, o livro de Legislação de Trânsito se comercializava em bancas de revistas, o aluno lia e, quando se sentia preparado, comparecia ao Departamento de Trânsito e se submetia aos exames de psicotécnico, vista e, se aprovado, marcava a prova de Legislação. Fazia exame de rua e recebia sua CNH. A Ciatran ficou sabendo da corrida clandestina na Avenida Djalma Batista e, designado para cumprir a pauta, cheguei cedo, estacionei meu fusca no meio da Avenida e comecei a fotografar tudo. A Companhia de Trânsito da PM chegou um pouco antes da hora marcada do início da corrida, às 15 horas. Fechou a rua, estacionando su Veraneios, Fuscas, Chevettes usados na PM e outros no cruzamento da atual Avenida Efigênio Sales e outras no Boularvard Álvaro Maia, para impedir a fuga de todos que estivessem no perímetro. Eu estava lá! Estava feito o cerco. O aviso foi dado e os policiais, ao mesmo tempo, caminharam nas duas direções, uns subindo do Boulevar e outros descendo a Djalma Batista e se encontrariam em frente onde funciona hoje o Amazonas Shopping,
Como se fosse um participante da corrida, fui detido também, meu fusca recolhido ao Detran e segui para a Delegacia de Polícia, para prestar depoimento, como todos os que lá estavam correndo e não tiveram por onde escapar. Tive dificuldades para retirar o fusca do parqueamento do Detran;Am, mas, felizmente fui isentado das pesadas multas e pude dirigir meu fusca mais uma vez. O jornalista Luiz Octávio Monteiro, cumprindo outra pauta, fotografou uma adolescente totalmente despida, publicou na primeira página de A NOTÍCIA, com a tarja cobrindo suas partes íntimas, mas foi reconhecida pela família, repreendida, virou evangélica, casou e mudou de vida! Ela e outras adolescentes estavam exibindo seus capus para delírio dos espectadores que as assistiam e aplaudiam a performance de cada uma e também, pela coragem em subir nuas nos capus dos carros em alta velocidade e exibir seus corpos, nem sempre tão bonitos.
Eu, estava detido na Delegacia, liguei para o jornal e pedi que um carro fosse me buscar e o Luiz Octávio vendo as adolescentes nuas.Cumprimos nossas pautas jornalísticas!
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Muito legal Carlos Costa.
ResponderExcluirUm resgate de fatos passados.
Parabéns/1
Lembro bem dessas histórias de Manaus, nos meus tempos de juventude.
ResponderExcluirPassou um filme agora na minha cabeça. Parabéns!
Vc descreve muito bem essas histórias do passado...Este não tão distante para mim, que vinha muito para Manaus nesse período e até residi aqui por algum temp: Sua linguagem é clara e precisa. Jornalista de verdade, com um toque sutil de ironia...Gostei muito...E fiquei pensando nessas moças nuas...rsrsrs. Vc disse que algumas não eram tão bonitas...Mas, por exclusão, outras deviam ser...rsrsr: Abraço fraterno e uma boa noite, meu amigo
ResponderExcluirAhhh que história incrível :) Eu na adolescência (década de 80 também) cheguei a assistir um desses "pegas" na Estrada da Ponta Negra (embora tenha sido uma vez para nunca mais, haja vista não concordar com tamanha estupidez que colocava a vida de todos em risco). Mas sinceramente não sabia dessas exibições de "capus" das meninas, em cima dos capôs dos carros🙈
ResponderExcluir